Foto Jumento
Moura
Imagens dos visitantes d'O Jumento
"Quase tudo na vida tem solução, até o cherrec-cherrec!", Viseu [J. Sousa]
A mentira do dia d'O Jumento
Depois de ter pago a 500% aos trabalhadores que se disponibilizaram a aceitar serem exibidos aos seus colegas mais combativos o Pingo Doce vai atribuir um prémio aos fornecedores que venham a denunciar publicamente as práticas do merceeiro holandês. Depois do merceeiro vir à televisão perguntar onde estão os fornecedores que se queixam do seu Pingazedo a empresa vai instituir um prémio da liberdade a atribuir aos fornecedores que tenham a coragem de provar que o Cruiff das mercearias portuguesas maltrata os seus fornecedores se vierem a público queixarem-se das suas práticas comerciais. Há quem proponha que o prémio passe a designar-se por "Prémio Ai Deles".
Jumento do dia
Depois de ter pago a 500% aos trabalhadores que se disponibilizaram a aceitar serem exibidos aos seus colegas mais combativos o Pingo Doce vai atribuir um prémio aos fornecedores que venham a denunciar publicamente as práticas do merceeiro holandês. Depois do merceeiro vir à televisão perguntar onde estão os fornecedores que se queixam do seu Pingazedo a empresa vai instituir um prémio da liberdade a atribuir aos fornecedores que tenham a coragem de provar que o Cruiff das mercearias portuguesas maltrata os seus fornecedores se vierem a público queixarem-se das suas práticas comerciais. Há quem proponha que o prémio passe a designar-se por "Prémio Ai Deles".
Jumento do dia
Passos Coelho
Começa a ser irritante ouvir alguém intelectualmente cinzento usar frases combinadas quando se sente atrapalhado, sucedeu quando acusou Mário Soares de querer protagonismo à sua custa (vejam só!), sucedeu novamente neste debate quinzenal no parlamento quando tentou desvalorizar Seguro dizendo-lhe para não confundir incidental com essencial.
A verdade é que o total desprezo deste Governo, com destaque para personagens como Passos, Gaspar ou a outra coisa chamada Álvaro, nada tem de incidental, até hoje o governo não aceitou qualquer opinião do PS e ignora-o de forma sistemática, chegando ao ponto de o fazer em questões cujas decisões vão para além de uma legislatura. Foi o que agora sucedeu com o PEC a que numa manobra digna de idiotas decidiram chamar DEO.
Passos Coelho tem considerado que o facto de ter uma maioria absoluta o dispensa de qualquer diálogo com o PS o que significa que não é o PS que vai romper com o acordo, o acordo já foi rompido pelo governo desde que tomou posse e passou a ignorar o PS.
«"Não confunda o que é incidental com o que é essencial", afirmou esta sexta-feira o primeiro-ministro, Passos Coelho, na troca de argumentos com o líder do PS. No debate quinzenal na Assembleia da República, a quebra de consenso político foi o primeiro tema abordado por António José Seguro.
"O facto de não estarmos de acordo não configura nenhuma deslealdade ou quebra do consenso", começou por explicar Passos Coelho. Mas o Chefe de Governo reconheceu que a informação adicional sobre o desemprego, pedida pela Comissão Europeia, deveria ter sido enviada ao Parlamento.» [CM]
A verdade é que o total desprezo deste Governo, com destaque para personagens como Passos, Gaspar ou a outra coisa chamada Álvaro, nada tem de incidental, até hoje o governo não aceitou qualquer opinião do PS e ignora-o de forma sistemática, chegando ao ponto de o fazer em questões cujas decisões vão para além de uma legislatura. Foi o que agora sucedeu com o PEC a que numa manobra digna de idiotas decidiram chamar DEO.
Passos Coelho tem considerado que o facto de ter uma maioria absoluta o dispensa de qualquer diálogo com o PS o que significa que não é o PS que vai romper com o acordo, o acordo já foi rompido pelo governo desde que tomou posse e passou a ignorar o PS.
«"Não confunda o que é incidental com o que é essencial", afirmou esta sexta-feira o primeiro-ministro, Passos Coelho, na troca de argumentos com o líder do PS. No debate quinzenal na Assembleia da República, a quebra de consenso político foi o primeiro tema abordado por António José Seguro.
"O facto de não estarmos de acordo não configura nenhuma deslealdade ou quebra do consenso", começou por explicar Passos Coelho. Mas o Chefe de Governo reconheceu que a informação adicional sobre o desemprego, pedida pela Comissão Europeia, deveria ter sido enviada ao Parlamento.» [CM]
Recordam-se de um tal Bernardo Bairrão?
No caso de não se recordarem de quem era o senhor podem os visitantes deste humilde palheiro ficar tranquilos, por aqui o ministro da Educação não mandam e os métodos de ensino não passam por virar burros contra a parede ou por avivar a memória com a palmatória, a famosa menina dos sete olhinhos, que, como é sabido, não incluíam aqueles que Deus nos deu.
Pois o tal Bernardo Bairrão era administrador da TVI (a tal estação de televisão que parecia ser da família Moniz que, como se sabe, anda a fazer a vida na Ongoing, ainda que a madame tenha estado largos meses a debater-se com um atestado médico e a única presença na comunicação ocorreu num blogue de um rapaz que chegou a adjunto ou assessor de Miguel Relvas, o ministro que parece ter passado à clandestinidade pois consegue andar mais desaparecido do que o Paulo Portas), coincidência das coincidências foi ele que teve de substituir o pobre do Moniz quando este recebeu uma fortuna para desamparar a loja.
Pois o nosso amigo Bairrão pediu a demissão de administrador da Media Capital depois de ter sido indigitado para secretário de Estado da Administração Interna deste malfadado governo. Enfim, não se percebia muito bem porque se razão se ia buscar um gestor da comunicação social para secretário de Estado das polícias, mas depois do que se viu no Chiado, com os pitbulls da PSP a desancar em jornalistas (o que será feito do prometido inquérito?), percebe-se que o Macedo, que percebe tanto de segurança como de lagares de azeite até tinha acertado na escolha, sem querer até acertou na escolha, o Bairrão não tem ar de ser grande coisa agarrado a um cassetete mas de jornalistas percebia ele.
O Bernardo já devia estar a caminho a caminho do Rosa & Teixeira para comprar o fatinho da sua primeira comunhão governamental acabou por ser excluído da importante eucaristia. Segundo consta a dona Moniz telefonou ou mandou um SMS, ao seu amigo Pedro, o Passos Coelho de São Bento, alertando-o para a elevada perigosidade o Bernardo Bairrão, ao que parece teria negócios em Angola.
Sabe-se agora que o nosso agente secreto ao serviço da Ongoing acedia a vária informação confidencial, incluindo informação sobre negócios em Angola e outros países. Acontece que a Media Capital, de onde vinha o Bernardo, era uma concorrente da Ongoing e tinha-se visto livre da família Moniz, dela também se dizia estar feita com o nosso querido Relvas para ficar com a fatia de leão na TVI.
O certo é que na ocasião o Expresso noticiou que o governo tinha mandado a secreta investigar Bairrão e apesar dos desmentidos governamentais o jornal manteve a notícia. É evidente que entre o Expresso e o governo todos sabemos quem é o mentiroso e percebe-se agora o alcance deste triângulo amoroso formado pelo agente garganta funda, a Ongoing e o par formado por Relvas e Passos Coelho.
Enfim, para bom entendedor meia palavra basta.
O governo já tem culpados para mais austeridade inesperada
Preparem-se, o tal governo que desde há algumas semanas tem vindo a promover o optimismo, secundado por um Cavaco que até prognosticou crescimento económico já no segundo semestre e por uma Comissão empenhada na mentira por ter falhado em Portugal, já tem duas desculpas para o falhanço, a redução do crescimento das exportações e a irresponsabilidade dos gregos. Maldita crise internacional, não é ó Gaspar?
A circular por email: o culambismo
Iremos ter o Cavaco a apresentar a meteorologia?
Uau, estou desempregado!
Num país mergulhado na recessão, em que ninguém cria emprego e todos os dias há novos despedimentos temos um primeiro-ministro que fala do desemprego como uma oportunidade de mudar de vida. Compreende-se, é alguém que tirou o curso aos quarenta, que viveu quase toda a vida à custa dos impostos e quando teve de se empregar beneficiou da generosidade de Ângelo Correia.
Qual é o desempregado que não gostaria de mudar de vida como o tem feito Passos Coelho?
Passos diz que só os estúpidos não mudam
Qual é o desempregado que não gostaria de mudar de vida como o tem feito Passos Coelho?
Passos diz que só os estúpidos não mudam
Depois de os ventos mudarem na Europa ainda vamos ver o Gaspar gozar com o Álvaro por este não propor medidas que promovam o crescimento. Quanto ao Passos apetece responder que pior do que os estúpidos não mudarem são aqueles que mudam para pior, foi o que sucedeu com ele, há um Passos antes do Gaspar e um Passos depois do Gaspar, um Passos contra cortes de vencimentos e aumentos desnecessários de impostos e um Passos apologista do empobrecimento forçado dos portugueses.
O que faz um primeiro-ministro quando está à rasca?
O que faz um primeiro-ministro quando está à rasca?
Não não estamos falando de actividade intestinal, falamos de uma coisa parecida que também se faz em corredores escuros e que habitualmente cheira igualmente mal, falamos das secretas. E quando a sucessão de notícias deixa um primeiro-ministro à rasca este reage com ar de quem não tem nada a esconder, como diria o Cavaco está por nascer o primeiro-ministro que não usou as secretas para chegar ou manter o poder.
Agora resta-nos agradecer a Passos Coelho porque vai permitir uma investigação total e até fazemos como os senhores do sindicato dos magistrados do MP, não exigimos meios para investigar, nem pedimos uma audiência a Cavaco Silva, simplemente fazemos como têm feito com o caso BPN, confiamos.
PS: Aqui ficam os agradecimentos ao director do CM por nos tranquilizar quanto às boas intenções governamentais.
Maio maduro Maio
«Dezembro. Pedro Nuno Santos, então "vice" da bancada parlamentar do PS, diz "estou-me a marimbar para os credores". Defende que Portugal deve exigir outras condições no pagamento. A direção do PS demarca-se. Abril. Pedro Nuno demite-se, pouco tempo antes de o partido anunciar que vai votar favoravelmente o tratado orçamental que obriga os países europeus a assumir em lei um limite à dívida pública.
Maio. Hollande, com um discurso crítico da austeridade, ganha as eleições em França; na Grécia, o PS, que esteve no poder no últimos tempos, afunda-se de 44% (em 2009) para 13% e o voto de protesto catapulta o Bloco de Esquerda local para segunda força mais votada (atrás, curiosamente, da Nova Democracia, o partido conservador sob cujo consulado se sabe terem sido martelados os números gregos). Fala-se de "viragem à esquerda" e "novo rumo para a Europa". E, de súbito, aquilo que em dezembro era irresponsabilidade e excesso na boca de Pedro Nuno ganha peso na de Soares, que defende dever o PS desvincular-se do acordo com a troika e o País "rasgá-lo". Assis, até ontem defensor de que "uma postura responsável" socialista implicava não votar contra o orçamento e o tratado orçamental, faz triplo mortal com pirueta à retaguarda na sua coluna no Público para apoiar Soares sem parecer desdizer-se - tarefa assaz impossível. E Zorrinho, o líder da bancada que a 25 de abril defendeu "uma rutura democrática" (?), vem pôr água na fervura frisando que "o PS cumpre os seus compromissos" mas "é possível cumprir o memorando sem deixar de pôr em prática uma estratégia de crescimento e emprego, evitando a espiral recessiva".
Ora se é claro que a posição do PS é delicada e prima pela indefinição, não o é menos que o acordo assinado foi-o a contragosto por um Governo demissionário, e que o atual Governo o renegociou e alterou tantas vezes que está praticamente irreconhecível. Não há "um memorando". Há várias versões do documento desse nome. A atual é responsabilidade deste Governo. Um governo que não só nega sempre ser preciso "mais tempo ou mais dinheiro" ou outra receita que não a da austeridade à bruta mas que, no documento de estratégia orçamental 2012-2016, estabelece incrivelmente objetivos para o défice em 2014, 2015 e 2016 -1,8; 1,0; 0,5 - muito abaixo dos previstos no programa de assistência financeira: 2,3; 1,9; 1,8.
Um ano de aplicação dessa receita provou o que ela vale. Um ano de execução orçamental deste Governo provou o que ele vale; as suas previsões delirantes demonstram o quão imune é quer à realidade quer ao sofrimento que causa. Falta ao PS provar a sua valia. Dizer qual a sua proposta. O que mudaria e como. Que acordo assinaria hoje, e porquê. Jogar pelo seguro, que neste caso é esperar, oportunística e cobardemente, pela calamidade, passou de prazo, se alguma vez o teve.» [DN]
Maio. Hollande, com um discurso crítico da austeridade, ganha as eleições em França; na Grécia, o PS, que esteve no poder no últimos tempos, afunda-se de 44% (em 2009) para 13% e o voto de protesto catapulta o Bloco de Esquerda local para segunda força mais votada (atrás, curiosamente, da Nova Democracia, o partido conservador sob cujo consulado se sabe terem sido martelados os números gregos). Fala-se de "viragem à esquerda" e "novo rumo para a Europa". E, de súbito, aquilo que em dezembro era irresponsabilidade e excesso na boca de Pedro Nuno ganha peso na de Soares, que defende dever o PS desvincular-se do acordo com a troika e o País "rasgá-lo". Assis, até ontem defensor de que "uma postura responsável" socialista implicava não votar contra o orçamento e o tratado orçamental, faz triplo mortal com pirueta à retaguarda na sua coluna no Público para apoiar Soares sem parecer desdizer-se - tarefa assaz impossível. E Zorrinho, o líder da bancada que a 25 de abril defendeu "uma rutura democrática" (?), vem pôr água na fervura frisando que "o PS cumpre os seus compromissos" mas "é possível cumprir o memorando sem deixar de pôr em prática uma estratégia de crescimento e emprego, evitando a espiral recessiva".
Ora se é claro que a posição do PS é delicada e prima pela indefinição, não o é menos que o acordo assinado foi-o a contragosto por um Governo demissionário, e que o atual Governo o renegociou e alterou tantas vezes que está praticamente irreconhecível. Não há "um memorando". Há várias versões do documento desse nome. A atual é responsabilidade deste Governo. Um governo que não só nega sempre ser preciso "mais tempo ou mais dinheiro" ou outra receita que não a da austeridade à bruta mas que, no documento de estratégia orçamental 2012-2016, estabelece incrivelmente objetivos para o défice em 2014, 2015 e 2016 -1,8; 1,0; 0,5 - muito abaixo dos previstos no programa de assistência financeira: 2,3; 1,9; 1,8.
Um ano de aplicação dessa receita provou o que ela vale. Um ano de execução orçamental deste Governo provou o que ele vale; as suas previsões delirantes demonstram o quão imune é quer à realidade quer ao sofrimento que causa. Falta ao PS provar a sua valia. Dizer qual a sua proposta. O que mudaria e como. Que acordo assinaria hoje, e porquê. Jogar pelo seguro, que neste caso é esperar, oportunística e cobardemente, pela calamidade, passou de prazo, se alguma vez o teve.» [DN]
Autor:
Fernanda Câncio.
A estratégia da confrontação
«Impressiona o compungido ar grave e sério que os membros do Governo põem quando fazem juras de amor pelo consenso político com o Partido Socialista na execução do Memorando da ‘troika’.
Em discursos longos e pausados, referem-se à extrema relevância do "factor distintivo" que esse consenso representa, para terminarem no tradicional apelo ao "sentido das responsabilidades do PS". Mas não impressiona menos a hipocrisia política que vai em tudo isto.
A verdade é que o Governo optou, desde o início, por uma sistemática estratégia de confrontação com o Partido Socialista, que é totalmente incompatível com um esforço sério de valorização do consenso político. E quem semeou ventos não pode agora surpreender-se com as tempestades.
Recordemos os factos. Foi o Governo que inventou a teoria do "desvio colossal" no 1º semestre de 2011, como forma de tentar responsabilizar o PS pela sua decisão de cortar no 13º mês (versão, aliás, desmentida pelos dados do INE, que provam que essa medida não era necessária e que o desvio orçamental, sem receitas extraordinárias, foi até maior no 2º semestre do que no 1º). Foi o Governo que, unilateralmente, escolheu prosseguir uma errada política de austeridade "além da troika", feita de cortes nos subsídios, aumentos adicionais do IVA e reduções drásticas nos serviços públicos e nas prestações sociais - medidas que estão a ter sérias consequências no agravamento da recessão e do desemprego. Foi o Governo que decidiu rejeitar todas as propostas construtivas do PS para melhorar o Orçamento de 2012. Foi o Governo que decidiu negociar com a ‘troika' três revisões substanciais do Memorando, ignorando sempre a existência do PS. Foi o Governo que decidiu excluir o PS da negociação do resgate financeiro da Madeira. Foi o Governo que, através do Ministro das Finanças, resolveu passear-se pelo Mundo para vender a extraordinária tese de que, mais do que uma crise sistémica das dívidas soberanas na zona euro, a actual crise financeira é culpa das "políticas expansionistas" do PS para enfrentar a crise internacional, o que faz de Portugal, e cito, "um exemplo a não seguir". Foi o Governo que optou por rejeitar liminarmente a proposta do PS para que, em complemento do Tratado intergovernamental, se promova na Europa um Pacto para o Crescimento. E, finalmente, foi também o Governo que optou por ignorar o PS na elaboração do Documento de Estratégia Orçamental 2012-2016, recentemente entregue em Bruxelas, permitindo-se dar por adquirida, certamente por telepatia, a "consensualização" com o Partido Socialista - mesmo sabendo que o Documento apresentado reincide na austeridade além da ‘troika' e que o seu horizonte vai muito para lá da vigência do Memorando e até da própria duração desta legislatura!
A verdade é esta: ao sentido das responsabilidades de que o PS deu provas, respondeu o Governo com uma absurda estratégia de confrontação - e é aí que está a raíz do problema. Essa estratégia de confrontação cavou uma divergência política, e de políticas, cada vez mais insuportável, hoje agravada por sucessivas revisões de um Memorando que, manifestamente, já não é o que era. Torna-se necessário, portanto, lembrar o que deveria ser óbvio: é preciso escolher entre confrontação e consenso, pela simples razão de que não é possível uma coisa e outra ao mesmo tempo. Sucede que os factos aqui recordados provam, para lá de qualquer dúvida razoável, que o Governo, diga lá o que disser, já fez a sua escolha. Há muito tempo.» [DE]
Em discursos longos e pausados, referem-se à extrema relevância do "factor distintivo" que esse consenso representa, para terminarem no tradicional apelo ao "sentido das responsabilidades do PS". Mas não impressiona menos a hipocrisia política que vai em tudo isto.
A verdade é que o Governo optou, desde o início, por uma sistemática estratégia de confrontação com o Partido Socialista, que é totalmente incompatível com um esforço sério de valorização do consenso político. E quem semeou ventos não pode agora surpreender-se com as tempestades.
Recordemos os factos. Foi o Governo que inventou a teoria do "desvio colossal" no 1º semestre de 2011, como forma de tentar responsabilizar o PS pela sua decisão de cortar no 13º mês (versão, aliás, desmentida pelos dados do INE, que provam que essa medida não era necessária e que o desvio orçamental, sem receitas extraordinárias, foi até maior no 2º semestre do que no 1º). Foi o Governo que, unilateralmente, escolheu prosseguir uma errada política de austeridade "além da troika", feita de cortes nos subsídios, aumentos adicionais do IVA e reduções drásticas nos serviços públicos e nas prestações sociais - medidas que estão a ter sérias consequências no agravamento da recessão e do desemprego. Foi o Governo que decidiu rejeitar todas as propostas construtivas do PS para melhorar o Orçamento de 2012. Foi o Governo que decidiu negociar com a ‘troika' três revisões substanciais do Memorando, ignorando sempre a existência do PS. Foi o Governo que decidiu excluir o PS da negociação do resgate financeiro da Madeira. Foi o Governo que, através do Ministro das Finanças, resolveu passear-se pelo Mundo para vender a extraordinária tese de que, mais do que uma crise sistémica das dívidas soberanas na zona euro, a actual crise financeira é culpa das "políticas expansionistas" do PS para enfrentar a crise internacional, o que faz de Portugal, e cito, "um exemplo a não seguir". Foi o Governo que optou por rejeitar liminarmente a proposta do PS para que, em complemento do Tratado intergovernamental, se promova na Europa um Pacto para o Crescimento. E, finalmente, foi também o Governo que optou por ignorar o PS na elaboração do Documento de Estratégia Orçamental 2012-2016, recentemente entregue em Bruxelas, permitindo-se dar por adquirida, certamente por telepatia, a "consensualização" com o Partido Socialista - mesmo sabendo que o Documento apresentado reincide na austeridade além da ‘troika' e que o seu horizonte vai muito para lá da vigência do Memorando e até da própria duração desta legislatura!
A verdade é esta: ao sentido das responsabilidades de que o PS deu provas, respondeu o Governo com uma absurda estratégia de confrontação - e é aí que está a raíz do problema. Essa estratégia de confrontação cavou uma divergência política, e de políticas, cada vez mais insuportável, hoje agravada por sucessivas revisões de um Memorando que, manifestamente, já não é o que era. Torna-se necessário, portanto, lembrar o que deveria ser óbvio: é preciso escolher entre confrontação e consenso, pela simples razão de que não é possível uma coisa e outra ao mesmo tempo. Sucede que os factos aqui recordados provam, para lá de qualquer dúvida razoável, que o Governo, diga lá o que disser, já fez a sua escolha. Há muito tempo.» [DE]
Autor:
Pedro Silva Pereira.
A democracia é uma chatice
«Quando a esquerda ganha é uma festa. Quando a direita ganha é uma depressão. A esquerda, diga-se o que se disser, pense-se o que se pense, tem um capital de esperança que falta claramente à direita. Sobretudo nestes tempos de capitulação face aos interesses privados. A direita parece ter abdicado de qualquer programa de progresso e bem-estar para as populações. É certo que argumentos não lhe faltam. Que não se pode continuar a gastar o dinheiro que não se tem. Que é preciso pagar as dívidas primeiro e só depois tratar da barriga. Que há, acima de tudo, que agradar aos mercados. Mas a história demonstra que tais simplismos não são a única verdade possível. A política existe para encontrar alternativas. Não para seguir cartilhas. E depois há um grande escolho. Vivemos em democracia. Uma verdadeira chatice para quem pensa único.
Por estes dias confirma-se a maçada que é a democracia. Estava tudo tão bem encaminhado, com Portugal à frente a dar o exemplo, e eis que umas quantas eleições vêm estragar o arranjinho. Na França vence um homem que não gosta de tanta austeridade. Na Grécia, a esquerda radical abala o poder estabelecido. A mancha cinzenta que ainda cobre a Europa, com uma vasta maioria de países a serem governados pelos partidos da austeridade, gerou um excesso de arrogância nas hostes. Deixou de haver debate ou alternativa. A direita imagina-se dona exclusiva da razão austera, mesmo que o resultado seja o empobrecimento acelerado de milhões de europeus. Precisamente naquela zona do globo que, até há bem pouco, era vista como uma bandeira da civilização e da qualidade de vida. Pior, a Europa da austeridade está a arrastar o mundo para uma crise sem precedentes. A economia estagna por toda a parte, as multidões desanimam. Até a China já abranda.
Mas a crise não é só económica. É sobretudo de futuro. A ideologia da austeridade tem as vistas curtas. Veja-se como Passos Coelho tem muita dificuldade em anunciar dias melhores. Umas vezes é já para o ano, outras talvez lá para 2018. O crédito da palavra política da atual maioria é zero. A esperança, essa, está abaixo de zero. Em suma, para além de sacrifícios a direita não tem mais nada a oferecer.
Como isto é evidente, nos próximos anos iremos assistir a uma alteração substancial no panorama político da Europa. Os promotores da austeridade irão cair uns atrás dos outros. Mas não basta. Falta claramente na Europa um pensamento alternativo e inovador. Para já, o tão citado "rassemblement" à esquerda vai-se fazendo em torno da anti-austeridade. A direita cai porque as pessoas são contra as suas políticas e não porque sejam a favor de alguma coisa em concreto. Por isso votam tão disperso.
A valsa da mudança precisa de dois andamentos. No primeiro, acelerado, trata-se de desenhar uma oposição à austeridade. Daí que concorde plenamente com Mário Soares quando diz que o PS se deve demarcar, desde já, das políticas de empobrecimento. Se não o fizer sofrerá as consequências. Depois, é urgente desenvolver uma outra visão da evolução social. Poderão ser políticas de crescimento ou uma melhor distribuição da riqueza, pode ser o investimento público ou uma radical reforma do estado, que bem precisa, mas de qualquer modo terá de se pensar na generalidade das pessoas e não nos interesses privados. Esta ideia, que se instalou como uma virose, de que só as empresas geram riqueza é falsa. Numa sociedade, a riqueza gera-se de muitas maneiras, desde os contributos individuais, através da iniciativa ou do trabalho, até ao conhecimento, ciência, cultura, inovação, criatividade, cooperação, solidariedade.
Em qualquer dos casos, está claro que a esquerda europeia precisa de um novo programa. Não basta ser contra. Em tempos foi o estado social que conduziu ao bem-estar europeu. Hoje poderá ser a sociedade da inovação com políticas de forte investimento na ciência, na educação, na cultura. Esta é, aliás, uma das poucas áreas em que a Europa tem ainda vantagens competitivas. A continuar com o regime de austeridade depressa as perderá. O mundo não para nunca.» [Jornal de Negócios]
Por estes dias confirma-se a maçada que é a democracia. Estava tudo tão bem encaminhado, com Portugal à frente a dar o exemplo, e eis que umas quantas eleições vêm estragar o arranjinho. Na França vence um homem que não gosta de tanta austeridade. Na Grécia, a esquerda radical abala o poder estabelecido. A mancha cinzenta que ainda cobre a Europa, com uma vasta maioria de países a serem governados pelos partidos da austeridade, gerou um excesso de arrogância nas hostes. Deixou de haver debate ou alternativa. A direita imagina-se dona exclusiva da razão austera, mesmo que o resultado seja o empobrecimento acelerado de milhões de europeus. Precisamente naquela zona do globo que, até há bem pouco, era vista como uma bandeira da civilização e da qualidade de vida. Pior, a Europa da austeridade está a arrastar o mundo para uma crise sem precedentes. A economia estagna por toda a parte, as multidões desanimam. Até a China já abranda.
Mas a crise não é só económica. É sobretudo de futuro. A ideologia da austeridade tem as vistas curtas. Veja-se como Passos Coelho tem muita dificuldade em anunciar dias melhores. Umas vezes é já para o ano, outras talvez lá para 2018. O crédito da palavra política da atual maioria é zero. A esperança, essa, está abaixo de zero. Em suma, para além de sacrifícios a direita não tem mais nada a oferecer.
Como isto é evidente, nos próximos anos iremos assistir a uma alteração substancial no panorama político da Europa. Os promotores da austeridade irão cair uns atrás dos outros. Mas não basta. Falta claramente na Europa um pensamento alternativo e inovador. Para já, o tão citado "rassemblement" à esquerda vai-se fazendo em torno da anti-austeridade. A direita cai porque as pessoas são contra as suas políticas e não porque sejam a favor de alguma coisa em concreto. Por isso votam tão disperso.
A valsa da mudança precisa de dois andamentos. No primeiro, acelerado, trata-se de desenhar uma oposição à austeridade. Daí que concorde plenamente com Mário Soares quando diz que o PS se deve demarcar, desde já, das políticas de empobrecimento. Se não o fizer sofrerá as consequências. Depois, é urgente desenvolver uma outra visão da evolução social. Poderão ser políticas de crescimento ou uma melhor distribuição da riqueza, pode ser o investimento público ou uma radical reforma do estado, que bem precisa, mas de qualquer modo terá de se pensar na generalidade das pessoas e não nos interesses privados. Esta ideia, que se instalou como uma virose, de que só as empresas geram riqueza é falsa. Numa sociedade, a riqueza gera-se de muitas maneiras, desde os contributos individuais, através da iniciativa ou do trabalho, até ao conhecimento, ciência, cultura, inovação, criatividade, cooperação, solidariedade.
Em qualquer dos casos, está claro que a esquerda europeia precisa de um novo programa. Não basta ser contra. Em tempos foi o estado social que conduziu ao bem-estar europeu. Hoje poderá ser a sociedade da inovação com políticas de forte investimento na ciência, na educação, na cultura. Esta é, aliás, uma das poucas áreas em que a Europa tem ainda vantagens competitivas. A continuar com o regime de austeridade depressa as perderá. O mundo não para nunca.» [Jornal de Negócios]
Autor:
Leonel Moura.
"Eles comem tudo"
«Começam a vir a público as notícias (para já do sector das bebidas e da Centromarca, que reúne as empresas de produtos de marca) que eram de esperar: na badalada promoção do Pingo Doce no 1º de Maio, Alexandre Soares dos Santos é que pôs as barbas e o barrete vermelho mas o Pai Natal foram os seus fornecedores.
Soares dos Santos nega tudo e desafia, em tom de velada ameaça: "Eu gostava de saber quem são esses fornecedores que se queixam". O que se passa, diz ele, é que alguns fornecedores "estão alinhados" com o Pingo Doce... Só que, segundo a "Agência Financeira", os fornecedores "receiam que os seus produtos sejam retirados dos supermercados do grupo, caso não alinhem".
Já no sector agroalimentar, o oligopólio da distribuição propicia a proletarização dos produtores nacionais, a quem Pingo Doce e demais supermercados impõem os preços que entendem, sob pena de irem comprar ao estrangeiro (mais caro, mas "castigando-os" com o não escoamento dos produtos). Albino Silva, da Associação de Lavoura do Distrito de Aveiro, não pode ser mais claro: "É a nossa custa que o Pingo Doce está a dar os produtos praticamente de graça (...) acaba[ndo] com a nossa agricultura".
Por algum motivo, o Pingo Doce pode vender 43 milhões (vendas brutas) em produtos com descontos de 50% e, mesmo assim, continuar, como afirma Soares dos Santos, a vender acima do preço de custo.» [JN]
Soares dos Santos nega tudo e desafia, em tom de velada ameaça: "Eu gostava de saber quem são esses fornecedores que se queixam". O que se passa, diz ele, é que alguns fornecedores "estão alinhados" com o Pingo Doce... Só que, segundo a "Agência Financeira", os fornecedores "receiam que os seus produtos sejam retirados dos supermercados do grupo, caso não alinhem".
Já no sector agroalimentar, o oligopólio da distribuição propicia a proletarização dos produtores nacionais, a quem Pingo Doce e demais supermercados impõem os preços que entendem, sob pena de irem comprar ao estrangeiro (mais caro, mas "castigando-os" com o não escoamento dos produtos). Albino Silva, da Associação de Lavoura do Distrito de Aveiro, não pode ser mais claro: "É a nossa custa que o Pingo Doce está a dar os produtos praticamente de graça (...) acaba[ndo] com a nossa agricultura".
Por algum motivo, o Pingo Doce pode vender 43 milhões (vendas brutas) em produtos com descontos de 50% e, mesmo assim, continuar, como afirma Soares dos Santos, a vender acima do preço de custo.» [JN]
Autor:
Manuel António Pina.
Desemprego chegará aos 15,5% em 2013
«A taxa de desemprego em Portugal vai atingir os 15,5 por cento este ano e diminuirá apenas para 15,1 por cento em 2013, anunciou esta sexta-feira a Comissão Europeia nas suas previsões de Primavera.» [CM]
Parecer:
Só? Há poucos dias o Eurostat dizia que estava em 15,3%...
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Cavaco se ainda acredita na recuperação no segundo semestre.»
O coxo já fala da saída da Europa
«O ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, afirmou hoje, em entrevista ao jornal Rheinische Post, que a zona euro "está mais resistente" e tem condições para suportar uma saída da Grécia da moeda única.» [DN]
Parecer:
Nunca a Europa teve governantes de tão baixo nível, a começar pelos portugueses e incluindo o triste traste que está à frente da comissão.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se.»
Mais uma nódoa na justiça
«A Procuradora Geral Adjunta, Cândida Almeida, recusou, esta sexta-feira, quaisquer responsabilidades do Ministério Público na prescrição dos crimes imputados ao autarca Isaltino Morais, atribuindo a culpa aos "abusos" que foram praticados no ato da defesa.
"O DCIAP [Departamento Central de Investigação e Ação Penal] investigou, acusou, ele foi julgado e condenado. O nosso sistema é muito bom, agora o abuso que dele é feito é que é muito mau", afirmou Cândida de Almeida.» [JN]
"O DCIAP [Departamento Central de Investigação e Ação Penal] investigou, acusou, ele foi julgado e condenado. O nosso sistema é muito bom, agora o abuso que dele é feito é que é muito mau", afirmou Cândida de Almeida.» [JN]
Parecer:
Quando um português está doente vai a um hospital e é bem tratado, nas escolas temos excelentes professores, até o fisco já brilha no estrangeiro. Mas temos uma instituição incompetente que está mais perto da incompetência de uma república das bananas do que de um país europeu.
Os magistrados portugueses têm um estatuto de órgão de soberania que ninguém elege, ninguém controla e a quem ninguém pede compras, têm uma rede de edifícios mais luxuosos do que as salas de operações dos hospitais, estão entre os portugueses melhor remunerados, beneficiam de um regime especial de férias, têm subsídios de residência vitalícios (até quando estão com Alzheimer os magistrados podem vir a ser necessários e por isso beneficiam do subsídio) livres de impostos porque eles próprios assim o decidiram, metem medo a todos os governos, usam os seus falsos sindicatos para intervir na política, fazem congressos em hotéis de cinco estrelas patrocinados e financiados ou co-financiados pelos bancos que julgam em numerosas acções no dia a dia.
Depois de terem de andar com medo da justiça, de pagar impostos a torto a direito e de terem de pagar fortunas em custas judiciais quando precisam dos favores dos tribunais os portugueses ficam a saber que o Estado gastou uma fortuna em impostos para que um qualquer Isaltino fique a gozar do país.
Os magistrados portugueses têm um estatuto de órgão de soberania que ninguém elege, ninguém controla e a quem ninguém pede compras, têm uma rede de edifícios mais luxuosos do que as salas de operações dos hospitais, estão entre os portugueses melhor remunerados, beneficiam de um regime especial de férias, têm subsídios de residência vitalícios (até quando estão com Alzheimer os magistrados podem vir a ser necessários e por isso beneficiam do subsídio) livres de impostos porque eles próprios assim o decidiram, metem medo a todos os governos, usam os seus falsos sindicatos para intervir na política, fazem congressos em hotéis de cinco estrelas patrocinados e financiados ou co-financiados pelos bancos que julgam em numerosas acções no dia a dia.
Depois de terem de andar com medo da justiça, de pagar impostos a torto a direito e de terem de pagar fortunas em custas judiciais quando precisam dos favores dos tribunais os portugueses ficam a saber que o Estado gastou uma fortuna em impostos para que um qualquer Isaltino fique a gozar do país.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»