Semanada

Não deixa de ser irónico que Passos Coelho que se revelou um admirador das virtudes do desemprego tudo faz para evitar a Relvas a felicidade de poder usufruir a oportunidade de mudar de vida. Relvas já é um cadáver político mas Passos Coelho tudo faz para evitar o seu funeral, lembra as famílias de um país asiático apanhadas a esconder os seus mortos para continuarem a receber a pensão.

Entretanto, Passos Coelho calou-se e desaparece, compreende-se, o que está em causa não é uma teia de relações de Miguel Relvas, é uma teia de relacionamentos que existe desde o assalto ao poder e que ao longo de muitos meses tudo fez para derrubar José Sócrates. A dúvida já não é saber se Relvas cai mas sim quando é que as notícias relacionadas com amigos de Relvas começam a envolver o próprio primeiro-ministro.

Enquanto os portugueses ficam a saber como o governo trata a democracia andam por aí três funcionários mais conhecidos como troika, vieram cá fazer de conta que tudo está bem para autorizarem mais uma gorjeta de quatro mil milhões a juros de 4,5%. Já se sabe que está tudo bem, graças às exportações da Autoeuropa, a alguns bons negócios de sapatos a dois dias de trabalho nacional agendados para dois feriados nacionais em 2013 e à venda da EDP aos chineses a economia portuguesa está melhor do que nunca, os sinais de crescimento multiplicam-se e o Álvaro até garante que Portugal vai coltar a se um caso de sucesso.

Entretanto, Cavaco Silva anda pela Ásia, ainda bem, se estivesse por cá ainda ficava com os olhos em bico com o que se vai sabendo, ainda iria desconfiar que algures na gaveta de Miguel Relvas está um clipping com pormenores da sua vinda íntima.