sexta-feira, setembro 12, 2014

A alcateia

Estamos em Setembro, a pouco mais de três meses do início de 2015 e nada se sabe sobre as opções orçamentais, sobre se vão aumentar ou diminuir impostos, sobre se a carga fiscal se mantém ou continua a aumentar em consequência de aumentos nas taxas dos impostos e na eficácia da sua cobrança, sobre se a dívida vai aumentar, sobre se vão ser adoptados mais cortes na saúde, no ensino ou na investigação. Estamos a pouco mais três meses de 2015 e nada se sabe sobre o que se vai passar.
  
Não se sabe nem a alcateia de comentadores que comentou os debates entre Seguro e António Costa fez essa pergunta à ministra das finanças, a Paulo Portas que coordena a ministra das Finanças e muito menos a Pedro Passos Coelho que anda mais entretido a dar bicadas em Cavaco Silva do que dizer como vai ser o seu orçamento eleitoral para o próximo ano. Mas a mesma alcateia de comentadores que exige a Costa que apresente já o OE para 2016 não parece estar muito interessada em saber.
  
Até o circunspecto Sousa Tavares ficou muito desiludido com o segundo debate porque António Costa não apresentou a sua solução alternativa. O pressuposto destas preocupações é óbvio, a política económica tem sido um sucesso, o problema da dívida soberana está resolvido, o investimento cria emprego e a economia cresce, neste contexto exige-se que quem vier faça melhor ainda. 
  
Perguntam aos candidatos do PS o que vão fazer nos impostos em 2016 mas não perguntam ao governo o que vai fazer em 2015. Perguntam aos candidatos do PS qual o candidato presidencial apoiado pelo PS mas não perguntam à coligação da direita se vai concorrer em coligação em 2015 e qual o candidato presidencial que é apoiado por Portas e Passos Coelho. 
  
Para que um candidato de esquerda ser credível tem que ter respostas para as dúvidas que se possam colocar na próxima legislatura, mas nada perguntam ao governo em funções que nunca acertas nas previsões, que governa com base em mentiras e falsos desvios, que não consegue aprovar um OE que não contemple medidas ilegais. Para esta alcateia a direita tem o direito natural a governal, à esquerda exigem-se garantias e provas de competência.
  
O que perguntou esta alcateia sobre a reforma judicial? O que perguntou a alcateia à ministra das Finanças sobre o que ela pensa em relação à dívida soberana, uma pergunta que ela própria coloca aos partidos da oposição? O que é que esta alcateia que tão incomodada fica com o conflito interno do PS disse sobre o conflito entre Passos e Cavaco em torno da questão do BES ou sobre as divergências entre a Maria Luís e o seu coordenador Paulo Portas na questão do IRS?
  
Que me perdoem os leitores deste modesto blogue, mas a esta alcateia de comentadores que pululam nos muitos canais de informação só me apetece dizer que vão à bardamerda. A única excepção vai para Manuela Ferreira Leite, uma senhora que mereça ou não a nossa simpatia insiste em não se aramar em comentadora independente e fala de acordo com a sua consciência. Quase todos os outros não são mais do que a voz do dono.