sexta-feira, maio 29, 2015

O negócio da “economia social”

A transferência dos recursos públicos das prestações pagas directamente à população carenciada para os intermediários da chamada “economia social” é um imenso esquema que merece ser denunciado. Os mesmos pobres que eram tratados como indigentes, gente preguiçosa que não gosta de trabalhar passaram a ter uma grande utilidade a partir do momento em que em vez de receberem prestações sociais passaram a receber a ajuda das IPSS.

Dantes era um peso para o orçamento, agora é um sector dinâmico da economia criador de emprego e gerador de crescimento económico que o ministro Lambretas e o Marco António não se cansam de elogiar. Dantes prometia-se rigor na concessão do rendimento social de inserção e o combate às situações fraudulentas, agora duplica-se o valor a partir da qual as IPSS são obrigadas a contratar um ROC. Quando era o pobre a receber duzentos euros para comer era suspeito de desvios de fundos, agora que são as IPSS a receber milhões são isentas de controlo porque é tudo boas almas caridosas.
  
Antes de mas importa demonstrar a falsa ideia de que com o desvio de recursos para a caridadezinha surge uma nova economia geradora de riqueza não passa de uma mentira. Isso só seria verdade se os pobres em vez de comerem optassem por guardar o rendimento mínimo debaixo do colchão subtraindo-o da economia. A verdade é que as prestações sociais geram consumo e, por essa via, estimulam a economia, estimulando a produção de uma forma mais eficaz pois fá-lo através do mercado e não de uma intrincada rede de interesses instalados em torno dessas economia mafiosa que de forma quase cínica designam por economia social.
  
O cidadão que recebe uma prestação social é um cidadão livre, pobre mas livre e que pode comprar onde e a quem entender sem levar na testa a etiqueta de dependente da caridade. O cidadão que vai á sopa dos pobres fica na mão das almas caridosas e acaba por ter de consumir produtos fora do praz para que as empresas dos amigos das almas caridosas se possam libertar de produtos que não conseguem vender a bom preço e sem os custos da destruição.
  
Em qualquer parte do mundo sabe-se que em torno de boas causas como o combate à pobreza e a ajuda alimentar se formam muitas ONG que a troco da sua generosa actividade ficam com uma grande fatia dos recursos que deviam chegar aos que deles precisam. São organizações que envolvem interesses e que se especializam em desviar recursos. Que o digam os responsáveis pelo combate à fraude da Comissão Europeia ou mesmo as nossas polícias que são cada vez mais confrontadas com suspeitas de fraude. Recorde-se o caso da famosa ONG portuguesa que há poucos anos ficou famosa quando se percebeu que a sua estrutura interna dependia quase em exclusivo de familiares do seu presidente.
  
Nas últimas eleições foram as escolas privadas a fazerem de tropa de choque para ajudar a direita a chegar ao poder, não é difícil de perceber que nas próximas eleições aos senhores das escolas privadas se vão juntar os beneficiados dessa economia social, uma imensidão de organizações lideradas por boas almas e com grandes ramificações nalgumas empresas a começar por algumas grandes superfícies que descobriram nas campanhas de ajuda alimentar uma excelente forma de promoção comercial.
  
A economia social não passa de uma imensa fraude económica e política desenvolvida pela  dupla formada pelo Lambretas e pelo Marco António para que sejam os que  mais foram penalizados com as políticas deste governo sejam pressionados a votar neste governo. Da mesma forma que há medo de reclamar porque os produtos estão fora do prazo, também vai haver o medo de não votar no partido sugerido pelas boas almas que estão enriquecendo nesta economia mafiosa que de uma forma cínica designam por social.