Ao que parece a política económica adopta por Teixeira dos Santos é a política do exemplo, antes de sugerir medidas ao sector privado testa-as antes na Função Pública, é esta a conclusão a que se chega depois de o ouvir sugerir contenção salarial, propondo às empresas que sigam o exemplo dado pelo Estado.
O mesmo ministro que há poucos dias vertia lágrimas de crocodilo pelos cortes dos rendimentos de alguns funcionários públicos, justificando-os com a imposição de reduzir um défice que ele ajudou a descontrolar-se, assume agora a premeditação desses cortes, considerando-os um exemplo dado ao sector privado.
Esta postura oportunista de Teixeira dos Santos coloca dois problemas, o primeiro é saber quais as próximas medidas que vai impor ao Estado para que sirvam de exemplo ao sector privado, a segunda é compreender como é que este sector vai imitar a incompetência de Teixeira dos Santos reduzindo o rendimento dos seus quadros mais qualificados.
Teixeira dos Santos pode adoptar cortes salariais segundo critérios de oportunismo eleitoral pois deixará de ser ministro, não terá de assumir a responsabilidade pelas consequências da sangria de quadros do Estado. Mas as empresas estão sujeitas a regras de convivência a que o ministro não está sujeito, desde logo existe leis laborais, mas também existe a necessidade de gerir com bom senso sob pena de destruir as empresas. Teixeira dos Santos pode destruir o Estado, pode promover reestruturações e reformas falhadas, se os empresários portugueses tivessem seguido como exemplo o de Teixeira dos Santos muitas das nossas empresas não sobreviveriam.
Teixeira dos Santos tem adoptado justificado muitas das reformas do Estado como sendo uma aproximação às egras que existem no sector privado, só que essa aproximação só é feita quando daí resultam poupanças, tudo o que de bom existe no sector privado, quer em regalias , quer em modelos de gestão, é ignorado. Depois de ter destruído o Estado Teixeira dos Santos inverte o sentido da aproximação e sugere aos empresários que sigam o exemplo da sua incompetência, dos seus valores menos democráticos e da falta de consideração pelos trabalhadores.
O ministro das Finanças é que deveria seguir um exemplo muito comum no sector privado, enquanto gestor incompetente já devia ter apresentado a demissão.