Os tempos que correm trazem-me à memória uma velha anedota, a de um náufrago que foi parar a uma ilha deserta, encontrou uma lamparina na praia e pegar nela apareceu u mago prometendo-lhe que cumpriria três desejos. O náufrago pediu-lhe um palacete rodeado de uma paisagem paradisíaca e o mago fez-lhe a vontade. Como segundo desejo o náufrago pediu-lhe umas beldades, vulgo umas gajas boas como o milho, e o mago cumpriu-lhe o desejo. Como no naufrágio o pobre homem tinha sido mutilado naquilo a que o povo designa vulgarmente por vergonhas, partes baixas ou muito simplesmente partes e o mágico como prometido fez-lhe a vontade. O náufrago que, para seu grane azar, era fanhoso viu-se calçado com um belo par de ténis.
As nossas crianças que agora andam felizes com os seus Magalhães dificilmente farão o upgrade para equipamentos menos infantis, muitos deles serão empregadas domésticas, serventes de pedreiro ou balconistas nas lojas do Belmiro de Azevedo e do Soares dos Santos, na sua maioria serão trabalhadores precários e mal remunerados ganhando pouco mais do que o miserável ordenado mínimo. A Irlanda já decidiu um corte do salário mínimo e é conhecida a apetência de Sócrates pelas coisas da informática, pelo menos no que se refere ao copy/past de tudo o que significa retirar benefícios e direitos, faz copy/past do privado para o público ou do estrangeiro para o país.
Daqui a uns anos teremos um belo aeroporto em Alcochete e um TGV para Madrid, um verdadeiro orgulho para o país, o problema é que uma boa parte dos portugueses terão que apanhar a camioneta até Beja e daí seguir num voo low cost, isso para os mais privilegiados porque a maioria terá de ir a uma feira se quiserem ter a primeira experiência de voo das suas vidas.
Teremos o melhor dos estados sociais mas com os médicos a fugirem dos cortes salariais e a ministra da Saúde a gastar dinheiro à grande e à francesa sem se perceber muito bem como, um dia marcamos uma consulta de pediatria e quando esta for confirmada terá sido convertida numa consulta de geriatria.
Portugal é mais católico do que nunca, começamos a ter uma vida de penitência com a promessa de irmos para o céu depois de morrermos.