segunda-feira, outubro 08, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura


 
   Foto Jumento
 

Pombo-torcaz [Columba palumbus], Quinta das Conchas, Lisboa
   
Imagens dos visitantes d'O Jumento
 

   
Idanha-a-Velha [A. Cabral]   
A mentira do dia d'O Jumento
 


Enganaste-o? Aumentaste os impostos sem lhe dizer nada? Enxovalhaste-os em pleno hemiciclo da carta que ele escreveu à família em que dizia que namorada por patriotismo mas não estava disposto a ser violado? Juntas-te ao Relvas e riste-lhe na cara? Então se o enganaste agora casas por ele, não Gostas dele? Terá de casar, por patriotismo!

Jumento do dia
  
Eduardo Catroga
 
Se este idoso que detesta discutir pentelhos, a não ser que sejam os que a EDP lhe paga, tivesse a noção do bom senso em vez de aparecer a dar entrevistas desparecia da cena política, já deu demasiados prejuízos ao país.
     
 Diminuir o número de deputados?

Seguro poderia ter proposto a diminuição de serviços do Estado, poderia ter exigido a redução do número de câmaras municipais, poderia ter proposto uma infinidade de cortes na despesa pública, desde a redução de chefias ao fim de muitos benefícios fiscais a fundações da treta.
  
Mas Seguro optou por não propor nada disso, optou pela proposta de reduzir o número de deputados, alinhando com a direita e mesmo com a extrema-direita escolheu o dia 5 de Outubro para fazer passar a mensagem populista de que há deputados a mais. 
  
Enfim, vale a pena comparar o discurso de António Costa com esta proposta de Seguro. Quem não os conhecesse diria que o primeiro é o secretário-geral do PS e o segundo é líder local da JS e candidato a líder distrital.
 
 Competência perversa


Vítor Gaspar gosta de se apresentar como uma cirurgião da economia, para ele a política económica é como uma ciência médica, há uma relação unívoca entre a doença e a cura e para salvar o doente não se olha aos meios, aplica-se o protocolo médico mesmo que isso tenha custos. Não admira que para Vítor Gaspar a classe média esteja a mais no modelo económico que imagina, numa economia que aposta na não de obra não qualificada, o Estado está a mais, o país não precisa de gente qualificada, a classe média é um peso que retira competitividade à economia, Logo, a classe média está para a economia como a gangrena está para uma perna, não admira que o ministro das Finanças não esconda o seu principal objectivo, acabar com a classe média, é cara, torna-se o Estado mais necessária e ainda por cima é politicamente mais activa e esclarecida.
  
Desde a primeira versão da sua política económica que Vítor Gaspar tenta passar a mensagem de que a economia só tem uma salvação, as medidas que resultam do seu grande conhecimento e só ele é que sabe o que fazer. O ministro da Economia não conta, o Paulo Mortas que engula as cartas que escreve aos militantes do CDS, o povo que se lixe pois para isso é que é o melhor povo do mundo e o primeiro-ministro se conseguir perceber o que lhe manda dizer já era um pau, até aqui tem falhado e cada vez que o Passos dá uma entrevista o Gaspar tem de convocar mais uma conferência de imprensa.
  
Mas se a economia fosse um doente e Vítor Gaspar fosse o seu médico a esta hora e depois de várias tentativas de cura de uma gripe o doente já estaria sem pernas e sem um dos braços. O competentíssimo ministro das Finanças, esse guru que o país mal conhecia, em pouco mais de um ano já aplicou as terapias mais antagónicas para o mesmo mal e tendo por ponto de partida o mesmo memorando com a troika.
  
Começou por colaborar num programa de governo que não chegou a aplicar, rapidamente mandou o Passos Coelho acrescentar ao “mais troikismo do que a troika” o “custe o que custar”. E já se viu o que custou, depois de inventar o famoso desvio colossal as ideias de Vítor Gaspar custaram dois vencimentos à Função Pública e aos pensionistas, dois grupos de cidadãos que na opinião de Vítor Gaspar fazem parte da gangrena social que é necessário extirpar.
  
Enquanto cortava vencimentos o Gaspar nem queria ouvir falar de crescimento, até gozou com o seu colega Álvaro, quando lhe perguntou “qual das três palavras não percbeu”. O facto de ter gozado com o Álvaro não destoou, todos os portugueses já gozaram com essa pobre alma mais de uma dúzia de vezes, o problema é que o Álvaro estava sugerindo medidas para promover o crescimento. Gaspar preferia ignorar qualquer medida de apoio ao crescimento e até o sugeria que tal milagre ocorreria no segundo semestre de 2012.
As coisas estavam a correr bem ao Gaspar, uma boa parte da classe média estava em extinção, mas o desemprego veio estragar tudo, havia um desvio colossal entre as previsões e as taxas de desemprego. Desvio colossal? Sempre que há um desvio colossal o Gaspar reage como o cão de Pavlov e teve logo uma brilhante ideia, a melhor forma de combater o desemprego colossal seria tirar um vencimento aos trabalhadores do sector privado para o dar aos patrões.
  
O povo não gostou e em homenagem ao melhor povo do mundo o Gaspar não perdeu tempo, decidiu um aumento brutal de impostos e todos os trabalhadores portugueses ficam sem um vencimento.
   
Em poucos meses a economia foi sujeita a quatro terapias, aumentos dos impostos sobre o consumo, cortes de vencimentos, alterações na TSU e aumento brutal de impostos sobre o rendimento do trabalho. Agora para que o competente Gaspar fique feliz só lhe falta tirar a cabeça ao doente porque o mal está aí. Ao contrário do que muitos dizem o ministro das Finanças é muito competente, se considerarmos que o seu objectivo é a eliminação da classe média e não o ajustamento financeiro facilmente perceberemos as suas opções.
   

  
 O mais paciente dos povos
   
«1 Convenhamos, numa semana em que é anunciada a destruição da classe média, num mês em que se assistiram a enormes manifestações contra o Governo, numa altura em que os portugueses anseiam por quem os represente, por quem dê voz ao seu descontentamento, não se estava propriamente à espera que o Presidente da República nos viesse falar de educação. Digamos que quando Cavaco Silva veio lembrar que há limites para os sacrifícios a situação não era sequer parecida com a que hoje vivemos. Parece ser um bocadinho curto referir, quase a medo, que é preciso dar sentido ao esforço dos portugueses, num momento em que estes não conseguem vislumbrar uma luz ao fundo do túnel, em que o desespero está instalado, em que precisam de esperança como de pão para a boca.
  
De facto, o discurso do 5 de Outubro de Cavaco Silva contribuiu para o sentimento de orfandade, utilizando toda a moderação deste mundo, dos portugueses em relação aos políticos. Existe, porém, uma razão para que o Presidente da República tenha feito o discurso que fez. Como toda a gente já reparou, a coligação governamental acabou e o Governo está ligado à máquina: Cavaco vai ter de arranjar uma solução de Governo e não é o momento para criar conflitos com quem quer que seja. Portas já aguentou os enxovalhos que tinha de aguentar e o líder do CDS sabe que se pactuar com este brutal aumento de impostos perde toda a sua base de apoio e enterra definitivamente o que resta da sua credibilidade. É bem verdade que Portas perderá sempre, quer fique no Governo, quer saia. Mas também é verdade que a posição de Portas é insustentável. E não vale a pena apelar à compostura e lembrar a situação do País: a risota de Passos e Relvas quando Honório Novo mostrava a carta que Paulo Portas enviou aos militantes diz tudo sobre o sentido de Estado dos referidos senhores.
  
E nem vale a pena lembrar o discurso de Mota Soares, que conseguiu fazer de Ministro e de oposição ao mesmo tempo, ou ter assistido à reacção da bancada do CDS ao discurso do primeiro-ministro. Cavaco sabe que a relação entre CDS e PSD morreu. Mas o Presidente da República sabe muito mais. Sabe que não é possível governar contra tudo e contra todos e, sobretudo, contra as pessoas. Numa ditadura os mercados e os credores podem ficar à frente das pessoas, numa democracia não. No discurso do 5 de Outubro, Cavaco não falou do País nem para o País porque está demasiado ocupado a pensar que tipo de solução governativa vai arranjar para Portugal. É bom que assim seja.
2 O homem que veio apresentar o maior assalto fiscal de que há memória, substituindo o outro que nos prometeu ser sempre ele a apresentar as más notícias, por uma vez acertou. O homem que fez dos orçamentos rectificativos uma rotina, que em Maio não conseguiu, nem aproximadamente, prever o desastre na execução orçamental, que tem o descaramento de afirmar que estamos no bom caminho quando apesar de todos os sacrifícios, todas as falências, todo o desemprego, nem os objectivos do défice conseguiu assegurar, numa coisa não se enganou: a desigualdade vai diminuir. Como não se pode diminuir a desigualdade aumentando o padrão de vida dos mais pobres, acaba-se duma vez por todas com a classe média e ficamos todos pobres. A classe que só era média pela medida portuguesa desaparece. Portugal, que já constava do triste rol dos países em que um cidadão podia ser muito pobre tendo trabalho, vai ter agora um papel de destaque nessa infelicíssima lista.
  
Claro que a desigualdade vai diminuir, vai diminuir e muito. Ficamos todos pobres com meia dúzia de ricos que vão acabar por fugir a sete pés para paragens onde possam investir o seu dinheiro. Daqui a uns meses, muito poucos, vamos perceber que o ministro das Finanças apenas acertou na questão da desigualdade. Claro que os objectivos do défice não serão alcançados. O desemprego vai brevemente chegar aos 20% e as poucas empresas que restam falirão. Mas a Vítor Gaspar isso não perturba desde que os mercados estejam satisfeitos. Gaspar e Passos parecem desconhecer que o assalto anunciado acelerará furiosamente o processo de desagregação social e lançará o País no mais absoluto caos. A miséria, o desespero, a desobediência civil farão parte do nosso quotidiano.
  
Podemos não ser o melhor povo do mundo, mas somos certamente o mais paciente com a loucura e a incompetência.» [DN]
   
Autor:
 
Pedro Marques Lopes.   
     
     
 Empresários em greve?
   
«"Vontade não nos falta, tenho que confessar, porque muitas vezes a letargia, a burocracia e os anúncios inesperados do Governo levam-nos a um grande grau de indignação", diz.
   
Crítica o Governo por não ter liderança, nem pensar o crescimento económico: "Aquilo que eu exigiria deste Governo é que ao fim de 15 meses tivesse ido um pouco mais longe. E contrapõe a resiliência da maior parte das empresas portuguesas nesta crise e ao longo dos 13 últimos anos: Falta-nos é algum músculo e dimensão, daí que tenha defendido em sede própria que é preciso promover as fusões e concentrações."» [DN]
   
Parecer:
 
Bem, Portugal já teve um primeiro-ministro que declarou o governo em greve.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
      
 CIP quer ser secretaria de Estado do Imposto do Tabaco?
   
«A proposta da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) de aumentar a taxa do imposto sobre o tabaco incidiria mais sobre tabacos de enrolar que sobre cigarros.
  
Em resposta a questões da Lusa, a CIP explicou a sua proposta de aumento do imposto sobre o tabaco em 30 por cento seria "diferenciada por produto".
   
O aumento teria "uma incidência superior a 30 por cento nos produtos que não sejam cigarros e inferior a 30 por cento nos cigarros, de modo a evitar desvios de consumo prejudiciais à produção nacional, assegurando-se ainda deste modo uma maior eficácia da medida em termos de receita", afirmou à Lusa Daniel Soares de Oliveira, chefe de gabinete do presidente da CIP, António Saraiva.» [DN]
   
Parecer:
 
O poder caiu na rua.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
   
 Negócios entre amigos
   
«A Tecnoforma, uma empresa de que Passos Coelho foi consultor e administrador, dominou por completo, na região Centro, um programa de formação profissional destinado a funcionários das autarquias que era tutelado por Miguel Relvas, então Secretário de Estado da Administração Local
      
Os números são esmagadores: só em 2003, 82% do valor das candidaturas aprovadas a empresas privadas na região Centro, no quadro do programa Foral, coube à Tecnoforma. E entre 2002 e 2004, 63% do número de projectos aprovados a privados pelos responsáveis desse programa pertenciam à mesma empresa. 
   
Ao nível do país, no mesmo período, 26% das candidaturas privadas que foram viabilizadas foram também subscritas pela Tecnoforma.
   
Miguel Relvas era então o responsável político pelo programa, na qualidade de secretário de Estado da Administração Local de Durão Barroso, Paulo Pereira Coelho era o seu gestor na região Centro, Pedro Passos Coelho era consultor da Tecnoforma, João Luís Gonçalves era sócio e administrador da empresa, António Silva era seu director comercial e vereador da Câmara de Mangualde. Em comum todos tinham o facto de terem sido destacados dirigentes da JSD e, parte deles, deputados do PSD.
  
O programa Foral foi lançado por António Guterres em 2001, com dinheiro do Fundo Social Europeu e do Estado português. E ao longo dos cerca de seis anos da sua execução absorveu cerca de 100 milhões de euros. 
   
Os principais beneficiários foram, de longe, os 278 municípios do Continente, numerosas juntas de freguesia, associações de municípios, empresas municipais, sindicatos, associações profissionais e outras entidades sem fins lucrativos. 
  
As empresas privadas que actuam no mercado da formação profissional, e que ao tempo eram alguns milhares, também podiam apresentar candidaturas – com base em protocolos previamente celebrados com as autarquias – mas a sua parte no bolo global foi sempre diminuta. Foi nesse contexto, o das empresas privadas, que a Tecnoforma conseguiu a parte de leão do negócio.» [Público]
   
Parecer:
 
Os bons consultores servem para promover bons negócios.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»