Foto Jumento
Igreja da Conceição Velha
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Baluarte, aldeia de Monsanto [A. Cabral]
Jumento do dia
Cavaco Silva
É lindo, é mesmo muito lindo ver Cavaco Silva defender Portugal das agências de rating. O problema é que Portugal tem mais de oitocentos anos, já existia ainda antes de Cavaco Silva nascer, não foi declarada a sua independência no dia que tomou posse um governo do seu agrado.
Tanto quanto se sabe não há agências europeias e as agências americanas são as mesmas que quando eram criticadas no passado Cavaco Silva vinha a público apelar ao respeitinho pelos mercados. É bom ter um Presidente que defenda o país, teria sido melhor ainda se o tivesse defendido sempre com a firmeza agora demonstrada. Afinal de contas o que a Moddy's disse agora andava alguém a dizer há mais de sete anos, não é verdade?
«O Presidente da República disse hoje que as decisões das agências de 'rating' norte-americanas são "uma ameaça à estabilidade da economia europeia" e considerou a descida de 'rating' português pela Moody's "escandalosa".
Em declarações aos jornalistas no Alentejo, Cavaco Silva afirmou que o problema não é só português e alertou: "O projecto de construção europeia fica mais frágil se 27 chefes de Estado e de Governo se deixarem condicionar pelas decisões de três agências norte-americanas".» [DN]
Tanto quanto se sabe não há agências europeias e as agências americanas são as mesmas que quando eram criticadas no passado Cavaco Silva vinha a público apelar ao respeitinho pelos mercados. É bom ter um Presidente que defenda o país, teria sido melhor ainda se o tivesse defendido sempre com a firmeza agora demonstrada. Afinal de contas o que a Moddy's disse agora andava alguém a dizer há mais de sete anos, não é verdade?
«O Presidente da República disse hoje que as decisões das agências de 'rating' norte-americanas são "uma ameaça à estabilidade da economia europeia" e considerou a descida de 'rating' português pela Moody's "escandalosa".
Em declarações aos jornalistas no Alentejo, Cavaco Silva afirmou que o problema não é só português e alertou: "O projecto de construção europeia fica mais frágil se 27 chefes de Estado e de Governo se deixarem condicionar pelas decisões de três agências norte-americanas".» [DN]
Os verdadeiros fdp
Os verdadeiros filhos da dita não são os técnicos da Moddy's, são os muitos que andam a dizer há muito e tudo fizeram para que as agências de notação convertessem os seus desejos em rating. Os verdadeiros filhos da dita são os que tudo fizeram para descredibilizar o país para que este se afundasse numa crise política para que agora que já têm o poder e podem fazer negócios com o que restam do Estado decidem atirar idiotas contra o inimigo externo.
Este é um truque de todos os fdp, portugueses ou de outros países, deste tempo ou de outros tempos, quando estão em dificuldades, neste caso por sua própria culpa, inventam um inimigo externo para desviarem as atenções das suas responsabilidades. Sempre foi assim, para Hitler foram os judeus, para a ditadura da Argentina foram as Malvinas, para estes fdp é a Moddy's.
Murro no estômago ou pontapé no cu?
A golpada
«Contrariando tudo o que dissera durante a campanha eleitoral, a primeira medida tomada por Passos Coelho foi aumentar o IRS, através do corte de cerca de 50% no subsídio de Natal.
Argumento invocado: o anterior Governo, que declarara um excedente de €432 milhões no orçamento do primeiro trimestre, foi agora desmentido pelo INE, que encontrou um défice de €3.177 milhões. Eis um episódio triste, de que o actual PM deveria envergonhar-se.
O episódio é triste por dois motivos. Em primeiro lugar, não se percebe como é que um défice de €3.177 milhões no primeiro trimestre pode impedir o défice de €10.068 milhões no final do ano, quando as medidas aprovadas visaram exactamente este valor. Em segundo lugar, releva de uma profunda ignorância confundir a contabilidade pública com a contabilidade nacional, onde a semelhança é idêntica à que existe entre um pepino e um girassol.
Façamos a analogia com o mundo empresarial. Nas empresas, a prestação de contas faz-se igualmente de duas maneiras: de um lado temos o balanço, que compara os proveitos com os custos, e por diferença obtêm-se os resultados; do outro lado temos o caixa, que compara as receitas com as despesas, de cuja diferença resulta o saldo. Dando de barato que os critérios de cálculo estejam correctíssimos, a discrepância de números pode ser abissal.
Imaginemos a aquisição de um equipamento por 100, pago integralmente no acto da compra e contabilisticamente amortizável em 5 anos. Na óptica do caixa, o valor registado é de 100; na óptica do balanço, o valor registado é de 20, porque os outros 80 transitam para os exercícios seguintes. Num lado há o valor que se gastou; no outro aquele que se imputou ao exercício. E podíamos escolher um só deles? Podíamos, mas não era a mesma coisa.
A conclusão a extrair de tudo isto é que Passos Coelho vive obcecado com a ‘troika', que a todo o custo quer ultrapassar pela direita. E esta diferença nos orçamentos caiu como sopa no mel: o Governo anterior foi chamado de irresponsável, os ‘troikistas' sorriram de orelha a orelha e o Estado ainda se prepara para encaixar uns milhões.
Mas o expediente não resultou. E o novato que se supunha diferente revelou-se igual a tantos outros: um político que não olha a meios para atingir os fins.
Não foi um gesto bonito.
CONTAS PÚBLICAS
Dos défices anuais... ...à dívida acumulada
*Previsões.
Quando a ‘troika' e o anterior Governo subscreveram o memorando de entendimento, já conheciam os números que o INE agora publicou. E foi com base nesses números que planearam o défice de €10.068 milhões, 5,9%
do PIB, para o final de 2011. Mas Passos Coelho quis passar mensagem de que foram elementos novos, e muito mais "gravosos", que o obrigaram a este imposto brutal. Não é verdade, e o gesto não caiu bem.
Fontes: Governo, Eurostat» [DE]
Argumento invocado: o anterior Governo, que declarara um excedente de €432 milhões no orçamento do primeiro trimestre, foi agora desmentido pelo INE, que encontrou um défice de €3.177 milhões. Eis um episódio triste, de que o actual PM deveria envergonhar-se.
O episódio é triste por dois motivos. Em primeiro lugar, não se percebe como é que um défice de €3.177 milhões no primeiro trimestre pode impedir o défice de €10.068 milhões no final do ano, quando as medidas aprovadas visaram exactamente este valor. Em segundo lugar, releva de uma profunda ignorância confundir a contabilidade pública com a contabilidade nacional, onde a semelhança é idêntica à que existe entre um pepino e um girassol.
Façamos a analogia com o mundo empresarial. Nas empresas, a prestação de contas faz-se igualmente de duas maneiras: de um lado temos o balanço, que compara os proveitos com os custos, e por diferença obtêm-se os resultados; do outro lado temos o caixa, que compara as receitas com as despesas, de cuja diferença resulta o saldo. Dando de barato que os critérios de cálculo estejam correctíssimos, a discrepância de números pode ser abissal.
Imaginemos a aquisição de um equipamento por 100, pago integralmente no acto da compra e contabilisticamente amortizável em 5 anos. Na óptica do caixa, o valor registado é de 100; na óptica do balanço, o valor registado é de 20, porque os outros 80 transitam para os exercícios seguintes. Num lado há o valor que se gastou; no outro aquele que se imputou ao exercício. E podíamos escolher um só deles? Podíamos, mas não era a mesma coisa.
A conclusão a extrair de tudo isto é que Passos Coelho vive obcecado com a ‘troika', que a todo o custo quer ultrapassar pela direita. E esta diferença nos orçamentos caiu como sopa no mel: o Governo anterior foi chamado de irresponsável, os ‘troikistas' sorriram de orelha a orelha e o Estado ainda se prepara para encaixar uns milhões.
Mas o expediente não resultou. E o novato que se supunha diferente revelou-se igual a tantos outros: um político que não olha a meios para atingir os fins.
Não foi um gesto bonito.
CONTAS PÚBLICAS
Dos défices anuais... ...à dívida acumulada
*Previsões.
Quando a ‘troika' e o anterior Governo subscreveram o memorando de entendimento, já conheciam os números que o INE agora publicou. E foi com base nesses números que planearam o défice de €10.068 milhões, 5,9%
do PIB, para o final de 2011. Mas Passos Coelho quis passar mensagem de que foram elementos novos, e muito mais "gravosos", que o obrigaram a este imposto brutal. Não é verdade, e o gesto não caiu bem.
Fontes: Governo, Eurostat» [DE]
Autor:
Daniel Amaral.
Notícias do mundo cão
«O jornal inglês News of the World é velhinho como os esgotos a céu aberto. Tem 168 putrefactas primaveras. Não terá 169. Ontem, o seu patrão Rupert Murdoch decidiu fechá-lo já no próximo domingo. Nem a desculpa costumeira, falta de vendas, pôde ser invocada: mais 2,6 milhões de exemplares faziam-no o semanário mais lido do Reino Unido. Não foi o insucesso que levou ao fecho, foi o aprimoramento de um estilo. Ainda no séc. XIX, em selecto clube londrino, Lorde Riddel encontrou um amigo a quem disse que era dono de um jornal, News of the World. O cavalheiro não conhecia, mas deu-lhe a opinião, dias depois: "Passei os olhos pelo jornal, deitei-o para o caixote de lixo. Mas, depois, receei que outros o lessem e queimei-o." Assim era e assim tem sido o jornal, esmerando-se à volta do seu lema: "Tudo que é da vida humana está aqui." Da vida humana, entenda-se, que mata, que rapta, que viola, que assalta. News of the World não olhava a meios, justificados pelo fim de denunciar as misérias. E com século e meio de convivência, tudo se confundiu, meios e fins. Fez escutas ao telefone de uma criança raptada e não se importou de baralhar pistas à polícia para ser o primeiro a "informar". Suspeita- -se que tenha posto sob escuta famílias de soldados mortos no Afeganistão, para manchetes de emoção... Murdoch não quis alimentar um escândalo (coisa rara), e teve de acabar com ele. Já tem outro título para o substituir.» [DN]
Autor:
Ferreira Fernandes.
Os mercados não se comovem
«O estado de graça do governo de Passos Coelho acabou esta semana. Feitas bem as contas durou quinze dias.
Foi curto e injusto. Injusto sobretudo para quem tanto se esforçou em ser mais "troikista" do que a troika, prometendo cortar mais, privatizar mais, gastar menos.
Mas a classificação de "lixo" não deixa margem para dúvidas. Os mercados não se comovem com boas vontades. Nem lhes interessam as ideologias. Para "eles" não há qualquer diferença entre PS ou PSD, Sócrates ou Passos Coelho, socialistas ou liberais. Tudo se resume a encontrar a melhor maneira de ganhar mais e mais dinheiro.
Nessa perspectiva, pouca importam os governos, se são de direita ou de esquerda, se são voluntaristas ou tecnocratas. Nem sequer importam as medidas que se tomam a cada instante. Só conta a vulnerabilidade. E Portugal está vulnerável, muito vulnerável.
Importa perceber o que se está a passar.
1. Baixar o "rating" tem dois efeitos imediatos. Sobe os juros que se pagam pelos empréstimos; baixa o valor das empresas. Do ponto de vista de um grande investidor isso é excelente. Ganha-se mais a emprestar e paga-se menos a comprar.
2. As agências de "rating" não são isentas. Não trabalham para governos e empresas, mas sim para os tais mercados, ou seja, para o próprio sistema financeiro tal como ele é entendido na fase atual do capitalismo. Acima de um certo nível de investimento os objetivos já não são as pessoas ou as pequenas empresas, mas as multinacionais e os próprios países.
3. Os Estados, em particular nos países do chamado mundo ocidental, por vários motivos que vão desde os ideológicos às novas tecnologias e novas realidades globais, têm vindo a perder capacidade de regulação do sistema financeiro e das economias em geral. Hoje, a Europa, mas também os Estados Unidos ou o Japão, estão totalmente dependentes dos investidores privados. A tal ponto que a própria política se vai uniformizando num mesmo conjunto de receitas ditadas por aqueles que emprestam o dinheiro e pelos seus mecanismos de valoração, vide agências de "rating" e grandes bancos. Ou seja, a regulação das economias não está mais na mão dos Estados mas sim na dos investidores. E estes, legitimamente, têm por objetivo tirar o melhor proveito da situação. Não é certamente fazer as pessoas felizes.
A questão que se coloca é pois saber se os velhos Estados têm capacidade de recuperar o seu poder regulador. À primeira vista não têm. As constantes hesitações dos políticos europeus é sintomática. Não sabem, literalmente, o que fazer.
Acresce que a chamada esquerda, única que podia fazer frente aos ditos mercados, desapareceu do mapa. Agarrada a velhas conceções do Estado social, sem capacidade de renovação ideológica, nem visão de futuro, a esquerda tornou-se numa força conservadora que, objetivamente, favorece a direita já que lhe permite apresentar-se como único agente reformador e, mesmo, revolucionário. A inversão dos papéis é evidente.
Quanto a desenlaces. São previsíveis três.
1. Crescente agitação social na Europa, tornando os países ingovernáveis. Como efeito colateral poderá suceder-se uma cadeia de bancarrotas e necessidade de reformular de cima a baixo a arquitetura europeia, com o fim do Euro e até, no pior dos cenários, a liquidação do projeto europeu. O que só na aparência poderia significar uma vitória dos Estados Unidos, já que seriam a próxima vítima na calha. Aliás, já se fala disso.
2. Intervenção musculada dos Estados no sistema financeiro com forte taxação das mais-valias, acentuada diminuição das taxas de juro por via "administrativa" e criação de agências de "rating" públicas.
3. Rédea solta. Desmantelamento dos Estados e domínio absoluto da economia pelas grandes corporações e pelos grandes investidores.
A julgar pela realidade do mundo, e pela falta de ideias alternativas, estamos claramente a caminhar para esta terceira via. Terá como efeito o aumento exponencial da miséria com a redução drástica dos apoios sociais, o capitalismo selvagem e uma perda significativa das liberdades.
Não é o mundo em que gostaríamos de viver. Mas isto sou eu a falar que não sou economista, nem político, mas artista.» [Jornal de Negócios]
Foi curto e injusto. Injusto sobretudo para quem tanto se esforçou em ser mais "troikista" do que a troika, prometendo cortar mais, privatizar mais, gastar menos.
Mas a classificação de "lixo" não deixa margem para dúvidas. Os mercados não se comovem com boas vontades. Nem lhes interessam as ideologias. Para "eles" não há qualquer diferença entre PS ou PSD, Sócrates ou Passos Coelho, socialistas ou liberais. Tudo se resume a encontrar a melhor maneira de ganhar mais e mais dinheiro.
Nessa perspectiva, pouca importam os governos, se são de direita ou de esquerda, se são voluntaristas ou tecnocratas. Nem sequer importam as medidas que se tomam a cada instante. Só conta a vulnerabilidade. E Portugal está vulnerável, muito vulnerável.
Importa perceber o que se está a passar.
1. Baixar o "rating" tem dois efeitos imediatos. Sobe os juros que se pagam pelos empréstimos; baixa o valor das empresas. Do ponto de vista de um grande investidor isso é excelente. Ganha-se mais a emprestar e paga-se menos a comprar.
2. As agências de "rating" não são isentas. Não trabalham para governos e empresas, mas sim para os tais mercados, ou seja, para o próprio sistema financeiro tal como ele é entendido na fase atual do capitalismo. Acima de um certo nível de investimento os objetivos já não são as pessoas ou as pequenas empresas, mas as multinacionais e os próprios países.
3. Os Estados, em particular nos países do chamado mundo ocidental, por vários motivos que vão desde os ideológicos às novas tecnologias e novas realidades globais, têm vindo a perder capacidade de regulação do sistema financeiro e das economias em geral. Hoje, a Europa, mas também os Estados Unidos ou o Japão, estão totalmente dependentes dos investidores privados. A tal ponto que a própria política se vai uniformizando num mesmo conjunto de receitas ditadas por aqueles que emprestam o dinheiro e pelos seus mecanismos de valoração, vide agências de "rating" e grandes bancos. Ou seja, a regulação das economias não está mais na mão dos Estados mas sim na dos investidores. E estes, legitimamente, têm por objetivo tirar o melhor proveito da situação. Não é certamente fazer as pessoas felizes.
A questão que se coloca é pois saber se os velhos Estados têm capacidade de recuperar o seu poder regulador. À primeira vista não têm. As constantes hesitações dos políticos europeus é sintomática. Não sabem, literalmente, o que fazer.
Acresce que a chamada esquerda, única que podia fazer frente aos ditos mercados, desapareceu do mapa. Agarrada a velhas conceções do Estado social, sem capacidade de renovação ideológica, nem visão de futuro, a esquerda tornou-se numa força conservadora que, objetivamente, favorece a direita já que lhe permite apresentar-se como único agente reformador e, mesmo, revolucionário. A inversão dos papéis é evidente.
Quanto a desenlaces. São previsíveis três.
1. Crescente agitação social na Europa, tornando os países ingovernáveis. Como efeito colateral poderá suceder-se uma cadeia de bancarrotas e necessidade de reformular de cima a baixo a arquitetura europeia, com o fim do Euro e até, no pior dos cenários, a liquidação do projeto europeu. O que só na aparência poderia significar uma vitória dos Estados Unidos, já que seriam a próxima vítima na calha. Aliás, já se fala disso.
2. Intervenção musculada dos Estados no sistema financeiro com forte taxação das mais-valias, acentuada diminuição das taxas de juro por via "administrativa" e criação de agências de "rating" públicas.
3. Rédea solta. Desmantelamento dos Estados e domínio absoluto da economia pelas grandes corporações e pelos grandes investidores.
A julgar pela realidade do mundo, e pela falta de ideias alternativas, estamos claramente a caminhar para esta terceira via. Terá como efeito o aumento exponencial da miséria com a redução drástica dos apoios sociais, o capitalismo selvagem e uma perda significativa das liberdades.
Não é o mundo em que gostaríamos de viver. Mas isto sou eu a falar que não sou economista, nem político, mas artista.» [Jornal de Negócios]
Autor:
Leonel Moura.
Remendados mas não rotos
«Incomoda-me dever dinheiro. Não é racional. Pelo contrário, é completamente irracional. Tem tudo a ver com a minha educação. Cresci e fiz-me homem impregnado nos valores doutrinários do Estado Novo - pobrezinhos mas honrados, remendados mas não rotos - que me ficaram tatuados no carácter.
Como tenho vergonha de dever dinheiro (e um orgulho indisfarçado na condição de remediado mas sem dívidas), nunca cedi à tentação de comprar a crédito outra coisa senão apartamentos. Carros, viagens, tapetes, electrodomésticos diversos, adquiri-os sempre a pronto pagamento.
Apesar de todas as contas de somar, subtrair, dividir e multiplicar concluírem que era melhor negócio continuar a dever, a primeira coisa que fiz quando recebi os 179 629 euros que o dr. Balsemão pagou para se ver livre de mim foi liquidar os dois empréstimos à habitação das minhas cassas em Lisboa (onde trabalhava) e Porto (onde vivia).
No entanto, posso garantir-vos que o meu raciocínio não está turvado pela irracionalidade pequeno-burguesa e judaico-cristã que me faz sentir feliz por ter chegado aos 55 anos sem dever um cêntimo e senhor de um património material onde constam dois apartamentos, outros tantos carros, dezenas de quadros, centenas de discos e milhares de livros.
O fim de longas e penosas privações é inevitavelmente pontuado por excessos e abusos.
Os desvarios dos anos quentes de 74 e 75 foram o escasso preço pago por 48 anos sem liberdade.
A factura que estamos a pagar pelo excessivo endividamento dos particulares só é demasiado pesada porque as entidades que se deveriam comportar com mais racionalidade - Estado e empresas - não quiseram perceber que à míngua de poupança das famílias não poderiam continuar a endividar-se a um ritmo alucinante, como se não houvesse amanhã.
Até à nossa adesão ao euro, as taxas de juro eram tão altas que o acesso ao mercado de crédito estava vedado às famílias.
Com a democratização do crédito e o embaratecimento do dinheiro, estimulados pela banca e abençoados pelos governos, as famílias desataram a queimar etapas e a endividarem-se para terem o que dantes não podiam comprar - carros, plasmas, cozinhas, computadores...
Nesta hora de juízo final, peço a todos que tenham a decência de não apontarem o dedo acusador ao endividamento das famílias.
Para terem a certeza que encontram os culpados devem voltar o olhar para a banca, que andava por aí a oferecer dinheiro e para os governos que fechavam os olhos a este bordelo, satisfeitinhos da vida pela explosão do consumo privado ser a locomotiva de um crescimento pouco saudável do PIB.» [Jornal de Notícias]
Como tenho vergonha de dever dinheiro (e um orgulho indisfarçado na condição de remediado mas sem dívidas), nunca cedi à tentação de comprar a crédito outra coisa senão apartamentos. Carros, viagens, tapetes, electrodomésticos diversos, adquiri-os sempre a pronto pagamento.
Apesar de todas as contas de somar, subtrair, dividir e multiplicar concluírem que era melhor negócio continuar a dever, a primeira coisa que fiz quando recebi os 179 629 euros que o dr. Balsemão pagou para se ver livre de mim foi liquidar os dois empréstimos à habitação das minhas cassas em Lisboa (onde trabalhava) e Porto (onde vivia).
No entanto, posso garantir-vos que o meu raciocínio não está turvado pela irracionalidade pequeno-burguesa e judaico-cristã que me faz sentir feliz por ter chegado aos 55 anos sem dever um cêntimo e senhor de um património material onde constam dois apartamentos, outros tantos carros, dezenas de quadros, centenas de discos e milhares de livros.
O fim de longas e penosas privações é inevitavelmente pontuado por excessos e abusos.
Os desvarios dos anos quentes de 74 e 75 foram o escasso preço pago por 48 anos sem liberdade.
A factura que estamos a pagar pelo excessivo endividamento dos particulares só é demasiado pesada porque as entidades que se deveriam comportar com mais racionalidade - Estado e empresas - não quiseram perceber que à míngua de poupança das famílias não poderiam continuar a endividar-se a um ritmo alucinante, como se não houvesse amanhã.
Até à nossa adesão ao euro, as taxas de juro eram tão altas que o acesso ao mercado de crédito estava vedado às famílias.
Com a democratização do crédito e o embaratecimento do dinheiro, estimulados pela banca e abençoados pelos governos, as famílias desataram a queimar etapas e a endividarem-se para terem o que dantes não podiam comprar - carros, plasmas, cozinhas, computadores...
Nesta hora de juízo final, peço a todos que tenham a decência de não apontarem o dedo acusador ao endividamento das famílias.
Para terem a certeza que encontram os culpados devem voltar o olhar para a banca, que andava por aí a oferecer dinheiro e para os governos que fechavam os olhos a este bordelo, satisfeitinhos da vida pela explosão do consumo privado ser a locomotiva de um crescimento pouco saudável do PIB.» [Jornal de Notícias]
Autor:
Remendados mas não rotos.
Miséria extrema
«Um homem de 74 anos que vivia em barracões, sozinho e em profunda miséria, morreu e foi comido por três dezenas de cães, numa quinta em Moreirinhas, Trancoso.
O padeiro, que visitava Heliedoro Sousa duas vezes por semana e que lhe vendia pão, foi quem o encontrou. Na segunda-feira apanhou "o maior susto da vida". "Os cães estavam-no a comer. Já só vi parte das pernas", contou ontem Carlos Silva, de 28 anos, que avisou de imediato os vizinhos e a GNR.» [CM]
O padeiro, que visitava Heliedoro Sousa duas vezes por semana e que lhe vendia pão, foi quem o encontrou. Na segunda-feira apanhou "o maior susto da vida". "Os cães estavam-no a comer. Já só vi parte das pernas", contou ontem Carlos Silva, de 28 anos, que avisou de imediato os vizinhos e a GNR.» [CM]
Parecer:
Se ainda por cá andasse o Sócrates haveria um culpado, assim estamos mesmo perante um caso de miséria extrema.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se.»
Soares diz que Cavaco fez pouco
«O ex-Presidente da República afirmou hoje que quando olha para a sociedade portuguesa vê "aflição" e considerou que o chefe de Estado, Cavaco Silva, tem dito "pouco" sobre a actual situação do país.
A posição de Mário Soares foi assumida em entrevista à Antena 1, que hoje é transmitida, durante a qual disse ser amigo pessoal de Pedro Passos Coelho e em que também afirmou esperar que José Sócrates aproveite o período de afastamento da vida política para "curar" a sua "ponta de irritabilidade".
"Estou a ver a sociedade portuguesa e estou a ver a aflição. Não basta dizer que isto está mal, isto vai ser muito grave, que temos todos de ter muito cuidado, como o Presidente da República fez - isso é pouco", declarou Mário Soares, depois de ter feito uma série de duras críticas ao funcionamento presente da União Europeia e à forma como os mercados tentam "dominar" e "destruir" os estados soberanos.» [DN]
A posição de Mário Soares foi assumida em entrevista à Antena 1, que hoje é transmitida, durante a qual disse ser amigo pessoal de Pedro Passos Coelho e em que também afirmou esperar que José Sócrates aproveite o período de afastamento da vida política para "curar" a sua "ponta de irritabilidade".
"Estou a ver a sociedade portuguesa e estou a ver a aflição. Não basta dizer que isto está mal, isto vai ser muito grave, que temos todos de ter muito cuidado, como o Presidente da República fez - isso é pouco", declarou Mário Soares, depois de ter feito uma série de duras críticas ao funcionamento presente da União Europeia e à forma como os mercados tentam "dominar" e "destruir" os estados soberanos.» [DN]
Parecer:
Não fez nada e o pouco que fez apenas serviu para lançar uma crise e mudar o governo.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a Cavaco que não faça mesmo nada.»
Há quem fale bem dos hospitais públicos
«Zé Pedro, dos Xutos & Pontapés, fez esta sexta-feira um agradecimento público aos médicos e enfermeiros que o trataram através de um comunicado. O músico de 50 anos, submetido a um transplante do fígado em Junho, regressou aos palcos na noite de quinta-feira, actuando com a sua banda no Optimus Alive!
"Foi um momento de grande calor e apoio por parte de todos os presentes que jamais poderei esquecer. No entanto, no meio de tanta emoção faltou-me agradecer aos principais responsáveis pelo meu regresso, o pessoal do Hospital Curry Cabral", lê-se no comunicado enviado para as redacções pelo músico dos Xutos & Pontapés.
Entre as pessoas a quem Zé Pedro quis agradecer incluem-se o cirurgião Eduardo Barroso, responsável pelo transplante que salvou a vida do músico, bem como toda a sua equipa e "a todo o pessoal do hospital, desde enfermeiras a auxiliares".» [DE]
"Foi um momento de grande calor e apoio por parte de todos os presentes que jamais poderei esquecer. No entanto, no meio de tanta emoção faltou-me agradecer aos principais responsáveis pelo meu regresso, o pessoal do Hospital Curry Cabral", lê-se no comunicado enviado para as redacções pelo músico dos Xutos & Pontapés.
Entre as pessoas a quem Zé Pedro quis agradecer incluem-se o cirurgião Eduardo Barroso, responsável pelo transplante que salvou a vida do músico, bem como toda a sua equipa e "a todo o pessoal do hospital, desde enfermeiras a auxiliares".» [DE]
Parecer:
A vontade de transformar o SNS em negócios privados leva muita gente a esquecer o que de muito bom se construiu em Portugal e o mérito de muitos profissionais que dão o litro sem participar em lucros, sem visas para almoçar em restaurantes de luxo, sem férias pagas e sem reformas antecipadas chorudas.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se o elogio.»
Acabaram-se as borlas de Agosto na ponte 25 de Abril
«O Governo decidiu reintroduzir o pagamento de portagens na Ponte 25 de Abril durante o mês de Agosto, tal como o CM avançou.» [CM]
Parecer:
É bom que se acabem as borlas, não nos cabe pagar as portagens de quem usa a ponte e muito menos de quem veio cá em turismo.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se.»
Até há um mafioso no governo de Berlusconi
«O Tribunal de Palermo recusou o pedido de arquivamento do caso contra o ministro italiano das Políticas Agrícolas, Saveria Romano, por alegada conivência com a máfia e pediu ao Ministério Público para formular uma nova acusação para que seja julgado.
De acordo com a Efe, o juiz que conduz o processo, Giuliano Castiglia, deu dez dias ao Ministério Público de Palermo para apresentar uma nova acusação contra o ministro de Silvio Berlusconi e pediu a sua condenação "por apoio externo a uma associação de malfeitores".» [DN]
De acordo com a Efe, o juiz que conduz o processo, Giuliano Castiglia, deu dez dias ao Ministério Público de Palermo para apresentar uma nova acusação contra o ministro de Silvio Berlusconi e pediu a sua condenação "por apoio externo a uma associação de malfeitores".» [DN]
Parecer:
Há de tudo neste governo da direita italiana.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «É só na Itália?»
Só agora?
«O conselho municipal de Braunau am Inn (noroeste da Áustria), a cidade natal de Adolf Hitler, decidiu por unanimidade retirar ao líder nazi o título de cidadão honorário.
Em 1938, pouco depois da anexação da Áustria pela Alemanha nazi, Braunau homenageou Hitler atribuindo-lhe a condição de cidadão honorário. » [Jornal de Notícias]
Em 1938, pouco depois da anexação da Áustria pela Alemanha nazi, Braunau homenageou Hitler atribuindo-lhe a condição de cidadão honorário. » [Jornal de Notícias]
Andaram a escutar o Relvas?
«A Procuradoria-geral Distrital de Lisboa recebeu uma participação relativa a alegadas escutas ilegais realizadas a membros da direcção do PSD.
A confirmação foi dada ao tvi24.pt por fonte oficial da Procuradoria-geral da República (PGR). «A participação foi remetida à Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa para os fins tidos por convenientes, tendo sido instaurado o competente inquérito», lê-se na resposta colocada através de email.
A notícia de que alegas escutas ilegais ao PSD foi avançada esta sexta-feira pelo semanário «Sol». De acordo com este jornal, a direcção dos sociais-democratas foi informada desta situação na primeira semana de campanha, através de uma carta endereçada a Miguel Relvas, com remetente identificado.
Ainda segundo o «Sol», a missiva referiria o envolvimento de uma magistrada na «operação de espionagem».» [Portugal Diário]
A confirmação foi dada ao tvi24.pt por fonte oficial da Procuradoria-geral da República (PGR). «A participação foi remetida à Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa para os fins tidos por convenientes, tendo sido instaurado o competente inquérito», lê-se na resposta colocada através de email.
A notícia de que alegas escutas ilegais ao PSD foi avançada esta sexta-feira pelo semanário «Sol». De acordo com este jornal, a direcção dos sociais-democratas foi informada desta situação na primeira semana de campanha, através de uma carta endereçada a Miguel Relvas, com remetente identificado.
Ainda segundo o «Sol», a missiva referiria o envolvimento de uma magistrada na «operação de espionagem».» [Portugal Diário]
Parecer:
E não se soube nada do que se gravou.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «É uma pena, talvez tivessémos agora um caso de relva oculta.»
Olha quem fala!
«O ex-deputado do PSD Fernando Nobre quebrou o silêncio. Do outro lado do Atlântico, em São Paulo, Brasil, criticou a classe política portuguesa por o olhar como “tolerado, ostracizado, rejeitado”. Pela primeira vez desde que falhou a eleição para presidente da Assembleia da República, a 21 de Junho, Nobre falou, abriu a porta a um regresso à política e deixou um recado a todos os que o criticaram: “Os que pensavam que estava à procura de um tacho enganaram-se.” » [Público]
Parecer:
Esta é para rir ainda mais do que com a das galinhas.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Nobre qual a sensação de se ter enganado ao pensar que ficava com o tacho de presidente do parlamento?»
LGBT pride parades [Boston.com]
Ash covered landscape [Boston.com]