É evidente que as secretas estão num estado de podridão, são
incompetentes, estão ao serviço de golpes, têm ou tiveram idiotas à sua frente,
foram postas ao serviço de interesses privados, poderão ter sido utilizadas em
situações que configuram conspirações.
São incompetentes porque se não o fossem nada do que está
sendo divulgado se saberia, aliás, o seu ex-dirigente é a imagem da
incompetência, manda sms a torto e a direito, mistura negócios privados com
ambições pessoais e no fim vem tudo escarrapachado nos jornais, parece ser mais
fácil saber o que um chefe das secreta o que jantou ontem o presidente da Junta
de Freguesia do Castelo.
A forma como Bernardo Bairrão foi afastado do governo ainda
antes de tomar posse mostra como se misturam informações de secretas com
mentiras de empresa para depois se informar um primeiro-ministro por sms, como
aconteceu no caso Bairrão onde um sms chegou para acabar com uma carreira
política ainda antes de começar. Ainda antes de estar formado um governo já
actua com base em golpes alimentados por informação duvidosa e de origem
duvidosa.
A grande dúvida em relação ao caso Relvas é saber até onde
foram as relações entre o chefe das secretas e o agora ministro, bem como saber
até que ponto estas relações envolvem Pedro Passos Coelho. Ambos começaram por
dizer que mal conheciam o agente secreto, mas pelo menos em relação a Miguel
Relvas já se percebeu que poderia estar a mentir e a sua intimidade ser maior
do que a resultaria de um encontro casual numa festa de anos. Ninguém imagina o
agente secreto a escrever a Miguel Relvas um sms do tipo: “Ói, sou a agente
secreto, lembra-se de mim? Conheci-o no aniversário da Tatá. Como deve estar a
formar o governo não se esqueça que estou interessado nos Negócios
Estrangeiros, mas se não for possível então fico com a Administração Interna,
ou mesmo a Defesa. Fico a aguardar a confirmação. Abraço e bjs à Tatá”.
O PSD defende-se que o agente secreto foi nomeado por
Sócrates o que é verdade, mas isso não significa que o homem seja simpatizante
do PS, até para o próprio governo Sócrates nomeou gente simpatizante do PSD. É
o caso, por exemplo, do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, antes de ir
para o governo tinha estado como assessor do ministro da Agricultura de Pedro
Santana Lopes e depois de Passos ganhar
as eleições foi promovido a administrador do Banco de Portugal.
A verdade é que o domínio das secretas pelo PSD começou há
muitos anos, o homem que mandou nelas foi o omnipresente Dias Loureiro,
recorde-se que durante muito tempo o senhor das secretas foi um tal Daniel
Sanches, amigo de Dias Loureiro que mais tarde foi ministro da Administração
Interna e fez o famoso negócio das comunicações da segurança, em três dias
despachou o negócio do SIRESPE, adjudicou-o a um a empresa da SLN pagando
quatro vezes mais do que pedia a concorrência [Público]. O caso ficou em águas de
bacalhau, hoje o país está a ser manado pela troika e a culpa foi só do
Sócrates.
O problema das secretas não é de sujidade, não se resolve
com limpezas como alguns sugerem. É um problema de podridão e como qualquer
cancro quisto deve ser extirpado e atirado para o lixo. Ali nada se aproveita,
as escolhas de gente foram feitas a dedo e o controlo por parte dos bandidos
vai até à terceira geração, até os porteiros poderão ser gente escolhida pelos mafiosos
da Ongoing e de outras agremiações que nos últimos anos estiveram muito activas
na conquista do poder.
Ser amigo de uma destas personagens era símbolo de poder, no
fisco temia-se uma personagem porque era destas relações e a verdade é que foi
em defesa dessa mesma personagem que o autor deste blogue foi alvo de um golpe
baixo por parte do jornal “i”