domingo, julho 03, 2011

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento



 
Bairro da Bica, Lisboa
Imagens dos visitantes d'O Jumento

 
Estendal [A. Cabral]
  
Jumento do dia


Aníbal

Cavaco Silva, um presidente que cada vez mais o é apenas de alguns portugueses que o elegeram, já não diz que há limites para a austeridade, pior ainda, recusa-se a comentar a recolha das prendas de Natal de muitos portugueses pelo Pedro e pelo Gaspar. Agora parece que já não há limites e ilude os seus concidadãos respondendo com os compromissos assumidos, quando sabe muito bem que a apropriação abusiva das prendas de Natal vai muito para além dos compromissos que invoca.
 
Isto vai acabar mal, vamos ter o governo e a Presidência da República juntas numa política brutal sem se saber as consequências.

«No final de uma cerimónia de inauguração de um monumento em homenagem aos fuzileiros, no Barreiro, Cavaco Silva foi questionado sobre se compreende a adopção de uma contribuição extraordinária em sede de IRS, que segundo o primeiro-ministro, Passos Coelho, será equivalente a metade do subsídio de Natal acima do salário mínimo nacional.

"A situação actual do nosso país não é uma fatalidade, e os portugueses devem, de facto, pensar isso mesmo: não é uma fatalidade. Se nós cumprirmos rigorosamente os compromissos que assumimos perante as entidades internacionais há uma grande possibilidade de melhores dias chegarem no futuro", respondeu o Chefe de Estado.

Os jornalistas insistiram em saber se compreende a medida anunciada na quarta-feira pelo primeiro-ministro, mas o chefe de Estado escusou-se a avançar mais comentários.» [CM]

 Mentirómetro do Pedro: Mentira n.º 6

 
O governo justificou a apreensão antecipada das prendas de Natal com o argumento da evolução negativa da execução orçamental. Era mentira como é noticiado no Expresso:
 

    
 

 Caso DSK volta ao sítio certo

«A 18 de Maio escrevi a crónica "Esta crónica não é sobre Strauss-Kahn". Era sobre jornalismo. Lembrei o meu espanto ao ver a bíblia profissional The New York Times (NYT) publicar o "testemunho" de um norueguês dizendo que um taxista lhe contara que conduziu DSK do hotel ao aeroporto e que este ia, palavras do taxista, "transtornado". Se um amigo meu de Oslo me telefonasse a dizer que o seu merceeiro ouviu da mulher do norueguês o que dissera o taxista, eu não publicava a informação em 5.ª mão. E o NYT não devia ter publicado um testemunho em 2.ª. Testemunhos são em 1.ª mão, ou não são. Caso vir a saber-se mentiroso, pode pedir-se responsabilidade a uma cara e a um nome. Na crónica referi que o "transtornado" DSK nem fora do hotel para o aeroporto porque, entre um e outro, foi almoçar com a filha. A informação, pública, era do advogado de DSK - era publicável. Até hoje não foi desmentida, e se um dia o for, há um nome, o do advogado, a responsabilizar. Não é como o "taxista" volátil... Escrevi sobre esse percalço do NYT porque ele ilustra mais os perigos do jornalismo actual que as ordinarices do tablóide New York Post (capa "Pervertido!" sobre foto do francês). A reviravolta com o que se soube ontem da camareira do hotel lançou-nos para a dúvida de onde nunca devíamos ter saído. A verdade ficou mais cercada mas ainda não se conhece. Reconhecê-lo permite impressionarmo-nos menos com a riqueza dele e com o passado turvo dela.» [DN]

Autor:

Ferreira Fernandes.
  
 Pelo andar da carruagem

«Há um provérbio popular que, devidamente adaptado, se pode aplicar com proveito a governos: "Pelo andar da política fiscal se vê quem vai lá dentro". Porque, sendo a política fiscal um instrumento de redistribuição da riqueza e do rendimento, ela espelha, mais do que nenhuma outra, o rosto de uma governação.

Como se propõe um governo obter recursos?; como se propõe redistribui-los?, são questões cujas respostas dizem quase tudo o que quisermos saber sobre esse governo mas tivermos vergonha de perguntar.

Com o corte de 50% dos subsídios de Natal, o novo Governo tenciona obter 800 milhões de euros, saídos (na verdade nem lá chegarão a entrar) dos bolsos de trabalhadores e reformados.

E para onde irá tanto dinheiro? Com mais 800 milhões poupados em "acomodações" na despesa do Estado que "o senhor ministro das Finanças detalhará nas próximas semanas" (preparemo-nos para o pior, designadamente para mais cortes nos apoios sociais e na saúde), servirá para compensar os 1 600 milhões que o Estado deixará de cobrar com a redução de 4% da TSU das empresas. O que é o mesmo que dizer que 50% dos subsídios de Natal dos trabalhadores e reformados, mais as "acomodações" ainda a anunciar, irão parar às contas bancárias dos empresários. Será reconfortante ver passar um Ferrari (pelo menos em regiões deprimidas como a do Vale do Ave) e imaginar que talvez uma porca de um daqueles pneus seja o nosso subsídio de Natal.» [JN]

Autor:

Manuel António Pina.
     


 Manuela Moura Guedes manda em Passos Coelho

«José Eduardo Moniz e Manuela Moura Guedes, mal souberam do convite de Miguel Macedo a Bernardo Bairrão, fizeram saber junto do gabinete de Passos Coelho o seu desagrado com o nome indicado para secretário de Estado da Administração Interna.



E as pressões para que Passos não viabilizasse a nomeação de Bairrão não se ficaram por aí: o SOL apurou que também Nuno Vasconcellos, da Ongoing, fez chegar os seus protestos ao gabinete do primeiro-ministro.
 
Recorde-se que Bairrão substituiu Moniz quando este abandonou o cargo de director-geral da TVI em Agosto de 2009. E que a decisão de acabar com o Jornal Nacional de 6.ª, de Moura Guedes, foi assumida por ele.» [Sol]

Autor:

Quando uma Manuela Moura Guedes decide quem vai ou não vai para um governo eleito pelos portugueses é porque estamos na bancarrota moral e não há troika que nos valha. Vergonhoso!

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pegue-se no saco do vómito.»

 A dona Moniz foi asfixiava democraticamente

«Manuela Moura Guedes já não vai para a SIC. As conversações para o regresso da jornalista à televisão começaram em Novembro, altura em que foi anunciado que a pivô avançaria com um programa semanal de grande informação, que iria para o ar este ano. Depois de meio ano de negociações, a contratação terá caído por terra. A notícia foi avançada ontem no site do "Público" e confirmada ao i pela jornalista. "As negociações terminaram em meados de Junho", diz Manuela Guedes.

Na origem do afastamento terá estado, segundo a jornalista, o "veto" de Pinto Balsemão. A decisão do dono da Impresa, acredita a pivô, terá a ver com o facto de ser casada com José Eduardo Moniz, actualmente vice-presidente da Ongoing, de Nuno Vasconcelos. "O que é uma injustiça tremenda, porque eu não conheço ninguém na Ongoing e o facto de ser casada com quem sou não deveria interferir nas questões profissionais", diz. » [i]

Parecer:

Agora que Manuela Moura Guedes já não serve para atacar José Sócrates pode ser tratada como um trapo velho e atirada para o lixo sem se ouvir um único protesto.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao Pedro se não quer a Manuela para a sua central de informação.»
  
 Começam a aparecer os corajosos

«Basta sair na Ponte 25 de Abril, vindo de Lisboa, virar para a Almada e logo ali na rotunda do centro-sul não há um poste despido sem ter por companhia um cartaz do Festival de Almada. No caminho de carro até ao Teatro Municipal de Almada contam-se dezenas deles. Numa terra onde em tempos havia pouca ou nenhuma tradição teatral e os espectadores perguntavam: "É uma revista?", Joaquim Benite criou uma das maiores companhias de teatro do país. Com vários títulos de comendador e cavaleiro, o ex-jornalista filho de um empresário do teatro, recebeu o i para recordar a carreira, falar de cultura, do Festival de Almada, que começa no dia 4 e termina a 18 de Julho, e de como as leis do mercado nada têm a ver com arte.» [i]

Parecer:

É fácil dar graxa ao novo poder e desancar nos anteriores.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pegue-se no saco do vómito.»