Ao contrário do que se possa concluir em consequência das directas no PS não foi António Costa o verdadeiro verdugo de António José Seguro, a verdade é que ao ainda líder do PS foi derrotado por Pedro Passos Coelho e à medida que passa o tempo é cada vez mais evidente que bastará ao líder do PSD mais alguns debates parlamentares com o líder do PS e meia dúzia de medidas simpáticas para derrotar o actual PS.
Seguro não só se esqueceu de fazer oposição à direita como se encostou aos ataques dessa direita ao seu antecessor na liderança do PS. Mas ao aceitar a austeridade brutal na condição de ser fundamentada em falsos desvios e os excessos de Sócrates o líder do PS apoiava implicitamente o excesso de troikismo da coligação no governo. Seguro não tinha como prioridade fazer oposição à direita, queria afirmar-se contra o seu antecessor, mesmo que isso implicasse aceitar excessos de austeridade e de recessão.
Ao aceitar em nome do PS todas as acusações que a direita fazia a esse mesmo PS o seu líder ficou nas mãos de Passos Coelho, não admira que se tenha abstido na votação de um orçamento, que se tenha calado perante sucessivas revisões do memorando feitas nas suas costas. Mas ao assumir falsas culpas Seguro ficou em desvantagem e perdeu todos os confrontos com Passos Coelho.
Enquanto Seguro seguia a sua estratégia manhosa mas infantil de tentar mostrar que era melhor do que Sócrates, Passos Coelho ia mostrando aos eleitores do centro que ele era muito melhor do que Seguro. Seguro não conseguiu provar que era melhor do que Sócrates, em contrapartida Passos provou que era melhor do que ele. Passos tem um projecto e Seguro não, Passos é determinado e Seguro hesitante, Passos sabe o que quer e Seguro não tem qualquer ideia.
Seguro não só deu uma imagem de si próprio que o coloca muitos furos abaixo de Passos Coelho como deixou passar a ideia de que entre ele e Passos Coelho as diferenças não se situam no projecto mas sim nas capacidades e nesse capítulo perdeu em toda a linha.
Seguro acabou por não conseguir derrotar a sombra de Sócrates e acabou por deixar ao país a imagem de um líder que não passa de uma sobra de Passos Coelho.