Foto Jumento
Igreja de Santo António, Lisboa
Imagens dos visitantes d'O Jumento
Páscoa na aldeia de Monsanto [A. Cabral]
A mentira do dia d'O Jumento
Jumento do dia
Jumento do dia
Vítor Gaspar, inventor de desvios colossais e de outras patranhas
È lamentável que este rapaz que até esteve em Bruxelas desconheça que a reacção da Europa e da sua divina Merkel à crise financeira foi a de apelar aos países da UE para que não adoptassem políticas restritivas. É sinal de muita incompetência e pouca honestidade um ministro das Finanças ignorar porque razão a generalidade dos países ultrapassaram o nível do défice estabelecido pelo Pacto de Estabilidade porque o Conselho Europeu decidiu suspender esse limite, caso contrário Portugal e muitos outros países estariam agora a enfrentar processos por défices excessivos. É lamentável que este rapaz chegue a ministro das Finanças e desconheça o debate político dos últimos anos em torno dos orçamentos com a direita a acusar sucessivamente o governo de Sócrates de reduzir o investimento público. É pena que tenhamos um ministro incapaz de justificar as suas opções sem recorrer a truques e falsos desvios e depois venha criticar os outros com argumentos que revela desconhecimento, incompetência e pouca honestidade intelectual. Revela pouca honestidade um ministro das Finanças acusar os outros de falharem nas suas previsões quando o país está a ser confrontado com um falso optimismo que promete milagres a curto prazo, que só são possíveis porque se aposta na resolução da crise financeiro num prazo mais curto do que o esperado por Sócrates. É lamentável que um ministro que ainda o é graças a um crescimento das exportações que não pode atribuído ao seu governo venha acusar o governo anterior do que quer que seja.
«O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, acusou esta sexta-feira o anterior Governo socialista de ter seguido políticas expansionistas agressivas que levaram à quase bancarrota de Portugal por acreditarem que a crise económica e financeira seria "de curta duração".
"Portugal, de um ponto de partida que não era favorável e que não dispúnhamos de espaço orçamental, resolveu que a crise global que se vivia seria temporária, seria de curta duração, e portanto era apropriado seguir políticas orçamentais activas de estabilização. Em 2008 e 2009 foram seguidas políticas de expansão orçamental agressivas. Estas levaram a níveis de défice públicos elevados e a um crescimento muito rápido da dívida pública", afirmou Vítor Gaspar.» [CM]
«O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, acusou esta sexta-feira o anterior Governo socialista de ter seguido políticas expansionistas agressivas que levaram à quase bancarrota de Portugal por acreditarem que a crise económica e financeira seria "de curta duração".
"Portugal, de um ponto de partida que não era favorável e que não dispúnhamos de espaço orçamental, resolveu que a crise global que se vivia seria temporária, seria de curta duração, e portanto era apropriado seguir políticas orçamentais activas de estabilização. Em 2008 e 2009 foram seguidas políticas de expansão orçamental agressivas. Estas levaram a níveis de défice públicos elevados e a um crescimento muito rápido da dívida pública", afirmou Vítor Gaspar.» [CM]
Macacóide e debelóide mental
Borlas
Há um programa de televisão na estação pública de televisão onde um apresentador idiota se refere aos concorrentes como debelóides e macacóides mentais. Como se trata de um concurso em que o prémio é monetário o rapaz da RTP sente-se no direito de tratar desta forma os concorrentes. Foi mais ou menos o mesmo que fez o Soares dos Santos, deu mais algum aos seus trabalhadores e descontos de 50% aos clientes e proporcionou ao país um espectáculo digno da Roménia de Ceausescu..
Anda comigo ver as promoções
Anda comigo ver as promoções
Borlas
Nos primeiros tempos de António Costa à frente da CML, julgo que no primeiro dia de São Martinho, a Câmara Municipal de Lisboa decidiu dar castanhas à borla aos lisboetas na Praça do Comércio. O espectáculo foi o mesmo a que assistimos nas lojas do Pingazedo, a populaça atropelava-se para trazer o maior número de castanhas assadas. No fim foi uma espectáculo deprimente que só serviu para a praça ficar suja.
O merceeiro holandês decidiu dar o bodo aos pobres e agora seria muito interessante saber quem pagou. O mais engraçado de tudo isto é que o grande financiador do espectáculo triste dado pelo Pingazedo foram os portugueses através do ministério das Finanças. Os contabilistas do Pingazedo vão considerar o desconto dado como um custo promocional equivalente a uma campanha televisiva e lançar todos esses descontos como um custo a deduzir directamente do lucro tributável.
É só fazer as contas, ao vender abaixo do custo o Pingazedo pagando um extra aos seus empregados a que se acrescentará um desconto de 50% nas compras que poderão fazer num dia em que não estejam de serviço, teve um prejuízo a deduzir dos lucros. A este prejuízo acrescenta a dedução de 50% nas receitas a título de investimento em marketing. Ou seja as perdas por vender abaixo do custo, os custos (energia, mão-de-obra, segurança, quebras, etc.) resultantes da abertura no dia 1.º de Maio para efeitos promocionais, mais o descontos de 50% vão direitinho para custos e serão deduzidos no IRC. À perda de receita em IRC há que acrescentar o IVA de 23% (com os descontos ninguém comprou batatas!) sobre os 50% dos descontos que em condições normais seriam cobrados.
Conclusão: quem vai pagar a palhaçada do Pingazedo serão os portugueses, incluindo os adoradores do pessoal da massa que não perderam a oportunidade de vir a público lamber os ditos cujos ao merceeiro.
Isto começa a ser ridículo
No dia 1.º de Maio o Passos Coelho disse aos trabalhadores do PSD que não estavam no Pingo Doce para se prepararem para um aumento significativo do desemprego, agora vem Cavaco e diz que espera uma inversão da tendência. O melhor é esperar pela feira da bruxaria de Vilar de Perdizes porque em Lisboa só há bruxos não encartados.
Obrigadinho ó Soares dos Santos
Parece que a acção do Pingo Doce vai ser uma autêntica Caixa de Pandorra na economia portuguesa, tantos são os debates que suscita. Um dos aspectos mais interessantes é o das regras de concorrência pela suposta prática de dumping. Não deixa de ser curioso que os que mais se destacam nesta acusação são o líder do BE e os sindicalistas, esquecem-se dos trabalhadores e do 1.º de Maio para virem defender os capitalistas mais pequenos, ignorando que muito provavelmente são estes os que pior pagam, menos respeitam as regras da lei laboral, que mais despedem e que quando fecham as empresas desaparecem sem deixar rasto e com as indemnizações e salários por pagar.
Por aquilo que se diz ficamos com a impressão que a manobra do Pingo Doce resultará no esmagamento das margens e isso conduzirá a salários mais baixos. Isto é para defender os trabalhadores o melhor é defender as empresas umas das outras eliminando a concorrência.
A manobra do Pingo Doce é questionável a diversos títulos, foi um gesto pouco digno, pôs em causa a segurança dos clientes e dos empregados, deu uma péssima imagem das lojas do Pingo Doce que passaram a ser locais inseguros (quem nos garante que a meio de uma tarde tranquila de compras o merceeiro holandês não decide divulgar pela rádio uma promoção de 100% e entra pelo hiper uma horda de gente disposta a tudo para encher o carro enquanto há produtos nas prateleiras?), mas a pior forma de a criticar é pelo suposto esmagamento das margens.
Que bom seria se as margens da banca, das seguradoras, da saúde privada se fossem esmagadas. O maior erro de Soares dos Santos foi permitir ao país saber que as margens do sector da distribuição são muito superiores ao que se pensava, em muitos produtos essas entre a produção e o consumo os preços sobrem mais de 50%. Num país pobre todos ganham bom dinheiro, de fora ficam os trabalhadores e os consumidores.
Outra ideia errada é a de que esta acção emaga o pequeno comércio. A verdade é que uma boa parte dos clientes do Pingo Doce no dia 1.º de Maio eram pequenos comerciantes que aproveitaram os preços para se abastecerem a preços mais baixos Daqui a alguns dias tudo volta à normalidade, muito boa gente não terá dinheiro para comer para podem embebedar-se em Whisky para esquecer a asneira no primeiro dia do mês, outros terão de dar camarões-tigre aos filhos em vez do habitual bife de poço com batatas fritas e ovo.
Um pequeno exemplo, costumo disfarçar o apetite durante a tarde com umas bolachas de aveia de uma marca branca. Na loja da marca custam 0,80€, numa loja de emigrantes vindo do Bangladesh custam 1,25€. No simpático merceeiro junto à minha casa custam 1,45%. Como é fácil de compreender farto-me de chorar lágrimas de crocodilo pelo simpático comerciante da esquina que ganha mais 80% num pacote de bolachas. É evidente que apesar do seu ar pobretanas tem uma pequena fortuna, de fazer inveja a muito líder de esquerda, desses que usam camisas da Façonnable.
Outro exemplo, há algum tempo achei que os nabos (daqueles que se comem) a 0,85€ estavam caros (entretanto já aumentaram para 1,25€) estavam caros, não faz sentido pagar por um quilo de nabos o mesmo que se paga por um quilo de maçãs ou de laranjas. Por curiosidade comparei os preços em todas as redes de distribuição e, coincidência das coincidências, o preço era rigorosamente o mesmo! E o que sucede com os nabos sucede com produtos de marca que conseguem assegurar um preço igual em todas as redes de distribuição.
Estes exemplos mostram como o choradinho do sector agro-alimentar nem sempre tem fundamento e a concorrência trará muitas vantagens. Não me passa pela cabeça ir a uma mega palhaçada do Pingo Doce, boicoto activamente esta marca, mas as asneiras do Soares dos Santos resultarão numa descida de preços no sector agro-alimentar. Não tenho a certeza de que fosse este o seu objectivo, mas poderá ser a consequência.
Oxalá a DECO e a Autoridade da Concorrência não imponham a fixação administrativa dos preços no sector da distribuição. Os consumidores nada têm a ganhar com concorrência como a que é praticada entre as distribuidoras de combustíveis que gerem as estações de serviço nas nossas auto-estradas.
Escritos no Pedro
«A persistência no erro, apesar dos múltiplos e permanentes avisos, torna ainda mais censurável a atitude daqueles que [querem] teimar, dia após dia, semana após semana, ano após ano, numa estratégia que [sabem] que não leva Portugal ao rumo certo.
A fiscalidade portuguesa vem assumindo um papel negativo na economia.
Ao invés de favorecer uma actividade económica forte e sustentável, o actual sistema fiscal virou-se predominantemente para maximização da arrecadação de receita, ignorando os efeitos sobre a economia. Acabando por não servir nem a economia, nem as finanças públicas.
Por outro lado, existe, para além dos impostos, uma multiplicidade de "taxas" aos vários níveis da Administração Pública que configuram verdadeiros impostos, já que pouco se nota a contrapartida concreta do seu pagamento.
A austeridade deverá ter presente os objectivos de minorar os impactos negativos, a curto prazo, sobre o crescimento, o emprego e sobre a coesão social.
Os funcionários públicos, os pensionistas e os contribuintes em geral não perceberiam a necessidade de ser sujeitos a novos sacrifícios, se o Sector Público Administrativo, o Sector Empresarial do Estado, "Novo Estado Paralelo" continuassem com as suas estruturas "gordas" e não se fizesse a reavaliação da PPPCs.
O emagrecimento das estruturas do Estado deverá ser conduzido de forma inteligente e não cegamente.
Em relação ao aumento das receitas fiscais, o esforço será feito sem aumento de impostos, baseando-se na melhoria da eficácia da administração fiscal, do combate à economia informal e à fraude e evasão fiscal, o que permitirá um alargamento da base tributável.
A austeridade não deverá afectar o rendimento real disponível dos grupos mais desfavorecidos da nossa sociedade (nomeadamente pensionistas).
Já [foram identificadas] áreas de oportunidade que, no período da legislatura, apontam para um "mix" de consolidação orçamental essencialmente baseado na redução da despesa (no intervalo global entre 4 a 5 pontos percentuais do PIB) e de um aumento da receita fiscal, sem alteração da carga fiscal, por via do alargamento da base tributária e do combate à evasão fiscal.
Desenganem-se aqueles que queiram ver [nisto] um instrumento de populismo, uma cedência à demagogia ou uma listagem de promessas fáceis.
O que deixamos à apreciação e ao escrutínio dos Portugueses resiste a qualquer teste de avaliação ou credibilidade. Tudo o [que] se propõe foi estudado, testado e ponderado. Consequentemente, as propostas são para levar a cabo e as medidas são para cumprir.
Também nisso queremos ser diferentes daqueles que nos governam e que não têm qualquer sentido de respeito pela promessa feita ou pela palavra dada. Assumimos um compromisso de honra para com Portugal. E não faltaremos, em circunstância alguma, a esse compromisso.
(Excertos do Programa Eleitoral do PSD para as legislativas, apresentado há 361 dias, a 8 de maio de 2011).» [DN]
A fiscalidade portuguesa vem assumindo um papel negativo na economia.
Ao invés de favorecer uma actividade económica forte e sustentável, o actual sistema fiscal virou-se predominantemente para maximização da arrecadação de receita, ignorando os efeitos sobre a economia. Acabando por não servir nem a economia, nem as finanças públicas.
Por outro lado, existe, para além dos impostos, uma multiplicidade de "taxas" aos vários níveis da Administração Pública que configuram verdadeiros impostos, já que pouco se nota a contrapartida concreta do seu pagamento.
A austeridade deverá ter presente os objectivos de minorar os impactos negativos, a curto prazo, sobre o crescimento, o emprego e sobre a coesão social.
Os funcionários públicos, os pensionistas e os contribuintes em geral não perceberiam a necessidade de ser sujeitos a novos sacrifícios, se o Sector Público Administrativo, o Sector Empresarial do Estado, "Novo Estado Paralelo" continuassem com as suas estruturas "gordas" e não se fizesse a reavaliação da PPPCs.
O emagrecimento das estruturas do Estado deverá ser conduzido de forma inteligente e não cegamente.
Em relação ao aumento das receitas fiscais, o esforço será feito sem aumento de impostos, baseando-se na melhoria da eficácia da administração fiscal, do combate à economia informal e à fraude e evasão fiscal, o que permitirá um alargamento da base tributável.
A austeridade não deverá afectar o rendimento real disponível dos grupos mais desfavorecidos da nossa sociedade (nomeadamente pensionistas).
Já [foram identificadas] áreas de oportunidade que, no período da legislatura, apontam para um "mix" de consolidação orçamental essencialmente baseado na redução da despesa (no intervalo global entre 4 a 5 pontos percentuais do PIB) e de um aumento da receita fiscal, sem alteração da carga fiscal, por via do alargamento da base tributária e do combate à evasão fiscal.
Desenganem-se aqueles que queiram ver [nisto] um instrumento de populismo, uma cedência à demagogia ou uma listagem de promessas fáceis.
O que deixamos à apreciação e ao escrutínio dos Portugueses resiste a qualquer teste de avaliação ou credibilidade. Tudo o [que] se propõe foi estudado, testado e ponderado. Consequentemente, as propostas são para levar a cabo e as medidas são para cumprir.
Também nisso queremos ser diferentes daqueles que nos governam e que não têm qualquer sentido de respeito pela promessa feita ou pela palavra dada. Assumimos um compromisso de honra para com Portugal. E não faltaremos, em circunstância alguma, a esse compromisso.
(Excertos do Programa Eleitoral do PSD para as legislativas, apresentado há 361 dias, a 8 de maio de 2011).» [DN]
Autor:
Fernanda Câncio.
Fecho de contas
«O INE reportou a Bruxelas, recentemente, as contas públicas de 2011 em contabilidade nacional, com o respectivo apuramento do valor do défice. Vale a pena analisar os números finais e tirar duas conclusões.
Em primeiro lugar, cumpre referir que o défice de 2011 totalizou 7,2 mil milhões de euros. Como é sabido, este resultado só foi possível porque o Governo recorreu no 2º semestre a 6,8 mil milhões de euros de receitas extraordinárias (sendo 6 mil milhões da transferência dos fundos de pensões da banca e 800 milhões da sobretaxa extraordinária de IRS). Ou seja: sem estas receitas extraordinárias o défice efectivo de 2011 foi de 14 mil milhões de euros. Ora, como alguns recordarão, o défice no final do 1º semestre, ainda segundo o INE, estava em 7 mil milhões de euros. Sendo assim, é só fazer as contas: se o défice anual efectivo foi de 14 mil milhões de euros e o primeiro semestre contribuiu com 7 mil milhões, é óbvio que os restantes 7 mil milhões são da responsabilidade da execução orçamental... do segundo semestre, já com o actual Governo! Assim, por muito que a propaganda governamental insista em repetir a sua mentira, a verdade é só uma: contas fechadas, o défice do 2º semestre, sem receitas extraordinárias, foi sensivelmente igual ao do 1º (e lá se vai, de uma vez por todas, o pouco que ainda restava da teoria do "desvio colossal" no 1º semestre!). Mais: basta lembrar que o valor do défice do 1º semestre está empolado, entre outras razões, pelo registo das dívidas escondidas da Madeira (a que o Governo socialista é obviamente alheio, mas o PSD não...), e já se vê que, excluindo o défice da Madeira, a execução orçamental do 1º semestre foi até bem melhor do que a execução orçamental efectiva do 2º semestre!
Segundo ponto: o défice final apurado pelo INE para 2011 foi de 4,2% do PIB, quando a meta prevista pela ‘troika' era de 5,9%. Tivemos, assim, um défice 1,7% abaixo do exigido. Por outro lado, as duas medidas de austeridade não previstas no Memorando e que o Governo decidiu implementar logo em 2011 - sobretaxa extraordinária de IRS e aumento do IVA da energia - contribuíram com apenas 0,5% para esse resultado. Assim, sem essas medidas o défice de 2011 teria ficado em 4,7%, ou seja, ficaria ainda 1,2% abaixo da meta fixada pela ‘troika'! A conclusão é evidente: os números confirmam que o corte de metade do 13º mês foi uma precipitação e um grave erro de política. O Governo aplicou em 2011 uma austeridade excessiva, que agravou desnecessariamente as condições de vida das famílias e a recessão.
É importante insistir neste ponto porque muitos continuam a pretender ignorar as consequências das opções políticas erradas da responsabilidade do actual Governo. Mas essas consequências existem - e é por isso que não foi apenas no défice que o 2º semestre de 2011 foi pior do que o 1º. Veja-se o que sucedeu na economia: enquanto nos dois primeiros trimestres o PIB decresceu -0,5% e -1%, a opção do Governo por uma austeridade "além da ‘troika'" levou a economia a afundar nos dois últimos trimestres do ano, para -1,8% e -2,7%. Veja-se, também, o que sucedeu com o desemprego: enquanto no final do 1º semestre a taxa de desemprego estava em 12,1%, no final do 2º semestre disparou para os 14%.
Agora que as contas de 2011 estão praticamente fechadas, não há que ter dúvidas: défice, crescimento económico, desemprego - todos os indicadores pioraram no segundo semestre, desde que o actual Governo entrou em funções. O resto é conversa. Muita conversa.» [DE]
Em primeiro lugar, cumpre referir que o défice de 2011 totalizou 7,2 mil milhões de euros. Como é sabido, este resultado só foi possível porque o Governo recorreu no 2º semestre a 6,8 mil milhões de euros de receitas extraordinárias (sendo 6 mil milhões da transferência dos fundos de pensões da banca e 800 milhões da sobretaxa extraordinária de IRS). Ou seja: sem estas receitas extraordinárias o défice efectivo de 2011 foi de 14 mil milhões de euros. Ora, como alguns recordarão, o défice no final do 1º semestre, ainda segundo o INE, estava em 7 mil milhões de euros. Sendo assim, é só fazer as contas: se o défice anual efectivo foi de 14 mil milhões de euros e o primeiro semestre contribuiu com 7 mil milhões, é óbvio que os restantes 7 mil milhões são da responsabilidade da execução orçamental... do segundo semestre, já com o actual Governo! Assim, por muito que a propaganda governamental insista em repetir a sua mentira, a verdade é só uma: contas fechadas, o défice do 2º semestre, sem receitas extraordinárias, foi sensivelmente igual ao do 1º (e lá se vai, de uma vez por todas, o pouco que ainda restava da teoria do "desvio colossal" no 1º semestre!). Mais: basta lembrar que o valor do défice do 1º semestre está empolado, entre outras razões, pelo registo das dívidas escondidas da Madeira (a que o Governo socialista é obviamente alheio, mas o PSD não...), e já se vê que, excluindo o défice da Madeira, a execução orçamental do 1º semestre foi até bem melhor do que a execução orçamental efectiva do 2º semestre!
Segundo ponto: o défice final apurado pelo INE para 2011 foi de 4,2% do PIB, quando a meta prevista pela ‘troika' era de 5,9%. Tivemos, assim, um défice 1,7% abaixo do exigido. Por outro lado, as duas medidas de austeridade não previstas no Memorando e que o Governo decidiu implementar logo em 2011 - sobretaxa extraordinária de IRS e aumento do IVA da energia - contribuíram com apenas 0,5% para esse resultado. Assim, sem essas medidas o défice de 2011 teria ficado em 4,7%, ou seja, ficaria ainda 1,2% abaixo da meta fixada pela ‘troika'! A conclusão é evidente: os números confirmam que o corte de metade do 13º mês foi uma precipitação e um grave erro de política. O Governo aplicou em 2011 uma austeridade excessiva, que agravou desnecessariamente as condições de vida das famílias e a recessão.
É importante insistir neste ponto porque muitos continuam a pretender ignorar as consequências das opções políticas erradas da responsabilidade do actual Governo. Mas essas consequências existem - e é por isso que não foi apenas no défice que o 2º semestre de 2011 foi pior do que o 1º. Veja-se o que sucedeu na economia: enquanto nos dois primeiros trimestres o PIB decresceu -0,5% e -1%, a opção do Governo por uma austeridade "além da ‘troika'" levou a economia a afundar nos dois últimos trimestres do ano, para -1,8% e -2,7%. Veja-se, também, o que sucedeu com o desemprego: enquanto no final do 1º semestre a taxa de desemprego estava em 12,1%, no final do 2º semestre disparou para os 14%.
Agora que as contas de 2011 estão praticamente fechadas, não há que ter dúvidas: défice, crescimento económico, desemprego - todos os indicadores pioraram no segundo semestre, desde que o actual Governo entrou em funções. O resto é conversa. Muita conversa.» [DE]
Autor:
Pedro Silva Pereira.
Na morte das regras e dos padrões
«Num dos seus mais inquietantes romances, "Os Irmãos Karamazov", Dostoievski faz dizer ao mais velho deles: "Se Deus não existe, tudo é permitido." O grande russo enunciava, numa metáfora perturbadora, ao que conduzia a quebra de valores numa sociedade esvaziada de sentido moral. Ao desbragamento, à promoção do que o homem tem de pior e de mais sórdido, à própria inversão do sentido da vida. Deus como padrão, Deus como relação mais humana do que divina, Deus materializado (se assim me posso exprimir) num modo de funcionamento das nossas acções. Se não houver regras e se, as havendo, essas regras são permanentemente dissolvidas, então, o caos instalar-se-á.
No dia-a-dia português estamos a verificar essa ausência de padrões e de ética que nos está a empurrar para terrenos pantanosos. O caso ocorrido nos centros comerciais do Pingo Doce é mais do que ultrajante: é abjecto. O grupo Jerónimo Martins-Alexandre Soares dos Santos infringiu todas as normas de convivência social, fez uma provocação arrogante e inútil ao 1º de Maio e aos trabalhadores que o assinalam, e entrou em conflito com as fórmulas do próprio "mercado", que diz respeitar.
Um pobre senhorito que por aí anda, trepado a "sociólogo" e um oportunista sem escrúpulos, proferiu a afirmação: "é um golpe genial", que não é apenas infausta como cavalar. Não se trata da manifestação de um raciocínio, sim de um espinoteante tolejo. A "promoção" de 50% oferecida pelo Pingo Doce, levanta questões importantes: ou eles têm lucros fabulosos e, acaso, ilegais, ou, então, diminuíram os preços abaixo do custo de produção, o que constitui outra ilicitude.
Não há justificação plausível e decente para este acto. E chegam a atingir as raias do desprezível as declarações de políticos de direita e de extrema-direita, no Parlamento e nas televisões. A conciliação entre lucro e justiça torna-se, cada vez, mais evidentemente impossível pela unilateralidade de uma das componentes. Quando assistimos ao lacrimejar de João Proença, assinante do vergonhoso tratado com o patronato e o Governo, sentimos que o desmantelamento do Estado Social obedece a todas esta ideologia violenta. E não o podemos levar a sério. O caso do Pingo Doce é um patamar dessa teoria de espoliação que está em marcha, e cujo objectivo fundamental é o domínio total dos mercados financeiros. Ainda temos forças para inverter este processo de demolição e de medo?» [Jornal de Negócios]
No dia-a-dia português estamos a verificar essa ausência de padrões e de ética que nos está a empurrar para terrenos pantanosos. O caso ocorrido nos centros comerciais do Pingo Doce é mais do que ultrajante: é abjecto. O grupo Jerónimo Martins-Alexandre Soares dos Santos infringiu todas as normas de convivência social, fez uma provocação arrogante e inútil ao 1º de Maio e aos trabalhadores que o assinalam, e entrou em conflito com as fórmulas do próprio "mercado", que diz respeitar.
Um pobre senhorito que por aí anda, trepado a "sociólogo" e um oportunista sem escrúpulos, proferiu a afirmação: "é um golpe genial", que não é apenas infausta como cavalar. Não se trata da manifestação de um raciocínio, sim de um espinoteante tolejo. A "promoção" de 50% oferecida pelo Pingo Doce, levanta questões importantes: ou eles têm lucros fabulosos e, acaso, ilegais, ou, então, diminuíram os preços abaixo do custo de produção, o que constitui outra ilicitude.
Não há justificação plausível e decente para este acto. E chegam a atingir as raias do desprezível as declarações de políticos de direita e de extrema-direita, no Parlamento e nas televisões. A conciliação entre lucro e justiça torna-se, cada vez, mais evidentemente impossível pela unilateralidade de uma das componentes. Quando assistimos ao lacrimejar de João Proença, assinante do vergonhoso tratado com o patronato e o Governo, sentimos que o desmantelamento do Estado Social obedece a todas esta ideologia violenta. E não o podemos levar a sério. O caso do Pingo Doce é um patamar dessa teoria de espoliação que está em marcha, e cujo objectivo fundamental é o domínio total dos mercados financeiros. Ainda temos forças para inverter este processo de demolição e de medo?» [Jornal de Negócios]
Autor:
Baptista-Bastos.
O 5.º Feriado
«Alexandre Soares dos Santos tem razões para estar satisfeito. Passou matreiramente a perna à concorrência, cumpriu mais um filantrópico gesto ao abastecer lares carenciados por metade do dinheiro, encostou os sindicatos à box e garantiu pelo menos três dias consecutivos de publicidade gratuita nos media. Pelo caminho, ainda nos deu a todos uma lição de pragmatismo capitalista: tudo se compra e tudo se vende.
Escolheu a melhor altura para fazer vingar a sua estratégia político-comercial. O desemprego já atinge 15% da população que procura trabalho, a pobreza alastra e os salários e as pensões de quem ainda os tem estão a ser progressivamente subtraídos. Quase nada é dado por adquirido, e a insegurança que se vai enraizando é o melhor rastilho para alimentar a perversa lógica do cada um por si.
Não espanta que neste contexto, entre tirarem o feriado para descansar ou celebrar um dia que é internacionalmente consagrado aos trabalhadores e ao trabalho, centenas de funcionários do Pingo Doce tenham escolhido apresentar-se ao serviço. Para quem chega ao fim do mês a contar os tostões, recusar salário e descanso a triplicar seria uma heresia. O mesmo para os consumidores, que a troco de umas competitivas cotoveladas, uns empurrões ciumentos e um ou outro impropério, disputaram a pequena sorte grande.
O primeiro de Maio foi enxovalhado. O já desacreditado movimento sindical foi publicamente exposto à sua inutilidade, porque mais não quer do que impedir trabalhadores de trabalhar e os consumidores de consumir. Soares dos Santos esteve à altura da provocação de Nicolas Sarkozy, que no mesmo dia nas ruas de Paris dava loas ao "verdadeiro trabalho".
Se Álvaro Santos Pereira andar atento aos sinais deixados por este seu admirador confesso, verá aqui um valioso contributo para a ufana tarefa de eliminação de feriados. Além do 1º de Dezembro e do 5 de Outubro, e dos dois dias que a igreja católica há-de indicar, há um quinto a juntar à lista – ainda para mais agora que o abate ficou devidamente legitimado pelos seus patronos.
Ao transformar as lojas do Pingo Doce num laboratório social, Soares dos Santos expôs um país de miséria financeira, civicamente empobrecido e crescentemente alheado dos problemas colectivos. Os espíritos mais práticos argumentarão que se limitou a virar o espelho para a sociedade. Mas foi mais do que isso: juntou-se, uma vez mais, ao coro dos que apelam à coesão social nos sacrifícios mas instigam o individualismo nas oportunidades, ajudando a cavar cada vez mais fundo alarmantes fracturas sociais.» [Jornal de Negócios]
Escolheu a melhor altura para fazer vingar a sua estratégia político-comercial. O desemprego já atinge 15% da população que procura trabalho, a pobreza alastra e os salários e as pensões de quem ainda os tem estão a ser progressivamente subtraídos. Quase nada é dado por adquirido, e a insegurança que se vai enraizando é o melhor rastilho para alimentar a perversa lógica do cada um por si.
Não espanta que neste contexto, entre tirarem o feriado para descansar ou celebrar um dia que é internacionalmente consagrado aos trabalhadores e ao trabalho, centenas de funcionários do Pingo Doce tenham escolhido apresentar-se ao serviço. Para quem chega ao fim do mês a contar os tostões, recusar salário e descanso a triplicar seria uma heresia. O mesmo para os consumidores, que a troco de umas competitivas cotoveladas, uns empurrões ciumentos e um ou outro impropério, disputaram a pequena sorte grande.
O primeiro de Maio foi enxovalhado. O já desacreditado movimento sindical foi publicamente exposto à sua inutilidade, porque mais não quer do que impedir trabalhadores de trabalhar e os consumidores de consumir. Soares dos Santos esteve à altura da provocação de Nicolas Sarkozy, que no mesmo dia nas ruas de Paris dava loas ao "verdadeiro trabalho".
Se Álvaro Santos Pereira andar atento aos sinais deixados por este seu admirador confesso, verá aqui um valioso contributo para a ufana tarefa de eliminação de feriados. Além do 1º de Dezembro e do 5 de Outubro, e dos dois dias que a igreja católica há-de indicar, há um quinto a juntar à lista – ainda para mais agora que o abate ficou devidamente legitimado pelos seus patronos.
Ao transformar as lojas do Pingo Doce num laboratório social, Soares dos Santos expôs um país de miséria financeira, civicamente empobrecido e crescentemente alheado dos problemas colectivos. Os espíritos mais práticos argumentarão que se limitou a virar o espelho para a sociedade. Mas foi mais do que isso: juntou-se, uma vez mais, ao coro dos que apelam à coesão social nos sacrifícios mas instigam o individualismo nas oportunidades, ajudando a cavar cada vez mais fundo alarmantes fracturas sociais.» [Jornal de Negócios]
Autor:
Elizabete Miranda.
Uma evidente fraude
«Esta semana fui ao Algarve. Numa autoestrada deserta e sem nada para fazer, fui olhando para os painéis informativos dos preços da gasolina. De Lisboa ao Algarve, as marcas variam mas os preços são exatamente iguais. Ao cêntimo.
Não é preciso ser especialista da matéria para se perceber que o negócio das gasolinas em Portugal (e não só) é uma fraude. Nada, de técnico ou estrutural, justifica o alinhamento dos preços. A formação do preço da gasolina envolve muitas variáveis a montante e a jusante. Flutuações no mercado das matérias-primas, dimensão das empresas, encargos e situação financeira, existência ou não de grandes stocks, distâncias e transportes, margens, comissões, promoções e tanta coisa mais configuram o complexo cálculo. É, por isso, simplesmente impossível que duas marcas cheguem exatamente ao mesmo preço. Isto é básico.
Apesar desta evidência, a Autoridade da Concorrência tem-se esforçado por demonstrar que não existe cartelização. Atuando mais na defesa das petrolíferas do que na defesa dos consumidores, a AdC deve andar à procura de reuniões secretas, mensagens encriptadas ou encontros de gabardinas no Jardim do Príncipe Real. Mas qualquer pessoa menos influenciada por filmes de intriga e espionagem percebe que as petrolíferas que operam no mercado português simplesmente alinham os preços umas pelas outras. Quando uma sobe ou desce uns cêntimos, as restantes fazem-no na mesma exata medida.
A isto pode não se chamar cartelização. Mas que é uma fraude é. Os preços não são determinados pelo famoso mercado, mas por uma ação concertada que faz com que a gasolina em Portugal seja vendida a um preço muito superior ao que podia e devia ser praticado.
Daqui se constatam algumas coisas triviais. A regulação não funciona, o Estado também não, as organizações da sociedade civil ainda menos. Ninguém, em suma, defende os consumidores desta tão declarada ganância. A única arma, nesta guerra desigual, vai sendo o recurso ao não consumo para os que podem andar de bicicleta ou ficar em casa a ver televisão.
Mas devemos ir mais longe. O "caso" do preço da gasolina em Portugal demonstra que o mercado também não funciona. Recorde-se que o argumento sistemático para a privatização de tudo assenta invariavelmente na ideia de que isso beneficia os consumidores. Em tese, a concorrência entre vários operadores levaria a um acerto por baixo dos preços de serviços e produtos. Não é isso que acontece. Pelo contrário. As empresas de um mesmo setor tendem a constituir-se como uma espécie de super monopólio, o qual, ainda que disseminado, alinha os preços por cima em benefício dos vários intervenientes.
Sendo verdade que a economia de mercado é mais eficiente do que a economia planificada, o resultado para os consumidores não é substancialmente melhor. A lógica da oferta/procura, base do mecanismo de auto-organização do mercado capitalista, tem cada vez menos relevância. Os preços são determinados por componentes subjetivas, por exemplo, relevância das marcas, e por lógicas especulativas que visam o máximo lucro e não a concorrência. A isto acresce uma ativa cumplicidade por parte dos governos e dos organismos de regulação na defesa dos interesses das grandes empresas em prejuízo do cidadão. O desequilíbrio é óbvio. A desregulação clara. Deste modo, nem o mercado livre existe, nem aquilo que existe é um verdadeiro mercado no sentido de existirem várias opções. O consumidor vê-se obrigado a pagar e calar. Ou seja, o modelo mafioso é hoje predominante.
Ora as máfias só se combatem com justiça. É por isso que, mais do que manifestações, queixumes e protestos avulsos, o desvario e desregulação dos mercados devem ser enfrentados nos tribunais como casos de polícia que são. Os presidentes das empresas petrolíferas em Portugal não agem de forma menos perniciosa do que os especuladores financeiros que têm arruinado vidas, economias e países. A sociedade tem o direito e o dever de se defender destas novas formas de agiotagem e extorsão.» [Jornal de Negócios]
Não é preciso ser especialista da matéria para se perceber que o negócio das gasolinas em Portugal (e não só) é uma fraude. Nada, de técnico ou estrutural, justifica o alinhamento dos preços. A formação do preço da gasolina envolve muitas variáveis a montante e a jusante. Flutuações no mercado das matérias-primas, dimensão das empresas, encargos e situação financeira, existência ou não de grandes stocks, distâncias e transportes, margens, comissões, promoções e tanta coisa mais configuram o complexo cálculo. É, por isso, simplesmente impossível que duas marcas cheguem exatamente ao mesmo preço. Isto é básico.
Apesar desta evidência, a Autoridade da Concorrência tem-se esforçado por demonstrar que não existe cartelização. Atuando mais na defesa das petrolíferas do que na defesa dos consumidores, a AdC deve andar à procura de reuniões secretas, mensagens encriptadas ou encontros de gabardinas no Jardim do Príncipe Real. Mas qualquer pessoa menos influenciada por filmes de intriga e espionagem percebe que as petrolíferas que operam no mercado português simplesmente alinham os preços umas pelas outras. Quando uma sobe ou desce uns cêntimos, as restantes fazem-no na mesma exata medida.
A isto pode não se chamar cartelização. Mas que é uma fraude é. Os preços não são determinados pelo famoso mercado, mas por uma ação concertada que faz com que a gasolina em Portugal seja vendida a um preço muito superior ao que podia e devia ser praticado.
Daqui se constatam algumas coisas triviais. A regulação não funciona, o Estado também não, as organizações da sociedade civil ainda menos. Ninguém, em suma, defende os consumidores desta tão declarada ganância. A única arma, nesta guerra desigual, vai sendo o recurso ao não consumo para os que podem andar de bicicleta ou ficar em casa a ver televisão.
Mas devemos ir mais longe. O "caso" do preço da gasolina em Portugal demonstra que o mercado também não funciona. Recorde-se que o argumento sistemático para a privatização de tudo assenta invariavelmente na ideia de que isso beneficia os consumidores. Em tese, a concorrência entre vários operadores levaria a um acerto por baixo dos preços de serviços e produtos. Não é isso que acontece. Pelo contrário. As empresas de um mesmo setor tendem a constituir-se como uma espécie de super monopólio, o qual, ainda que disseminado, alinha os preços por cima em benefício dos vários intervenientes.
Sendo verdade que a economia de mercado é mais eficiente do que a economia planificada, o resultado para os consumidores não é substancialmente melhor. A lógica da oferta/procura, base do mecanismo de auto-organização do mercado capitalista, tem cada vez menos relevância. Os preços são determinados por componentes subjetivas, por exemplo, relevância das marcas, e por lógicas especulativas que visam o máximo lucro e não a concorrência. A isto acresce uma ativa cumplicidade por parte dos governos e dos organismos de regulação na defesa dos interesses das grandes empresas em prejuízo do cidadão. O desequilíbrio é óbvio. A desregulação clara. Deste modo, nem o mercado livre existe, nem aquilo que existe é um verdadeiro mercado no sentido de existirem várias opções. O consumidor vê-se obrigado a pagar e calar. Ou seja, o modelo mafioso é hoje predominante.
Ora as máfias só se combatem com justiça. É por isso que, mais do que manifestações, queixumes e protestos avulsos, o desvario e desregulação dos mercados devem ser enfrentados nos tribunais como casos de polícia que são. Os presidentes das empresas petrolíferas em Portugal não agem de forma menos perniciosa do que os especuladores financeiros que têm arruinado vidas, economias e países. A sociedade tem o direito e o dever de se defender destas novas formas de agiotagem e extorsão.» [Jornal de Negócios]
Autor:
Leonel Moura.
O optimsta
«O Presidente da República, Cavaco Silva, reiterou esta sexta-feira que considera existir "alguma possibilidade" de "inversão da tendência" do aumento do desemprego no segundo semestre deste ano, pelos "indicadores positivos" que tem recolhido pelo País.» [CM]
Parecer:
Cavaco parece estar convencido de que o seu falso optimismo é suficiente para inverter a tendência da economia.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Cavaco se está convencido de que os seus amigos e conhecidos da SLN vão criar emprego suficiente para inverter a tendência.»
Isto promete
«O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, considerou esta sexta-feira que o aumento de impostos para este ano era inevitável para se arrecadar receitas rapidamente e que baixar impostos em 2015 ou 2016 seria imprudente e não seria compreendida pelos portugueses e troika.» [CM]
Parecer:
O Gasparzinho quer o país no torniquete até pelo menos 2016. E fala em nome dos portugueses e da troika!
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao cavaco da estátua do D. José se quer ir para ministro das Finanças.»
Depois da Cristas é o Menezes a querer mais uma taxa
«Os problemas da protecção civil ficariam resolvidos se as seguradoras contribuíssem com um a dois por cento do seu volume global de faturação, disse esta sexta-feira o presidente da Câmara de Gaia, Luís Filipe Menezes.» [CM]
Parecer:
Este governo vai ser o campeão dos aumentos de impostos, das multas e das taxas.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao Menezes se está interessado nuns garrafões com água de malvas.»
Um director à moda antiga
«Os factos, presentes na acusação do Departamento de Investigação Acção Penal (DIAP) a que a agência Lusa teve acesso, remontam a 19 de Abril de 2010 quando o aluno, do oitavo ano, terá sido chamado ao gabinete do director por, alegadamente, estar a perturbar o funcionamento de uma aula.
Já no gabinete, o director/arguido terá agredido o aluno com bofetadas, uma pancada nas costas e, por fim, agarrado o maxilar inferior do menor, imobilizando-o contra a parede e apertando os seus órgãos genitais.» [CM]
Já no gabinete, o director/arguido terá agredido o aluno com bofetadas, uma pancada nas costas e, por fim, agarrado o maxilar inferior do menor, imobilizando-o contra a parede e apertando os seus órgãos genitais.» [CM]
Parecer:
Um director destes, que agarra o problema pelos ditos cujos, em vez de ser acusado deveria ser eleito director modelo, exames, palmatoada e directores destes é que parecem combinar com as coutices do ministério.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Eleja-se o homem como director modelo.»
Obrigadinho Assunção
«A situação de seca meteorológica em Portugal sofreu um desagravamento significativo em abril, segundo o Instituto de Meteorologia. No final do mês deixou de se observar situações de seca extrema, a mais gravosa.» [DN]
Parecer:
Parece que as rezas deram resultado. O problema é que as culturas perdidas não poderão ser recuperadas.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Ofereça-se um terço ao ministro das Finanças.»
Juan Carlos declarado persona non grata em Berga, na Catalunha
«A povoação de Berga, em Barcelona, votou por maioria declarar o monarca espanhol "persona non grata".
A moção foi apresentada pela CUP, partido independentista, e foi aprovada com a abstenção do partido no governo da povoação, a CiU, e o PSC (segunda força política). O Partido Popular votou contra.
O que se diz no documento é que "Juan Carlos descende diretamente de Felipe de Borbón, responsável pela perda das liberdades nacionais de que os países catalães ainda não recuperaram", cita o jornal espanhol "El Mundo".
Também é apontado o comportamento pessoal do rei. "Marcado por todo o tipo de escândalos e delitos, que culminaram com o assunto Botswana". Juan Carlos sofreu um acidente durante um safari no Botswana onde estaria a caçar elefantes. Partiu a anca e foi operado num hospital de Madrid. Encontra-se em convalescença.» [DN]
A moção foi apresentada pela CUP, partido independentista, e foi aprovada com a abstenção do partido no governo da povoação, a CiU, e o PSC (segunda força política). O Partido Popular votou contra.
O que se diz no documento é que "Juan Carlos descende diretamente de Felipe de Borbón, responsável pela perda das liberdades nacionais de que os países catalães ainda não recuperaram", cita o jornal espanhol "El Mundo".
Também é apontado o comportamento pessoal do rei. "Marcado por todo o tipo de escândalos e delitos, que culminaram com o assunto Botswana". Juan Carlos sofreu um acidente durante um safari no Botswana onde estaria a caçar elefantes. Partiu a anca e foi operado num hospital de Madrid. Encontra-se em convalescença.» [DN]
Generais patetas guineenses condenados pela UE
«O chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau, general António Indjai, encabeça a lista de individualidades alvo das sanções da União Europeia, que inclui outros cinco militares considerados responsáveis pelo golpe de Estado.
Um dia depois de a UE ter aprovado sanções contra os líderes do golpe militar de 12 de abril passado, a lista de seis pessoas que passam a ficar impedidas de entrar em território comunitário e cujos bens são congelados foi hoje publicada no Jornal Oficial da União Europeia e inclui ainda os generais Mamadu Ture "N'Krumah", Augusto Mário Có, Estêvão na Mena, Ibraima ("Papa") Camará e o tenente-coronel Daba Na Waln.
Enquanto relativamente a estes cinco militares o Jornal Oficial da UE limita-se a assinalar que os mesmos pertencem ao comando militar que assumiu responsabilidade pelo golpe de Estado, quanto a Indjai é indicado que o chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas já esteve pessoalmente envolvido no planeamento e liderança da insubordinação militar de abril de 2010, tendo agido de forma a pressionar o Governo a nomeá-lo para a liderança das Forças Armadas.» [DN]
Um dia depois de a UE ter aprovado sanções contra os líderes do golpe militar de 12 de abril passado, a lista de seis pessoas que passam a ficar impedidas de entrar em território comunitário e cujos bens são congelados foi hoje publicada no Jornal Oficial da União Europeia e inclui ainda os generais Mamadu Ture "N'Krumah", Augusto Mário Có, Estêvão na Mena, Ibraima ("Papa") Camará e o tenente-coronel Daba Na Waln.
Enquanto relativamente a estes cinco militares o Jornal Oficial da UE limita-se a assinalar que os mesmos pertencem ao comando militar que assumiu responsabilidade pelo golpe de Estado, quanto a Indjai é indicado que o chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas já esteve pessoalmente envolvido no planeamento e liderança da insubordinação militar de abril de 2010, tendo agido de forma a pressionar o Governo a nomeá-lo para a liderança das Forças Armadas.» [DN]
Não bastou o corte dos feriados
«O ex-ministro das Finanças Miguel Cadilhe disse ser necessário uma redução significativa do número de pontes no calendário laboral.» [DN]
Parecer:
Estes senhores andam, andam e ainda sugerem o esclavagismo.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Vomite-se.»
A anedota do dia
«O patriarca do grupo Jerónimo Martins revelou ainda que ele próprio não soube com antecedência da preparação da acção de descontos de 50% nas compras superiores a 100 euros. "Não tive conhecimento", confessou ao Sol.
Segundo o semanário, para conseguir o efeito que alcançou, a campanha teve de ser planeada com grande secretismo pelo departamento de promoções da cadeia de retalho, que tem um orçamento de três milhões de euros para acções deste tipo. Outra fonte da empresa garantiu ao Sol que vão demorar dias a repor stocks para que estes voltem à normalidade.» [Jornal de Negócios]
Segundo o semanário, para conseguir o efeito que alcançou, a campanha teve de ser planeada com grande secretismo pelo departamento de promoções da cadeia de retalho, que tem um orçamento de três milhões de euros para acções deste tipo. Outra fonte da empresa garantiu ao Sol que vão demorar dias a repor stocks para que estes voltem à normalidade.» [Jornal de Negócios]
Parecer:
Este merceeiro holandês tem sentido de humor.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
Fundo de pensões do banco central norueguês livra-se da dívida portuguesa
«O fundo de pensões do Norges Bank vendeu toda a dívida portuguesa que tinha em carteira nos primeiros três meses do ano. As obrigações irlandesas também desapareceram desta aplicação.
O fundo de pensões global norueguês “vendeu todas as dívidas soberanas portuguesas e irlandeses no primeiro trimestre”, indicou a empresa num comunicado presente no site do Norges Bank Investment Mangament, o banco central da Noruega, que gere o fundo de pensões.» [Jornal de Negócios]
O fundo de pensões global norueguês “vendeu todas as dívidas soberanas portuguesas e irlandeses no primeiro trimestre”, indicou a empresa num comunicado presente no site do Norges Bank Investment Mangament, o banco central da Noruega, que gere o fundo de pensões.» [Jornal de Negócios]
Parecer:
Não confiam no governo português? A crer na argumentação da direita de que não havia crise financeira e que agora tudo está bem só assim se entende a decisão.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
SINDICATO DOS MAGISTRADOS JÁ ESCOLHEM ALTOS DIRIGENTES DO MP
«“Há uma razão que sintetiza todas as outras: o poder, seja lá de que natureza for, persegue e odeia os homens livres, mas favorece, protege e promove os medíocres e os sabujadores”, escreveu Pinto Nogueira aos magistrados do distrito judicial do Porto.
E continua: "Entendeu o conselho superior que não tinha que discutir nem proceder a qualquer explicação nem, muito menos, a uma qualquer justificação, uma vez que o voto foi secreto, assim se confundindo secreto com arbitrariedade".
Apesar da votação que reprovou a segunda renovação da comissão de serviço do procurador-geral distrital, que ocupava o cargo desde 2006, ter sido secreta o magistrado diz que quem votou contra a sua recondução foram quatro representantes do sindicato, quatro representantes do actual poder político o procurador-geral distrital de Coimbra, Euclides Dâmaso, que tem sido apontado como candidato ao cargo de procurador-geral da República.
Pinto Nogueira dirige-se de forma irónica ao SMMP dizendo-se “profunda e sinceramente grato pelas críticas positivas, regulares e constantes”, mas reconhece “a alta qualidade científica e técnica” das propostas que, ao longo de seis anos, recebeu.
O sindicato já reagiu insistindo que não tem “representantes” no conselho e lamentando "a falta de capacidade do dr. Pinto Nogueira para aceitar a deliberação democrática do órgão que até agora integrou e o desrespeito que pelo mesmo e pelos seus membros demonstra”.»
E continua: "Entendeu o conselho superior que não tinha que discutir nem proceder a qualquer explicação nem, muito menos, a uma qualquer justificação, uma vez que o voto foi secreto, assim se confundindo secreto com arbitrariedade".
Apesar da votação que reprovou a segunda renovação da comissão de serviço do procurador-geral distrital, que ocupava o cargo desde 2006, ter sido secreta o magistrado diz que quem votou contra a sua recondução foram quatro representantes do sindicato, quatro representantes do actual poder político o procurador-geral distrital de Coimbra, Euclides Dâmaso, que tem sido apontado como candidato ao cargo de procurador-geral da República.
Pinto Nogueira dirige-se de forma irónica ao SMMP dizendo-se “profunda e sinceramente grato pelas críticas positivas, regulares e constantes”, mas reconhece “a alta qualidade científica e técnica” das propostas que, ao longo de seis anos, recebeu.
O sindicato já reagiu insistindo que não tem “representantes” no conselho e lamentando "a falta de capacidade do dr. Pinto Nogueira para aceitar a deliberação democrática do órgão que até agora integrou e o desrespeito que pelo mesmo e pelos seus membros demonstra”.»
Parecer:
Isto começa a parecer a União Soviética.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»