quinta-feira, novembro 04, 2010

O grande salto em frente


Quando ouço Gonçalo Castilho dos Santos, secretário(zinho) de Estado da Administração Pública prometer redução da despesa pública à custa da reorganização dos serviços públicos recordo da política do grande salto em frente da China de Mao. Mao Tse Tung promoveu várias grandes política, quis transformar a China num grande produtor de aço e os jovens chineses derreteram tudo o que era de ferro, o resultado foi a China ter ficado com sucata a mais e enxadas a menos, morreram milhões à fome pois os campos foram abandonados por falta de ferramentas. Outra campanha idiota foi o combate às quatro pragas, acharam que as aves destruiam as colheitas e decidiram acabar com elas, no ano seguinte as prgas de insectos consumiram as colheitas e morreram mais uns milhões à fome.

Os mesmos governantes que falharam no PRACE e multiplicaram tachos estão agora a desencadear uma campanha populista que consiste em exibir à populaça a cabeça das chefias linchadas pelo grande salto do Castilho, pouco importando as consequências do seu desnorte. É evidente que o secretário de Estado domina a linguagem supostamente técnica e ainda ontem dizia que Essa reestruturação está pensada para a obtenção de economias de escala e poupança ao nível dos consumos intermédios e de alguma sobreposição de funções.

É evidente que nada está pensado e que o Castilho navega à vista, ouve dicas e se os chefes não forem do seu partido extingue o organismo. Daqui a uns tempos e muito antes de surgirem as pragas de insectos Castilho exibirá o número de chefias que eliminou com o mesmo orgulho com que os jovens chineses exibiam as carradas de pardais que tinham abatido.

Além disso, acha que os portugueses são idiotas, quatro meses depois de criar o cargo de Mediador do Crédito vem dizer que quer acabar com sobreposições. Para criar um cargo para um ex-secretário de Estado remunerado a mais de 7.000 euros por mês o governo não hesitou em atribuir ao mediador de crédito atribuições que continuam a ser do Banco de Portugal. Temos agora um mediador, mais três conselheiros bem remunerados, um secretariado, instalações, carro e motorista e aposto que até à data o dito medidado fez tanto quanto os 16 controladores financeiros nomeados pelo ministro das Finanças. Para manter estes abusos da despesa pública Castilho vai destruir serviços indiscriminadamente e depois exibirá os seus sucessos à populaça.

Os mesmos governantes que esbanjaram o dinheiro dos contribuintes em luxos, encomendas a escritórios de advogados, vãao manter as mordomias dos seus afilhados eliminando outros serviços, pouco importando ao Castilho o que vai destruir. Aliás, basta consultar o curriculo do secretário de Estado para se saber que não tem habilitações para gerir uma loja de bairro do Pingo Doce, quanto mais para reorganizar o Estado.

Receio que Idiotas como o Castilho desencadeiem uma vaga de populismo anti-Administração Pública onde a troco do voto ignorante não se olhe a meios. Já lançaram sobre os funcionários públicos o estigma da culpa pelo buraco financeiro, agora vem aí uma vaga de cortes de lugares de chefias em que só falta a exibição dos chefes pelas ruas de Lisboa como sucedeu nos tempos da revolução cultural.

Depois de uma legislatura em que a ASAE perseguiu o país tentando higieniza-lo à força, parece que o Castilho decidiu substituir o presidente da ASAE e decidiu higienizar a Administração Pública que ele próprio ajudou a emporcalhar. Tal como António de Sousa prometia encerrar restaurantes o Castilho promete encerrar serviços, se o António Sousa fechou a Ginginha do Rossio o Castilho não ficou atrás e fechou as Alfândegas. Só que o discurso do Castilho é mais perigoso, elege muita gente como responsável dos resultados da sua incompetência e faz parte de uma estratégia populista que visa disfarçar responsabilidades, desviar a atenção dos portugueses e obter ganhos eleitorais à custa do país.

Apoiando-se em soldados vermelhos como estes Castilhos o governo de José Sócrates parece caminhar para o abismo.