quinta-feira, outubro 11, 2012

Cinismo


A estratégia do homem de Massamá de dividir os portugueses atirando uns contra os outros está dando resultado e a forma como partidos, políticos, autarcas e jornalistas evidencia um profundo cinismo, é o salve-se quem puder e cada um segue a velha máxima de que pimenta no rabo dos outros sabe a refresco. Infelizmente é quase todo um povo que ignora que o país está a ser empurrado para o abismo por uma política irresponsável e cada um em vez de o tentar impedir olha para os seus próprios interesses.
Compare-se o dramatismo que está a ser colocado na questão do IMI, com muito boa gente a defender um travão ao aumento do imposto que em tempos foi uma bandeira do CDS.
 
Imagine-se que um cidadão beneficiou nos últimos trinta anos de um preço inalterado no tabaco que fuma. A situação agora seria a seguinte: quem fuma SG Gigante há trinta anos paga 6 escudos e 50 centavos por cada maço, o que em euros daria 0,0325€; quem fume há pouco tempo pagaria 4,20€. A crer nos argumentos em defesa do travão no IMI quem paga 4,20€ continua a pagar esse montante mais os aumentos sem qualquer travão, quem paga os 0,0325€ beneficiaria de um travão para que o preço não ultrapassasse os 0,04€!
  
Quando os funcionários públicos depois de perderem poder de compra durante uma década, de terem perdido direitos, sofreram um corte de 10% nos vencimentos seguidos do corte de dois subsídios fez-se silêncio. Quando os cortes chegaram aos pensionistas mesmo estando em causa uma violação grosseira dos seus direitos o país ficou em silêncio, argumentou-se que os funcionários ganham mais do que a média dos portugueses e que o ajustamento devia ser feito através da despesa. Toda a gente sabe que os argumentos são falsos, mas deu jeito e fez-se silêncio.
   
Ninguém defendeu que no sector privado se aplicasse o mesmo princípio que ao público, se o ajustamento deve ser feito com base nos vencimentos é óbvio que no sector privado a competitividade para pela redução dos custos e o único que pode baixar são os salários. Sem competitividade não há cortes dos salários dos vencimentos dos funcionários que salve o país. Mas fez-se silêncio.
  
Quando por causa dos malfadados juízes do Constitucional foi necessário redistribuir a austeridade e o governo decidiu dar o golpe da TSU foi o ai Jesus. Não por causa do escândalo de funcionários e pensionistas que nada têm que ver com a TSU continuarem a perder os dois subsídios para que um servisse para financiar os patrões do sector privado. A austeridade chegou ao bolso dos jornalistas e dos advogados que enchem as televisões e foi o que se viu, até descobriram que o corte aos pensionistas tinha sido um abuso!
 
O azar de Passos Coelho é que é um político tão fraquinho que nem consegue aproveitar a divisão que tem conseguido promover e a exibição de oportunismo que tem estimulado. O problema é que um dia destes o Passos apanha o primeiro avião e deixa atrás de si um país falido, com o povo dividido e com cada um a culpar o vizinho por todos os males. É assim que se conduz um país a uma guerra civil