Hoje é o dia das cerimónias oficiais promovidas por
sindicatos oficiais, de um lado estão os que obedecem aos rituais do PCP, do
outro uma amálgama confusa onde se misturam apoiantes da direita com apoiantes
da esquerda que gostam de assinar acordos com governos de direita. De um lado deverá
haver a marcha do costume, devidamente enquadrada segundo uma hierarquia
estabelecida, tendo à frente os profissionais do sindicalismo. Do outro lado
deverá haver um piquenique com as mesas devidamente organizadas segundo a
importância dos convivas.
Neste 1.º de Maio, como em quase todos desde 1975 assistiremos
a rituais em que os trabalhadores não serão mais do que figurantes de organizações
sindicais altamente profissionalizadas, transformadas em empresas participadas
pelos diversos partidos.
A maioria dos sindicato vivem mais para assegurar o estatuto
dos seus sindicalistas do que para defender o interesses dos trabalhadores.
Veja-se o exemplo da FENPROF, fez tudo para derrubar um governo, condicionado
pelo ódio a uma ministra que obrigou algumas centenas de professores
sindicalistas a voltarem para as escola para darem aulas não hesitaram em
apoiar um governo de direita que agora se entretém a criar condições para
despedir professores. Compare-se o ódio do Mário Nogueira a um governo que impôs
um modelo de avaliação com a doçura para com um governo que despede
professores.
Em tempos houve quem denunciasse o negócio dos despedimentos
que proporcionava avultadas receitas para os sindicatos graças às comissões
sobre as indemnizações pagas aos trabalhadores e a verdade é que os desmentidos
não foram claros. Se lermos um contracto colectivo de trabalho como, por exemplo,
o dos bancários que até se aplica ao Banco de Portugal, percebemos como uma boa
parte do articulado é destinado a defender os interesses dos sindicatos e dos
sindicalistas.
Em mais de trinta anos de funcionalismo público só vi por uma
vez um líder sindical, não contando com as muitas vezes que os vi a almoçar no Fernando.
A verdade é que, não me recordo de enquanto trabalhador alguma vez ter sido chamado
a opinar, a discutir uma greve ou o que quer que seja, há mais de trinta anos que
os sindicatos me tratam como se fosse uma ovelha e eles os donos, de um lado a Aivola
e do outro o Picanço, e a verdade é que nem sou sindicalizado.
Através da UGT o sindicato do Picanço assinou o acordo de
concertação social pois pertence àquela central, mas até este momento não me
chegou à mão qualquer documento justificando tal decisão e muito menos pedindo
a minha opinião, mas tanto o Picanço como o senhor da UGT falam como se me
representassem, aliás, a Aivola faz o mesmo.
Este sindicalismo oficialão está morto, muitas das negociações
são fantochadas feitas nas costas dos trabalhadores que pouco ou nada têm que
ver com estes seus representantes oficiais à força. Talvez seja tempo de os
trabalhadores portugueses reflectirem sobre o sindicalismo e promoverem a sua
participação democrática pondo fim a sindicatos mais emprenhados no interesse
dos sindicalistas do que no dos trabalhadores, dirigidos por quem em vez de
ouvir os trabalhadores prefere ouvir o líder do seu partido.
É tempo de regressar a lutas sindicais mais genuínas e
acabar com esta forma de corrupção em que os sindicatos foram enredados.