sexta-feira, outubro 05, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura


 
   Foto Jumento
 

Pormenor da fachada da Igreja da Conceição Velha, Lisboa
   
Imagens dos visitantes d'O Jumento
 

   
Desespero mata [M. Henrique]   
 
Jumento do dia
  
Vítor Gaspar
 
Vítor Gaspar ainda não sabe distinguir um discurso para dar graxa ao senhor alemão e uma intervenção parlamentar onde tem de convencer os portugueses de que o seu extremismo económico de direita é mesmo solução. Que vá para a Alemanha elogiar uma grande manifestação onde se exigia a sua demissão e a sua política era tratada com repugnância é uma coisa, que trate os portugueses como parvos dizendo que é o melhor povo do mundo, pensando que desta forma as pessoas aceitem cortes de vencimentos é outra.

Se Vítor Gaspar fosse inteligente, característica que começa a ser óbvio não ser sua, percebia quão ofensivo é para os que ficaram sem emprego, sem casa, sem dinheiro para cuidar dos filhos com dignidade ouvir o pior ministro das Finanças da Europa e arredores estar a elogiá-lo por ser manso. Quando Vítor Gaspar diz estas imbecilidades está insinuando que somos bons por oposição aos grego, algo que não o dignifica aos olhos do país ou da Europa e que apenas serve para subir na consideração dos extremistas alemães.

Como povo os portugueses não querem ser confundidos com cornos mansos e com discursos destes o ministro arrisca-se mesmo a saber como é salgada a água do rio Tejo e nessa altura talvez perceba que uma coisa é ser marrão e ter boas notas, outra é ser inteligente.
 
 Medo do povo
 
Pedro Passos Coelho fugiu para longe, Cavaco pediu para mudar as comemorações para local mais recatado e onde se saiba quem assiste. Grandes dirigentes que temos, têm medo do povo que supostamente representam. Enfim, esta gente é mesmo muito piegas.
        
 Conversa de amigos


 Onde estará Passos
 
Em Portugal comemora-se o último dia 5 de Outubro com dignidade, em Malta encontram-se Rajoy, Hollande e Monti. Onde vai estar PPC? Vai para Bratislava para um encontro de que ninguém vai falar e que é o equivalente europeu de um encontro de concessionários da GALP.
 

  
 Afinal até somos ricos
   
«Há um ponto que fará toda a diferença no aumento de impostos anunciado por Vítor Gaspar: embora os rendimentos mais baixos sejam protegidos - uma boa decisão -, os rendimentos médios vão ser penalizados como nunca. Haverá quem suba de escalão sem perceber porquê e, por causa disso, veja evaporar-se mais uma fatia de dinheiro. Uns terão mais azar do que outros, claro, mas não é apenas isso que está em jogo. Para efeitos fiscais, uma parte da classe média passará a suportar uma fatura muito mais pesada numa altura em já lhe sobra pouco espaço para respirar.
   
Na perspetiva do Governo as classes média e média-alta passam a pagar impostos de ricos. São eles os novos ricos de Portugal. Para efeitos fiscais são suecos. Para efeitos práticos... bom, isso é irrelevante. Nunca na nossa história recente uma declaração de IRS tinha conseguido tamanha engenharia social em benefício do Estado. Mas há mais. O fim das deduções na saúde, na educação e para quem tem casa própria dará mais uma talhada nos orçamentos. Acabou-se o tempo das devoluções: o dinheiro vai para o Estado e já não volta. Depois há ainda o aumento do IMI, que implicará uma pressão sem precedentes sobre as famílias. Junte-se a isto os impostos indiretos, já nas nuvens, além dos que vão subir, como os impostos sobre o pecado - tabaco e luxos -, e ainda o custo dos combustíveis e chegamos a um quadro perfeito. É verdade, falta somar a sobretaxa sobre mais de meio subsídio de Natal. E se tudo correr mal... enfim, já sabe.
   
Não se trata por isso de ajustar mais o consumo. As pessoas terão de mudar de vida. A algumas resta subsistir. Se em cima disto algumas empresas decidirem propor cortes salariais de 10%, 20%, muita gente perderá três, quatro salários em pouco mais de um ano. Multipliquemos isto por dois (duas pessoas) e veja-se o resultado surreal. Será possível aguentar? As dívidas, infelizmente, não se vão embora. Como pagá-las é a pergunta que milhares de pessoas com emprego se vão confrontar pela primeira vez na vida. Estudaram, trabalharam, compraram casa e carro - uns loucos estes portugueses, não é? - e agora isto. O sufoco.
  
É verdade que a progressividade dos impostos aumenta em 2013 - paga mais quem tem mais, o que é justo. Mas as desigualdades não vão ser reduzidas pela subida do nível de vida dos mais pobres, mas porque a classe média ficará mais próxima da base da pirâmide salarial. Há qualquer coisa de sinistro num país assim. Daqui para a frente chamar a esta gente classe média é uma mentira. Os novos ricos (fiscais) serão, em muitos casos, os novos pobres (reais). Diz Gaspar que o futuro de Portugal passa por aqui. Não sei de que país estará ele a falar. Em certo sentido agora somos todos funcionários públicos: trabalhamos para o Estado. Mas sorria, sorria - os mercados estão a olhar para si. Vá, não dê mau aspeto.» [DN]
   
Autor:
 
André Macedo.   

 O cão de Pavlov
   
«O mesmo Parlamento que foi informado em segunda mão do novo pacote de austeridade vai hoje derrotar duas moções de censura ao Governo. A ideia de que os deputados devem ser a fonte das leis, em particular das que têm implicações sobre a bolsa dos cidadãos, parece ser antiquada para as fações que governam os povos por essa Europa fora. O principal teórico deste Governo, Miguel Relvas, explicou que tudo tem o seu tempo. O Governo fala primeiro com a troika, e depois lá atura os impertinentes deputados. É uma ideia ignóbil? Julgo que sim. Continuo a pensar, como pensavam os súbditos que se tornaram cidadãos, nas revoluções do século XVIII, que "sem representação não há impostos" (no taxation without representation). Mas Relvas tem razão. A subversão do poder legislativo não é o resultado da temporária chantagem dos credores. Faz parte do famoso "Pacto Orçamental", que coloca os deputados dos países europeus numa posição secundária em relação à aprovação dos orçamentos nacionais. Significa isto que o PCP e o BE têm razão ao propor as suas censuras ao Governo? A razão não se esgota na legitimidade. A eficácia e utilidade são indispensáveis. A melhor censura ao Governo implica propor alternativas ao nível europeu, que é onde radica esta crise. Os deputados prestariam um serviço ao País se discutissem, abrindo-se aos contributos da sociedade civil, uma nova estratégia para a Europa. Que o Governo não pudesse ignorar face à Comissão e ao Conselho. Que os nossos deputados ao Parlamento europeu pudessem usar para fazer pontes e alianças. O nosso inimigo é o garrote europeu imposto por Berlim. Uma censura, duplamente inútil, não vai mudar uma palha. O tempo em que bastava à oposição salivar contra o Governo, como o cão de Pavlov, está definitivamente ultrapassado.» [DN]
   
Autor:
 
Viriato Soromenho-Marques.
      
 Ex-Mister Wonderful
   
«Vítor Gaspar foi apresentado à opinião pública no início de 1991 pelo extinto semanário “O Independente”. Tinha então 30 anos e era uma estrela em ascensão no Ministério das Finanças. Caracterizado pelo jornal de Paulo Portas como Mr. Wonderful, Gaspar era o negociador português na construção da União Económica e Monetária, sendo então classificado em Bruxelas como o “génio da economia portuguesa”, segundo o francês “Libération”.
   
Infelizmente para Portugal, a genialidade de Vítor Gaspar não perdurou. O verdadeiro assalto fiscal sobre o trabalho e o património da classe média ontem anunciado pelo ministro das Finanças é a última prova do falhanço da política económica de Gaspar e renega tudo aquilo que o PSD de Passos Coelho e o CDS de Paulo Portas garantiram na campanha eleitoral de 2011. Aumentar a taxa efectiva média do IRS 13% e triplicar a taxa sobre o património é querer matar a base social de apoio daqueles dois partidos: a classe média.
   
Vítor Gaspar decretou ainda que ser rico em Portugal é crime. Só pode ser essa a conclusão, a partir do momento em que o Estado passa a ter direito a ficar com 56% do rendimento de um contribuinte. Gerar riqueza, principal função de uma empresa, também continua a ser visto como um pecado pelo Estado, visto que o IRC vai aumentar.
   
Quando há muito já se atingiu a exaustão fiscal, e o cerne do problema se encon- tra na despesa pública, é verdadeiramente extraordinário que o ministro das Finanças não anuncie uma única medida de corte na despesa pública e vá novamente mais longe do que precisava na arrecadação da receita. A 11 de Setembro Gaspar anunciou que o novo regime da TSU, conjugado com outras medidas fiscais, permitiria arrecadar mais 1,6 mil milhões de euros que o que Memorando da troika especificava. Ontem, e apenas com as medidas em sede de IRS, o Estado anunciou esperar arrecadar mais 2 mil milhões de euros. Fora os aumentos do IMI, de taxas sobre transacções financeiras, tabaco e bens de luxo...
  
Vítor Gaspar não está interessado em restaurar a prosperidade de Portugal. Quer eliminar a pouca que ainda resta para alimentar um monstro chamado Estado. Assim não vamos lá.» [i]
   
Autor:
 
Luís Rosa.
   
     
 Do que terá medo Cavaco?
   
«A pedido do Presidente da República, que invocou razões de segurança, as comemorações do 5 de outubro não terão lugar, como habitualmente, nos Paços do Concelho da câmara de Lisboa.
   
O Pátio da Galé [que tem sido palco dos desfiles da Moda Lisboa] é o local escolhido para os discursos por ser mais "resguardado" e por ser um pátio interior que pemitirá controlar todas as entradas, ao contrário do que aconteceria na praça aberta dos Paços do Concelho.» [DN]
   
Parecer:
 
Não teria sido melhor acabar com as comemorações em vez de as recusar ao povo?
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Vomite-se.»
      
 A anedota do dia
   
«Paulo Portas, afirmou hoje que há a fazer um "trabalho significativo, redobrado, para encontrar as medidas de redução de despesa" que permitam "moderar ou aliviar" a "carga fiscal".
   
"Quanto aquilo que o senhor ministro e das Estado das Finanças designou por aumento enorme de impostos, só há uma coisa a fazer: é um trabalho significativo, redobrado, para encontrar as medidas de redução de despesa, sobretudo do Estado consigo próprio, que permitam moderar ou aliviar essa carga fiscal", afirmou Paulo Portas aos jornalistas.» [DE]
   
Parecer:
 
Parece que Paulo Portas perdeu a dignidade por uma questão de patriotismo.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «»
   
 Ingerência estrangeira
   
«Mario Draghi, presidente do BCE, voltou hoje a elogiar o "progresso muito, muito significativo" que Portugal tem realizado durante o programa de ajustamento e considerou que o País goza de uma "situação política forte no geral".

"Sobre Portugal, esse é um caso onde... é um exemplo de progresso significativo tal como já disse antes. Ocorreu um progresso muito, muito significativo. A situação política em geral é forte", referiu Draghi durante a habitual conferência de imprensa que procedeu a reunião da política monetária, hoje realizada na Eslovénia.» [DE]
   
Parecer:
 
Se é grave um banco central nacional meter-se na governação ou o inverso por ser um desrespeito pela independência dos dois, muito mais grave é a ingerência do Banco Central Europeu na política interna de um país, jogando com o prestígio de uma instituição que deve servir para favorecer uma facção política.

Não consta do estatuto do BCE o poder do seu presidente poder intervir na política interna de um país, a Europa é uma união de iguais e não de países maiores ou países menores tutelados por altos funcionários. Infelizmente Mario Draghi é uma besta que tem um grande desconhecimento em duas matérias que pouco parecem importar aos financeiros, a educação e a democracia. É mal educado porque acha que os portugueses são idiotas e dão mais importância ao que diz do que aos dizeres impressos nos rolos de papel higiénico. É pouco democrata não só porque ignora a separação de poderes como usa o estatuto que tem para de forma abusiva tentar uma ingerência na política interna portuguesa.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Mande-se o senhor Draghi à bardamerda.»
   
 Quando a honra se lava com palhaçada
   
«O ministro da Solidariedade e da Segurança Social, Pedro Mota Soares, afirmou hoje que o Governo tem o "firme compromisso" de reduzir a despesa orgânica do Estado no Orçamento do Estado para 2013.
   
"Dado que há uma deterioração da situação económica externa e da situação económica interna, são necessários esforços adicionais, que representam compromissos internacionais. Mas também é verdade que este Governo e esta maioria têm o firme compromisso de finalizar, até à conclusão do processo orçamental, um esforço redobrado na redução da despesa, sobretudo a despesa orgânica do Estado consigo mesmo", afirmou.» [i]
   
Parecer:
 
O Gaspar borrou em cima do CDS e aumento brutalmente os impostos, o CDS esqueceu-se da profissão de fé que fez e agora fala em cortar a despesa. Qual?
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
   
 Falta de coordenação?
   
«O desconforto na bancada do CDS já não é escondido. Seis deputados não se levantaram a aplaudir Passos Coelho no final do discurso do primeiro-ministro no debate das moções de censura do PCP e do BE. Entre os deputados que permaneceram sentados estava o vice-presidente da bancada e porta-voz do partido João Almeida que permaneceu sentado nas filas mais atrás e só se sentou na fila da frente (lugar habitual) depois.
   
Além de João Almeida, os deputados José Manuel Rodrigues (que saiu da vice-presidência da bancada no mês passado por discordar da política do governo), Vera Rodrigues, Michel Seufert, Abel Baptista e Isabel Galriça Neto. O deputado José Ribeiro e Castro levantou-se para aplaudir e depois sentou-se.» [i]
   
Parecer:
 
Isto está mal, parece que a coligação vai ter de contratar um daqueles animadores da TV que exibem um cartaz a dizer "aplausos" para o pessoal bater palmas.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
   
 Gaspar continua a perdoar aos ricos
   
«Vai ser "um enorme aumento de impostos". Disse-o o ministro das Finanças, Vítor Gaspar na apresentação das medidas que, supostamente, devem responder à exigência do Tribunal Constitucional de uma maior equidade na repartição de esforços orçamentais. 
   
Isso obrigou o Governo a devolver um subsídio aos funcionários públicos e aos pensionistas. Mas olhando para as linhas grossas do novo pacote, a grande fatia do esforço continuará a incidir sobre os assalariados e os pensionistas, agora do sector público e do privado.
   
As medidas anunciadas - apesar de, segundo Gaspar, corresponderem a "uma distribuição mais equitativa do esforço de consolidação orçamental" entre sector público e privado e rendimentos do trabalho e capital - não prenunciam essa repartição mais equitativa. Sem qualquer medida do lado da despesa, a factura global - a julgar pelos números dados - será mais elevada, ainda que o Governo sublinhe que a esmagadora maioria dos assalariados, privados e públicos, ficarão melhor do que com as mexidas na TSU. » [Público]
   
Parecer:
 
Este Gaspar odeia a classe média.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Marque-se uma consulta no psicólogo.»
   
 Bananice política
   
«O ministro Paulo Portas afirmou hoje que “valoriza a estabilidade de que Portugal precisa para enfrentar os desafios difíceis”, mas diz que é preciso um trabalho “redobrado” para reduzir as despesas do Estado para aliviar a carga fiscal.» [Público]
   
Parecer:
 
Portas engoliu um sapo para acompanhar a digestão da sua dignidade enquanto líder do CDS.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se de pena.»