Como era de esperar a direita não reagiu com argumentos económicos aos exageros da Moddy’s, fe-se vítima porque tinha sido mais troikista do que a troika e desencadeou uma vaga de nacionalismo à Scolari, só faltou o apelo às bandeirinhas o que neste momento até faria sentido, ninguém se importaria se o Continente substituísse os castelos por pagodes como sucedeu da outra vez, não só esta direita está a dar um imenso pagode como é a China que está a financiar uma parte da dívida soberana europeia. Em tempos, quando a direita ficou incomodada por Sócrates feito umas viagens garantindo o acesso da dívida portuguesa ainda houve quem questionasse a identidade dos compradores de dívida, o próprio Cavaco tomou posição pública, mas agora que a direita está no poder já está por tudo.
O apelo nacionalista foi tão forte que conseguiu juntar António Costa e Alberto João sob a mesma bandeira. António Costa explicou mesmo que a gestão da autarquia é tão rigorosa que desde há muito não vai ao mercado e por isso suspendeu o contrato com a Moddy’s. Só não explicou se mantinha contrato com outras agências de notação, como também não explicou porque razão mantinha o contrato se há muito que não precisava dos serviços da agência.
Compreende-se que a direita não tenha reagido à Moddy’s com argumentos económicos, teria de explicar muito bem porque nacionalizou as prendas de Natal, porque vai aumentar o IVA e qual o impacto destas medidas no crescimento a curto e médio prazo e, consequentemente, na própria evolução das receitas fiscais. Se a troika considerou o crescimento uma prioridade e evitou apertar em demasia o cinto da austeridade, seria interessante se o ministro Gaspar apresentasse previsões relativas à evolução do crescimento e das receitas fiscais num cenário que contemple o agravamento da austeridade.
Mas, de certa forma, faz sentido responder à Moddy’s no plano político, foi nesse mesmo plano que a estratégia da direita conduziu o país à crise política e ao colapso da tesouraria do Estado. A estratégia política da direita sempre foi levar o país a uma grave crise financeira para melhor alcançar o poder, o problema é que exagerou da dose e alcançado o poder ainda vai sofrer das consequências da sua estratégia.