Depois de cortar cerca de 30% ao rendimento dos funcionários
públicos, de lhes impor uma carreira sem futuro, incentivos ou promoções, de
reduzir todos os direitos que eram superiores aos do sector privado ao mesmo
tempo que se ignoraram as situações inversas, o governo aposta agora no
despedimento com base num estudo que ninguém leu ou confrontou, encomendado a
uma consultora sem que se conheçam os contornos do negócio ou os critérios e
exigências técnicas.
Acena-se com o tal estudo e afirma-se que no Estado se ganha
mais, quando estava em causa o corte dos vencimentos e se dispensava destes
cortes os que ganhavam menos de 1000 euros omitiu-se que os que ganhavam mais
no Estado eram os pior remunerados. Agora opta-se por adiar o despedimento dos
melhor remunerados e acena-se com o mesmo estudo dizendo-se que são os que
ganham menos que são melhor remunerados do que no sector públicos, isto é,
diz-se ao país para que não se preocupem porque os que abusavam ganhando mais vão
ser despedidos.
Daqui a uns tempos vai acenar-se com o despedimento de
muitos milhares dos mais pobres e menos qualificados para se fazer o
equivalente a justiça popular despedindo-se os que ganham mais, isto é, se os
mais pobres foram despedidos, os mais ricos também terão de o ser. Com o mesmo
estudo o governo corta nos que ganham mais
e nos que ganham menos do que no sector privado, despede os que ganham
menos e os que ganham mais do que no sector privado.
A estratégia é manhosa e inteligente, digna de gente como
Passos Coelho, Miguel Relvas ou Gaspar, atiram portugueses contra portugueses.
Depois de os cortes na Função público ter gerado mais recessão do que
resultados aumentaram brutalmente os impostos sobre todos, como esta estratégia
conduziu a um défice colossal dizem agora aos do sector privado que fiquem
descansados, os sacrificados serão os malandros dos funcionários públicos. O
ridículo é que ignoram o impacto sobre o desemprego e sobre o consumo e até têm
lata para dizer que acabou a austeridade. O Frasquilho até vem dize que a
austeridade se limitará ao Estado, mistura-se o preço do papel higiénico para
limpar os cus nos gabinetes ministeriais e as PPP com os salários dos
trabalhadores.
O país já está na bancarrota, está quase à beira do colapso
económico e aos poucos vai sendo conduzido a uma guerra civil. Este governo de
gente que se opôs ao PEC IV para promoverem a reformatação de Portugal contra a
vontade dos portugueses, recorrendo à ajuda de gente duvidosa dos gabinetes do
BCE, é incapaz de olhar os portugueses olhos nos olhos, explicar a verdadeira
situação e discutir as soluções.
Em vez disso optam pela solução manhosa de atirar
portugueses contra portugueses, ajudam a banca dizendo que todos os portugueses
eram uns malandros e consumiram demais, cortam na Função Pública com o
argumento falso de que ganham mais do que os outros, tentam tirar aos do sector
privado para dar aos patrões através da TSU argumentando que os salários era
excessivos, aumentam os impostos sobre o privado dando a culpa aos juízes do
Tribunal Constitucional, despedem os pior remunerados porque (mesmo depois de
um corte de 30%) ganharem mais do que no sector privado, quando isso é mentira.
Cada medida promove o ódio de um grupo de portugueses em
relação a outro grupo, os ricos odeiam os pobres, os pobres odeiam os ricos, os
trabalhadores odeiam os juízes do TC, os funcionários públicos menos
qualificados odeiam os mais qualificados, os do sector privado odeiam os
funcionários e estes odeiam os do sector privado. Todas as medidas deste
governo em vez de serem explicadas de formas económica são justificadas
promovendo o ódio entre grupos profissionais, sociais e até mesmo dentro de
grupos. Atiram-se trabalhadores contra patrões, sector público contra privado,
novas gerações contra os mais idosos, os trabalhadores no activo contra os
pensionistas. A política deste governo não resolveu um único problema, mas
conduz o país a ritmo acelerado para um colapso social e, muito provavelmente,
para uma guerra civil.