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Periquitos-de-colar [Psittacula krameri], Campo Pequeno, Lisboa [J. Camacho]
Jumento do dia
Cavaco Silva
Em Portugal o ainda e infeliz Presidente da República discursa no 5 de Outubro sobre jovens como quem fossem os vitelos da Graciosa, da realidade do país prefere falar em Espanha.
«Na entrevista publicada na edição de hoje do jornal económico mais lido em Espanha, Cavaco Silva é questionado sobre a situação económica em Portugal, reconhece a contestação nas ruas e afirma que "os políticos não podem ignorar a voz do povo". O chefe de Estado português considera ainda que a União Europeia e o Banco Central Europeu (BCE) "tendem a reagir tarde", defende um papel mais interventivo do banco central na compra de dívida soberana e considera que a chanceler alemã Angela Merkel deveria ser "mais consistente" na defesa da moeda única.
Cavaco Silva escusa-se a avaliar as últimas medidas anunciadas pelo Governo português, remetendo mais explicações para o ministro das Finanças, mas recorda que a última avaliação da troika confirmou que "Portugal teria dificuldade em cumprir os objectivos de redução de défice orçamental como resultado da alteração da conjuntura internacional".» [Jornal de Negócios]
Fujam que vem aí a guarda!
Não deixa de ser curioso que a mesma direita e o mesmo PSD que extinguiu a Guarda Fiscal reduzindo-a a meia dúzia de guardas pretorianos da segurança do ministro das Finanças e pouco mais venha agora usar a guarda para ameaçar os portugueses. Há pouco tempo o governo já tinha "metido um cagaço" aos que fogem ao fisco com a história dos movimentos do Multibanco, depois veio com as gorjetas de IVA aos que pedem facturas, agora vem com a ameaça da guarda, um dia destes vão recorrer aos blindados de Santa Margarida e ainda vamos ver algum porta-aviões subir o Rio Douro até à Régua em busca de malandrecos que não pagam os seus impostos.
E se o governo se deixasse de ameaças da treta, deixasse de desorganizar a máquina fiscal com fusões mal conduzidas que apenas serviram para a DGCI criar lugares de chefia para os seus, promovesse a eficácia da sua máquina anti-fraude há muito dormente e a trabalhar a pertóleo? Não seria mais inteligente do que pensar que quem anda impunemente a fugir ao fisco e que tem a percepção de que a eficácia destes é cada vez menor se assusta com estas atoardas idiotas?
Enfim, é caso para dizer que com esta ameaça da GNR só nos podem estar a dar música:
Uma vergonha!
Hoje uma empregada auxiliar que ganha menos de 400€ líquidos veio perguntar-me o que podia fazer em relação a um carro que foi para a sucata em 2003 e em relação ao qual o fisco quer cobrar o imposto de circulação e as respectivas multas desde 2008.
Dantes o imposto era pago através da compra de uma estampilha, quando o carro era roubado ou ia para a sucata o proprietário deixava de comprar a estampilha e nunca mais tinha qualquer incómodo. Um bom cidadão fazia o que entendia ser cumprir com as suas obrigações, comportava-se como um “bonus pater familiae”, aquele que cumpre com as suas obrigações como um bom chefe de família.
Com a mudança do sistema de cobrança o fisco herdou as bases de dados e encontrou aí uma importante fonte adicional de rendimento para as receitas fiscais (o imposto) e para pagar as suas próprias despesas em tempo de cortes orçamentais (a multa).
Os responsáveis do fisco sabem que na maior parte dos casos as pessoas estão a pagar impostos e multas em relação a viaturas que à data a que se refrem esses impostos já não existiam? É evidente que sabem, da mesma forma que sabem que a maioria das pessoas está indefesa perante este comportamento oportunista, da mesma foram que sabem igualmente que alguns dos carros em relação aos quais estão cobrando multas e impostos já estariam podres.
Sabem mas a fome e o oportunismo têm mais força, de um lado perdoam-se os impostos sobre dividendos, nada se faz para combater a evasão fiscal e desorganiza-se o fisco, do outro usam-se bases de dados para roubar dinheiro a muita gente que já não o terem para dar de comer aos filhos.
Basta ir ao site do IMTT para se perceber o que se está passando, aquele organismo bloqueou com milhares de portugueses a solicitar a baixa de carros que há muitos anos já não existem. As bases de dados estão a ser limpas com base em impostos em multas. Aquilo a que estamos a assistir é puro oportunismo, num dia pede-se ajuda aos portugueses para ajudarem ao combate à evasão fiscal, no dia seguinte o mesmo fisco abusa dos portugueses.
Joana Marques Vidal
É injusto avaliar alguém pelos seus laços familiares mas a verdade é que depois da excitação da ministra a declarar que ia acabar a impunidade a escolha de Joana Marques Vidal leva-nos a recear que pudessem haver opções mais independentes e empenhadas na defesa da democracia.
Mas, como é normal nestas situações a nova Procuradora-Geral merece o benefício da dúvida e a confiança dos portugueses.
Esperem um pouco, que eu digo a um jornal espanhol
«No discurso do 5 de Outubro, escondido da populaça, o Presidente da República optou por falar de um tema importante, mas que - já aqui o disse várias vezes - nada tinha a ver com a delicada situação em que vivemos.
Algumas pessoas fizeram-me ver que o chefe do Estado prefere trabalhar nos bastidores, não proferindo uma palavra que possa incendiar, ainda mais, a frágil situação política em que vivemos. Achei o argumento fraco, mas enfim...
Eis senão quando, numa entrevista ao jornal económico 'Expansión', o mesmo Cavaco Silva revela o seu pensamento sobre a atual crise: Entre outras coisas acertadas, disse que se tem de ouvir o povo; que a política fiscal vai ter um efeito recessivo e que os empresários não têm expectativas positivas.
Ou seja, o que podia ter dito numa cerimónia oficial do Estado português, reservou para o dizer numa entrevista a um jornal estrangeiro. É curioso. Mais do que curioso, é feio.
Tenho, até, uma ou duas palavras para classificar este comportamento. Se fosse como o Presidente, di-las-ia quando um jornal espanhol quisesse saber a minha opinião. Como não sou, digo-as já: falta de tino e desorientação.» [Expresso]
Henrique Monteiro.
Um governo de "estranhos"
«Quero acreditar que o episódio da bandeira nacional ter sido hasteada ao contrário, na comemoração oficial da Implantação da República, nos Paços do Concelho de Lisboa, tenha sido o resultado de um acto deliberado de protesto e não uma mera desatenção. Esse acto, como rebeldia, honra a memória dos republicanos que, representados por José Relvas, ali proclamaram a liberdade e a democracia. Não só porque este governo inculto, em nome do dinheiro, acabou com a dignidade nacional que aquela data nos merece (e, também com o 1º de Dezembro, outra data que alicerça a nossa identidade enquanto portugueses) mas, também, porque é um governo de “estranhos” – um governo que actua permanentemente contra os portugueses e contra Portugal, em obediência cega, a interesses económicos e financeiros da Alemanha e aos interesses eleitorais da senhora Merkel. Por isso, neste momento, nada mais simbólico, do que inverter a Bandeira Nacional, enquanto acto de resistência.
O carácter antipatriótico deste governo não é mera retórica. Na quinta-feira, 4 de Outubro, aquando da discussão das moções de censura apresentadas pelo BE e PCP, na Assembleia da República, uma deputada, vice-presidente da bancada parlamentar do PSD, o principal partido que sustenta este governo, de nome Teresa Leal Coelho, disse com profunda convicção: “este debate está a ser pago, está financiado pela troika que financia os vencimentos de quem aqui falou”. E não foi uma voz isolada. Os seus companheiros de bancada aplaudiram a descabelada intervenção da senhora deputada ou sorriram satisfeitos com tamanha atoarda. Esta curta frase, proferida no Parlamento, um órgão de soberania eleito democraticamente, por um dos seus membros, concentra todo o programa e actuação do governo contra a maioria dos portugueses. Quando o partido que governa Portugal entende que os órgãos de soberania do Estado, desde o Presidente da República aos tribunais, passando pelo governo (deve-se concluir que não são só os deputados), “são pagos” pela “troika”, e não pelos portugueses, compreende-se melhor o que vai na cabeça do primeiro-ministro e dos seus ministros, sobretudo o ministro das Finanças. Em síntese: o governo e o grupo parlamentar do PSD servem “quem lhes paga” e quem lhes paga, no seu retorcido entendimento, é a troika e a senhora Merkel. Está tudo dito. E nem vale a pena lembrar-lhes que se fosse a troika a pagar não era necessário o brutal aumento dos impostos que atiram para a pobreza a maioria dos portugueses. São os portugueses que pagam e com juros elevados, mas o governo e o PSD não entendem o elementar.
A senhora deputada do PSD fez o favor de, num momento de sinceridade, dizer tudo sobre este governo de “estranhos” e as suas políticas contra os portugueses e contra Portugal. Chegados a este ponto de degradação política, naturalmente os portugueses massacrados desencantam-se não só com este governo, mas com a actividade política em geral, se não mesmo com a democracia. É o próprio regime democrático que está em causa. Para sairmos deste poço em que caímos, mais do mesmo não chega. Precisamos de uma onda de desassossego democrático, de inconformismo libertário, tarefa a cargo dos cidadãos. Do mesmo modo que precisamos de uma renovação que mobilize os portugueses, de novo, para a liberdade e a democracia, colocando o Estado ao serviço dos cidadãos e da cidadania, tarefa a cargo dos partidos políticos. Se isso não acontecer, este regime moribundo fina-se definitivamente.
PS. 1 – O PCP, na sua moção de censura, a leste do que se passa, define este caminho: “uma política alternativa patriótica e de esquerda, que retome os valores de Abril e dê corpo ao projecto de progresso que a Constituição consagra”. O que é que isto quer dizer na situação em que vivemos?
PS. 2 – O BE sonha em tomar o lugar eleitoral do PS: “basta olhar para o desaparecimento do PASOK na Grécia e nas sondagens já surge em 5º lugar, atrás da direita nazi e do PKK.” Este é o seu principal objectivo.
PS. 3 – O PS tem a tentação de esperar pelo dia em que o poder lhe cairá nas mãos, por esgotamento deste governo, sem cuidar de se transformar na força motriz de uma renovação do regime democrático. Assim, irá na água do banho.
PS. 4 - E os portugueses, senhor, porque lhes dais tanta dor? Porque padecem assim?» [i]
Tomás Vasques.
Passos Coelho até já fala em justiça
«"Os portugueses deverão esperar um orçamento que é de dificuldade, que representa um acréscimo muito significativo da carga fiscal para o próximo ano mas que não deixa de ser um orçamento mais justo no sentido da divisão equitativa do esforço que é pedido a todos os portugueses na medida em que os rendimentos são taxados do ponto de vista fiscal de uma forma mais alargada e mais progressiva", referiu Passos Coelho aos jornalistas à margem do seminário ‘A Emigração Portuguesa na Europa - Desafios e Oportunidades', que decorre no Porto esta segunda-feira.» [CM]
Parecer:
Um ano depois e com as cuecas cheias de mijo Passos Coelho até se lembra de ser justo.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Derrube-se este governo de imbecis.»
Maçonaria: quem se mete com o Relvas leva
«O rasto informático de uma carta que um funcionário da RTP, membro de uma loja da maçonaria, enviou ao grão-mestre do Grande Oriente Lusitano (GOL), Fernando Lima – onde se lhe pedia que expulsasse Miguel Relvas da loja maçónica – foi a forma encontrada para chegar à identidade do autor do documento, segundo revelava ontem o jornal “Sol”. Após ter sido descoberto, o maçon em causa foi suspenso mas, segundo o “DN”, já recorreu da decisão.» [i]
Parecer:
A Maçonaria portuguesa vai muito longe com gente como o Relvas.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se.»