Se a senhor Merkel soubesse fazer contas depressa chegaria à
conclusão de que os custos para a Europa da crise grega são muito superiores a
toda a dívida grega, muito provavelmente a própria economia alemã já terá
sofrido custos superiores à dívida, ainda que compensados por benefícios
resultantes da segurança oferecida ao investimento estrangeiro num quadro de turbulência
e insegurança nos mercados.
A quebra do crescimento económico, a perda de actividade
provocada pelas políticas de austeridade, a perda de influência internacional
das economias europeias, a quebra do investimento na Europa, as perdas do
sistema financeiro europeu, a fragilização da banca europeia, a destruição de
numerosas empresas europeias, a perda de riqueza resultante do aumento do
desemprego, feitas todas as contas as perdas da Europa são bem superiores à
dívida grega.
O problema talvez não seja de tabuada, a verdade é que muita
da riqueza que a Europa tem destruído vai busca-la aos mais protegidos, os
governos estão mais empenhados em defender os grandes interesses, como os dos
banqueiros, do que em promover o bem-estar dos seus cidadãos. No caso
particular da senhora Merkel o egoísmo vai mais longe, a destruição das
economias europeias favorece o domínio crescente da economia alemã. É uma
lógica de guerra, pouco importa que se perda uma boa parte dos nossos exércitos
ou que morram quase todos os nossos soldados, o importante é que se ganhe a
guerra.
Por cá temos uns merkelzinhos, que hoje estão reunidos com a
troika dando lugar a uma quadra, que são mais merkelistas do que a senhora
Merkel e que parece sentirem prazer em destruir empregos e empresas portuguesas
e em empobrecer os portugueses. Em tempos tive um cão, um enorme rafeiro
alentejano, certo dia estava numa explanada e quando se aproximou um cão vadio
enxotei-o, quando se aproximou o segundo já não tive tempo de o enxotar, levou
uma corrida. Os nossos merkelistas são como o rafeiro alentejano, mal a dona
diz o que quer é vê-los a repetir a ordem.
O resultado está à vista, destruição do tecido económico,
falência de sectores inteiros da economia, tudo em nome de uma escola económica
promovida pelo banco central alemão e de que os nossos merkelistas são sabujos
defensores. Nem tão cedo a economia portuguesa conseguirá criar emprego que
compense o que agora foi destruído, o país não recuperará as dezenas de
milhares de quadros qualificados que custaram muitos milhões e foram empurrados
para a emigração, os sectores tradicionais da economia nunca renascerão.
Mas é certo que a avaliação da troika vai ser um excelente,
se calhar até terá um anexo de defesa do Miguel Relvas. Nem o governo, nem os
restantes membros da quadra vão assumir as responsabilidades e muito menos o
falhanço da política económica que adoptaram. Seria coragem a mais para gente
desta.