Quis o destino que depois de a ministra da Justiça ter
ameaçado que tinha acabado o tempo da impunidade o Jornal Público tem vindo a
apresentar a noverla dos negócios da Tecnoforma, uma empresa falida e com dívidas
ao fisco que foi administrada por Passos Coelho, um homem de uma raça que paga
todas as suas dívidas. Quem deve estar radiante é a nova Procuradora-Geral, uma
senhora da melhor linhagem cavaquista, que tem aqui uma oportunidade de
confirmar que acabou mesmo o tempo da impunidade.
Mas este não é apenas um tempo de impunidade, é também um
tempo de insanidade, o país já vai na terceira versão do OE e o Conselho de
Ministros não se cansa de reunir para fazer upgrades orçamentais. Quem não
deverá sofrer de inanidade, mas já se deverá sentir a fazer figuras de parvo,
ao ponto de começar a ter um problema de personalidade pois já se deve julgar o
sôr Álvaro, é o Durão Barroso. O pobre comissário português alvorado em
presidente da Comissão Europeia já tinha dado o OE por aprovado, ainda antes de
qualquer português além de Passos, do governo e o Borges, tivesse conhecimento,
e depois o governo ainda foi reunir vinte horas para que agora se prepare para
mais vinte horas.
Quando o país já esperava pela próxima oportunidade de
Cavaco Silva fazer mais um dos seus discursos dramáticos, talvez para se
pronunciar sobre a relação entre o sorriso satisfeito das vacas da Graciosa e a
qualidade do queijo da Ilha, foi surpreendido por mais uma mensagem no Facebook
onde Cavaco diz, não se abe muito bem a quem, que há limites para os apertos
orçamentais. Isto é um mau prenúncio, desde a última vez que Cavaco Silva disse
uma coisa do género já passaram mais de doze meses e o país ficou de tanga.
Quando voltar a dizer o mesmo já Portugal deverá estar a pedir ajuda ao Burundi,
algo que é de considerar agora que o inteligentíssimo Gaspar anda em busca de
alternativas de financiamento pois terá acesso ao mercado em Setembro de 2013,
mas agora é ele que está fazendo uma birra e diz que não, obrigado.
Mas os portugueses podem estar felizes, depois da crise
lançada pró Cavaco porque não havia pachorra para mais impostos e do choradinho
de Passos Coelho contra aumentos de impostos, agora temos um governo que não
cobra impostos, limita-se a dar aos portugueses o que sobre, primeiro serve o
Gaspar, uns milhares de milhões por conta do desvio colossal da execução fiscal
de 2012, outros tantos para compensar a sua incompetência em 2013, mais alguns
para satisfazer as experiências da troika e algum para margem de erro e pronto,
feitinhas as contas tomem lá o que sobrou.