segunda-feira, outubro 15, 2012

Jogar pelo seguro

Depois da exibição de incompetência em matéria fiscal o ministro das Finanças exibe uma nova faceta no domínio da fiscalidade, a cobardia. Por incompetência ou por intenção o ministro das finanças falhou em tudo na execução orçamental de 2012, todas as suas previsões se revelaram um fiasco, a receita fiscal teve um desvio colossal negativo em relação ao previsto, a queda da actividade económica foi muito superior ao estimado, do desemprego nem vale a pena falar.

Os erros são tão grosseiros e de tal dimensão que até o merceeiro do meu bairro, que passa metade do dia a dormir com o queixo descansando em cima da barriga, teria feito muito melhor. Os erros cometidos por este ministro são de tão grande dimensão que ou revelam uma tal incompetência que já devia ter sido demitido, ou são tão intencionais que devia ser levado perante a justiça, agora que dizem ter acabado a impunidade.

Depois de ter desorganizado a máquina fiscal, de ter transformado os funcionários do fisco em pouco mais do que empregadas domésticas, de ter empurrado importantes sectores da actividade económica para a ilegalidade fiscal, o ministro já não confia nas suas próprias previsões e recupera dos erros e do desvio colossal de 2012 indo aos salários, não os pagando aos funcionários públicos e pensionistas e retendo os do sector privado sob a forma de IRS.

Acabou-se a política fiscal, o fisco foi transformado num instrumento de desvio de rendimentos dos contribuintes e os impostos s cobrar devem ser os mais fáceis, os da classe média e os dos pobres. Os dos ricos não são rendimentos, são capital e por isso devem ser protegidos, mesmo que seja capital que ninguém investe ou que mandam para a protecção das off-shores.

Esta política fiscal não só vai lançar a economia numa recessão muito superior à das previsões aldrabadas pelo ministro, como vai destruir uma boa parte do Estado português ao lançar a Administração Pública no marasmo, empurrar sectores inteiros da economia para o paralelo e desorganizar a máquina fiscal. É inaceitável transformar os funcionários do fisco em gangsters, humilhar toda a função pública com uma paranóis doentia contra os seus rendimentos e direitos e forçar os empresários a criar sacos azuis para poderem manter os seus trabalhadores.

Com esta política brutal, mais própria de quem odeia o seu país e o tal povo de que disse ser o melhor do mundo, não é só o desemprego e um governo absurdamente incompetente, imbecil e impreparado que convida os jovens e desempregados a abandonar o país, são também todos os quadros que estão a ser expulsos ao verem os seus salários serem reduzidos ao nível dos de uma empregada doméstica.

Descontados os impostos, as despesas de deslocação, os trapos e a alimentação ao vencimento de um professor este fica com menos dinheiro do que uma empregada doméstica que não tem de usar carro, não precisa de comprar roupas para se apresentar condignamente e come na casa dos patrões. Um país assim não funciona, só que o ministro das Finanças e os seus assessores estão acima desta realidade e continuam a bricar com os portugueses como se fossem bichinhos da seda, para eles os portugueses não são cidadãos como eles, são bichinhos da seda que eles alimentam como bem entendem com folhas de amoreira.