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Forte se São Lourenço do Bugio [J. Ferreira]
Ultraleve [A. Cabral]
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Jumento do dia
Miguel Relvas
Apesar de ser ministro dos Assuntos Parlamenares Miguel Relvas levou muito tempo, demasiado tempo, a perceber que os membros do governo respondem perante o parlamento, precisamente a frase com que iniciou uma comunicação defensiva que visava esvaziar a audição. Para quem passou uma semana a mandar dizer que esperava pelas conclusões da ERC parece que Relvas teve uma espécie de soltura parlamentar, até porque na comunicação inicial de Miguel Relvas não constou uma única referência ao caso Público.
Percebe-se agora que Relvas se estava a aproveitar do caso Público para evitar falar das secretas, e percebe-se porque o ministro falou muito de bom nome, fez muitos choradinhos, mas esclareceu muito pouco. Um bom exemplo da atrapalhação do ministro foi a forma como respondeu ao PCP sobre a eventual presença do seu no nos apensos à acusação do inquérito do MP. Começou por usar essa acusação para afirmar que o seu nome não constava nela, mas quando foi confrontado com a remissão da acusação para apensos lá esclareceu que não leu os apensos e ainda teve coragem para insinuar que nos apensos constariam o nome de "outros" dirigentes. Enfim, Miguel Relvas assentou o discurso da defesa do seu bom nome numa malandrice e num atirar de lama para o nome de "outros" dirigentes partidários.
Relvas é um político fraco, intelectualmente pouco evoluído, com um discurso humano e político assente em banalidades, falando de honestidade como o homem do talho que assegura a qualidade da sua carne e a caminho de ser demitido. Não exitem dúvidas quanto à sua demissão, só não se conhecem as circunstâncias ou o momento em que tal sucederá.
Os meus relatórios também são curtos
«A Deco hesita sobre o que é mais publicidade enganosa: se chamar àquilo Serviços Secretos ou Serviços de Inteligência. Depois do escândalo do calcio, o primeiro-ministro Mario Monti disse ontem querer suspender o futebol "por dois, três anos" - mas são mais prováveis soluções menos radicais como sair do euro ou acabar com a União Europeia. Se o modus operandi do superespião não mudou, já se conhecem pormenores do seu relatório sobre Ricardo Costa: são 52 primeiras páginas, recolhidas ao longo de um ano, com uma revelação ("Diretor") ainda envolta em plástico. O Vaticano troca os mistérios da fé pela literatura policial e o culpado é o mordomo. Jardim não foi ao parlamento regional e a oposição retirou a moção de censura - ficou-se com a ideia de que se ele prometer ir embora de vez talvez até ganhe um voto de congratulação, de louvor, de saudação e de homenagem. Segundo a UNICEF, as crianças portuguesas são das mais carenciadas da OCDE (25.º em 29), pior só as da Letónia, Hungria, Bulgária e Roménia - o que não impressionou a troika: "Temos ordens de cima, em matéria de crianças o nosso patamar é o Níger." Às nossas autoridades pode faltar muita coisa, menos libido: depois de a secreta se interessar por assuntos de cama, ontem foi a Polícia Judiciária a interessar-se por Caminha. O Bloco de Esquerda grego já tem luta para o verão: diz ter a marca registada e vai exigir aos ingleses que paguem pelos Jogos Olímpicos.» [DN]
Autor:
Ferreira Fernandes.
Está tudo por dizer
«No mesmo dia em que, num doce jardim de Singapura, o dr. Cavaco, estremecendo de emoção, baptizava uma orquídea de "Simplesmente Maria", nesse mesmo dia Portugal vivia entre a barafunda, a mentira, e a omissão. Não há mal-entendidos nestas duas situações, só na aparência dissemelhantes. É o país que temos, o Presidente que se arranja no seu grandioso e fausto possidonismo, e a política de trazer pela trela que tem transformado a nossa pobre terra num episódio desprotegido, grotesco e insano.
O caso secretas-Relvas-Público e afins, que a "comunicação social" tem tratado com valente energia e sólido nervo, são comentados, pela população, sempre ávida de sacudir a nefasta melancolia, com o mesmo primor que atribui à selecção de futebol. Há algo de irracional nestas emoções. Mas essa irracionalidade pertence-nos, quase em sistema de exclusividade. É o Portugalinho na expressão mais ampla do nosso aparato cultural.
O que se sabe, no primeiro caso, é o que a Imprensa diz: apenas a superfície do que se esconde. E o que se esconde é muito mais amplo, muito mais caviloso, muito mais absurdo e vil do que nos dizem. Pelo menos tudo o indica. O que se deseja não é derrubar o Governo: é, apenas, amolgá-lo um pouco, como aviso para o que não deve, ou deve fazer. Miguel Relvas, exuberante por vaidade das funções exercidas, falador até ao cansaço, e incauto até à medula, era um alvo fácil. Almoçou ou jantou com pessoal graúdo da espionagem; recebeu mensagens no telemóvel porque o seu número estava no rol de quem não devia estar; convivia com gente inquietante, como sejam jornalistas. Por aí fora.
Enredado nesta teia reticular e quase sufocado pela imodéstia, Relvas, que me parece ser apenas isto e muito pouco mais, entalou Passos Coelho que, naturalmente, vai correr com ele, ajeitando um pretexto qualquer, ostensivamente esquecido algumas semanas depois. Um preopinante de voz grossa e gramática fininha, disse que Passos devia o lugar a Relvas. Tolice. Relvas é uma miniatura política, modelada pelas circunstâncias actuais da mediocridade generalizada. E Passos o tal incidente à espera de acontecer. Está ali para durar, tendo em vista a falta de atractivo e de fibra de António José Seguro, notoriamente um líder de passagem.
Entretido com as orquídeas, o dr. Cavaco nada disse, ou talvez ainda diga, servindo-se das evasivas e dos anacronismos do costume. Perdão, disse. Disse o que contraria as teses do Governo. Este, pelas vozes de Passos e Relvas, aconselhou os jovens a ir para o estrangeiro; o dr. Cavaco insistiu em que permaneçam em Portugal. Afinal, em que ficamos?
Nesta jiga-joga de expressões, em que o Público não sai virtuoso e na qual tudo é confuso, duvidoso e aleatório, vamos passando ao lado das lições diárias da História. E tudo fica por dizer.» [DN]
O caso secretas-Relvas-Público e afins, que a "comunicação social" tem tratado com valente energia e sólido nervo, são comentados, pela população, sempre ávida de sacudir a nefasta melancolia, com o mesmo primor que atribui à selecção de futebol. Há algo de irracional nestas emoções. Mas essa irracionalidade pertence-nos, quase em sistema de exclusividade. É o Portugalinho na expressão mais ampla do nosso aparato cultural.
O que se sabe, no primeiro caso, é o que a Imprensa diz: apenas a superfície do que se esconde. E o que se esconde é muito mais amplo, muito mais caviloso, muito mais absurdo e vil do que nos dizem. Pelo menos tudo o indica. O que se deseja não é derrubar o Governo: é, apenas, amolgá-lo um pouco, como aviso para o que não deve, ou deve fazer. Miguel Relvas, exuberante por vaidade das funções exercidas, falador até ao cansaço, e incauto até à medula, era um alvo fácil. Almoçou ou jantou com pessoal graúdo da espionagem; recebeu mensagens no telemóvel porque o seu número estava no rol de quem não devia estar; convivia com gente inquietante, como sejam jornalistas. Por aí fora.
Enredado nesta teia reticular e quase sufocado pela imodéstia, Relvas, que me parece ser apenas isto e muito pouco mais, entalou Passos Coelho que, naturalmente, vai correr com ele, ajeitando um pretexto qualquer, ostensivamente esquecido algumas semanas depois. Um preopinante de voz grossa e gramática fininha, disse que Passos devia o lugar a Relvas. Tolice. Relvas é uma miniatura política, modelada pelas circunstâncias actuais da mediocridade generalizada. E Passos o tal incidente à espera de acontecer. Está ali para durar, tendo em vista a falta de atractivo e de fibra de António José Seguro, notoriamente um líder de passagem.
Entretido com as orquídeas, o dr. Cavaco nada disse, ou talvez ainda diga, servindo-se das evasivas e dos anacronismos do costume. Perdão, disse. Disse o que contraria as teses do Governo. Este, pelas vozes de Passos e Relvas, aconselhou os jovens a ir para o estrangeiro; o dr. Cavaco insistiu em que permaneçam em Portugal. Afinal, em que ficamos?
Nesta jiga-joga de expressões, em que o Público não sai virtuoso e na qual tudo é confuso, duvidoso e aleatório, vamos passando ao lado das lições diárias da História. E tudo fica por dizer.» [DN]
Autor:
Baptista-Bastos.
Mais uma alarvidade
«O primeiro-ministro defendeu hoje que é preciso "enfrentar as dificuldades com coragem e optimismo", e não a chorar.» [DN]
Parecer:
O homem sempre foi um modelo de coragem.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a Passos que vá dizer isso a alguém que por lhe cortarem os subsídios teve de entregar a casa ao banco.»
Uma crise nacional, diziam eles
«A maioria dos gregos quer que o programa de assistência internacional ao país seja revisto, segundo a mais recente sondagem no país. Além disso, o líder do Fundo Grego de Estabilidade Financeira disse hoje que não pode emprestar dinheiro ao Estado caso o Governo venha a precisar. A Comissão Europeia já pediu ajuda directa da zona euro para os bancos problemáticos, agora que tem outra situação que exige máxima atenção: a Espanha.
É neste cenário que as bolsas mundiais estão hoje em queda e as praças em Wall Street não fogem a estas perspectivas negativas em relação à zona da moeda única europeia e o futuro dela. No arranque da sessão, os índices industrial Dow Jones e S&P 500 perdiam 0,95% e 1,11%, respectivamente, ao mesmo tempo que o tecnológico Nasdaq recuava 1,31%, após terem somado 1% ontem.
"Os investidores estão muito preocupados com a Grécia e estão a ficar atrapalhados no escuro", referiu Mikkerl Kierkegaard Petersen, especialista do Nordea Private Bank, à Bloomberg. "Estão à procura da melhor oportunidade para vender porque as sondagens estão a ir na direcção errada, embora os dados não sejam 100% fiáveis", acrescentou o responsável.» [DE]
É neste cenário que as bolsas mundiais estão hoje em queda e as praças em Wall Street não fogem a estas perspectivas negativas em relação à zona da moeda única europeia e o futuro dela. No arranque da sessão, os índices industrial Dow Jones e S&P 500 perdiam 0,95% e 1,11%, respectivamente, ao mesmo tempo que o tecnológico Nasdaq recuava 1,31%, após terem somado 1% ontem.
"Os investidores estão muito preocupados com a Grécia e estão a ficar atrapalhados no escuro", referiu Mikkerl Kierkegaard Petersen, especialista do Nordea Private Bank, à Bloomberg. "Estão à procura da melhor oportunidade para vender porque as sondagens estão a ir na direcção errada, embora os dados não sejam 100% fiáveis", acrescentou o responsável.» [DE]
Parecer:
Já estão a engolir do que disseram.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao marido da orquídea se acha que já existe uma crise internacional.»
Passos Coelho não demite ministros por receberem sms
«Em resposta as acusações de Seguro, o primeiro-ministro diz já fez muito para que haja um esclarecimento do assunto e garante que não demitirá ministros por receberem SMS.» [Expresso]
Parecer:
Pois, mas se for ele a receber um sms da Manuela Moura Guedes já dispensa secretários de Estado indigitados.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
Mais uma mentira de Relvas
«Quando foi ao parlamento para falar pela primeira vez sobre o seu envolvimento no caso das secretas, há duas semanas, Miguel Relvas foi taxativo: nenhum dos nomes que constavam de um sms enviado por Jorge Silva Carvalho com sugestões para chefiar os serviços secretos estava abrangido pelo segredo de Estado.
"Não eram agentes, eram pessoas para responsabilidades, para lugares de topo que não eram agentes, aqui não há segredos de Estado", respondeu então o ministro dos Assuntos Parlamentares a uma pergunta da deputada socialista Isabel Oneto.
Mas de acordo com o que um antigo responsável dos serviços explicou ao Expresso, dois dos nomes que constavam no sms estavam abrangidos pelo segredo de Estado e a sua identidade não podia ser revelada.» [Expresso]
"Não eram agentes, eram pessoas para responsabilidades, para lugares de topo que não eram agentes, aqui não há segredos de Estado", respondeu então o ministro dos Assuntos Parlamentares a uma pergunta da deputada socialista Isabel Oneto.
Mas de acordo com o que um antigo responsável dos serviços explicou ao Expresso, dois dos nomes que constavam no sms estavam abrangidos pelo segredo de Estado e a sua identidade não podia ser revelada.» [Expresso]
Parecer:
Pobre Relvas, foi ao corta-relva.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
Ena, o Barroso teve um ataque de coragem
«O presidente da Comissão Europeia defendeu hoje que a ajuda que a Alemanha presta aos países do sul da Europa não é feita por caridade, mas sim porque é também do seu próprio interesse, já que os benefícios que retira do mercado único europeu são muitos.» [Jornal de Negócios]
Parecer:
A Merkel ainda o manda para a Berlim russa.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Drão Barroso se se sente bem, se não será melhor ir ao médico confirmar que está na posse de todas as suas faculdades.»