sábado, novembro 06, 2010

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Sintra

IMAGENS DOS VISITANTES D'O JUMENTO

Garça-real (Sterna maxima) [de A. Cabral]

JUMENTO DO DIA

Vieira da Silva

É patético, diria mesmo triste ouvir um ministro da Economia dizer que não tem previsões sobre quando vem o FMI, quando dele se esperavam orientações para a economia e segurança sobre as medidas do governo.

É destas papetices que os especuladores gostam e à custa das quais estão a enriquecer à custa dos portugueses.

«À margem da assinatura de contratos de incentivo à internacionalização da Iniciativa QREN, Vieira da Silva declarou não ter "nenhuma previsão sobre a possibilidade da entrada do FMI em Portugal", nem faz " ideia nenhuma de que documento se esteja a falar".

Portugal "tem condições nos dois planos fundamentais que estão colocados à nossa sociedade, a consolidação das contas do Estado, que é a prioridade do momento, e a afirmação da capacidade da nossa economia se renovar e projectar para o exterior, com a ambição de reduzir os défices estruturais que a têm marcado ao longo de muitas décadas", afirmou o governante.» [CM]

HÁ PROFISSIONAIS MAIS NECESSÁRIOS DO QUE OUTROS?

A proibição de acumular salários com pensões é daquelas medidas que soam bem ao ouvido, mas não passa de uma mera manifestação de populismo oportunista de que não resultará nem poupanças, nem benefícios. Como era de esperar, mal a norma foi adoptada começaram logo as excepções, primeiro foram os médicos, a seguir serão outros. É o mesmo governo que nomeou pensionistas para altos cargos que agora tenta ficar bem na fotografia adoptando uma norma cega.

Vamos acabar numa situação ridícula com o governo a considerar que os médicos são necessários e os políticos e muitos outros profissionais são dispensáveis. Agora o governo "melhora" a sua imagem, quando abrir excepções ou eliminar uma norma idiota vai acabar por pagar com juros.

Confundir uma pensão que resulta de décadas de descontos com uma pensão ganha com meia dúzia de meses na administração do Banco de Portugal é ridículo, é confundir um direito com um abuso, tratando os dois de igual forma.

A HORA É DE CASO A CASO, DE CASO A CASO

«Durante o debate sobre o OE, Manuela Ferreira Leite (MFL) aconselhou o fingimento aos políticos portugueses. Isso de proclamar a zanga entre os partidos, disse ela, atiça a desconfiança dos mercados, entidades que definiu de forma sintética: "Quem manda é quem paga." Por isso, MFL lançou ao Governo e à bancada do PS: "Finjam, finjam que estamos todos muito amigos." A crispação política é tão irresponsável (de todos, mas é natural que MFL se vire mais para os adversários) que qualquer apelo à prudência é bem-vindo. Embora, os tais mercados não precisando de justificação (quem paga é quem manda, não é?), eles façam sempre o que lhes dá na real gana. Daí, minutos depois do conselho de fingimento, MFL ter chamado a Portugal "doente quase morto", sem receio que os tais mercados agarrassem no pretexto para voltar ao seu desporto favorito: cortar nos ratings... Olhem, também não sei o que fazer com os míticos mercados. Já não fingimentos com os portugueses, estou certo, dava resultado. É hora (hora foi sempre, mas agora o ferro está quente) em que todo o insulto ao bom senso deve ser extirpado. Assim, quando hoje o Bloco de Esquerda perguntar à ministra da Cultura por que razão a presidente do conselho de administração da Fundação Cidade de Guimarães ganha o dobro do Presidente da República, Gabriela Canavilhas deve ter resposta pronta: "Pois já não ganha." » [DN]

Parecer:

Por Ferreira Fernandes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

IQJ*

«
Ontem à tarde, no Twitter, o investigador do Instituto de Ciências Sociais Pedro Magalhães referia que Portugal subira um lugar, de 41.º para 40.º, no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da ONU. Logo de seguida retuítou (difundiu) um tuíte de José Manuel Fernandes, ex-director do Público, com o linque de uma notícia do Expresso que anunciava uma descida de seis lugares para o país no IDH. Tentando perceber o motivo da discrepância, Magalhães foi investigar e descobriu que os critérios do IDH mudaram, pelo que as posições dos países também. Assim, apesar de ter melhorado os seus indicadores, Portugal passou de 34.º em 2009 para 40.º em 2010. A página relativa ao país, que ostenta um gráfico, não permite dúvidas: Portugal tem vindo sempre a subir (embora pouco desde 2000) de 1980 a 2010.

A origem do erro, a agência Lusa, acabou por corrigi-lo ao fim da tarde. Os sites dos jornais foram alterando as respectivas notícias sobre o relatório. Mas, se de algum modo a mudança de critérios faz compreensível a confusão da agência, há algo que não se percebe: sabendo-se quais são os parâmetros - longevidade, escolaridade, rendimento per capita - que o ranking da ONU considerava até agora (foram-lhe este ano acrescentados mais três, entre eles a desigualdade de género) - não parece ter ocorrido a ninguém uma pergunta básica, a saber, que hecatombe se teria passado por cá entre 2008 e 2009 para justificar uma queda de seis lugares. Assim de repente ninguém se recorda, não é? Aliás, pelo contrário: nos indicadores da OCDE e do Eurostat Portugal tem vindo a diminuir, mesmo se ligeiramente, o índice de pobreza; o Governo tem sido periodicamente acusado de "facilitismo" na escola e de "fraude" na educação de adultos, com vista, alegadamente, à melhoria dos indicadores escolares do País, logo, se esses indicadores estivessem a piorar dificilmente ocorreria a alguém fazer esse tipo de denúncia; não demos conta de estar a morrer mais e mais cedo.

Que explica, então, o automatismo acéfalo, em alguns casos despudoradamente triunfante, com que se reproduziu uma informação tão negativa? A resposta a esta pergunta não é fácil nem exclusivamente conjuntural. Para além da óbvia má vontade da generalidade dos media em relação ao Governo em funções, há algo mais fundo que leva os portugueses, a começar pelos jornalistas, a estar sempre prontos a acreditar no pior possível sobre si e o seu País, sobretudo quando vem "de fora". Medo de existir ou desculpa para ser medíocre, este penchant provinciano pelo auto-insulto e pelo desmerecimento tem no jornalismo um nome bem menos romântico: incompetência e enviesamento. Comprazamo-nos pois com isso - no ranking da qualidade jornalística, tem sido sempre a descer.

*Índice de Qualidade Jornalística» [DN]

Parecer:

Por Fernanda Câncio.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

A INCOMPETÊNCIA PAGA-SE CARO

«O executivo comunitário anunciou esta manhã os reembolsos que os Estados-membros devem fazer por irregularidades nos pagamentos e verificação das despesas dos fundos agrícolas, e desta feita Portugal é o terceiro país europeu mais penalizado, a seguir à Grécia e à Roménia, ao ter de devolver para o orçamento comunitário 45,73 milhões de euros.

Em causa estão sobretudo "fragilidades no SIP-SIG (Sistema de Identificação Parcelar e Sistemas de Informação Geográfica), deficiências na análise de risco para controlos, insuficiência quantitativa e qualitativa dos controlos in loco, aplicação incorrecta de sanções, inadequação das orientações e deficiências nos controlos administrativos, em relação à despesa das ajudas de superfície, incluindo medidas de desenvolvimento rural relacionadas com superfície", responsáveis pelo reembolso de mais de 40 milhões de euros. »
[CM]

Parecer:

É o preço a pagar pela incompetência na gestão de organismos públicos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se conhecimento ao ministro da Agricultura e ao jovem troglodita do Terreiro do Paço.»

ALEGRE CRITICA CAVACO POR NÃO DEFENDER A SOBERANIA NACIONAL

«Manuel Alegre, candidato à presidência da República, lançou hoje duras críticas a Cavaco Silva devido ao silêncio do Presidente sobre a situação económica actual.

"É preciso não vergar os joelhos perante a ameaça dos mercados financeiros internacionais. Perante esta situação de cerco não se ouve uma uma palavra do sr. Presidente da República. Estamos perante o mais violento ataque à soberania nacional desde o 25 de Abril e o Presidente da República, o afamado economista, não diz uma palavra", referiu em Lamego.» [DN]

Parecer:

O problema é que Alegre se esquece de criticar quem fez um orçamento a olhar para os mercados ou os que gastaram o dinheiro.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Alegre porque omite aspectos tão importantes.»

CAVACO CONDENA O MODELO ECONÓMICO CAVAQUISTA

«Chegou, e partiu também, conduzido pela filha Patrícia, num monovolume Mercedes preto, ao antigo Centro Comercial Guérin, n.º 12 da Av. da Liberdade, agora sede da candidatura presidencial. E foi no rés-do-chão, apinhado de apoiantes, alguns notáveis, e sob um calor atabafante que Cavaco Silva inaugurou o espaço. O candidato, que se bate pelos mais desfavorecidos, aproveitou para frisar que os problemas concretos dos portugueses "não podem ser resolvidos com ilusões". É preciso, disse, "mudar a orientação económica do País".» [DN]

Parecer:

Talvez por causa da idade Cavaco esquece que o modelo económico que agora condena é o seu.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso condescendente.»

BRUXELAS PEDE MAIS MEDIDAS

«A aprovação do Orçamento na generalidade não chegou para convencer Bruxelas. A Comissão Europeia exigiu ontem que Portugal seja ainda mais ambicioso nos objectivos do défice de 2010 e 2011. Mas espera ainda que o Governo anuncie em breve um plano para flexibilizar o mercado de trabalho e o processo de formação de salários. Tudo para convencer os mercados de que as contas públicas e o problema estrutural de competitividade vão ser atacados.

Ontem, dia em que os juros sobre a dívida soberana bateram novos máximos (6,65%),o porta-voz do comissário para os Assuntos Económicos, Olli Rehn, deixou-o claro em declarações ao DN: "Agora que aprovaram o Orçamento é preciso compensar o impacto [das medidas de austeridade] com reformas que possam dar uma dinâmica à economia portuguesa". Para Amadeu Altafaj Tardio, "não cabe à Comissão dizer com pormenor aos Estados o que fazer. Mas Portugal deve atacar a rigidez do mercado laboral e fazer alterações ao processo a formação de salários".» [DN]

Parecer:

Bruxelas está a dar razão a Pedro Passos Coelho.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Solicite-se um comentário ao governo.»

MAIS UMA "PORRADA" EM QUEIROZ

«Carlos Queiroz foi condenado pelo Conselho de Disciplina da Federação, no decorrer do processo disciplinar que lhe foi instaurado no chamado "Caso polvo". A pena a aplicar ao ex-seleccionador é de três meses de suspensão e uma multa de 1250 euros.

Amândio de Carvalho moveu um processo contra Queiroz, depois de o treinador, em entrevista ao "Expresso", o ter acusado de "pôr a cara na cabeça do polvo", em alusão à sucessão de acontecimentos, que levaram ao afastamento do seleccionador. Defesa do arguido pedia absolvição e arquivamento do processo.» [DN]

Parecer:

Este folhetim parece não ter fim.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Não batam mais no ceguinho.»

MÉDICOS JÁ PODEM ACUMULAR PENSÕES E VENCIMENTOS

«Para estes médicos a proibição de acumular salários com pensões de reforma na Função Pública, que se aplicará a deputados, magistrados e ao Presidente da República, "não tem efeito na saúde", afirmou Ana Jorge, na quinta-feira, à margem da audição nas Comissões» [DE]

Parecer:

Virão mais excepções, é uma questão de tempo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se por mais excepções a esta decisão populista, cega e idiota.»

BE FALTA A RECEPÇÃO DO PRESIDENTE CHINÊS

«O BE não estará presente na receção ao Presidente da China, no sábado, no Parlamento, porque o regime chinês é "uma ditadura com créditos firmados na violação dos Direitos Humanos", disse à Lusa o líder da bancada parlamentar bloquista.

"A nossa posição tem a ver com uma avaliação muito crítica que fazemos do Estado em causa, uma ditadura que tem créditos firmados na violação de Direitos Humanos, de direitos individuais e sindicais", afirmou o líder parlamentar do BE, José Manuel Pureza.» [i]

Parecer:

Os antigos maoistas da UDP, defensores acérrimos de coisas como a revolução cultural, estão muito mudados.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»

ALBERTO JOÃO IRRITADO

«O presidente do governo regional da Madeira, Alberto João Jardim, acha que o Estado português “é ladrão” porque não permite a acumulação de pensões de aposentação com qualquer tipo de salário no sector público.» [Público]

Parecer:

Tem alguma razão, quando o governo abre uma excepção para os médicos está a dizer que há profissões que fazem falta e outras não.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver quanto tempo dura esta norma.»

A FELÍCIA CABRITA ESTÁ A INVESTIGAR

Ao ler Fernando Moreira de Sá escrever, no "Albergue Espanhol" que a "jornalista Felícia Cabrita, quem poderia ser, está a investigar" dei comigo a pensar que nestes meses em que a minha antiga vizinha andou desaparecida das primeiras páginas teria andado a estudar no Centro de Estudos Judiciários e, entretanto, já integrava os quadros do Ministério Público.

Mas não, o Sol esclarece que o "Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) está a investigar indícios de que houve pagamento de luvas no valor de seis milhões de euros". Fico mais descansado, ainda que não me admire que um dia destes a jornalista comece a divulgar escutas telefónicas, provavelmente resultado das suas investigações.

TOOR ANATOLY

NA RUA?

E NO PERU O APANHADO FOI UM PADRE