sexta-feira, julho 01, 2011

Umas no cravo e outras na ferradura




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Óbidos [A. Cabral]
  
Jumento do dia


Pedro Passos Coelho

É muito provável que haja razões para um corte no subsídio de Natal, tão provável como já o devia ser no orçamento do ano passado ou quando foram cortados os vencimentos dos funcionários públicos. Mas desta vez Pedro Passos Coelho não negociou demoradamente, não defendeu que em alternativa se deveriam cortar despesas, não criou nenhum site para receber sugestões de cortes na despesa pública, decidiu e informou.
 
Não está em causa a adopção das medidas mas sim a falta de princípios e o desprezo dos políticos pelo país, quando estão na oposição apenas desejam que o país se afunde, quando chegam ao poder aprovam o que dantes tinham aproado. Se Passos Coelho tivesse sido mais responsável e menos oportunista no passado o país teria chegado a esta situação? É óbvio que não, ele defende agora que tem uma maioria absoluta o que no passado podia chumbar porque o governo não contava com essa vantagem no parlamento.

E nem sequer se dá ao trabalho de pedir de pedir desculpa como fez quando era líder da oposição.

 Mentirómetro de Pedro Passos Coelho: mentiras nos. 4 e 5
 
Como era de esperar em dia de debate do programa do governo houve matéria para uma boa colheita. A coisa promete e parece que da próxima vez em que Passos Coelho tiver um duelo com Sócrates vai escolher os narizes para armas.
 

  
No dia 1 de Abril (o destino tem destas coincidências) Passos Coelho visitou uma escola e quando uma aluna lhe perguntou se ia cortar o subsidio de férias respondeu que isso era acusações de Sócrates que anda por aí dizendo que o PSD cortaria o subsídio de Natal. Enfim, foi a melhor mentira de 1 de Abril e só agora o percebemos.
 
 
Quando visitou o parlamento Passos Coelho garantiu que nunca mexeria nos impostos sobre o rendimento, caso fosse necessário um ajustamento fiscal aumentaria os impostos sobre o consumo. Qual ou quais deles?



 "i" de Ignorância

O Jornal "i" descobriu, vejam lá bem, que o governo de Sócrates mandou apagar os discos dos computadores e o históricos dos emails, até arranjou um funcionário do ministério das Finanças, muito provavelmente o colega de redacção da mesa ao lado, que estava muito indignado com este comportamento.
 
Há poucos dias dediquei um post a este assunto onde alertava precisamente para esta tradição dos nossos governos, dava mesmo o exemplo do último governo de Cavaco Silva que não deixou sequer uma disquete (naquele tempo ainda se usavam disquetes) com os ficheiros do orçamento e o novo governo teve que se desenrascar para apresentar um orçamento em meia dúzia de dias. A verdade é que em Portugal sucede sempre assim a notícia do "i" que até deu direito a um editorial indignado do seu director apenas revela ignorância ou má fé, coisas que, aliás, abundam com fartura na nossa comunicação social onde uma boa manchete vale mais do que uma boa notícia.
  
Recordo que no caso Watergate Nixon foi "apanhado" pelas gravações das conversas, isto é, enquanto por cá tudo é apagado nos EUA até as conversas telefónicas são guardadas. Será que o director do "i" tem a coragem de escrever um editorial defendendo que todas as conversas de membros do governo e do Presidente da República fiquem gravadas? Mereceria todo o nosso apoio, gostaríamos muito de ouvir, por exemplo, as conversas entre membros do governo e agentes da justiça ou entre o Relvas e os donos da Ongoig ou da Cofina.
 
Estou certo de que o país só teria a ganhar com esta transparência e até me parece bem mais importante do que chamar o ministro por Álvaro.

 Uma dúvida

O aumento do IRS correspondente a metade de um catorze avos da colecta anual de IRS (para não falar em prendas de Natal que parece incomodar o Gaspar) é mesmo necessária ou o ministro das Finanças encontrou uma forma de assegurar o seu sucesso, isto é criou um mecanismo de segurança para ele próprio à custa dos portugueses? No final do ano veremos.
    
 

 Control+Alt+Del ao programa do governo

«A Microsoft calcula que, todos os dias, sejam feitos 30 milhões de apresentações em Powerpoint pelo mundo fora. Eu já tive a infelicidade de ouvir algumas dezenas delas e, por isso, sinto-me à vontade para dizer que a morte de tédio por Powerpoint não é terreno desconhecido para mim. Sou cúmplice, vítima, já fui carrasco. Já adormeci, já tive de me beliscar para não adormecer e, em certa ocasião, num encontro sobre "as perspectivas de negócio" recheado de chavões financeiros, passei para o lado de lá: morte por Powerpoint. Na lista destas doenças modernas, há outra que deveria estar identificada mas não está: a morte por leitura de programa do Governo.

Por dever de ofício, tenho sido forçado a ler estes documentos mais vezes do que gostaria. A conclusão é sempre a mesma: não vale a pena, é tempo perdido. Suspeito de que nem os ministros se dão ao trabalho de ler o que lá vai dentro, excepto nas suas áreas - e nem isso é certo. Não é apenas preguiça, é a certeza da sua inutilidade. Da esquerda à direita, nenhum governo é inocente. O de Passos Coelho, voluntarista como todos eles são no início, é só o exemplo mais fresco. Sobre o mar, encontrei ontem esta pérola: "[Vamos] promover a interoperabilidade entre os múltiplos sectores ligados às actividades marítimas num conjunto de áreas que têm um papel de suporte e sustentação das cadeias de valor dos componentes prioritários." Frases deste calibre são às dezenas. O que me leva a confirmar que estes documentos são como os manuais de instruções dos aparelhos electrónicos - inúteis.

Acontece que vivemos um momento único - explosivo, como insiste (para quê?!) Cavaco Silva. As receitas políticas habituais não serviram, faliram, este Governo está obrigado a reinventar a fórmula e as rotinas para que o País faça, de facto, Control+Alt+Del. Apresentar um programa de Governo enxuto e claro teria sido um bom começo. O famoso memorando da troika, por exemplo, resume em 34 páginas tudo o que é preciso fazer até 2014. Se formos capazes de cumprir metade do que lá está, o País dará uma volta de 180º - veremos, depois, se para melhor. Para quê, então, 129 páginas cheias de nada quando os objectivos estão definidos? Para quê enfeitar se, no fim, não se ganha nada com isso?

Explico-me melhor. Numa aula de publicidade, o professor pediu aos alunos que fizessem um cartaz para que o vendedor de ovos pusesse à porta da quinta, à beira da estrada. Os alunos inventaram: néons, fotos de galinhas magníficas, etc. Chumbaram todos, menos o que fez um anúncio assim: "Aqui á ovos." Erro ortográfico? Claro: genuíno e verdadeiro, como se querem os ovos. E os governos.» [DN]

Autor:

André Macedo.
  
 As palavras, essa chatice

«Chegar às portagens e fazer o que quase todos fazem, sair, levantar a cancela e andar sem pagar, isso é explosivo. Transformar a capital do país, durante dias, palco de combate entre tropas de choque e manifestantes, granadas e cocktails Molotov, isso é explosivo. Votar à justa (155 em 300) porque a oposição não alinha, quando a alternativa era a bancarrota do país, isso é explosivo. Isso é explosivo e saber o que significa não exige consultar dicionários, basta ligar a televisão à hora do telejornal. A Grécia está explosiva. Portugal, não. As manifestações, ontem, por exemplo, em Viana, foram ordeiras. Os portugueses estão descontentes mas não se deixam desesperar. Podem estar zangados mas não estão irados. O Governo adopta soluções duras, sabendo que não será recebido à pedrada. A oposição que está no Parlamento com o fito de vir a ser Governo (e este alcançado por votos, não pela rua) é responsável. É este o retrato do País, cordato, não explosivo. Lembro-o porque, anteontem, o Presidente disse: "(...) se bem se recordam, há talvez mais de dois anos que disse que Portugal se aproximava de uma situação explosiva, lamentavelmente chegámos a essa situação explosiva." Não me recordo do que Cavaco Silva disse há dois anos e também não me vou recordar mais do que ele disse anteontem. Eu gostava, mesmo, era de um Presidente que não tropeçasse nas palavras.» [DN]

Autor:

Ferreira Fernandes.
     

 Economia paralela representa 33 mil milhões

«A economia paralela em Portugal representa quase 20% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, o que equivale a 33 mil milhões de euros.

A conclusão é de um estudo apresentado hoje pela Visa Europe e pela A.T Kearney, sob o tema - Economia paralela na Europa, 2010.

Os sectores mais afectados são a venda de automóveis, restaurantes e bares, táxis, lojas com serviços não especializados e cantinas e serviços de catering» [DE]

Parecer:

E ninguém se preocupa.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Agradeça-se a Paulo Macedo, foi ele que acabou com a evasão fiscal.»
  
 Sócrates mandou limpar computadores?

«Na semana que antecedeu a tomada de posse do novo governo, entre 13 e 17 de Junho, os funcionários dos gabinetes dos ministérios das Finanças e da Economia ficaram sem informação nos computadores com que trabalhavam, os emails profissionais deixaram de ter histórico ou lista de contactos e os discos rígidos foram limpos. "Foi como começar de novo, apesar de já trabalhar aqui há anos e de ir continuar a trabalhar aqui", disse ao i um funcionário de um gabinete do Ministério das Finanças. A ordem, tendo em conta testemunhos ouvidos pelo i, era a de não deixar qualquer informação nos computadores profissionais. "Um dia apareceu um técnico, perguntou-me se tinha guardado a informação de que precisava e fez uma limpeza total ao disco rígido, até instalou novamente o sistema operativo", explicou. » [i]

Parecer:

Esta notícia revela alguma ignorância do jornalista e má fé de quem o informou, esta é uma prática de todos os governos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao jornalista que queria ir ler os emails.»
  
 TAP vai ser privatizada sem lucro para o Estado

«A privatização da TAP vai gerar um lucro próximo de zero ao Estado português. A avaliação da empresa ainda está em curso, mas o Negócios sabe que o Governo está preparado para o cenário: as dívidas e os capitais negativos da TAP vão consumir praticamente todo valor da empresa. Privatizar para quê, então? Para salvar a empresa e "segurar" o aeroporto.» [Jornal de Negócios]

Parecer:

Mas vai poupar o prejuízo aos contribuintes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Privatize-se.»
  
 Mais um saque

«"O Governo está a preparar a adopção, com carácter extraordinário, de uma contribuição especial para o ajustamento orçamental que incidirá sobre todos os rendimentos que estão sujeitos a englobamento no IRS, respeitando o princípio da universalidade, isto é, abrangendo todos os tipos de rendimento", declarou o primeiro-ministro.

"Esta medida, cujo detalhe técnico está ainda a ser ultimado, será apresentada nas próximas duas semanas. Mas posso adiantar que a intenção é que o peso desta medida fiscal temporária seja equivalente a 50% do subsídio de Natal acima do salário mínimo nacional", declarou o primeiro-ministro.» [JN]

Parecer:

O problema desta medida é que mais uma vez os mais ricos ficam de fora da austeridade.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se.»
  
 Barroso quer funcionários da Comissão a trabalhar mais horas

«A Comissão Europeia quer obrigar os funcionários públicos europeus a trabalharemais com o mesmo salário, para assim acompanhar os esforços que estão a ser feitos ao nível dos Estados-membros da União Europeia.» [Público]

Parecer:

Parece que a austeridade chegou a Bruxelas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Só o horário?»
  
 Mais uma culpa a atribuir a José Sócrates

«Sob apertada supervisão dos mercados internacionais, o Conselho de Ministros deverá aprovar o novo plano traçado pelo ministro da Economia e das Finanças italiano, Giulio Tremonti. Entre as medidas previstas, segundo informações avançadas pela comunicação social italiana, está a limitação do uso de automóveis e aviões oficiais, um possível aumento de três meses em cada três anos da idade da reforma partir de 2013 e o congelamento dos salários dos funcionários públicos entre 2013 e 2014. As medidas estão a intensificar o clima de divisão no seio do governo italiano, que tem vindo a manifestar algum desgaste após uma série de derrotas eleitorais.» [DN]

Parecer:

Tudo é culpa de José Sócrates.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Avise-se o ex-primeiro-ministro vá vá ele lembrar-se de ir de férias para Itália e levar algum "enxerto" de porrada.»
  
 Montenegro pede PS responsável

«O líder parlamentar do PSD desafiou o PS a fazer uma oposição responsável ao Governo num altura em que "o País não pode falhar".» [DN]

Parecer:

Poderia ser menos exigente e pedir que o PS se comportasse como se comportou Pedro Passos Coelho.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso.»
  
 Sarkozy levou um puxão


«O Presidente francês, Nicolas Sarkozy, foi hoje violentamente puxado pelo casaco por um desconhecido durante uma deslocação ao sudoeste de França, mas o homem foi rapidamente agarrado pela segurança do chefe de Estado, segundo imagens difundidas pelas televisões. » [DN]
  
 Terei lido bem?
 
«O site do novo Governo vai, pouco a pouco, ganhando forma e já disponibiliza o perfil dos onze ministros de Pedro Passos Coelho. Mas dois deles, o do ministro de Estado e das Finanças e o do ministro da Saúde, referem na sua fonte que foram feitos pela agência de notícias Lusa.» [Público]

Parecer:

Agora é a agência Lusa que elabora o currículo do ministro e o envia para o próprio em vez do contrário?
 
PS: Já que se fala do site do governo parece que o último governo de José Sócrates desapareceu, também deve ter ido estudar filosofia:
 
 
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao Gaspar se a fotografia também foi tirada por um fotógrafo da Lusa ou se pelo ar informal foi tirada pelo Álvaro.»
  
 Governos civis são ser postos à venda

«Na resolução que assinou há três dias e hoje publicada em Diário da República, o primeiro-ministro exonera os 18 governadores civis e dá instruções a Miguel Macedo para “com urgência” apresentar ao Conselho de Ministros os projectos de diploma legais relativos “à transferência das competências dos governos civis para outras entidades da Administração Pública; à liquidação do património dos governos civis; e à definição do regime legal aplicável aos funcionários” destas entidades.» [Público]

Parecer:

Começa a perceber-se a pressa na extinção dos governadores civis.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao Passos se também vai vender as Berlengas.»
  

 Yura