terça-feira, setembro 30, 2014

Chega de tecnoformas

Mais provas ou menos provas, mais gorjetas ou menos gorjetas, mais memória ou menos memória, já todos os portugueses perceberam o que era a Tecnoforma e a ONG dos rapazolas amigos do Passos Coelho está para a solidariedade como o BPN estava para a banca. O país de sucesso de Cavaco Silva era um cão cheio de carraças que lhe roubavam o sangue e a saúde, foi um país onde se multiplicaram os esquemas em torno das ajudas comunitárias.

Falou-se muito da subsiodependência mas a verdade é que os maiores promotores deste vício da sociedade portuguesa foram os políticos. Os mais crescidinhos criaram bancos, os jotas criaram  tecnoformas e falsas ONG. A economia foi destruída nos seus valores, a concorrência deu lugar ao compadrio, a competência cedeu à cunha, a corrupção expulsou a honestidade, o chicoespertismo venceu a competência.
  
O poder tornou-se numa imensa máquina de corrupção, os governos expulsaram os quadros competentes para passarem a contratar escritórios de advogados que não passam de sofisticadas centrais de corrupção. O país tornou-se  uma imensa montra de luxo ao mesmo tempo que a miséria se multiplicou, as desigualdades multiplicaram-se, o país perdeu a esperança. Os portugueses deixaram de acreditar nos governos e a desconfiar de todos os políticos.
  
Basta olhar com atenção para os fenómenos políticos para se perceber como funcionam os aparelhos partidários. O próprio Seguro que se apropriou de valores que não eram os seus vendeu a seriedade tendo à sua volta gente que não escondia a ânsia de chegar ao poder. Muitos deles nem esperaram pelos resultados finais das directas para se passarem para o outro lado, onde também não faltarão os que apostaram em Costa mais para se posicionarem em relação aos tachos do que por admirarem os valores do novo líder do PS.
  
Algum dia um político terá de ter a coragem de dispensar os amigos, dizer aos que mudam de campo que Roma não paga a traidores, escolher os mais competentes, um dia um político português terá de devolver a esperança ao país sob pena de um dia destes um qualquer Marinho e Pinto chegar ao governo com um programa feito à base de patacoadas.
  
O país precisa de uma reforma séria da justiça, de uma educação de qualidade, uma justiça que funcione e inspire a confiança das empresas e dos cidadãos. O país precisa de esperança e sem se livrar destas carraças que impedem o seu desenvolvimento os jovens continuam a sonhar com a emigração. Dantes eram os analfabetos os que mais desejavam emigrar, agora sucede o inverso, primeiro partiram os doutorados, depois começaram a ir os licenciados, os estudantes já nem pensam noutra saída que não seja a emigração e um dia destes serão os alunos do ensino secundário a começares os estudo com esse sonho.
  
Um país sem grandes recursos em matérias-primas ou em energia não sobrevive a esta fuga de recursos humanos. Não é possível ao Estado sobreviver financeiramente gastando os seus recursos com idosos que ficam e com jovens que partem antes de entregarem a sua primeira declaração de IRS. Não é possível falar em crescimento ou desenvolvimento económico ignorando esta realidade. Ou acabamos com essas carraças chamadas tecnoformas ou é o país que está em causa.
  
Ou corremos com os políticos corruptos ou vemos partir os jovens mais qualificados, ou nos livramos das tecnoformas ou ninguém investe nesta economia, ou nos deixamos de palhaçadas na justiça ou será impossível viver em Portugal.

Conseguirá António Costa com este circulo viciosa de miséria cuja máquina está instalada no aparelho partidários dos partidos (de todos os partidos sem excepção) abrindo um novo ciclo de crescimento e progresso social. É isso que espero dele e se o conseguir será o melhor primeiro-ministro na história deste país. Se prometer o fim da corrupção e de uma sociedade asfixiada com esquemas é muitas vezes a bandeira dos populistas, a verdade é que é hoje impossível pensar que o país pode ultrapassar a crise que enfrenta ignorando esta prisão que lhe está sendo imposta.

Umas no cravo e outras na ferradura



   Foto Jumento


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Ave do Oceanário, Lisboa
  
 Jumento do dia
    
Maria de Belém

Maria de Belém, a comentadora da CMTV que preside ao PS, optou por não ter em relação às directas e à luta pelo poder dentro do PS uma posição de equidistância em relação aos candidatos, uma posição assumida exemplarmente por Jorge Coelho. Em vez disso, teve um papel activo de apoio a Seguro desde o primeiro momento e ao longo de toda a campanha o país viu a senhora aplaudindo as acusações de baixo nível que iam sendo feitas a Costa e, mais grave, aos seus apoiantes.
 
Muito agarradinha aos princípios estatutários esta senhora que tem um momento de fama efémera até ao primeiro congresso, decidiu prolongar ao máximo a inoperância do PS convocando a reunião da Comissão Nacional do PS só para 14 de Outubro. Compreende-se que Maria de Belém não tenha pressa, enquanto puder vai ajudando o governo de direita durante mais uns dias.
 
«Maria de Belém, presidente e secretária-geral interina do PS, convocou para 14 de Outubro a reunião da Comissão Nacional do partido que desencadeará as directas e o congresso onde António Costa será consagrado líder - mas a data é contestada por um dos principais apoiantes do vencedor das primárias.
   
Marcos Perestrello, deputado e presidente da Federação de Lisboa do PS, defendeu esta tarde, em declarações à Lusa, que Maria de Belém deve marcar já a data das eleições diretas para a liderança, convocando para o próximo fim-de-semana a Comissão Nacional.
  
"A secretária-geral em exercício do PS tem poderes estatutários para marcar rapidamente a data do congresso extraordinário, antecedido de eleições diretas", afirmou.» [DN]

 Este Silva não muda

O que tem em comum António Costa com Carlos do Carmo, José Saramago e muitos outros portugueses? Cavaco Silva não gosta deles e nem que conseguisse ir à lua de pé coxinho mereceriam uma palavra de parabéns do presidente que Portugal teve o azar de ver ser eleito. O país assistiu a um processo eleitoral que mobilizou o maior partido da oposição e que esteve no centro das atenções do país, o maior partido da oposição tem um novo candidato a primeiro-ministro e um futuro líder e o que faz o Cavaco. Dá os parabéns à equipa de ténis de mesa e ignora olimpicamente aquilo que prendeu a atenção de todo um país.

Será porque Cavaco detesta o PS e em especial o PS que não o bajula ou pensará que ao cumprimentar António Costa estará a dar-lhe força? Se é a primeira resposta é compreensível se for a segunda teremos de concluir pela demência, neste momento é mais o Cavaco que precisa do António Cosa para terminar o mandato com um mínimo de dignidade, do que o António Costa a precisar de ajuda de alguém que já não convence ninguém, a anão ser alguns pequenos investidores mais ingénuos que acreditaram nele e perderam as suas poupanças no BES.

 A única dúvida na noite eleitoral do PS

A imperial que Costa bebeu era Sagres ou optou pela marca da santinha da Horta Seca?

 O resultado das directas do PS

António José Seguro ficou knockout com uma directa de esquerda.

 Um site muito actualizado

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O site do PS ainda está na semana passada. Os funcionários do PS meteram férias com Seguro?

 A solução está no banco

Marcelo Rebelo de Sousa não perdeu tempo e pediu uma remodelação governamental, assegurando que o seu comentário seria notícia no dia seguinte, o que aconteceu pelo menos no órgão oficioso do governo, o DN. Para o ilustre professor a democracia é como um jogo de bola e se o adversário deu uma chicotada psicológica e mudou o treinador a meio do jogo a solução é meter mais um ponta de lança e refrescar a equipa. O divertido é que perante um governo a meter água por todos os lados o professor avisa Costa dizendo-lhe que acabou a papa doce.

O problema agora é saber se há suicidas disponíveis para gerirem o ministério da Educação depois de implodido por um Crato tão incompetente que até na matemática errou ou para fazer de saco de porrada de uma justiça em taquicardia. Marcelo está enganado, a equipa governamental não é uma equipa de futebol, equipara-se mais a uma tripulação de um barco que sem motor e sem leme está à beira do naufrágio.

É neste contexto que Passos faz o que pode para salvar a imagem do governo, esconde os ministros problemáticos, vai a Estremoz inaugurar um quartel da GNR e manda um patético Aguiar-Branco brincar no Douro com uma bóia telecomandada (se fosse ao Google veria que não inventou nada) que ninguém explicou como chega ao afogado se houver cachão. Este ministro é uma anedota, depois da figura que fez com o drone que foi parar ao malagueiro, aparece agora armado em adepto de barcos telecomandados com o formato de bóias.

Espera-se agora que Aguiar-Branco teste a sua nova bóia salvando colegas que estão quase a afogar-se, como a rapariga da cara inchada, o Crato ou mesmo um Maduro que enganou Passos já que é mais verde do que parecia com tanto currículo académico. E a propósito do Maduro, o que é feito do Lomba?


      
 O dia um do ano eleitoral
   
«1. Hoje começa o ano eleitoral de 2015. O PS passou a partido de oposição.

2. Porque é que eu digo que o PS não tem sido um partido de oposição, mesmo apesar do radicalismo verbal do seu antigo secretário-geral? Por coisas como esta: na última semana antes das eleições primárias, houve um encontro secreto entre o secretário-geral da UGT e o primeiro-ministro. Segundo diz o oráculo governamental, Passos Coelho convenceu o secretário-geral da UGT a aceitar o acordo sobre o salário mínimo. Tudo quanto é ministro, do primeiro ao último, incluindo o ministro-viajante Paulo Portas foi lá à concertação social (que eles desprezam todos os dias, a não ser quando têm a UGT no bolso) para marcar a grande vitória do governo. As fontes do governo diziam que era fundamental haver um acordo antes do final do processo eleitoral no PS. Percebe-se porquê. O secretário-geral da UGT é um dos principais executantes da política de Seguro, de que foi um dos mais activos apoiantes, prestou-se ao timing propagandístico do governo e à substância de um acordo que fragiliza a segurança social, a mesma que o governo usa como pretexto para as suas previsões neo-malthusianas. É mais um exemplo do que aconteceu nos últimos três anos.

3. A história desta campanha é muito interessante de todos os pontos de vista, incluindo até, imaginem, o filosófico. Não interessará a ninguém, mas poucas vezes se viu melhor exemplo do que é o ruído do mundo e daquilo que Weber descreveu há muito: a maioria das acções de um politico tem o efeito exactamente contrário do que era pretendido. Ou dito de outra maneira: Seguro tomou várias decisões pelas piores razões do mundo e o efeito perverso dessas decisões foi positivo. Positivo para a democracia portuguesa e positivo para o PS. Que se cuide quem não quiser ver que o PS teve uma das poucas vitórias junto da opinião dos portugueses que é de índole político-partidária. Já não havia disso desde os anos de brasa da revolução. Havia vitórias e derrotas políticas, ligadas a personalidades, mas uma vitória que pudesse ser assacada a um partido enquanto tal, já não se verificava há muito tempo. A última foi uma tentativa com menor dimensão e que falhou, a “refiliação” no PSD.

4.Seguro teve um papel paradoxal. Fez todas as escolhas por razões estritas de sobrevivência e, porque não tinha nada a perder, e acabou por ser revolucionário malgré lui-meme. As eleições primárias foram convocadas pelas piores razões do mundo: eram um subterfúgio de Seguro para continuar na liderança do PS mais uns meses, na esperança de que qualquer crise lhe desse uma oportunidade, pressupunham uma estratégia negativa de desgaste do adversário, que o tempo longo sempre traria, e criavam uma estranha figura, a do “candidato a primeiro-ministro” em vez de ser para o líder do partido. Seguro queria tornear o facto de que, tendo blindado os estatutos para nunca cair a meio do mandato, não podia ter desafios. Enganou-se, e esse foi um engano pessoal e político: as pessoas consideram Costa melhor do que Seguro, fosse para o que fosse, de porteiro da sede a secretário-geral, e depois, não queriam correr o risco de ver o PS a perder para o PSD e o CDS. Nunca, jamais, em tempo algum. Os tempos não estavam para brincadeiras e “fidelidades”, e em tempo de guerra não se limpam armas.

5. As eleições primárias foram pensadas como um expediente, como aliás muitas outras propostas de Seguro, em cima do joelho. Foram mal preparadas e mal conduzidas, até que Jorge Coelho entrou em funções. Eram uma entorse estatutária, cujas complicações ainda estão por se verificar no Congresso. E tornaram-se um sucesso de mobilização depois dos debates, ou melhor, depois de se começar a perceber quem era Seguro. A frase mais certeira da campanha foi quando Costa no último debate, o mais vilipendiado pelo nosso coro de bons costumes e pelo PSD (pudera, Costa ganhou-o claramente de forma muito empática) disse que “os portugueses ficaram a conhecer-te”. Ficaram.

6. O acompanhamento jornalístico foi como habitual muito estereotipado, e profundamente conservador, salvo raras excepções. Sem novidade, lá vieram a “campanha sem ideias”, a “campanha de insultos”, a “luta de galos”, o “vazio de soluções para Portugal”, aquilo que de há muito tempo os media dizem de qualquer campanha política sem excepção. Ao mesmo tempo não dedicam uma linha a analisar qualquer documento programático, como fizeram com os de Costa e os de Seguro, enquanto davam título de caixa alta à mais pequena divergência dos candidatos. Sendo assim, por que razão é que esta campanha tão miserável, descrita com tanto nojo e fastio pela comunicação social, mobilizou muitos milhares de portugueses?» [Público]
   
Autor:

Pacheco Pereira.

      
 O bom aluno começou a ter negativas
   
«A Comissão Europeia está cada vez mais desconfortável com os sinais de que o Governo português possa estar a fazer marcha-atrás em relação a algumas das medidas mais impopulares adotadas durante a implementação do programa de ajustamento.

O último episódio foi a decisão de aumentar o salário mínimo a partir de outubro do próximo ano. Oficialmente, a reação é lacónica: "A Comissão vai avaliar a decisão de Portugal de aumentar temporariamente o salário mínimo do ponto de vista do emprego e das finanças públicas, quando todos os detalhes nos forem disponibilizados", afirma o porta-voz do executivo comunitário para os Assuntos Económicos e Monetários, numa breve declaração escrita.

No mesmo texto enviado ao Expresso, Simon O'Connor acrescenta que "um princípio orientador para os desenvolvimentos salariais é que os mesmos devem ser consistentes com o objetivo de promover o emprego e a competitividade, tal como recomendado a Portugal pelo Conselho da União Europeia em julho".

Ao que o Expresso apurou, a avaliação desta decisão ao nível europeu é arrasadora, antecipando-se que o seu impacto ao nível da promoção do consumo será residual ou nulo e que, em contrapartida, pode aumentar os custos e dificultar a contratação por parte das empresas. Isto, numa altura em que o crescimento da economia ainda é frágil e o desemprego permanece elevado e desce muito lentamente.» [Expresso]
   
Parecer:

Bruxelas está mesmo irritada ou isto não passa de uma manobra para dar a Passos um ar de anti-troika?
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao "pitbull" do O'Connor.»
  
 Já se fala em pântano
   
«O presidente da Confederação Empresarial de Portugal diz, esta segunda-feira numa entrevista ao Diário Económico, que é “fundamental” que haja no país uma “estabilidade política e social” e, para isso, devem ser evitados episódios como o que tem afetado o primeiro-ministro nas últimas semanas para que não seja criado um “pântano” e para que a legislatura do atual Governo possa ser cumprida.» [Notícias ao Minuto]
   
Parecer:

É óbvio que isto vai ser uma crise pegada até às eleições.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»

 Os tais muçulmanos moderados
   
«A primeira mulher a pilotar aviões caça nos Emirados Árabes Unidos e que liderou o ataque do país contra o Estado Islâmico na Síria e no Iraque foi repudiada pela família.

Mariam Al Mansouri foi notícia em todo o Mundo por ter liderado o esquadrão do seu país no esforço internacional contra o Estado Islâmico, tendo vencido os preconceitos nacionais contra as mulheres.

No entanto, a família não gostou da atitude de Mariam e demonstrou apoio à causa do Estado Islâmico contra o regime de Bashar al-Assad, elogiando os "heróis sunitas do Iraque e do Levante".

"Nós, a família Mansouri nos Emirados Árabes Unidos declaramos publicamente que repudiamos a chamada Mariam Al Mansouri, bem como a brutal agressão internacional contra os irmãos do povo sírio, começando pela nossa ingrata filha Mariam Al Mansouri", pode ler-se num comunicado publicado por uma agência de notícias palestiniana.» [JN]
   
Parecer:

Qual será a fronteira entre muçulmanos moderados e os extremistas, qual o país muçulmano moderado que respeita os direitos humanos e permite a liberdade religiosa?
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»

 Que depressa que eles mudam
   
«O líder da delegação socialista ao Parlamento Europeu, Carlos Zorrinho, garantiu hoje que, face à vitória clara alcançada domingo nas eleições primárias no PS, António Costa é agora "claramente" o seu candidato, embora apoiasse António José Seguro.

No dia seguinte ao triunfo de António Costa nas eleições primárias para escolher o candidato do PS a primeiro-ministro, com cerca de 70 por cento dos votos, Zorrinho, que apoiava António José Seguro, disse hoje, em Bruxelas, que, tal como sempre afirmara, estará a partir de agora do lado do vencedor, e disse acreditar que "os os portugueses vão poder contar com uma alternativa forte nas próximas eleições".» [Notícias ao Minuto]
   
Parecer:

Este anda a saltitar de um lado para o outro.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Vomite-se.»
  

   
 Ben
   
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segunda-feira, setembro 29, 2014

Indirectas

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Considerando os critérios de análise de resultados eleitorais da parte da equipa do então líder do PS pode dizer-se que à semelhança dos 30% obtidos nas eleições europeias Seguro voltou a ter uma grande vitória nestas directas pois obteve um resultado semelhante. Se nas europeias Seguro carregou com o memorando de Sócrates, nas directas carregou com a traição de Costa e com o envolvimento de negócios na política (as farmácias do Cordeiro não conta). Se considerarmos os métodos estatísticos do Brilhante e outros econometristas podemos concluir que dentro de alguns anos Seguro estará nos 50%. Seguro não só repetiu uma grandiosa vitória como contra o seu camarada António Costa ainda conseguiu ter mais 0,19% do que tinha tido nas Europeias contra Passos e Portas juntos, é uma injustiça substituir um líder vencedor como Seguro.

As directas do PS são as indirectas das legislativas, os militantes e simpatizantes do PS que escolheram Costa estava a escolher indirectamente o futuro primeiro-ministro. Os mesmos que receavam (receavam ou desejavam?) a destruição do PS vieram dizer que foi um sucesso e transformaram a noite eleitoral de umas eleições internas de um partido da oposição que tinha 30% do eleitorado numa noite eleitoral nacional em que Costa foi apresentado como o futuro primeiro-ministro.
  
Passos Coelho e a direita decidiram colaborar com as directas no PS, desde os erros de matemática do Crato até à santanalopada nos tribunais protagonizada por aquela senhora arrogante, incompetente e insuportável que ainda se arrasta no cargo de ministra da Justiça, tudo fizeram para passara a mensagem aos portugueses, “estão a ver, escolham bem pois com tanta asneira que fazemos estão a escolher o futuro primeiro-ministro”. E como as directas resvalaram para um debate do carácter dos candidatos Passos Coelho não quis ficar para trás e esqueceu-se de com quem andou, de quem lhe pagou e do que andou a fazer, no fundo dizia “estão a ver? Eu ainda sou pior do que aquilo que o Seguro diz do Costa!”.

Agora que Seguro perdeu fala-se muito em unidade e já são evidentes as trocas de campo. É uma boa oportunidade de António Costa homenagear o derrotado Seguro cortando com a tradição dos aparelhos partidários, recusando compensações aos que ontem apoiavam Seguro e antes da meia noite já declaravam que era apoiantes de Costa desde pequeninos, ainda o galo não tinham cantado e já tinham traído Seguro meia dúzia de vezes. Muitos dos que agora se mudam de campo e dizem que estão ao lado de Costa mais não fazem do que dizer ao novo líder "não te esqueças que na hora da derrota eu fui o primeiro a trais Seguro!". Os males de que Seguro falou vai vê-los agora em muitos do que estiveram ao seu lado a denunciar esses mesmos males.

O lado mais saudável destas directas é que pela primeira vez um líder de um partido não chega à liderança do partido através de negócios de bastidores com caciques, líderes tribais e senhores da guerra. Mas quem conhece o PS sabe que este partido tem sempre dois momentos, para chegar ao poder mete-se às cavalitas dos independentes, depois abandona-os e acusa-os de serem os culpados dos seus sucessos. Vamos ver se os muitos portugueses que apoiaram Costa não são esquecidos muito antes das legislativas para que em nome da unidade do partido haja bolo garantido para todos, para os do Costa e para os do Seguro, contando ainda com os do João Soares e até mesmo um biscoito para a "maluca" da Ana Gomes.

Contou o próprio Álvaro Beleza que quando esteve muito doentinho, esteve mesmo naquilo que designou por trincheira da morte, fez um pacto com o Seguro que o visitou no leito de morte pois mal soube onde ele estava fez inversão de marcha e foi desalvorado para o hospital. Ficou ali selado perante Deus que daí a dez anos almoçariam em São Bento. Agora ou vão ao Passos Perdidos ou optam pela cantina do parlamento para cumprir o pacto assinado em tão trágicas circunstâncias. Costa pode ter um momento de generosidade e permitir que Seguro tome posse da residência oficial de São Bento na Terça-feira Gorda para cumpria a promessa nas vestes carnavalescas de primeiro-ministro.
  
Durante uns quantos dias o país vai parar na dúvida, será que a grande opositora de Sócrates, essa Maria da Fonte do PS que se bateu violentamente contra o antigo primeiro-ministro quase chegando a liderar a oposição e que ao lado de Seguro foi uma das vozes mais esganiçadas vai apoiar Costa ou regressará ao discurso rasca que manteve durante as primárias? Enfim, vamos ver se Costa promete um cargozito à Ana Gomes ou se a truculenta (escrevi truculenta e não suculenta s.f.f.) militante volta aos tempos da esganiçada militante do MRPP, papel que costuma assumir sempre que não tem muito que fazer.
  
Agora o país vai arrastar-se até que ocorram eleições legislativas, como a direita não vai querer afastar-se da manjedoura resta ao PS aproveitar o tempo e lançar as directas para a escolha do seu candidato às presidenciais, até porque depois de ter derrubado Sócrates a pior coisa que lhe podia ter caído na sopa era precisamente o António Costa. Quando o PS foi para directas Cavaco não se esqueceu de recordar a Seguro que se lhe tivesse feito a vontade e assinado um acordo com o PS agora estaria no governo, talvez seja a vez de Seguro responder a Cavaco dizendo-lhe que se tivesse convocado eleições antecipadas não corria um sério risco de ter de dar posse a Costa e são conhecidos os problemas de saúde que Cavaco sofre quando assiste à posse dos adversários.
 
Quem ainda nem deu pelas directas do PS, o que é bom pois o homem já não tem idade para grandes choques, é Cavaco Silva, deverá ter estado entusiasmado com o europeu de ténis de mesa que nem se apercebeu de que o PS tinha um novo candidato a primeiro-ministro e, consequentemente, um novo líder. Com os jogos a decorrer até tarde compreende-se que Cavaco ainda tenha tido tempo para redigir a mensagem de louvor ao pessoal do ping-pong, ignorando António Costa. As directas para um candidato à presidência começam a ser urgentes, como as coisas estão ninguém sabe o que dura mais, se o governo de Passos Coelho ou o Cavaco Silva.
  

Umas no cravo e outras na ferradura



   Foto Jumento


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Cow Parade no Rossio, Lisboa (2006)
  
 Jumento do dia
    
Marcelo Rebelo de Sousa

O professor acha que António Costa deve abandonar a CML agora que é líder do PS. O professor Marcelo só não explicou porque razão o líder do PSD pode ser primeiro-ministro e o líder do PS não pode ser presidente de uma câmara municipal. Ó senhor professor, deixe-se lá de baboseiras e esconda melhor o nervosismo, essa de ir buscar o Churchill que ganhou a guerra e perdeu as eleições só dá para rir à gargalhada. Se calhar quem tinha razão era o Passos Coelho que o designou por cata-vento.

 Despesas de representação

Toda a gente sabe que neste país as despesas de representação não passam de esquemas usados nas empresas para fuga ao pagamento do IRS e nos casos de corrupção muitos pagamentos são feitos contra facturas de bens de luxo que vão desde aparelhos electrónicos caros a carros. Dizer que recebeu pagamentos de despesas de representação sem dizer de que montantes e a que título não é esclarecer nada, é adensar as dúvidas, até porque a ONG foi ignorada até ao dia da desculpa que parecia articulada com a Tecnoforma, tal como já se tinha tido a sensação de que tudo foi combinado com o secretário-geral do parlamento e depois com a PGR.

Passos Coelho não esclareceu nada, e em vez de tirar as dúvidas orientou-a para uma ONG que não terá passado de um esquema de acesso aos fundos comunitários. Agora temos uma Tecnoforma que está sendo investigada em Portugal e em Bruxelas, uma ONG duvidosa que pagava muitas despesas de representação sem se terem visto resultados da sua actividade e um primeiro-ministro com graves problemas de memória.

 Dedicada a Passos Coelho: Peter Gabriel - "I Don't Remember"



 O remediado

Passos Coelho é um remediado que andando num Fiat Panda velho trabalhou três meses à borla para a ONG da Tecnoforma e ainda pagava as despesas do seu bolso ficando depois á espera de lhe pagarem as facturas. Passos Coelho está a subir na minha consideração.

Uma única dúvida subsiste em todo este processo: quando viajava por conta da Tecnoforma/ONG Passos Coelho usava a classe turísticas ou viajava em executiva?
  
 Qual o crime de Passos

O mais criminoso do caso da Tecniforma é saber-se que Passos Coelho andou a a trabalhar para gente representada por aquele advogado e que a sua remuneração era o pagamento das viagens e dos almoços. Digamos que não abona muito a favor da categoria de um primeiro-ministro. Nem mesmo no Burundi se veria uma coisa destas.

      
 Na terra das avestruzes
   
«Estamos no meio da pior das crises políticas: a que não nos permite discutir política. Receio mesmo que a análise do fracasso absoluto da governação seja substituída por uma discussão infindável sobre as qualidades pessoais e o passado de Passos Coelho. E, apesar do triste espetáculo que tem protagonizado, estou capaz de apostar que não há eventual mancha no seu passado que se compare à catástrofe económica, social e política que provocou com a sua governação.

É provável que haja uma faixa da população que se sinta mobilizada para vir defender as estranhas falhas de memória, a manipulação do Ministério Público e da Secretaria-Geral da Assembleia da República e a sua santíssima prodigalidade, em nome duma imagem que criou de Passos Coelho e que, assim, se distraia da realidade. Talvez seja isso que o primeiro-ministro quer: tudo, até a sugestão de graves falhas, menos discutir o estado do País.

Seria uma estratégia estranha e, admito, quase inverosímil, mas se pensarmos o que foi a atuação do primeiro-ministro nestas últimas semanas, corremos o risco de acreditar nela.

Não é que não estejamos demasiado familiarizados com a falta de memória de Passos Coelho, mas precisar de uma semana para se lembrar de que, durante três anos, não lhe foi paga uma quantia, que a esmagadoríssima maioria da população portuguesa não consegue arrecadar numa vida inteira, é, digamos, algo que permite recomendar uma caixa inteira de Memofante.

Um primeiro-ministro que não tem a certeza de ter cometido uma ilegalidade grave, tem não só um problema, lá está, de memória, mas um desconhecimento da lei não muito apropriada a um governante. Um líder do Executivo que recorre ao Ministério Público para ser informado duma possível ilegalidade que ele sabe já não poder ser investigada (claro que há sempre a tal possibilidade de os mais simples conhecimentos legais lhe serem estranhos), ou confunde a instituição com um balcão de informações ou quer manipular a PGR para que lhe ofereça uma espécie de álibi. Prefiro a primeira opção.

Alguém que não se recorda de ter assinado uma declaração de exclusividade, num local onde esteve oito anos, e pede mesmo às pessoas que se dirijam aos serviços da Assembleia da República para que o ajudem a avivar a memória, é capaz de não servir para primeiro-ministro. Não por não ter qualidades para a tarefa, mas por ser muito provável que não encontre todos os dias a porta de entrada da residência oficial.

Uma pessoa que afirma não ter sido remunerado por serviços prestados a uma organização que tinha como saudável objetivo a busca do lucro, que mesmo não tendo cargos executivos ou de representação (segundo Passos Coelho) viajava para vários destinos, executava tarefas, tinha jantares de trabalho, parece ser, sem dúvida, uma pessoa muito generosa. E ninguém pode dizer o contrário, arriscando um processo de intenção que ninguém quer sugerir. Mas o que acho estranho nesta prodigalidade é a opção. Ou seja, o primeiro-ministro, entre prescindir da possibilidade de receber o subsídio de reintegração ou cobrar à organização, preferiu dar uma borla aos privados. Entre poupar dinheiro ao erário público ou ajudar os particulares, preferiu a rapaziada do privado. Que diferença para o homem que tanto luta contra as gorduras do Estado.

Não, não pode haver tantas falhas de memória, tantos equívocos, tantas confusões. Talvez tenha mesmo de se acreditar na tal estratégia estranha, na tese inverosímil, na que diz que Passos Coelho teve estes comportamentos exóticos para que não se fale da governação. O contrário, por incrível que pareça, seria ainda pior, muitíssimo pior.» [DN]
   
Autor:

Pedro Marques Lopes.

      
 Já metem nojo
   
«Foi enviada uma nota por parte da candidatura de António José Seguro, pelas mãos do seu diretor da campanha, João Proença, que indica que foi entregue “uma queixa contra António Costa”, depois de o presidente da Câmara de Lisboa “ter enviado, hoje, durante o período de votações, um SMS aos militantes a apelar ao voto em si próprio”.

No comunicado enviado às redações, Seguro indica que “censura esta atitude anti-democrática e desrespeitosa de António Costa", acrescentando que “em 40 anos de democracia nunca" se tinha assistido "a uma violação tão grosseira das regras democráticas como esta que António Costa acabou de praticar".» [Notícias ao Minuto]
   
Parecer:

Aliás, este Proença sempre meteu.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Vomite-se.»
  
 Será um projecto da Tecnoforma com apoio técnico de Passos?
   
«Quase todas as pastelarias do país confecionam os tradicionais pastéis de nata, mas, na vila alentejana de Alandroal, um pasteleiro decidiu dar um "toque regional" à iguaria e introduziu farinha de bolota na receita. 

O pastel de nata de bolota foi desenvolvido por Rui Coelho, pasteleiro há mais de 40 anos, e está a ser comercializado há cerca de três semanas na sua pastelaria, no centro de Alandroal, no distrito de Évora.» [DN]
   
Parecer:

Por este andar ainda vão fazer pastéis de nata com sabor a sardinhas assadas.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
  

   
   
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domingo, setembro 28, 2014

Semanada

Esta foi a semana em que o país ficou a saber que tinha à frente do governo um cidadão exemplar, ainda que descuidado nas contas e sem grande memória. Começou por dizer que só trabalhou depois de ser deputado para acabar por se lembrar que tinha presidido a uma ONG da treta onde só lhe pagavam as despesas de cujo montante já não tem a mais pequena ideia. Isto está mesmo confuso, o Cavaco é que está cada vez mais ché ché e o Passos é que apresenta os sintomas da doença de Alzheimer.
  
Finalmente chegou ao fim este penoso processo das primárias do PS durante o qual António José Seguro tentou mostrar que andava há anos a preparar-se para primeiro-ministro mas veio o canalha, traidor, mal preparado e oportunista do António Costa tirar-lhe o brinquedo. O Seguro pareceu uma criança que juntou as mesadas ao longo de três anos e na véspera de ir comprar o desejado brinquedo veio o irmão mais velho e roubou-lhe o mealheiro para ir para uma grande almoçarada. Se as primárias não serviram para mais nada, serviram pelo menos para os portugueses perceberem a merda que grassa nas jotas.
  
Quem teve sorte com as primárias e com a Tecnoforma foi o Crato e aquela senhora loura e com a cara inchadíssima que é ministra da justiça. O concurso dos professores arrasta-se sem fim à vista e no Citius continua a paralisar a justiça mas já ninguém fala do assunto. O Passos Coelho ainda vai pensar que foram os seus colegas que mandaram a carta anónima para a PJ a fim de desviar a atenção da sua incompetência e má formação.

Ao que consta Cavaco disse qualquer coisa sobre o caso Tecnoforma, mas a notícia não está naquilo que disse mas sim porque as notícias de Cavaco já nem sequer terem o estatuto de notícias. Neste caso é uma pena pois se em vez das contas do Passos se discutissem as ONG e as tecnoformas do tempo do Cavaquismo perceber-se-ia muito sobre a desgraça deste país. A verdade é que em Portugal uma boa parte dos caminhos da trafulhice, desde o BPN ao BES passando pela Tecnoforma vão dar ao cavaquismo, esse período negro da história de Portugal.
  

Umas no cravo e outras na ferradura



   Foto Jumento


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Portimão
  
 Jumento do dia
    
Joana Marques Vidal, procuradora-Geral da República

Nunca a PGR foi tão rápida a emitir um certificado de inocência a um político, mal o primeiro-ministro disse que ia perguntar à PGR esta emitiu logo um despacho em que se assegurava que a Tecnoforma era uma flor de cheiro e de dinheiros para Passos enm rasto. O despacho até foi usado como prova parlamentar mas logo a seguir Passos pôs o MP a fazer figura de urso, declarou que recebeu dinheiro para despesas da ONG e não da Tecnoforma, isto é o MP andou a investigar ao lado.

Mas é de supor que a Procuradora-geral também queira festejar mais esta investigação bem sucedida, tal como fez com o julgamento de primeira instância do caso Face Oculta, e por isso vamos oferecer-lhe mais uma garrafa de espumante rosé, o mais parecido que se arranja com o cor de laranja.

PS: Esperemos que com este processo Passos Coelho tenha mudado de opinião em relação á eficácia do Estado. Disse num dia para perguntarem ao parlamento e no dia seguinte o Albino já tinha a informação pronta, disse que ia perguntar à PGR e na volta do correio recebeu logo um despacho de arquivamento e as conclusões de uma investigação que olhe deram jeito no parlamento. Será que a sua Fomentivest ou a ONG que lhe devolvia os trocos são mais eficazes do que o Estado que tanto odeia?

«A Procuradoria-Geral da República respondeu na quinta-feira ao pedido que Pedro Passos Coelho lhe dirigiu na terça-feira, para averiguar se tinha recebido remunerações não declaradas ao fisco. A resposta foi o despacho de arquivamento do inquérito em que se procurava averiguar se tal tinha acontecido. O arquivamento desse inquérito foi decidido na própria quinta-feira, na véspera da intervenção do primeiro-ministro no debate parlamentar na manhã desta sexta-feira.

E, sabe-se agora, foi efémera a sua vida enquanto inquérito autónomo: um dia. A PGR esclarece ao PÚBLICO: "O despacho a mandar extrair a certidão para abrir inquérito autónomo tem data de 24/9/2014." Ou seja, no mesmo dia em que chegou à procuradoria o pedido de Passos para que fosse investigada a possibilidade de algum "ilícito", a denúncia que existia (e estava junta ao processo principal) foi autonomizada e entregue ao procurador Rui Correia Marques.

"Tal decisão foi tomada por se verificar que a matéria subjacente à denúncia não estava directamente relacionada com os factos em apreço no denominado processo Tecnoforma. Acresce que a apreciação dessa matéria não estava dependente das investigações em curso no processo Tecnoforma nem do resultado das mesmas, e vice-versa", acrescenta a PGR.

O procurador não precisou de mais do que umas horas para decidir: arquive-se. Ou seja, a investigação ter-se-á resumido, como explica o despacho de 15 páginas onde é decidido o arquivamento, à verificação de que os alegados crimes estariam já prescritos. 

A resposta da PGR ao esclarecimento pedido pelo primeiro-ministro limita-se a transcrever o despacho de encerramento do inquérito aberto no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) com base na denúncia anónima de que Passos tinha recebido mensalmente cerca de cinco mil euros, durante vários anos, do Centro Português para a Cooperação (CPPC), rendimentos esses que não teria declarado ao fisco.

A abertura de inquéritos e das chamadas "averiguações preventivas" com base em denúncias anónimas é uma prática corrente em Portugal e nos sistemas judiciais da generalidade dos países ocidentais. A página da PGR na Internet tem mesmo, obedecendo a recomendações de organizações internacionais, uma espaço específico para denúncias anónimas de corrupção.

A decisão de arquivar o inquérito aberto em data ainda desconhecida partiu do princípio de que “a factualidade denunciada é susceptível de, em abstracto e actualmente, integrar a prática de crime de fraude fiscal e de crime de recebimento indevido de vantagem” por parte de titular de altos cargos públicos ou políticos, excluindo quaisquer outros crimes.» [Público]

 Boa Silva!

Convencido de que o Palácio de Belém ainda tem mais credibilidade do que a Quinta da Coelho o presidente Silva veio dar uma mão a Passos Coelho dizendo que estava esclarecido e que tal sucedeu onde deve suceder, no parlamento.

Pois é ó Silva, mas a primeira reacção de Passos não foi ir ao parlamento esclarecer as dúvidas, foi eliminá-las dizendo que estava convicto da sua honestidade e pelos vistos deve estar convicto nas suas convicções para que os portugueses fiquem convictos da sua honestidade. Mas o Silva não comentou nem emitiu o competente certificado de honestidade, tal como já havia emitido para o honestíssimo Loureiro, o tal advogado pobre que chegou a banqueiro de sucesso com o suor do seu trabalho.

Como a cuspidela não ficou colada à parede o Passos mandou perguntar ao parlamento, mas o dedicado Albino fez merda, meteu os pés pelas mãos e multiplicou as dúvidas. E o Silva continuou tão mudo como o Passos estava esquecido.

Como continuava com a irritante amnésia o Passos mandou perguntar à procuradora, a tal que festeja os sucessos do MP medido em sentenças e anos de prisão. Aí teve sorte, logo na véspera do ida ao parlamento arquivou o processo que investigava com o argumento de não investigava no paleolítico, mesmo assim ainda conseguiu provar os ossos encontrados não era de qualquer esqueleto escondido no armário do primeiro-ministro. Mesmo assim o Silva continuou caladinho como um rato.

Finalmente o Passos foi ao parlamento, já se lembrava de ter recebido dinheiro, mas não era da Tecnoforma onde tinha trabalhado mas só depois de ser deputado, o pilim era de ajudas por conta das despesas e a Tecnoforma era apenas mecenas da ONG. E o senhor Silva respirou de alívio, finalmente o seu afilhado tinha superado a amnésia e apresentou as provas da inocência.

Boa Silva, acreditamos no teu certificado de honestidade, tal como já havíamos acreditado naquele que emitiste" para o honesto Loureiro!

 Seguro fez de Paulo Portas durante três anos

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Na  campanha das últimas legislativas Paulo Portas apelava ao voto no CDS com o argumento de que seria um moderador dos ímpetos extremistas de Passos Coelho. Mas mal chegou ao governo Portas esqueceu-se de que se tinha oferecido para ser o amaciador Confort do governo, esse papel acabou por ser desempenhado por António José Seguro, mesmo não fazendo parte da coligação.

 Dúvida 

A famosíssima jornalista de investigação Felícia Cabrita e a conhecida realizadora de telenovelas de ficção criminal dona Moniz já se reformaram? Ninguém as viu excitadas com o caso Tecnoforma.
  
 Finalmente este PS naufragado e à deriva vai dar à "Costa"

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 O que Passos escondeu
   
«Começo por citar Pedro Passos Coelho ontem na Assembleia da República. O primeiro-ministro disse: "(...) sendo eu uma pessoa remediada...(...)" Ora bem, as palavras contam e uma pessoa remediada conta sempre o dinheiro. Na verdade, todos contamos o dinheiro. A pergunta é, por isso, evidente, politicamente obrigatória: quanto gastou Passos Coelho em viagens e jantares naqueles três anos em que foi presidente do Conselho de Fundadores do Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC)?

Não recebeu salário, isso as declarações de IRS que apresentou já o confirmavam e o primeiro-ministro reafirmou-o no Parlamento. Não havendo provas materiais do contrário, a suspeita de um possível crime fiscal, prescrito ou não, está portanto (para já) resolvida, a não ser que surja entretanto algum documento - por exemplo uma série de transferências bancárias - que indiciasse o contrário; mas isso, como é sabido, não há.

Especular sobre a existência de um possível branqueamento de capitais, embora do ponto de vista da investigação seja plausível - pôr cenários, trabalhar hipóteses e relacionar pistas faz parte do trabalho dos investigadores -, não serve para alimentar um debate político demasiado importante para que o deixemos pegar fogo estupidamente. Os danos são (seriam) demasiado grandes, talvez até irreparáveis, e não apenas para o atual primeiro-ministro. Neste, como noutros casos que mexem com a reputação de políticos, mas não só, qualquer pessoa merece esta defesa. A regra é simples: não se fazem deduções, tudo o que for dito tem de ter sempre na base factos verificados e confirmados. embora as perguntas sejam legítimas.

Portanto, o facto é que não há sobre a mesa nenhum acontecimento - a atribuição de um negócio anterior ou posterior - que nos possa levar a concluir que o dinheiro usado por Passos Coelho naqueles três anos tenha sido apenas uma forma de o recompensar por outro tipo de serviços e não para pagar as viagens feitas ao serviço da dita ONG, por mais sombria que ela seja. Não é um detalhe qualquer. Se a discussão pública não for balizada é o próprio infrator que sai beneficiado no meio da confusão e vitimização que se instala.

Se benefício houve do que aconteceu esta semana foi o facto de o primeiro-ministro ter cumprido a obrigação política de se justificar no Parlamento perante os deputados. Passos Coelho fê-lo, não se limitou a responder de raspão a algumas perguntas. Abriu o debate no plenário logo pelo assunto. Não se trata de elogiar esta escolha, aliás obrigatória, mas de sublinhar que não fugiu ao confronto como fizera ao longo da semana, alimentando ainda mais a especulação. O problema é que ficou ainda muito, tanto, por esclarecer. Não há indícios de crime fiscal, muito bem; não há suspeita de branqueamento de capitais, ótimo; mas há uma aterradora dúvida política: Passos Coelho gastou efetivamente cinco mil euros por mês (mil dos velhos contos) durante aqueles três anos apenas para custear viagens ao serviço da ONG?

Mesmo que não consiga apresentar faturas e saldos bancários relativos a um período de tempo tão distante - embora um político batido o faça sempre, e Passos é dessa estirpe -, deveria ter deixado claro se os montantes referidos na denúncia anónima fazem algum sentido. E fazendo sentido, tinha a obrigação de ser muito mais detalhado sobre o quando, o como e o porquê das despesas. Afirmar que pagou quatro ou cinco viagens é manifestamente insuficiente, quase ridículo, para o tamanho das dúvidas e do dinheiro envolvido.

Além disso, para mostrar boa-fé, deveria ainda ter concretizado o trabalho que fizera naquele período de tempo. Infelizmente, saltou por cima de tudo isto como se fosse tudo normal, o que significa que politicamente o caso vai continuar na ordem do dia, numa espécie de hemorragia política destrutiva para todos - sabemos bem como estas coisas são. O primeiro-ministro que não se queixe. Remediado ou não, com ou sem hipotecas para saldar, de férias ao lado do nobre povo, ontem esteve muito aquém das circunstâncias.» [DN]
   
Autor:

André Macedo.

 Vá lá, um esforço, gabe-se Passos!
   
«Desconfiamos dos políticos e das empresas e levamos com um fim de semana com stripteases de político (Passos Coelho) e de empresa (Tecnoforma), com discurso no Parlamento e conferência de imprensa de advogado, sabendo tudo sobre um e outra. Afinal, entre Passos e Tecnoforma não houve nada, até à data controversa de 1999. Nem uma nota, nem cheque, nem um cartão de crédito. E quando eu não tenho provas em contrário, acredito na palavra dos outros. É o caso. Eles, político e empresa, expuseram-se e fiquei a saber tudo. Mas estranho uma nebulosa. Onde menos esperava. Sobre o Centro Português para a Cooperação (CPPC), onde Passos trabalhou, de borla, naquele período para o qual os jornais trouxeram a controvérsia, 1996-99, é que fiquei sem saber nada. Estranho. Sim, porque o CPPC era uma ONG, uma organização que não vive para lucros. A esta altura, eu já devia saber tudo sobre o CPPC. O que fazia, que generosidade praticava? Como obrigava os seus a sacrifícios nas viagens e nas pensões? Seria educativo vermos as faturas modestas para tão grandes causas. Passos tem um livro, Mudar, lançado em 2010, em que se conta a si próprio. Fala da Tecnoforma e nunca fala dessa coisa bonita que foi trabalhar numa ONG. Aliás o termo "ONG", nas 277 páginas do livro, só é referido uma vez e de forma geral sem nada que ver com o CPPC. Estranho. Mais, irrita-me a modéstia das pessoas devotadas, como é certamente o caso.» [DN]
   
Autor:

Ferreira Fernandes.

 As dúvidas ainda não desapareceram
   
«Esta sexta-feira Pedro Passos Coelho finalmente falou sobre o caso Tecnoforma/Centro Português para a Cooperação. Essencialmente, falou para dizer dois “nuncas”: “Nunca enquanto fui deputado recebi qualquer valor da Tecnoforma.” E: “Nunca recebi qualquer renumeração do CPPC.”

As bancadas do PSD e do CDS aplaudiram, aliviadas. Desde o início deste caso que tudo joga a favor de Passos e esta sexta-feira, por ter falado por sua própria iniciativa na Assembleia da República, sem esperar pelas perguntas da oposição, reforçou a sua posição e a imagem de político que presta contas e respeita a democracia.

Mas não haja ilusões. O incómodo dentro do PSD era enorme e a pressão maior. Passos tinha de falar. O timing, porém, é em si mesmo um problema. Passos respondeu à pergunta (“Recebeu dinheiro do CPPC?”) dois anos depois de o PÚBLICO a ter feito; nove dias depois de a Sábado ter noticiado que a Procuradoria-Geral da República o investigava; e 15 horas depois de a denúncia ter sido arquivada. Porque esperar todo este tempo para falar?

Outra pergunta prende-se com a mudança de estratégia da PGR. A denúncia contra Passos chegou à Procuradoria a 14 de Junho e foi associada à investigação mais ampla sobre a Tecnoforma que está em curso há dois anos. As peças do puzzle foram investigadas como um todo durante os últimos três meses. Há dois dias, porém, a denúncia foi de novo isolada e separada da investigação global. Quando? No dia em que Passos pediu que fosse investigado. Vinte e quatro horas depois, foi arquivada.

Foi também interessante verificar como os defensores de Passos Coelho sublinharam nos últimos nove dias a “cobardia” de quem faz denúncias anónimas, quando é a própria Procuradoria que apela a que isso aconteça e que criou, no seu site oficial, um espaço próprio para isso ("Corrupção: denuncie aqui"), de resto, criado de acordo com as regras da OCDE.

O mais importante, no entanto, é que o primeiro-ministro continua a não ser claro e as suas respostas não convenceram. Nem dentro do partido.

Passos não utilizou uma linguagem aberta. Disse que foi “colaborador” do CPPC, quando era presidente do conselho de fundadores do CPPC e designou a sua direcção. “Colaborou” nessa ONG durante três anos, o que envolveu a participação em reuniões e viagens em Portugal e no estrangeiro. Apesar disso, não considerou essa actividade suficientemente relevante para a declarar no registo de interesses exigido pelo Parlamento. Disse que não recebeu “qualquer remuneração” e no início da sua intervenção falou sobre dinheiro apenas como uma possibilidade. “Posso ter apresentado despesas de representação.” O problema maior, todavia, é que Passos Coelho falou de “despesas de representação”, como se, no final dos anos 1990, essas despesas não fossem encaradas pelo próprio Estado como um problema. Por serem uma prática comum usada para mascarar salários, no final dos anos 1990 foi introduzida uma taxa sobre as despesas de representação. Começou em 6%, foi subindo ao longo dos anos e hoje é de 10%. Foi uma lei eficaz. Foi isso que aconteceu com Passos no CPPC? Não sabemos. E é por isso que este caso não está fechado.

A falta de clareza foi transversal à intervenção. De forma enfática, o primeiro-ministro repetiu a frase “coisa que nunca fez, coisa que nunca fez, coisa que nunca fez”, ao falar de si próprio, para afirmar que, quando deixou de ser deputado, não pediu o subsídio vitalício. Passos não o fez porque não podia. Tinha 36 anos e não os 55 que a lei exigia; e só cumprira oito anos de mandato e não os 12 impostos pela lei.

Como poderia o primeiro-ministro ter sido esclarecedor? Mostrando o valor das despesas que lhe foram reembolsadas nos últimos anos da década de 1990. Não seria preciso nenhum “strip tease” da sua conta bancária. Bastavam essas alíneas.» [Público]
   
Autor:

Editorial.

      
 Cheira mal que tresanda
   
«Questionado sobre a origem da convocatória da conferência da imprensa, disse que tinha falado com Manuel Castro, um dos accionistas da Tecnoforma, amigo de Passos Coelho e administrador da empresa quando a insolvência foi declarada pelo tribunal em Novembro de 2012. O que não se sabe ainda, explicou, é se a administração foi devolvida pelo tribunal a Manuel Castro e ao seu principal sócio, Sérgio Porfírio, ou se ela continua nas mãos do administrador da insolvência nomeado pelo juiz.

Mas Cristóvão Carvalho não estava ali para entrar em pormenores, até porque, esses, afirmou sempre desconhecê-los.

O CPPC pagava a Passos Coelho?, perguntou um jornalista. —“Não posso responder. O reembolso é feito quando alguém apresenta um documento de despesa. A contabilidade da ONG nada tinha a ver com a Tecnoforma”, respondeu.

Há algum registo de despesas do Centro Português para a Cooperação (CPPC), a organização não governamental (ONG) a cujo Conselho de Fundadores presidia Passos Coelho? — “Como advogado da Tecnoforma não sei responder.” 

Mas esses registos existem ainda? — “Se ninguém os destruiu têm de existir. A Tecnoforma não os tem. Quem o tem são os representantes do CPPC.”

O CPPC ainda tem actividade? — “Está provavelmente em processo de liquidação, mas não temos informação sobre isso. Ao que sabemos deixou de funcionar em 2000”. Mais adiante explicou por que é que fechou: “provavelmente porque alguma coisa não correu bem.”

Pelo meio das curtas respostas que ia dando, afirmou que “a Tecnoforma era o principal mecenas do CPPC”, acrescentando que não sabe se havia mais algum [na lista de fundadores contava a Visabeira, mas a empresa disse ao PÚBLICO, em 2012, que nunca teve qualquer ligação com essa ONG].

E qual era o papel do mecenas? — “Havia um donativo mensal.”

Qual era o valor? — “Não tenho presente.”» [Público]
   
Parecer:

É tudo tão óbvio...
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Quem ainda não percebeu que levante o braço.»
  
 ONquê?
   
«No princípio era assim: “O membro fundador Pedro Manuel Mamede Passos Coelho tomou a palavra.” Foi a primeira palavra dita em nome do Centro Português Para a Cooperação (CPPC), fundado na Avenida da Liberdade, em Lisboa, “aos onze dias do mês de Outubro”, de 1996. O acto teve lugar no escritório do advogado Fraústo da Silva, que tinha redigido os estatutos do CPPC a pedido de Passos Coelho, com o qual tinha estado, até cerca de um ano antes, nos órgãos dirigentes da JSD, na condição de presidente do Conselho Nacional de Jurisdição.

Antes do acto fundacional, foi preciso que Passos Coelho conhecesse o “principal mecenas” da organização, o homem que, afinal, tinha tido a ideia, e o dinheiro: Fernando Madeira, dono de 80% de uma empresa de formação profissional , a Tecnoforma. Madeira e Passos conheceram-se, através de amigos comuns. Sérgio Porfírio, então director da Tecnoforma, apesentou à empresa o advogado João Luís Gonçalves, que fora secretário-geral de Pedro Passos Coelho na JSD. Passos veio depois. Num almoço, em Porto Brandão, na margem Sul do Tejo.

“O objectivo era explorar as facilidades de financiamentos da União Europeia para projectos em Angola ou nos PALOPs”, esclareceu Madeira, numa entrevista à Sábado, ideia que já antes transmitira ao PÚBLICO, precisando que esses projectos seriam depois subcontratados à Tecnoforma pela ONG. Nos estatutos, os objectivos são um tudo nada mais nobres: “O apoio directo e efectivo a programas e projectos em países em vias de desenvolvimento através de acções para o desenvolvimento, assistência humanitária, protecção dos direitos humanos e prestação de ajudas de emergência.”

Passos Coelho, em resposta ao PÚBLICO, em 2012, faz a síntese entre o interesse da Tecnoforma e a mais ambiciosa proclamação dos estautos: “Promover a cooperação entre Portugal e os países africanos de língua oficial portuguesa.”

Talvez tenha sido essa diferença de ambição que fez com que, agora, o advogado da Tecnoforma, Cristóvão Carvalho, admita que o CPPC “fechou em 2000, porque provavelmente alguma coisa não correu bem”. Também Passos Coelho, no Parlamento, baixou, 14 anos depois do fim, as expectativas. Afinal, recorda o primeiro-ministro, o CPPC tentou criar uma universidade em Cabo Verde.

Porém, Madeira recordou, à Sábado, uma história diferente. Afinal, a tal ideia para Cabo Verde não era nem do CPPC, nem de Passos Coelho. Fora-lhes transmitida por João de Deus Pinheiro, na altura Comissário Europeu, numa reunião em Bruxelas: “Fomos lá apresentar o CPPC, o que nos propúnhamos fazer e saber da sensibilidade dele, nomeadamente que possibilidades de financiamentos havia para os PALOPs. E o João de Deus Pinheiro até nos deu logo uma ideia, dizendo que a Comissão Europeia estava a pensar num projecto para Cabo Verde, que era a criação de um instituto para formação de funcionários públicos. E que este instituto deveria servir também para formar pessoas para os outros PALOPs porque os quadros deles da administração pública eram muito deficitários. Disse-nos ainda que seria bom que criássemos um instituto em Cabo Verde e que a Comissão Europeia estava disposta a apoiar financeiramente uma coisa dessas.” Falhou…

Não sem que os dois, Madeira e Passos, acompanhados por Paulo de Carvalho (o cantor) ainda tivessem visitado o arquipélago africano e Fernando Sousa, um antigo deputado do PS que era presidente da Assembleia Geral do CPPC e a quem a Tecnoforma entregou um BMW 1600, também lá tivesse ido várias vezes com o mesmo objectivo. Contudo, os três únicos projectos daquela ONG que o PÚBLICO conseguiu identificar foram desenvolvidos em Portugal entre 1997 e 2000. Prendem-se com a “integração socioeconómica de grupos mais desfavorecidos” e foram financiados em cerca de 137 mil euros pelo Fundo Social Europeu (FSE) e pela Segurança Social portuguesa.

A passagem de Passos Coelho por esta associação não é referida nos seus currículos e não consta do seu registo de interesses na Assembleia da República. Quando essa ONG foi criada, Passos Coelho era deputado em regime de exclusividade. “Trata-se de um assunto a que, na altura, não atribuí relevância especial, mas que não constitui segredo nem pretendi que o fosse”, escreveu Passos Coelho em 2012 em resposta o PÚBLICO, para justificar a não inscrição no registo de interesses, obrigatória, das suas funções no CPPC. E acrescentou: “Desconheço qual a data da cessação da actividade do CPPC.”

Ângelo Correia, Marques Mendes e Vasco Rato também foram fundadores do CPPC. “Ai que engraçado! Então, sem querer, ou por querer, eu estou ligado à Tecnoforma. Olhe que engraçado. Não tem graça nenhuma, mas é a vida!” Foi nestes termos que o antigo dirigente do PSD Ângelo Correia expressou, ao PÚBLICO, a sua surpresa, em 2012. “Dou-lhe a minha palavra de honra que não sei o que isso é.”» [Público]
   
Parecer:

Grande Passos Coelho, um verdadeiro amante de África, o maior dos africanistas como sugeriu na campanha para as legislativas.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»

 O regresso do moderador
   
«O líder do CDS-PP e vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, comprometeu-se hoje a defender a "moderação fiscal", alegando que o Estado tem de cortar na despesa, em vez de aumentar impostos.

"Nós acreditamos na moderação fiscal, que não se pode fazer de um dia para o outro toda, certamente fase a fase, com a prudência orçamental numa mão, mas sabendo que a carga fiscal é muito elevada e que é o Estado que tem de conter a sua despesa, não são as pessoas que têm de entregar mais ao Estado", frisou, nas comemorações do 40º aniversário do CDS, em Angra do Heroísmo, nos Açores.

Segundo o líder centrista, nos anos do memorando com a 'troika' houve "aumentos de impostos excecionais", mas "o país começa a ter um pouco de crescimento económico" e as empresas têm mais confiança, por isso é preciso deixar que a sociedade "respire", com "moderação fiscal".» [Expresso]
   
Parecer:

Com o país a cheirar a legislativas Portas lembra-se de ter prometido aos seus eleitores que iria moderar os excessos de Paulo Portas. Mas como é um cobardolas é apenas um moderador fiscal, já não quer aparar o extremista da Tecniforma.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Vomite-se.»

 Para onde foi o milhão de euros da Tecnoforma
   
«Luís Brito, o diretor-geral da Tecnoforma que foi responsável pela empresa entre 2001 e 2008, afirma que o Centro Português para a Cooperação (CPPC), a ONG presidida por Passos Coelho entre 1997 e 1999, custou cerca de 200 mil contos por ano à Tecnoforma, avança o semanário Expresso na edição deste sábado. Ou seja, um milhão de euros. Os números, no entanto, são negados por Fernando Madeira, diretor da empresa à data dos factos.

De acordo com Luís Brito, o “CPPC representou cerca de 600 mil contos de custos ao longo daqueles três anos”, o que, diz, teria sido uma “despesa incomportável” se fosse apenas tido em conta o volume de negócios da empresa em Portugal. “Nunca vi esses custos refletidos nas contas” da Tecnoforma, acrescenta.

Vistos assim, os números parecem mais elevados do que a ideia passada por Passos Coelho durante o debate quinzenal de sexta-feira, que disse que “não havia possibilidade de aquela ONG despender milhões em iniciativas”. Mas não vão ao encontro das declarações de Fernando Madeira, presidente da Tecnoforma na altura em que o atual primeiro-ministro, na altura deputado, Pedro Passos Coelho, esteve envolvido na fundação daquela ONG. Ao Expresso, Fernando Madeira garantiu que os valores referidos por Luís Brito são “absurdos e falsos”. Mas também não adianta quanto é que foi gasto com o CPPC, para o qual Passos diz ter trabalhado sem remuneração.» [Observador]
   
Parecer:

O mais divertido é que a PGR inocentou Passos Coelho mas nem deu pelo cheiro do milhão de euros da ONG da treta.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
  

   
   
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