O senhor Ulrich, um funcionário da banca da Linha de Cascais
que chamou a si o triste papel de bombeiro ideológico do homem de Massamá teve
mais uma das suas brilhantes ideias, desta vez para sugerir a Passos Coelho que
proponha à senhora Merkel. Depois do país libertado pelos panzers da troika a
senhora vem aos territórios libertados apresentar aos indígenas o equivalente
ao plano Marshall.
O senhor Ulrich foi dos que mais ganharam graças a uma banca
sem qualquer controlo que praticava juros pornográficos, que cobrava comissões
abusivas, que empresatava dinheiro a rodos aos amigos, que não estava sujeita a
qualquer controlo, que enriquecia com a fuga de capitais e o branqueamento de
dinheiro sujo, que fugia aos impostos.
O senhor Ulrich ganhou muito dinheiro promovendo o crédito
ao consumo, pagando ninharias pelas poupanças de uns portugueses para cobrar
juros abusivos no consumo dos outros, desviando dinheiro da actividade
empresarial porque o crédito ao consumo proporcionava juros muito superiores.
O senhor Ulrich ganhou e continua a ganhar muito e bom
dinheiro comprando dinheiro no BCE a juros simbólicos para depois se aproveitar
da desgraça do país vendendo dinheiro a juros muito acima dos que são regra nos
mercados da dívida soberana.
Quando o senhor Ulrich ficou à rasca porque não tinha
capital para cobrir o risco dos cre´ditos que concedeu por incompetência ou em
negócios de amigos do banco foi pedir capital para se recapitalizar aos
portugueses, o governo amigo já lhe prometeu o perdão dos juros e são os contribuintes
portugueses a pagá-los à troika.
O senhor Ulrich vem agora insinuar que este povo de um país
com quase um milénio de uma história feita de dignidade quer que sejam os
alemães a pagarem-lhes as prestações sociais? Foi mais ou menos o que este
alarve disse:
«para apresentar uma base de negociação para o futuro
[com a Europa], mas não um programa de assistência social, não um programa para
que os alemães paguem as prestações sociais dos portugueses, isso eles nunca
farão.»
Que o senhor Ulrich seja de origem alemã e se sinta na
necessidade de defender os seus ancestrais de Hamburgo é uma coisa, outra é
ofender toda uma nação insinuando que há quem queira mendigar o que quer que
seja aos alemães, como se o país da senhora Merkel alguma fez tenha feito
sacrifícios para ajudar quem quer que fosse, não só não os fez como nunca pagou
os estragos que provocou em dezenas de países do mundo.
Se o senhor Ulrich quer lamber as botas à senhora Merkel,
que o faça, que lhe lambe as botas e mais o que lhe apetecer, talvez a senhora
Merkel tenha um momento de generosidade e se lembres de ajudar os portugueses
com ancestrais boches. Mas que insinue que há portugueses a querer que sejam os
alemães a pagarem as prestações sociais é demais.
O senhor Ulrich não tem autoridade moral ou política e nem sequer
representa capitais lusos (representa capital estrangeiro, algum dele manchado
de sangue) para falar assim deste país. O mínimo que este povo pode e deve
fazer é boicotar o seu banco porque com alarves destes boicotar o BPI não é um
mero gesto de protesto, começa a ser um dever de cidadania, um gesto em defesa
da dignidade de uma Nação.
PS: Ao contrário do que sucede nas televisões onde os jornalistas bajulam o sr. Ulrich tratando-o por dr, sem que o senhor esclareça que não o é, aqui será tratado apenas por sr, a menos que um dia destes nos apareça com um diploma da Lusófona. Não é por nada, é que neste capítulo somos rigorosos como os alemães, como os avozinhos do sr. Ulrich. Senhor com letra pequena.