Primeira saída limpa
Não fazer qualquer comentário sobre a notícia da revista Sábado, aguardando para avaliar o impacto e consistência.
Segunda saída limpa
Apesar de os jornalistas da revista Sábado terem (certamente) cumprido com a sua obrigação de questionar Passos Coelho sobre a notícia que iriam dar o primeiro-ministro não preparou qualquer resposta consistente, talvez convencido de que tem uma imagem de um político acima de qualquer suspeita.
Terceira saída limpa
Quando percebeu que a notícia tinha algum impacto mandou o spiner dizer que o primeiro-ministro estava convicto de que sempre foi um rapaz honesto. Perante a insistência dos jornalistas o próprio Passos Coelho disse com aquele ar de estar a encerrar o assunto de que tem a convicção de que nunca cometeu qualquer ilegalidade. Não tinha provas para contrariar a notícia nem aparentava ter a certeza, perante os dados tinha a convicção. Imagine-se que um juiz pergunta a um arguido se é inocente e este responde que tem a convicção de que sim.
Passos nunca prestou grande atenção Às suas contas e compreende-se que alguém que enquanto deputado ganhava cerca de 2.000 euros líquidos nunca se tivesse dado conta de pagamentos mensais de 5.000 euros. E como uma falha de memória nunca vem só, também não se recordava de ter recebido mais de 60.000 euros à conta da sua reintegração no Grupo Fomentiveste, uma holding onde tinha o Ricardo Salgado como um dos patrões.
Compreende-se que um deputado que ganhava os tais 2.000 euros não tivesse a mais leve ideia de ter recebido 60.000 ou, se acrescentarmos os proveitos da Tecnoforma, 210.000 euros. Como é que alguém que se apaixonou pela Laura num Fiat Panda velho e a cair aos bocados e que ainda este ano foi de férias num carro velho se ia lembrar se teria ou não recebido tais ninharias?
Quarta saída limpa
Como a tese da convicção não convenceu ninguém Passos Coelho teve de encontrar outra saída, certo de qual seria a resposta mandou os jornalistas informarem-se na Assembleia da República. Obediente um tal Albino, homem de confiança do primeiro-ministro, usou uma meia verdade como uma grande mentira, por um dia o assunto estava encerrado, o Albino confirmava que Passos Coelho tinha exercido o mandato de deputado em regime de exclusividade.
Quinta saída limpa
Como a mentira tem perna curta o pobre do Albino acabou por fazer figura de parvo pois em poucas horas os jornalistas desmontaram a sua meia verdade. Como o certificado de honestidade emitido pelo Albino se revelou tão credível quanto o diploma da licenciatura do Relvas a saída e Passos foi pedir um certificado de honestidade à sua amiga Procuradora-geral da República, só não sabemos se junto ao requerimento mandou uma garrafa de champanhe para que a procuradora possa festejar a emissão do certificado da mesma forma que festejou o julgamento em primeira instância do caso Face Oculta.
Agora ficamos todos aguardar que a PGR diga aquilo que todos sabemos, que a justiça portuguesa não emite certificados de honestidade para casos que não investigou e/ou não pode investigar. A quem irá pedir Passos Coelho mais um certificado de honestidade que o ajude a superar os seus problemas de memória? Como sugeriu o Mota Amaral, não seria mais fácil espevitar a memória?
A sexta e última saída limpa
Passos Coelho convoca os jornalistas e pede desculpa ao país por causa dos seus problemas de memória, começou por se esquecer de que tinha ganho uns trocos com a Tecnoforma e pediu 60.000 euros extras por ter estado em exclusividade. Agora que o questionaram sobre o passado tinha uma leve ideia de ter andado num Panda velho onde engatou a Laura e nem lhe passaria pela cabeça que poderia ter ganho tanto dinheiro, até que é muito provável que mesmo que tenha recebido o dinheiro não se recorda de ter trabalhado para o merecer. E como se sabe se há coisa que Passos Coelho detesta é que alguém viva acima das suas possibilidades!