Quando o anterior governo decidiu encerrar escolas medievais onde um professor leccionava em simultâneo a alunos de quatro anos de escolaridade diferentes o destemido Mário Nogueira protestou porque tal medida implicaria o despedimento de professores. Confrontado com a decisão do actual ministro avançar para o encerramento de mais de seiscentas escolas depois de ter suspendido s decisão durante duas semanas, o glorioso líder sindical dos professores aceitou a medida com a condição de que os alunos fossem para escolas melhores. Teremos de concluir que tais instalações não existiam e que o actual ministro lhe deu garantias de que seriam construídas durante o mês de Agosto.
Quando anterior Governo apostou nas energias renováveis multiplicaram-se os artigos de opinião a questionar os custos de tal aposta, a ideia mais defendida era a de que enquanto as renováveis fossem mais caras do que o recurso aos combustíveis fósseis estes deveriam ser a opção. Agora é o deputado europeu Paulo Rangel que lá de Estrasburgo alerta o país para a importância de apostar nas renováveis. Quem o ouve até é levado a pensar que a última vez que em Portugal se investiu nas renováveis foi aquando da construção da Barragem de Castelo de Bode.
O campeão destas cambalhotas foi Cavaco Silva que ainda há bem pouco tempo quase pedia ao portugueses que lambessem os sapatos dos responsáveis das agências de rating e agora é o líder europeu da luta contra estas agências. O mesmo que ignorou a crise internacional no discurso de posse, ao ponto do próprio Ramalho Eanes criticar tal omissão, dá agora lições de economia aos líderes europeus chegando ao ponto de ignorar as regras europeias em matéria de política monetária para propor uma desvalorização do euro, ele que enquanto ministro das Finanças decidiu uma revalorização do escudo que conduziu o país a um pedido de ajuda ao FMI.
A forma como esta gente interpreta o interesse nacional quase chega a enojar, revela hipocrisia e um total desprezo pela inteligência dos portugueses.