Se questionado sobre o alto nível da carga fiscal que
resultará do aumento de impostos que vai impor aos portugueses com o próximo OE
o ministro das Finanças responderá que ainda assim estamos longe das cargas fiscais
mais elevadas da Europa. Mas se for questionado sobre que países aplicam
impostos mais elevados, que modelo de Estado existe, qual o nível de
vencimentos dos seus funcionários, o Gaspar responderá que tudo isso são cenas
a que a ele não lhe assistem.
Se questionado sobre a competitividade das empresas
portuguesas o ministro das Finanças dirá que os trabalhadores portugueses ganham
demais, consomem demais, vivem demais se comparados com trabalhadores de países
nossos concorrentes como a China ou a Roménia. Mas se lhe recordarmos que as
empresas que exportam produtos com mais valor acrescentado e que são mais
competitivas no mercado internacional são precisamente as que pagam melhor e,
como sucede com a Autoeuropa, negoceiam com os seus trabalhadores sem
precisarem das chantagens do governo responderá que isso são cenas que não lhe
assistem.
Se questionado sobre o risco de o Estado perder os seus
melhores quadros em consequência do seu ódio ao funcionalismo e da sua política
de salários de miséria o ministro responderá que os funcionários públicos
ganham mais do que os do sector privado. Mas se alguém lhe recordar que está a
comparar salários de magistrados e médicos com os da construção civil e que as
consequências da sua política será a desertificação dos tribunais e dos
hospitais o Gaspar dirá que isso é uma cena a ele não lhe assiste.
Se questionado sobre a razão porque no momento em que
pretende reduzir a despesa só se lembra de eliminar direitos e rendimentos dos
funcionários o ministro responderá que os custos com os trabalhadores
representam uma parte significativa e que a despesa desses trabalhadores, ao
contrário da dos mais ricos, é uma despesa inútil, que apenas estimula o
consumo. Mas se for questionado porque está a promover uma colossal
transferência de rendimento dos mais pobres para os mais ricos o Gaspar
responderá que a justiça social é uma cena que a ele não lhe assiste.
Tal como com o Guedes, do vídeo do skate que se tornou
viral, também com o Gaspar o medo é uma cena que não lhe assiste, não tem medo
de levar a economia à ruína, de expulsar os melhores quadros do país, de
destruir o que se conquistou e construiu durante mais de quarenta anos. O
Gaspar é um verdadeiro Guedes da política, a loucura e irresponsabilidade
leva-o a que o medo seja uma cena que não lhe assiste, até porque é o
governante português que conta com mais homens armados a protege-lo.