FOTO JUMENTO
Goraz ou Garça-nocturna no Jardim Gulbenkian [Nycticorax nycticorax]
IMAGEM DO DIA
A brincar na água em Sagres [A. Cabral]
JUMENTO DO DIA
Castilho dos Santos, secretário de Estado da Desadministração Pública
Já sabia que Castilho dos Santos, um dos mais ridículos e incompetentes membro do governo, tinha jeito para trucidar os que se metessem à frente das suas idiotices, o que não se conhecia era o jeito para contar anedotas. O que não é nada fácil para quem o ouve, agora não sabemos se estamos a rir da sua triste figura se das baboseiras que diz.
«Fazendo o ponto da situação às 13 horas, numa conferência conjunta com a ministra do Trabalho, Castilho dos Santos avançou que aderiram à greve cerca de 78 mil funcionários públicos e acrescentou que dos 7.600 serviços, só 18,1% estão encerrados.
"A Administração Pública não está paralisada de todo", disse o secretário de Estado acrescentando que "a greve não é geral". Castilho dos Santos felicitou ainda os trabalhadores que tentam "manter os serviços a funcionar" e satisfazer as "necessidades dos cidadãos".» [DE]
ARGUMENTO IDIOTA
Compreende-se perfeitamente que Teixeira dos Santos não seja propriamente herdeiro dos valores da social-democracia que dão razão de ser ao PS, aliás, o ministro das Finanças não é herdeiro de quaisquer princípios políticos, não passa de um modesto professor de economia que herdou o cargo de ministro das Finanças na sequência do erro de casting que foi a escolha de Luís Cunha.
Argumentar contra uma greve que os trabalhadores não apresentaram uma alternativa à crise , como fez o secretário de Estado da Administração Pública, não só é esconder que uma boa parte das medidas de austeridade resultam da incompetência do ministro e dos abusos da despesa, como ignorar que as medidas adoptadas no orçamento não foram negociadas com ninguém a não ser com o PSD e mesmo assim em desespero de causa e perante a ameaça de bancarrota desencadeada pelos mercados.
O FMI VAI NEGOCIAR COM QUEM?
Anda por aí muita gente a equacionar uma vinda do FMI sem reparar que o governo dificilmente tem condições políticas para negociar, isto porque sem contar com maioria parlamentar dificilmente terá condições para assegurar ao fundo a viabilidade do que acordar.
A maioria das medidas que o governo pode negociar saem da sua competência exclusiva pelo que terá que negociar com a oposição o que acordar com o FMI. Será interessante ver como Sócrates vai aceitar com o FMI o que em matéria de legislação laboral não aceita no projecto de revisão constitucional do PSD.
Com a vinda do FMI ou Sócrates aceita as condições de Passos Coelho ou terá de pedir a demissão para viabilizar um governo que conte com apoio parlamentar.
MINISTRA DO TRABALHO RIDÍCULA
O Metro de Lisboa fechou por razões de segurança!
A GREVE GERAL CHEGOU A BRUXELAS
UMA SOLUÇÃO QUE TEM DE SER DE TODOS
«A parte do País que hoje decide não trabalhar ou, trabalhando, concorda com os grevistas vai dar largas à sua frustração contra o empobrecimento que lhe está a ser imposto e tem uma ideia formada de porque é que isso está a acontecer. No essencial, considera que as medidas de austeridade são injustas e recaem sobre os pobres e os remediados; e que estas deviam afectar mais os desafogados e os ricos. Os manifestantes de hoje continuam a reivindicar uma repartição mais igualitária do rendimento nacional, com uma política redistributiva mais empenhada socialmente por parte do Governo. Repetem-se as alegações em qualquer espaço de debate público de que existe um rotativismo governativo estéril entre os dois principais partidos parlamentares, que, ao longo de três décadas, só tem vindo a agravar o nível de vida de quem trabalha ou trabalhou.
A evidência estatística diz-nos, porém, que não é tão simples. E que embora muitas das suas críticas sejam verdadeiras, há muita outras questões preocupantes. Uma das maiores é que, para a grande maioria dos portugueses que vivem com os rendimentos conhecidos, o discurso de que o País, como um todo, gasta 10% a mais do que aquilo que produz é um assunto que não é seu, é "deles". Por isso quase não poupam, porque se endividaram, acedendo a consumos inacessíveis há uma década, graças aos créditos irresistíveis oferecidos pelos bancos. E ainda não se convenceram de que, com todas as desigualdades que persistem, o nível de vida da classe média e a dimensão actual do Estado social em Portugal só podem manter-se mediante um grande aumento na capacidade colectiva de produzir bens e serviços.
Esse é o desafio decisivo para o nosso futuro a partir do dia de amanhã. O desabafo geral contra os sucessivos lotes de cortes e apertos medirá o nível de descontentamento da rua contra os "eles", os políticos que têm alternado no poder sem antecipar problemas e criando novos. Mas saberá também o movimento sindical, com a força redobrada ganha nesta jornada, jogar o seu peso em prol de soluções operativas que ajudem a alcançar os resultados que todos dizem querer alcançar? Porque não basta continuar a apontar o dedo acusador apenas aos outros.» [DN]
Autor:
Editorial.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»
ISABEL DE BRAÇOS CRUZADOS
«A palavra greve comporta em si um prestígio e uma emoção transversais a várias gerações. E contém uma forte componente moral que se não restringe, unicamente, a opções ideológicas ou a orientações partidárias. A greve é contra alguém? É. Contra as iniquidades, as prepotências, a soberba e as injustiças do poder político. A de hoje faz de nós sujeitos representativos do combate a uma crise de valores e a padrões exportados - cidadãos que não querem ser governados assim.
Desde rapaz, na Redacção de O Século; nas tipografias onde paginava jornais; nas conversas com aqueles homens que recusavam a agressividade das classes dirigentes - desde esses tempos da minha educação sentimental, soube de greves lendárias, e da heroicidade incomum de gente comum. E aprendi a desprezar delatores, fura-greves, "amarelos".
Quando nisso me falavam, os velhos jornalistas não deixavam de nomear aqueles que haviam traído os testamentos e abjurado do sentido das coisas decentes. Guardo um montão de histórias e não esqueço as diversas formas de perversão com que muitas vezes alguns de nós foram confrontados.
No Governo de Sá Carneiro, quando este preparava uma lei que punha em causa liberdades recentemente conquistadas, o Sindicato dos Jornalistas organizou uma greve. Pela situação conflitiva em que vivíamos, as circunstâncias que precederam essa greve pertencem ao historial das nossas lutas e das nossas revoltas. Mas a adesão foi impressionante. Nas oficinas gráficas do semanário O Jornal editou-se uma folha protestatária, e os jornalistas desceram à rua apregoando a natureza do seu combate. "A democracia em perigo!", "Mil e oitocentos jornalistas defendem o que nos querem roubar!" O Jornal da Greve era pago pela generosidade dos transeuntes, atraídos por aquela estranha forma de representação. O João Paulo de Oliveira e eu fomos destinados para o Largo do Camões; depois, despacharam-me para o Parlamento, onde o próprio Sá Carneiro me comprou um exemplar e por ele pagou cinco contos.
As horas eram de exultação e de fervor. Contávamos as percentagens, somávamos os números e a quantidade dos aderentes. O Dia furou! O Dia está a trabalhar! Até que veio a informação lacónica e grandiosa: "Isabel Valadares entrou em greve." A única mulher de O Dia cruzara os braços e seguira as instruções do sindicato. A jornalista desdenhara das consequências advenientes do seu comportamento e contrariara as próprias características ideológicas do jornal, em nome de valores mais profundos. É um momento inesquecível, pelo que simboliza de consciência de uma razão intensa.
Lembro-me muitas vezes deste episódio. Em nome dele e em recordação grata da Isabel Valadares, poiso as palavras e entro em greve.» [DN]
Autor:
Baptista-Bastos.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»
FAÇO GREVE
«Hoje faço greve. Porque me angustia o rumo que o país leva, a deterioração crescente do nível de vida dos portugueses. O crescimento do desemprego, a manutenção de salários de miséria, a par do aumento de impostos, transformaram a vida dos mais necessitados num inferno. Há frigoríficos vazios em muitas casas, rendas por pagar, famílias insolventes. Centenas de milhar estão numa agonia, reféns dos malfadados créditos ao consumo a taxas de 30 por cento. Aumentam os sem-abrigo nas ruas das áreas metropolitanas, cresce o consumo e tráfico de droga. Com mais assaltos e até mais suicídios, o ambiente social é explosivo. Só por isto faria greve.» [JN]
Autor:
Paulo Morais.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»
UM ADMINISTRADOR MUITO DEDICADO AO INTERMARCHE
«Um administrador do Intermarché da freguesia de Calendário, em Vila Nova de Famalicão, foi detido esta quarta-feira de manhã por atropelamento e ameaça com arma de fogo a sindicalistas que se encontravam junto ao estabelecimento a promover o piquete de greve.
Ao que o CM apurou, Alfredo Guimarães, o agressor atropelou com um jipe duas delegadas sindicais que estavam no passeio junto ao supermercado. Depois ao ser perseguido ainda apontou uma pistola a outros grevistas.» [CM]
Parecer:
Ainda há bestas destas.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se.»
DESPIDA PELO PHOTOSHOP?
«A sessão fotográfica de Irina Shay para a revista "GQ" está a ser analisada pelos advogados e pode acabar nos tribunais. A modelo russa diz que não deveria aparecer nua nas fotos. A revista contraria esta versão.
Irina fez as fotografias com uma pequena tanga de cor da carne que foi retirada das imagens com recurso ao photoshop. A modelo alega que não estava previsto que isso acontecesse. "Ela pediu para ver as fotos e o texto antes da publicação e essas imagens não lhe foram mostradas", diz Gael Maria, director da agência de modelos Elite, que representa a namorada de Ronaldo, ao jornal "El País". Mas o director da revista garante que as imagens foram enviadas ao agente de Irina e que, durante a sessão, ela prontificou-se imediatamente a tirar a roupa quando o fotógrafo lhe perguntou se o queria fazer.» [DN]
COMPRAR PRIMEIRO E PEDIR AUTORIZAÇÃO DEPOIS
«Os seis blindados para a PSP reforçar a segurança durante a Cimeira da NATO, mas dos quais apenas só um chegou ao nosso país, e já quando o evento tinha terminado, foram adquiridos sem que o Tribunal de Contas (TC) tivesse dado visto positivo. O Governo Civil de Lisboa fez o pedido a 16 deste mês, e "está ainda a ser analisado", confirmou ontem ao DN fonte daquele entidade fiscalizadora.
Ao que apurámos, o contrato para a compra dos seis blindados, com a empresa canadiana Milícia, a única que cumpria os requisitos impostos no caderno de encargos, foi assinado a 15 deste mês. Mas só no dia seguinte é que o pedido de visto chegou ao TC. E ainda lá se mantém à espera de uma decisão. Ou seja, as seis viaturas, no valor de 1 008 000 euros, foram adquiridas sem a autorização daquela entidade fiscalizadora.» [DN]
Parecer:
Uma compra muito estranha...
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pela posição do Tribunal de Contas.»
COMEÇA A SABER-SE O QUE O FMI VAI EXIGIR
«O valor das indemnizações aos trabalhadores por motivos de despedimento com ou sem justa causa terá de ser reduzido em Portugal, defendem técnicos do Fundo Monetário Internacional (FMI). Esta proposta é, em si, uma novidade face ao último relatório do artigo IV, publicado em Janeiro deste ano. Nesse longo relatório, o FMI sugeria várias medidas de flexibilização da lei laboral, mas não ia tão longe. Agora vai.
Caso entre no País, em articulação com a UE - algo que parece ser cada vez mais inevitável, tendo em conta o estrangulamento da dívida soberana -, o FMI deverá exigir medidas severas no mercado laboral, mexendo para tal no Código do Trabalho, mostra um estudo libertado na segunda-feira à noite em Washington, 24 horas depois de a Irlanda ter capitulado nos mercados de dívida. Espanha também não foge às recomendações draconianas do Fundo, mas Portugal é que é o "próximo alvo".» [DN]
Parecer:
Bem, depois de ter visto um idiota a sugerir ao sector privado que corte nos vencimentos seguindo o exemplo que deu no Estado começo a achar que as exigências do FMI são benévolas.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»
SÓCRATES TERÁ ADERIDO À GREVE GERAL
«Em dia de greve geral, o Governo foi posto de prevenção. A palavra de ordem será de apelo à "compreensão" da absoluta necessidade das medidas tomadas, sem confronto e, se possível, na reserva dos gabinetes - sobretudo no que respeita aos mais directamente envolvidos no seu acompanhamento.
Será assim, desde logo, em São Bento. Há 22 anos, aquando da última greve conjunta, o então primeiro-ministro Aníbal Cavaco Silva arriscou uma deslocação a quatro fábricas para tentar mostrar que havia um Portugal mobilizado para o trabalho - da Salvador Caetano à Portucel de Viana, passando por empresas de componentes automóveis e de electricidade. Hoje, ao contrário deste último exemplo, José Sócrates estará todo o dia em São Bento. A expressão usada no seu gabinete é "agenda interna de trabalho". Com o debate Orçamento de 2011 "em fase de especialidade" (não requerendo a presença do chefe de Governo) e "vários dossiês em mãos para preparar", será mesmo em S. Bento que o primeiro-ministro vai acompanhar como decorre o dia de maior contestação ao rumo do País - e do seu Governo.» [DN]
Parecer:
Ninguém o viu trabalhar...
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso.»
E A DÍVIDA CONTINUA A SUBIR
«De acordo com a agência de informação financeira Bloomberg, pelas 10:22, os juros da dívida soberana a dez anos atingiam os 7,059%, acima do anterior máximo de 7,035% de 11 de Novembro de 2010. O novo recorde nos juros acontece no dia da greve geral conjunta entre a CGTP e a UGT contra as medidas de austeridade, anunciadas pelo Governo em Setembro, que têm como objectivo consolidar as contas públicas, entre as quais os cortes de salários nos trabalhadores do Estado, o congelamento das pensões em 2011 e o aumento em dois pontos percentuais do IVA.
Já o "spread" da dívida portuguesa face à alemã nos títulos a dez anos, ou seja, o prémio pedido pelos investidores para comprarem obrigações portuguesas em vez de alemãs, agrava-se para 460,9 pontos base. Os juros das obrigações a dez anos de Espanha também estão hoje em máximos históricos ao ultrapassar a barreira dos cinco por cento. Pelas 10:23, os juros negociavam nos 5,087%, acima dos 4,897% registados terça feira.» [DN]
Parecer:
E Teixeira dos Santos continua ministro...
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pelo FMI.»
REUTERS: ECONOMISTAS "APOSTAM" NUM PEDIDO DE AJUDA AO FMI
«Em 50 economistas sondados pela Reuters, 34 dizem que Portugal vai ser forçado a pedir ajuda internacional, depois da Irlanda já o ter feito.
Numa ‘poll' mensal da Reuters sobre taxas de juros, a maioria dos economistas disse esperar que Portugal peça ajuda internacional, mas não avançou prazos. Quatro economistas também disseram esperar que a Espanha siga, eventualmente, o mesmo caminho.» [DE]
Parecer:
É uma questão de tempo.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»
ESQUECIMENTO MANHOSO
«O Governo não actualizou no Orçamento do Estado para 2011 a taxa liberatória para as mais-valias bolsistas, mantendo-a nos 20%.
Esta falta foi reconhecida esta manhã pelo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Sérgio Vasques, durante o debate do documento no Parlamento.Sérgio Vasques admitiu que "falta actualizar a taxa" relativa às mais-valias bolsistas, mas sublinhou que "o Governo não se esquece dessa taxa". » [DE]
Parecer:
Este Sérgio Vasques anda com problemas de memória.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se ao menino que não coma queijo.»
MARCELO JÁ PENSA NUMA CANDIDATURA A BELÉEM DAQUI A CINCO ANOS
«No caso da Presidência da República, não é preciso que Jesus Cristo desça à terra para que o comentador Marcelo Rebelo de Sousa pondere uma candidatura a Belém daqui a cinco anos. "Se houver condições para uma candidatura minha à Presidência da República não digo que não", afirmou o antigo presidente do PSD, num encontro com jornalistas de língua portuguesa, realizado no Luxemburgo, na passada semana. A frase, citada pelo "Bomdia" - um órgão de comunicação local -, foi proferida no âmbito de uma conferência no Instituto Camões a convite da Associação Amigos do 25 de Abril.
Questionado sobre quem se perfilaria como candidato dentro de cinco anos, Marcelo Rebelo de Sousa terá apontado o seu próprio nome como possível, mas também o de Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, o da ministra da Saúde de Cavaco Silva, Leonor Beleza, e o do ex-primeiro-ministro Pedro Santana Lopes.» [i]
Parecer:
Nada de novo.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Preste-se atenção às próximas presidenciais.»