domingo, setembro 21, 2014

Umas no cravo e outras na ferradura



   Foto Jumento


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Cogumelos do parque Florestal de Monsanto, Lisboa
  
 Jumento do dia
    
Miguel Macedo

É mais do que evidente que Portugal pouco ou nada está fazendo para evitar algum atentado do Estado Islâmico, como foi evidente que o país foi apanahdo de surpresa com a notícia da existência de jiahdistas portugueses. Mas sempre vai dando ares de que faz alguma coisa e pode ser que suceda com o terrorismo o mesmo que aconteceu com o incêncio, pode ser que o clima nos ajude.

«O ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, garantiu neste sábado que as autoridades portuguesas estão atentas e vigilantes, estando a ser ponderado "um conjunto de situações" para uma "reacção eficaz" a eventuais actos terroristas do autoproclamado Estado Islâmico.

"Estamos atentos e vigilantes", afirmou, à margem da inauguração do novo quartel dos Bombeiros Voluntários de Riba de Ave, em Famalicão.

No entanto, Miguel Macedo adiantou que Portugal não deverá seguir o exemplo do parlamento francês, que aprovou uma nova lei que possibilita confiscar passaportes para impedir potenciais jihadistas de viajarem para países como o Iraque e a Síria. "Não me parece que seja esse o caminho, não me parece que o que foi decidido ou que está a ser decidido em França seja a solução adequada para Portugal", referiu.

Sublinhou que, para já, ainda não há decisões do ponto de vista legislativo, mas garantiu que estão a ser ponderadas "algumas dessas matérias". "A decisão não está tomada, estou a ponderar um conjunto de outras situações que possam favorecer, se for caso disso, uma reacção eficaz das entidades que têm por missão e competência o combate a esse tipo de situações sem que haja dificuldades do ponto de vista operacional a obstar a essa reacção ou a essa acção", referiu.» [Público]

 O BESório

A ministra nada diz sobre o BES, diz ela, porque é assunto do ti Costa, por sua vez o ti Costa diz ao domingo o que o Marques Mendes disse no sábado, o Cavaco diz que nada diz de seu porque repete o que ouve do ti Costa, Passos Coelho diz que nada diz mas que já disse tudo o que sabia ao Cavaco, o Bento vai-se embora e fica calado, o Stock chega e diz o que o Bento dizia.

Depois de Ricardo Salgado ter partido não se sabia muito bem quem manda no BES, mas na sexta-feira dissiparam-se todas as dúvidas, o BES é do Horta Osório e ele é que sabe quanto vale e o que o seu empregado veio fazer para Lisboa. O país ficou a saber que o BES vai ser vendido o mais rapidamente possível e que essa é a tarefa do seu empregado e, algo que ninguém tinha dito, a venda vai dar prejuízo aos contribuintes.

Conclusão, ou o BES é vendido a tempo de o assunto ficar esquecido antes das eleições ou são as directas do PS que vão decidir o que fazer à sucata financeira da divina família. Até lá o BES é do Horta Osório, é o BESório.

 Desculpem

Dantes tudo o que o governo fazia, bem ou mal feito pouco importava, estava no mermorando, era uma consequência do memorando, era culpa do memorando, era por causa do memorando ou resultava da consequência do memorando.

Desde que a troika partiu que deixou de haver um culpado de serviço para os abusos e imbecilidades do governo, agora a culpa é mesmo dos ministros.  Mas eles já encontraram uma saída limpa para as suas asneiras, sempre que fazem merda perdem desculpa e ficam limpinhos  e prontos para mais imbecilidades.

 Seguro e Passos

A diferença entre Passos e Seguro faz-me lembrar quando vamos a um café, pedimos uma Água das Pedras e o empregado responde "Só temos, Vimeiro, mas é a mesma coisa". Mais gás, menos gás a diferença entre Passos e Seguro não é nenhuma.

Continuando na publicidade assistir a uma derrota de Costa e depois ter de votar Seguro é como no velio anúncio da Aguardente Aldeia Velha em que um cliente pedia uma aguardente e como não havia respondia "então dê-me um pastel de bacalhau".

      
 O populismo à espreita
   
«A propósito de factos recentes, várias vozes se têm erguido na denúncia do perigo populista. Creio que têm razão. A ameaça existe e tem de ser combatida. Para o que precisamos de profundidade na compreensão e firmeza na reação. Quatro elementos compõem a atitude populista. O primeiro é a oposição radical entre "nós" e "eles": nós, que supostamente formamos, por qualquer laço primordial, uma comunidade homogénea, e os outros que estão fora. Mesmo quando não é xenófobo, e portanto aceita o direito de os outros ocuparem o mesmo espaço que nós, o populismo olha-os de soslaio e com suspeita, em particular quando acredita que eles têm oportunidades e regalias específicas. Quer sejam os agricultores de Montalegre contra os doutores de Lisboa, ou os pobres honrados contra os "ciganos" do rendimento mínimo, ou as famílias remediadas contra os "milionários" das pensões do Estado, ou os zés-ninguéns contra os ricos que fintam a Justiça, o traço é o mesmo: a barreira intransponível entre os de dentro e os de fora, os de baixo e os de cima, os da norma e os da exceção, como se fossem mundos separados e incomunicáveis.

O segundo elemento é a definição emocional do "nós". O "povo" de que se reclamam os populistas não é um grupo social mas um estado de espírito, não é uma condição mas uma exaltação. Por isso, o raciocínio crítico, que contextualiza, relativiza e gasta tempo, é considerado uma traição. Veja--se a ideia de publicitar os contactos dos condenados por pedofilia: a reparação devida aos sentimentos de repulsa e alarme dispensaria o raciocínio básico de que, se a lei não prevê a prisão perpétua, não pode a administração instituí--la por porta travessa. Para os populistas, a indignação é suficiente, e o pensamento pernicioso.

O terceiro elemento é o desprezo pelas mediações, que obstam à materialização instantânea da emoção. Falo das regras e dos quadros institucionais que obrigam à argumentação e à prova, que introduzem distância entre o juízo e a coisa julgada, que requerem procedimentos objetivos e normas impessoais. Julgue-se sumariamente e sem apelo, condene-se o comportamento pelo seu valor facial, sem apurar de razões, sejamos nós ao mesmo tempo os ofendidos e os punidores. Para os populistas, as mediações e os mediadores - como o direito, o sistema político, os meios académicos e profissionais - são, no mínimo, dispensáveis e, no máximo, inimigos. São os de Lisboa contra o país, os da política contra o povo, os corrompidos pelas glórias e os benefícios do poder contra a pureza primordial da arraia-miúda.

Por isso, o último elemento da atitude populista é a substituição de toda a representação mediada e limitada pela representação imediata e absoluta, encarnada em líderes "puros", sem baias institucionais, que encarnam o povo porque são da sua natureza. Ou porque nasceram em Penamacor ou Santa Comba, ou porque só iam fazer a rodagem do carro, ou porque se viram ricos em Bruxelas para defender o povo contra Bruxelas, ou porque também não conseguem dormir sem saber se há um pedófilo no prédio.

Como se vê, o populismo situa-se nos antípodas da preocupação e do respeito pelo povo. O populismo expropria o povo do raciocínio, nega-lhe discernimento e pede-lhe adesão exaltada, sem medida nem escrutínio. Desde o surgimento da comunicação de massas, ele propaga-se com força, através da Imprensa dita popular, da televisão generalista e de cadeias de rádio religiosa ou ideologicamente comandadas. Também o temos em Portugal. E, de certo modo, habituámo-nos a ele. Até condescendemos, se bem que não devêssemos.

Mas o que talvez explique o recente sobressalto contra o populismo é a constatação da força com que ele vem penetrando no coração dos sistemas político-partidário e político-judicial. E o que é mais de lamentar é que, no primeiro caso, seja através do PS, pela mão de António José Seguro e que, no segundo, seja patrocinado pela própria ministra da Justiça.» [JN]
   
Autor:

Augusto Santos Silva.

 Perdoemos-lhes porque não sabem o que fazem
   
«A semana foi diferente. Fofinha, vá. Dois ministros, dois, pediram absolvição por transtornos e outras trapalhadas da governação. Paula Teixeira da Cruz, na quarta-feira, após duas semanas de negação, caiu em si e pediu desculpas pelo "estado de Citius" em que mergulhou a Justiça desde dia 1 deste mês.

No dia seguinte, o matemático Nuno Crato pediu clemência pelo erro na fórmula de cálculo utilizada para criar as várias listas de colocação de professores contratados. Uma e outro assumiram a responsabilidade política pelos fracassos mas não tiraram daí quaisquer consequências. Essas ficam para os bodes expiatórios, arranjados à pressa ou em inquéritos internos, mesmo que se tenham limitado a cumprir instruções dadas a partir dos gabinetes ministeriais.

Diz-se, por estes dias, que o ambiente está a mudar. Que as desculpas pedidas esta semana são sinónimo de uma nova era da comunicação política, mais próxima dos eleitores. Talvez seja verdade. Afinal de contas, vamos a votos outra vez já daqui a um ano. E nada seria mais ingénuo do que pensar que a proclamação "que se lixem as eleições!", feita em julho de 2012, era coisa para levar a sério.

Manda a sabedoria popular que as desculpas não se pedem, evitam-se. Determina a civilização que errar faz parte da natureza humana. Sabemos que pedir perdão é, em muitas circunstâncias - quase todas -, um ato de nobreza. Foi assim com o Papa Francisco, que o fez pelos pecados da Igreja. Foi também assim com Angela Merkel quando, em 2008, em pleno Knesset - Parlamento de Israel -, pediu desculpa pelo Holocausto. O erro ou o pecado são, portanto, naturais. Fazem parte do exercício de qualquer atividade, e o poder não é exceção. À atual maioria e seus seguidores, no entanto, se trilhar o caminho do ato de contrição permanente sobra-lhe pouco tempo para governar.

Senão, vejamos: irá o dr. Passos Coelho pedir desculpas por ter mentido descaradamente aos eleitores em 2011 ao jurar não subir a carga fiscal, cortar salários e pensões, confiscar subsídios, despedir funcionários públicos, controlar a dívida e um rol de outras promessas que serviram apenas para caçar o voto? Irá o primeiro-ministro pedir desculpa por ter ido além da troika, com as consequências económicas e sociais que se conhecem, ou pelos insultos constantes à Constituição? Irá o dr. Portas pedir desculpa por ter ultrapassado todas as linhas vermelhas que traçou? Irá o vice-primeiro-ministro pedir desculpa pela crise irrevogável do verão passado, e que tanto dinheiro em juros custou aos bolsos dos portugueses? Irá o dr. Pires de Lima pedir desculpa por, enquanto gestor, defender à outrance a baixa do IVA e, depois de chegado ao Ministério da Economia, ter metido na gaveta ideia tão absurda? Irá algum dia o professor Gaspar pedir desculpa "ao melhor povo do mundo" pelo colossal aumento de impostos? E, porque pecados não faltam, podia continuar por aqui fora, mas não me sobrava papel.» [DN]
   
Autor:

Nuno Saraiva.

   
   
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