Se nestes dia algum estrangeiro de passagem por Portugal ouvir o alarido feito pelos directores da nossa comunicação social vai com uma ideia idílica da nossa comunicação social, é bem capaz de acreditar que os nossos jornalistas são profissionais que colocam a independência e a verdade acima de um qualquer almoço ou passeio, que os directores dos jornais e televisões até em relação aos seus patrões são independentes e que o governo não tem a mais pequena hipótese de influenciar a comunicação social.
Os directores de informação da nossa comunicação social são
a grande elite da nossa democracia e os seus jornais e televisões são uma
verdadeira Estalinegrado da nossa liberdade de expressão. Aquele gente bate-se
contra tudo e contra todos para informarem com verdade, para tratarem os
assuntos com equilíbrio e para darem a cada tema em debate a devida
importância.
A nossa comunicação social é um mino e os seus directores democratas
de gema, o Correio da Manhã é o que se sabe, no DN foram todos para o governo,
na TVI está o Marcelo, na SIC o Mendes e na RTP o Sarmento, o Expresso é do Número
1 do PSD, o Observador faz de conta que é um jornal, o SE é da Loja Mozart e o
Público da Soane. Se a direita tem comentadores a mais convida-se alguém da
esquerda para equilibra, o Medina Carreira que foi ministro de Soares ou o
Carrilho que foi ministro de Guterres, se os candidatos presidenciais têm mais atenção compensa-se dando relevo a
Henrique Neto. Tudo isto sem leis anacrónicas ou vistos prévios.
É por isso que quando algum político manda um SMS agressivo
a um jornalista este sente medo e comporta-se como uma virgem ameaçada de
violação, a nossa comunicação é tão exemplar que não compreende estas atitudes. Os nossos jornalistas não têm medo de denunciar escutas a Belém, de noticiar a doença de Passos Coelho, de dizer umas mentiras opu fazer umas omissões, o que não suporta são os SMS e as ameaças. Neeesa altura reagem como virgens ameaçadas, aos guinchoe e numa verdadeira choradeira.