Eu sei que este post é um grande disparate para alegria dos que me criticam na caixa de comentários, mas com tantos ataques aos direitos do portugueses a que tenho assistido nos últimos anos parece que o único direito que se mantém incólume é o direito ao disparate, um direito não inscrito na constituição. Como dizia a Ivone Silva está tudo grosso, até o governador do Banco de Portugal deve ter abusado no dia de São Martinho e deu-lhe para dizer que os mercados têm razão para desconfiarem de Portugal o que inclui o próprio Banco de Portugal que governa.
Ora, se está tudo grosso eu também tenho direito a unas arrotos e a meia dúzia de disparates, como já devo ter gasto uma parte da minha quota de asneiras avanço com mais uma, o país devia fazer como no futebol e contratar ministros e governadores do Banco de Portugal no Estrangeiro. Se o Horta Osório pode liderar o maior banco privado inglês e até pertencia à administração do Banco de Inglaterra enquanto liderava o Santander londrino porque motivo não podemos contratar o presidente do FED para governador do Banco de Portugal? Com aquilo que pagamos a um governador para dizer disparates podíamos muito bem comprar o passe do presidente do FED e ainda teríamos direito a trazer dois ou três assessores.
Veja-se o caso do Scolari, conseguiu pôr mais portugueses a saber o hino nacional e a ter uma bandeira portuguesa, ainda que em muitas os castelos tenham dado lugar a pagodes, do que qualquer político português nas últimas décadas. Se o país pode ter um seleccionador nacional de futebol brasileiro porque razão não pode ter um ministro das Finanças alemão ou francês? Afinal de contas a generalidade dos portugueses está mais interessado em saber se o nosso seleccionador é capaz de levar a equipa ao Europeu do que em saber se o ministro é francês, do Porto ou das Berlengas. De resto o ministro é português e recebe ajudas de custo, não é verdade?
Esta hipótese não é nova, de vez em quando põe-se a possibilidade de contratar árbitros estrangeiros porque os nossos estão demasiado envolvidos com interesses clubísticos e a sua competência não é grande coisa. Ora, é isso que sucede com alguns dos nossos políticos e governantes, se podemos ir buscar um administrador ao BES ou ao grupo Mello, se o PSD pode ir buscar um líder à Fomentivest porque razão não pudemos ir buscar um ministro ao estrangeiro, até teríamos a certeza que seria bem mais independente do que a maioria dos presidentes de juntas de freguesia quanto mais de ministros.
E a crer nas preocupações de alguns opinion makers acerca dos diplomas do primeiro-ministro arriscar-me-ia a propor que a escolha fosse feita por concurso internacional, com avaliação do currículo académico e prestação de provas. Estou certo de que se conseguiriam excelentes resultados, basta ouvir alguns dos nossos governantes para concluirmos que não passavam num concurso de admissão no Estado. Veja-se o exemplo de um conhecido secretário de Estado que quando era funcionário da DGCI perdeu o direito aos suplementos por ter tido uma classificação de serviço miserável.
Acho que o país só teria a ganhar se contratasse governantes no estrangeiro, até proponho que se faça uma experiência com a escolha de um ministro das Finanças e com o governador de Portugal, caso em que é evidente que o país teria muito a ganhar.