sábado, outubro 13, 2012

O sofrimento de Paulo Portas


Como deverá ter sido humilhante ouvir um deputado do PCP ler-lhe uma carta e os seus aliados de coligação rirem-se dele à gargalhada, como se estivessem a rir de uma anedota de louras e a loura fosse o próprio Paulo Portas. Como deverá ser humilhante ser gozado em pleno hemiciclo por gente que lhe é intelectualmente inferior e que só ainda estão no poder graças à sua paciência.
 
Como deverá ter sido humilhante ter feito recuar a TSU por se ser contra um aumento de impostos e logo de seguida o Vítor Gaspar vingar-se da sua ousadia e forçá-lo a aceitar o mais brutal aumento de impostos de que há memória na Europa Ocidental, forçando-o ao enxovalho público.
 
Paulo Portas pensou que podia confiar em Pedro Passos Coelho e Miguel Relvas com a mesma confiança que o tinha feito em relação a Durão Barroso e a Manuela Ferreira Leite e enganou-se, percebeu tarde a gente com que se tinha metido e mal as sondagens revelaram um CDS a resistir à crise melhor do que o PSD foi promovido a inimigo interno do governo.
 
Como será difícil a Paulo Portas perceber tardiamente a gente com que se tinha metido, estando agora rodeado de inimigos que tudo farão para o destruir e preso a uma política económica conduzida por um extremista que não está disposto a aceitar os seus erros e ainda acredita que vem aí a sua salvação com a mesma convicção com que Hitler acreditava, desde o fundo do seu bunker e com os soldados os soldados russos a chegar, que ainda tinha exércitos capazes de levar o III Reich à vitória.
  
Como será difícil a Paulo Portas manter-se num governo que ele suporta convencido de que está defendendo o país quando percebe que esse governo já não governa e uma boa parte dos ministros estão mais ocupados a destruí-lo do que a enfrentar a oposição.
 
Como será difícil a Paulo Portas derrubar um governo de gente capaz de tudo para atingir os seus fins sem a a garantia de que Cavaco Silva livra o país deste trio formado por Passos, Relvas e Gaspar, permitindo-lhes continuar a ter o poder económico e judicial ao seu dispor para perseguir os seus adversários ou, como ameaçou a ministra da Justiça, para acabar com a impunidade, o que em linguagem de extrema direita pode significar eliminar politicamente os seus adversários.
   
Como deve ser difícil a Paulo Portas ver a gente com que se meteu e lembrar-se do tempo em que dizia com quem aceitava ir ou não para o governo. Como deve estar arrependido de tanta coisa que disse e fez, agora que está sendo vítima da vingança daqueles que ajudou a serem governo.