Quando aqui se defendeu a substituição de Teixeira dos Santos multiplicaram-se os comentários e emails em defesa de um ministro que fala descuidadamente, não acertou numa previsão, só sabe qual o défice uns meses depois de terminar o ano e encheu o ministério de gaiatos mais idiotas do que a famosa “loura das anedotas”. Esta semana multiplicaram-se as vozes a pedir a remodelação governamental centrando esta precisamente na figura do ministro das Finanças o que significa que mesmo que Sócrates o mantenha por teimosia a sua presença no governo começa a dar prejuízo como já deu com os seus disparates. Não percebo tanto admiração, já em Novembro de 2008 um painel de economistas convidado pelo Financial Times avaliou a prestação dos ministros das Finanças de 19 países da EU e concluiu aquilo que começa a ser óbvio, Teixeira dos Santos foi considerado o pior.
É evidente que Sócrates não aceitará uma remodelação, depois de ter escolhido gente cinzenta mas de confiança, uma reacção ao síndrome Luís Cunha, dificilmente aceitará que não só apresentou um programa de governo irrealista como formou um governo fraco, incapaz de resistir ao maior ataque especulativo de que Portugal foi alvo. Sócrates é daqueles que raramente se enganam e mesmo que os portugueses tenham de pagar caro as baboseiras do ministro das Finanças, o primeiro-ministro vai continuar a fazer como a avestruz esperando que a crise passa. Se tiver sorte sobrevive, se tiver azar o país afunda-se na bancarrota e junta à maior crise financeira da sua história uma crise política insolúvel. Se Sócrates perder a sua aposta corre o risco de levar o PS para o abismo.
É evidente que Sócrates não tem condições para formar uma coligação, mas pode e deve remodelar o seu governo alargando convidando gente com base em critérios de competência e credibilidade e não com base na avaliação do índice de lealdade canina. A opção de remodelar o governo é de Sócrates, aos eleitores caberá mais tarde ou mais cedo avaliar o desempenho de Sócrates e dos seus ministros e escolher o próximo governo.