Durante três anos tive mais do que paciência evangélica para aturar Seguro, diria mesmo que tive uma paciência de “corno”. Vi-o perder debate a debate quinzenal com Passos Coelho, vi-o tomar posse do pouco descontentamento que caia nas urnas, incluindo o meu modesto voto, como se fosse o resultado do seu brilhantismo, vi-o fazer surf nos ataques da direita ao seu antecessor cuja sombra não deixava descansado o seu complexo de inferioridade, vi-o juntar todos os deserdados do PS do tempo de Sócrates, gente que fez mais oposição a um governo do PS do que alguma vez fizeram a um governo de direita, como é o caso de uma tal Ana Gomes para a qual já não tenho paciência.
Mas o sofrimento deste país era demasiado para que manifestasse a minha concordância com as críticas que ouvia, quer da direita, quer da esquerda. A direita sempre teve razão, Seguro não tinha alternativas, Seguro não era diferente de Passos a não ser nas capacidades, Seguro era um fraco. A esquerda tinha razão ao dizer que Seguro apoiava a direita, que não fazia oposição, que era igual a Passos. Mas não querendo nem favorecer a direita nem a esquerda conservadora fui resistindo à tentação de dizer o que me ia na alma.
Mas na noite das Eleições Europeias ficou evidente aquilo que há muito adivinhava, Passos ganharia as eleições legislativas contra Seguro com uma perna às costas
ou, pelo menos, teria quase tantos votos que o PS obrigando Seguro a governar com o programa da direita. Um programa com o qual sempre concordou, dantes dizia que era culpa do memorando assinado pelo maldito Sócrates, depois diria que nada podia fazer contra a vontade do povo que não lhe deu a maioria absoluta. Neste momento é óbvio que Seguro nunca superará o seu complexo de inferioridade em relação a Passos Coelho, como nunca se curou do mesmo complexo em relação a Sócrates.
ou, pelo menos, teria quase tantos votos que o PS obrigando Seguro a governar com o programa da direita. Um programa com o qual sempre concordou, dantes dizia que era culpa do memorando assinado pelo maldito Sócrates, depois diria que nada podia fazer contra a vontade do povo que não lhe deu a maioria absoluta. Neste momento é óbvio que Seguro nunca superará o seu complexo de inferioridade em relação a Passos Coelho, como nunca se curou do mesmo complexo em relação a Sócrates.
Mas se até aqui calava apesar de não simpatizar, as directas tiveram o mérito de me ajudar a conhecer melhor este político. É um homem fraco, que não tem uma única ideia própria, que é vingativo e nem os já velhotes que fundaram o seu partido respeita, um menino mimado que na hora de perder o brinquedo não hesita em parti-lo. É um político que assume claramente que não cumprirá a Constituição em relação aos funcionários públicos, que é incapaz de criticar a direita, que recorre aos galopes mais sujos no debate político e que em matéria de populismo deixa o Marinho e Pinto a muitas milhas.
Seguro deixou de ser o político em que não tinha grande confiança, passou a ser um político que considero execrável e não me recordo de um único político desde Salazar que considere mais execrável e menos democrático. Não sou militante do PS, não tenho nada a ver com os ódios da Ana Gomes, as ambições do João Soares ou as amizades do Beleza, apenas quero um governo conduzido por gente de bem, honesta e frontal, gente capaz de ter projectos, gente que queria um país unido, o norte com o sul, o interior com o litoral ou a província com a capital.
Seguro era o político de que eu não gostava, depois destas directas é o político que detesto e considero ser um perigo para a democracia e para o PS, mas no que respeita a este partido isso é um problema dos seus militantes. Hesitei em inscrever-me nas directas do PS, considerava que isso seria um vínculo que me obrigaria eticamente a votar PS independentemente do vencedor e neste momento sei que nunca votarei Seguro, considero-o ainda pior do que Passos Coelho.
Mas depois do espectáculo triste a que assisti considero que votar contra Seguro é votar pela democracia, é votar pela higiene política deste país, é abrir a porta a gente capaz e livrar o país desta peste que são os jotas como Passos Coelho, Seguro e muitos outros que nos governam ou fazem de conta que são oposição. Para já e a bem da democracia e do meu país voto contra Seguro, depois veremos se António Costa me convence de que é capaz de governar o país tão bem como o tem feito com a cidade de Lisboa, essa cidade em que vivo e que aprendi a gostar apesar de ficar a 300 Km da minha terra e onde conheci muita gente que aprendi a admirar e que me envergonha ter visto ser emporcalhada por um idiota ambicioso.