sexta-feira, julho 22, 2011

Umas no cravo e outras na ferradura


 

Foto Jumento


Alfama, Lisboa
Imagens dos visitantes d'O Jumento


Idanha-a-Velha [A. Cabral]
  
Jumento do dia


Vítor Gaspar

Vítor Gaspar teve um dia azarado, começou por saber que as suas robustas medidas pouco ou nada têm que ver com o desempenho orçamental e que os portugueses vão ver as suas prendas de Natal apreendida só para um ministro inseguro tenha a certeza de que vai ter sucesso. Como se isso fosse pouco o "Povo Livre", o jornal oficial do PSD, desmentiu a sua explicação do "desvio colossal", não foram proferidas palavras entre desvio e colossal pelo que a intervenção do ministro não foi apenas anedótica, o que ele contou foi mesmo uma anedota ridícula e hilariante.

 A ministra, a flatulência das vacas e o pessoal do ministério

Apesar de ser ministra, entre muitas outras coisas, da Agricultura e do Ambiente é pouco provável que a nova supermulher de Paulo Portas (melhorou muito em relação à anterior, a Celeste Cardona e muito mais em relação ao tempo de Manuela Moura Guedes),  a ministra Assunção Cristas, saiba do peso da flatulência (peidos ou pedos e bufas, para quem não sabe) tem um grande peso na produção de gases com efeito estufa, há mesmo quem diga que representam um volume tão grande como os expelidos pela aviação.
 
É natural, estas coisas não costumam constar dos livros de direito e tanto quanto se sabe o assunto não foi levado a debate parlamentar. Aliás, o tema preocupou recentemente as autoridades australianas ao ponto de terem decidido atribuir um prémio ao abate de camelos selvagens, coisa que por cá não existe e os camelos que por aqui pastam são necessários, quanto mais não seja para pagarem o IRS extraordinário destinado a cobrir o extraordinário desvio colossal.
 
Mas se com tanta vaca a expelir gases a ministra decidiu mandar os funcionários tirar a gravata não me admiraria mesmo nada se um dia destes ordenasse que se passasse a regar com mais frequência o Parque Eduardo VII para garantir um aumento na produção de alfaces.

 E vão 9!

  
Se não fosse a bondade de alguns jornalistas que fazem contas com os dedos dos pés todos os portugueses teriam percebido que o colossal desvio não passava de uma colossal mentira. Se restassem figuras bastaria ter assistido à conferência do pobre ministro das Finanças para se ter percebido que nem com cambalhotas verbais Vítor Gaspar conseguia sustentar a mentira de Pedro Passos Coelho.

Mesmo depois de divulgados os dados da execução orçamental houve um jornal que ainda tentou manter a mentira, mas esta tem perna curta e ficou evidente que Passos Coelho disse mais uma das suas mentiras.

Como era de esperar, depois da anedota de Vítor Gaspar e com a execução orçamental Passos Coelho já foi forçado a desmentir que a frase tivesse algo que ver com as contas públicas, isto depois de muitos dias de silêncio e quando se tornou evidente que tinha mentido. Se não mentiu tem uma forma fácil de o desmentir, divulgando as imagens do conselho nacional do PSD.
  
 

 Desvios colossais

«Começamos mal. Com "desvios colossais", que o são na versão do primeiro-ministro, mas podem não ser nas narrativas do ministro das Finanças e do Presidente da República e que depois não se detectam nas contas do Estado divulgadas para o primeiro semestre.
 
"Políticos, burocratas e economistas" é o título de um texto escrito pelo actual Presidente da República na segunda metade dos anos 70 do século passado. Ali desenvolvia os objectivos de cada uma daquelas actividades. Um texto que nos vem à memória nestes tempos de violento confronto entre os objectivos dos políticos e o interesse público.
  
O documento ontem divulgado sobre as receitas e despesas do Estado durante o primeiro semestre aproxima-se mais da narrativa que o ministro das Finanças fez de "desvio colossal" do que daquela que o primeiro-ministro parece sustentar.
 
Para todos sabermos o mesmo, comecemos pela fuga de informação. Pedro Passos Coelho terá dito que havia um "desvio colossal" nas contas públicas aos seus colegas do PSD do Conselho Nacional.
 
Claro que para um país que está a lutar por credibilidade financeira junto numa Europa pouco disponível para ajudar e nuns mercados financeiros em constante pânico, anunciar um "desvio colossal" depois de as contas públicas terem sido escrutinadas pelo BCE, pela Comissão Europeia e pelo FMI é tudo menos uma boa estratégia.
  
São essas violentas águas financeiras em que Portugal navega, com ondas que devoram quem se descredibiliza, que justificam a narrativa do ministro das Finanças. Vítor Gaspar resolve fazer a sua história e dizer que o colossal adjectiva o trabalho que existe pela frente, e não o desvio. Mas logo a seguir o primeiro-ministro vem dizer que há um desvio de dois mil milhões de euros. Para depois ouvir o Presidente da República citar a explicação do ministro das Finanças, e não o seu número para o suposto desvio.
  
Eis que saíram as contas do Estado do primeiro semestre deste ano e o "desvio colossal" transforma-se em desvios explicados por padrões intra-anuais e regras contabilísticas. E os objectivos definidos pela troika são cumpridos com bastante folga . E isto mesmo sem o Governo ter adoptado as medidas do lado da despesa consagradas no Orçamento do Estado para 2011.
  
Claro que o "desvio colossal" gerou de imediato o salto de raciocínio para um orçamento rectificativo. É a consequência lógica que, mesmo sem esse tal desvio, pode ter de ocorrer por causa da re-engenharia ministerial - mais um custo certo com benefícios incertos. E é ainda a consequência que parece lógica da opção por anunciar com seis meses de antecedência um imposto extraordinário. Este seguro contra surpresas, além de dificultar a vida orçamental em 2012, vai alimentar as resistências habituais aos cortes de despesa.
  
O que se tem passado nestes ainda poucos dias do novo Governo gera mais preocupação do que confiança. Há demasiadas acções marcadas por tácticas políticas que prejudicam os interesses do País. Há já demasiados casos de falta de coragem de tomar medidas com efeitos significativos em grupos específicos. Lançar impostos é fácil.» [Jornal de Negócios]

Autor:

Helena Garrido.
  
 Uma palavra assustadora

«Parece que hoje haverá um Conselho de Ministros "extraordinário" e, se os portugueses ainda se lembrarem do imposto, igualmente "extraordinário", que Passos Coelho decretou mal chegou ao Governo, têm todas as razões para se sentirem inquietos e apertarem os magros salários ao peito como as mães de Aljubarrota os filhos ao ouvirem o som da trombeta castelhana, porque decerto (tenham medo, muito medo) vem aí outra vez algo "extraordinário".

A palavra "extraordinário" tornou-se, de facto, nestas primeiras semanas de Governo PSD/CDS, uma espécie de triângulo vermelho com um grande ponto de exclamação dentro, isto é, sinal de "outros perigos".

Talvez por não dominar inteiramente as esquisitices da língua pátria, o secretário-geral do PSD/Madeira ter-se-á limitado a usar aquilo a que chama "linguagem verbal" ("paneleiro", "filho da p...", "mentiroso", "corrupto", "feito com 'eles'", "vai para o c...", segundo o DN) para afugentar um jornalista de uma conferência de imprensa sobre a estimada, e habitualmente elevada, festa do Chão da Lagoa.

"Dessa discussão - diz o PSD/Madeira em comunicado, num português também ele elevadíssimo - houve linguagem verbal de ambos os protagonistas". Só que o jornalista, pelos vistos, não arredou pé. Tivesse Jaime Ramos brandido, como o PSD nacional, algo (um imposto, por exemplo) "extraordinário" e o jornalista, decerto um contribuinte, teria desaparecido num ápice.» [JN]

Autor:

Manuel António Pina.
     

 Transportes aumentam 15%

«O Ministério da Economia confirmou hoje que o Governo vai comunicar às empresas de transportes públicos um aumento médio de 15 por cento nos preços dos bilhetes e passes sociais e remeteu explicações sobre o assunto para mais tarde.

Uma fonte do Ministério da Economia confirmou à agência Lusa a notícia publicada hoje no Diário Económico que avança que os preços dos passes sociais e bilhetes vão sofrer um aumento médio de 15 por cento a partir de 01 de Agosto, mas remeteu mais explicações para um comunicado de imprensa que será divulgado ainda hoje.» [DN]

Parecer:

Concordo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se.»
  
 Boa notícia

«Os dirigentes da Zona Euro chegaram hoje a um acordo, no final da cimeira extraordinária para resolver a crise grega, anunciou, em Bruxelas, o presidente da União Europeia, Herman van Rompuy, noticia a AFP.

“A declaração dos chefes de Estado e de governo da Zona Euro e das instituições europeias foi aprovada”, afirmou o responsável, na sua conta no Twitter.

O novo plano de ajuda à Grécia ascende aos 158 mil milhões de euros, adiantou entretanto o primeiro-ministro italiano, Sílvio Berlusconi.

Os bancos credores da Grécia acordaram hoje contribuir com 54 mil milhões de euros em três anos e 135 mil milhões a dez anos para o novo plano de resgate da economia helénica, anunciou o Instituto de Finanças Internacionais.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) vai participar no financiamento do novo plano de resgate da Grécia, disse o presidente da União Europeia, Herman van Rompuy.

“Chegamos a um acordo sobre o novo programa de ajuda para cobrir inteiramente as necessidades de financiamento” da Grécia, que “será financiado pela União Europeia e pelo FMI”, afirmou Van Rompuy, em conferência de imprensa, noticiada pela AFP.

Portugal e a Irlanda serão abrangidos pelo alargamento dos prazos de pagamento da dívida, mas o sector privado não será implicado na solução da crise actual, afirmou hoje em Bruxelas Nicolas Sarkozy.» [i]

Parecer:

Isto foi chegar, ver e vencer.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Agradeça-se a Passos Coelho.»
  
 Empresas municipais com passivo de 2,7 milhões

«Não são dados definitivos, longe disso, mas um grupo de técnicos do ISEG finalizou a primeira fase de um estudo sobre o verdadeiro universo das empresas municipais, deixando a descoberto muitas mais do que está oficialmente elencado - e já com um passivo de 2,7 mil milhões (passivo e não endividamento, ao contrário do que se lê no título do DN de hoje), muito acima dos activos de mil milhões. Apuraram-se nesta primeira fase cerca de 400 empresas públicas, bastante acima das 281 "oficiais" que constam do último relatório da direcção-geral da Administração Local.» [DN]

Parecer:

Só?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Ponha-se fim às empresas municipais.»
  
 Krugman discorda do plano de recuperação da Grécia

«Na sua opinião, esta “engenharia financeira” não é convincente. “Ok, então o que se passa é que vamos exigir uma forte austeridade nos países que se deparam com uma crise da dívida; e no entretanto, vamos ter austeridade também nos países que não têm crise da dívida. Além disso, o BCE está a subir os juros. Assim sendo... a procura irá diminuir nos dois tipos de economias: as que estão actualmente a braços com uma crise e as que não estão”.»   [Jornal de Negócios]
 
Neste artigo publicado no “The New York Times”, Krugman diz que há “Pessoas Sérias” determinadas a destruir todas as economias avançadas, em nome da prudência.

O artigo de Krugman intitula-se “1937! 1937! 1937!”, numa alusão ao que ele chama de “grande erro da Reserva Federal norte-americana e da Administração Roosevelt” nesse mesmo ano, quando decretaram o fim da Grande Depressão. Nessa altura, o resultado – tal como o economista prevê que aconteça também agora – foi uma queda do consumo e um endurecimento da política monetária, o que fez com que a economia voltasse a mergulhar nas profundezas da recessão.»

Parecer:

Em nome dessa prudência Vítor Gaspar delineou um programa a que chama robusto e é mais troikista do que a troika.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se conhecimento ao Vítor Gaspar.»
  
 Afinal não há desvio colossal

«Ao fim de uma semana, primeiro-ministro corrige notícia e garante que houve «uma utilização abusiva de uma alusão a um esforço colossal que o Estado vai precisar de fazer em praticamente meio ano».

No final da cimeira extraordinária, que teve lugar esta quinta-feira em Bruxelas, Passos Coelho foi questionado, em conferência de imprensa, sobre o «desvio colossal» - expressão que teria sido usada no Conselho Nacional do PSD - e que tinha sido já explicada pelo ministro das Finanças, Vítor Gaspar. » [Portugal Diário]

Parecer:

Se não tivesse tido destaque no "Povo Livre" ainda diria que tinha sido uma mentira jornalística.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
  

 World's Mist Dangerous Countries for women
   
«Targeted violence against females, dismal healthcare and desperate poverty make Afghanistan the world's most dangerous country in which to be born a woman, with Congo a close second due to horrific levels of rape. Pakistan, India and Somalia ranked third, fourth and fifth, respectively, in the global survey of perceptions of threats ranging from domestic abuse and economic discrimination to female foeticide (the destruction of a fetus in the uterus), genital mutilation and acid attack. A survey compiled by the Thomson Reuters Foundation to mark the launch of TrustLaw Woman*, puts Afghanistan at the top of the list of the most dangerous places in the world for women. TrustLaw asked 213 gender experts from five contents to rank countries by overall perceptions of danger as well as by six categories of risk. The risks consisted of health threats, sexual violence, non-sexual violence, cultural or religious factors, lack of access to resources and trafficking. The collection of images that follow were provided by Reuters to illustrate the dangers women face in those 5 countries. -- Paula Nelson (*TrustLaw Woman is a website aimed at providing free legal advice for women’s' groups around the world.)» [Boston.com]