Por definição todos os homicidas são loucos, pelo menos a ciência que tem em conta os padrões considerados normais assim o afirma, alguém que actua como o terrorista norueguês só pode ser louco. Mas quando os terroristas são os islâmicos, os separatistas bascos, os extremistas colombianos e muito outros os jornalistas e comentadores não os tratam como loucos, acrescentam à designação de terrorista a motivação ideológica ou religiosa, neste caso parece haver algum complexo em acrescentar direita ou cristão como se para alguém que professe a religião cristã ou seja de direita a justificação não possa ser encontrada na ideologia ou religião por só poder ser loucura.
O norueguês é tão louco como o era Bin Laden, os generais de Franco, Pol Pot, Hitler, Estaline e muitos outros que mataram, em nome da defesa das suas ideologias ou religiões, mataram porque os seus valores ideológicos ou religiosos os fizeram sentir como com o poder de eliminar seres que consideravam desprezíveis por serem diferentes, pensarem de forma diferente, ou acreditar num deus diferente. Uns designam-se a si próprios vanguarda da classe operária, outros julgam-se templários, outros sentem-se no direito de purificar a raça. Todos mataram com frieza, todos cometeram massacres, dos chacinaram em nome da sua ideologia ou religião, todos estiveram convencidos de que a história não só os perdoaria como justificaria os seus actos.
Mas isso não acontecerá, os descendentes das vítimas não se esquecerão, sejam os noruegueses que durante séculos se irão lembrar do massacre de que foram alvo, sejam os judeus que não esquecerão o holocausto, sejam os judeus e árabes que não esquecerão os massacres que de que foram vítimas durante as cruzadas. E é bom que não se esqueçam para que a humanidade continue vigilante em relação aos fundamentalistas ideológicos e/ou religioso.
Se Anders Behring Breivik fosse apenas um louco, poderíamos esquecê-lo num manicómio, mas o assassino não é apenas um louco é um terrorista portador de uma ideologia que o leva a pensar que pode e deve matar os que são diferentes e estes “loucos” não podem ser tratados com recurso à psiquiatria. É um erro tratar este norueguês igual a muitos outros que há na Europa como mais um louco.