Há uns dias para justificar o golpe da TSU o
primeiro-ministro dramatizou durante meia hora, o resultado foi um desastre, o
povo foi para a rua, o governo correu às fraldas para incontinentes e Pedro
Passos Coelho desapareceu, ao que parece aproveitou o último feriado do 5 de
Outubro para ir a Bratislava a uma reunião de vendedores Avon.
Foi uma injustiça, tudo estava a correr bem e agora que o
Gaspar tinha forma de arranjar o dinheiro para uma estimulante política de crescimento
veio o Passos e estragou tudo. Mas o governo tem o Super Gaspar que em meia
dúzia de dias tira dois mil milhões daqui e coloca ali, a sua unidade de medida
não é nem o euro nem o milhão de euros nem os mil milhões de euros, a unidade
de medida do Super Gaspar é o vencimento, até porque desta forma só se
incomodam as cigarras e ficam de fora as formigas patronais, um vencimento de
funcionários e pensionistas, dois vencimentos de funcionários e pensionistas,
um vencimento de funcionários e pensionistas mais um dos privados, para o Super
Gaspar todas as medidas de política económica são medidas em vencimentos.
É evidente que o Super Gaspar, que em todos os seus
discursos aprecia fazer profissões de fé na democracia, ignora valores
constitucionais, despreza o parlamento, tudo o que respeita ao regular
funcionamento da democracia são cenas que ele desconhece, por isso o Durão
Barroso fez de secretário de Estado da Presidência e informou este povo
desprezível que já tinha aprovado as medidas que substituíam a TSU. Aliás, o Super Gasparzinho não só é um defensor da democracia como aprecia a concertação social o que, aliás, não se cansou de afirmar, não só terá negociado tudo como recolheu algumas ideias, foi o caso da medida mais importante, o aumento do imposto sobre o tabaco. E o que entende o Super Gasparzinho por diálogo político e concertação social? Ignorar a oposição parlamentar, incluindo a que assinou o memorando, ignorar os sindicatos e chamar os patrões ao meio dia e obrigá-los a ficar calados. Brilhante!
No dia seguinte o Passos Coelho desapareceu, talvez tenha
caída no alçapão de algum teatro da capital, e veio o Gaspar dar uma
conferência de imprensa que segundo o próprio nada tinha que ver com qualquer
acontecimento recente, era apenas a continuação da eu anteriormente tinha dado.
Para o Gaspar tudo se mede em vencimentos e a realidade é cronologicamente
pautada pelas suas intervenções, tudo o resto são cenas da realidade que não lhe
assistem.
E quais são as medidas que substituem a TSU? Nada mais nada
menos do que um aumento de impostos tão duro que nem as ratazanas vão encontrar
comida nos caixotes do lixo. Mas milagre dos milagres, no segundo semestre de
2013 já será palpável a erecção da economia portuguesa. É o milagre económico
português, quanto mais o Gaspar corta vencimentos mais promete crescimento, o
problema é que o crescimento económico espanhol é pontualmente muito mais
atrasado do que o comboio espanhol, nunca mais chegará.
O divertido é ver essa personagem minúscula armada em Super
Gaspar deleitar-se a chamar às suas medidas um aumento brutal de impostos. O
Super parece ter um enorme complexo de inferioridade, o que basta olhar para o
coitado para se perceber, e aprecia palavras duras, dantes elogiava a política
robusta, agora evoluiu para o “brutal”.
E o que justificou este aumento brutal de impostos? A
acreditar na primeira parte da comunicação ao país a brutalidade desta política
deve-se aos seus grandes sucessos, o ajustamento corre às mil maravilhas, os
resultados estão a superar tudo o que se poderia imaginar, garças às medidas do
BCE a que o Gaspar se opunha até os mercados estão simpáticos. Ora se uma
política robusta estava a ter tanto sucesso então a solução era passar de
robusta para brutal.
É evidente que a evasão fiscal, o aumento da dívida, o
défice brutal nas contas públicas, a inércia da máquina fiscal, a total
ausência de combate à fraude e evasão fiscais, as benesses fiscais concedidas
às empresas mais lucrativas, tudo isso são cenas que não assistem ao ministro,
digamos que são coisas que não se passam em Portugal e devem ser imputadas à
responsabilidade do faroleiro das Berlengas. Foi o faroleiro das Berelengas que
provocou um buraco fiscal nos primeiros seis meses de 2012 equivalente a um BPN
ou a três meses de PPP ou, para usar a unidade de medida do Gaspar, um vencimento a todos os portugueses.