Há largos meses que boicoto activamente o pingo Doce e só muito excepcionalmente entro numa das suas lojas, o senhor Soares dos Santos pode fazer os descontos que quiser, pode promover as fundações manhosas que bem entender, pode comprar os sociólogos de esquerda que estiverem á venda, até se pode pintar de amarelo, a minha resposta a todas as suas campanhas é só uma: vá á bardamerda.
Recuso-me a comprar no Pingo Doce por muitos e bons motivos:
Não aceito ser ofendido nas minas convicções políticas, mesmo não sendo um manifestante habitual no dia 1.º de Maio e muito embora evite ser cliente nas grandes superfícies não me oponho a que quem assim o entender trabalhe ou faça o que bem entender nesse dia. Mas não posso aceitar que um qualquer labrego enriquecido pague principescamente aos seus empregados e venda quase á borla para humilhar as minhas convicções ou os que pensam como eu. É inaceitável que alguém pague, ainda que sob a forma de descontos, para boicotar uma efeméride política fazendo passar a mensagem de que os que pensam de forma diferente só estão à espera que lhes paguem para mudarem de opinião. Da mesma forma acharia inaceitável que desse descontos de 95% durante a hora da missa dominical só para provar que os católicos troam Jesus por uma perna de porco ou por um quilo de bifes do lombo. Só alguém de muito baixo nível ético e moral faz uma manobra destas, um dia destes ainda vai oferecer um vaucher para o Elefante Branco a quem lhe comprar mais de 100 € em carne de vaca!
Não aceito que não possa fazer o que quero com os meus impostos e o merceeiro possa desviar uma parte dos impostos que devia pagar para financiar uma fundação, comprando quem está à venda, para usar a fundação para promover as suas opiniões políticas transformando o meu voto numa espécie de moeda desvalorizada, já que com os milhões que investiu na política ajudou a eleger um governo e um Presidente da República. Não posso aceitar que uma empresa use o dinheiro que ganha comigo para manipular a democracia em meu prejuízo ou em desrespeito pelos meus valores.
Não sou grande apreciador de zonas comerciais com elevados índices de violência, prefiro espaços comerciais tranquilos onde se possa comprar em segurança, quando quiser violência vou para uma claque de um clube de futebol e quando quiser fazer comprar num ambiente de feira vou à feira do relógio.
Há muito que a Green Peace acusa o Pingo Doce de não ter mais pequena preocupação com a sustentabilidade dos oceanos, tendo uma estratégia comercial em que apenas considera o objectivo lucro. Depois de ter visto o Pingo Doce fazer uma promoção de espadarte fresco, vendido ao peço das sardinhas, não tenho a mais pequena dúvidas de que aos responsáveis do Pingo Doce pouco importa se uma espécie está ou não em risco ou à beira da extinção.
Para além de todas estas razões o Pingo Doce não é melhor, nem mais barato ou mais confortável do que os seus concorrentes directos. Diz-me quem sabe que não são melhores parceiros nos negócios com os seus fornecedores do que as outras empresas de distribuição. Tanto quanto me apercebi no passado uma boa parte dos seus empregados têm contractos precários e a qualidade do atendimento deixa a desejar, sendo evidente o reduzido número de caixas abertas para poupar em salários.
Portanto, o senhor Soares dois Santos bem pode fazer fundações, exibir Antónios Barretos e Josés Manuel Fernandes, colocar gestores à frente de campanhas políticas, comprar a simpatia dos jornalistas com milhões em publicidade, pode pintar-se de amarelo ou de cor-de-laranja, as cores da sua Holanda, porque não tenho a intenção de lhe comprar. O meu dinheiro não serve para alimentar burros a pão-de-ló, não compro o SKIP para ajudar pagar ordenados a sociólogos de esquerda e muito menos compro manteiga para financiar as campanhas do Cavaco Silva.