terça-feira, julho 05, 2011

Podridão ética

O caso Bairrão não passa de um mero incidente na escolha de um governante como muitos outros a que já se assistiram neste país, a diferença reside no facto de neste caso o país ter ficado a conhecer os seus pormenores e estes não serem muito edificantes e poderem suscitar muitas dúvidas sobre a forma como o governo de Passos Coelho foi formado.


A própria escolha de Bairrão poderia suscitar dúvidas, depois de tudo o que se passou no caso TVI somos surpreendidos pela escolha do administrador da Media Capital para secretário de Estado de um ministro que até há pouco liderava a bancada parlamentar do PSD, o mesmo PSD que conduziu um inquérito parlamentar às supostas pressões de Sócrates. Todos sabemos que este país é um T0 mas não deixa de ser estranho que o administrador que livrou a TVI de Manuela Moura Guedes tivesse sido convidado para membro de direita do governo.

A crer no jornal Expresso o saneamento de Bairrão começou com um sms de Manuela Moura Guedes para Pedro Passos Coelho denunciando possíveis negócios escuros. O país ficou a saber que existe uma grande intimidade entre a jornalista que se destacou nos ataques a Sócrates com o primeiro-ministro e líder do PSD, ficamos também a saber que essa relação é suficiente para que a jornalista lance suspeitas sobre uma pessoa que tinha sido convidada para membro do governo.

Manuela Moura Guedes denuncia negócios supostamente duvidosos feitos através de uma empresa onde o seu próprio marido era sócio de Bairrão o que revela um padrão de ética demasiado duvidoso para que Passos Coelho a denúncia como merecedora de atenção. Mas não foi isso que sucedeu, Passos Coelho foi “investigar”. E como o fez? Paulo Portas telefonou ao administrador da Media Capital para obter informações sobre Bairrão.

Pelo meio alguém tentou salvar a imagem de Passos Coelho à custa de Marcelo Rebelo de Sousa fazendo passar a mensagem de que a exclusão de Bairrão se deveu à divulgação do seu nome pelo desbocado de Alfragide. Outra pista de investigação lançada para a comunicação social

O grave em todo este processo não reside no saneamento antecipado de um secretário de Estado que como se sabe é tão importante para os nossos governo como as hospedeiras de bordo são para os aviões da TAP. O mais grave está em toda a podridão ética e a promiscuidade que ficaram em evidência em todo este processo.