Graças a um campeonato onde os ânimos foram acicatados quase diariamente o futebol está dominando a actualidade, até o pobre do Passos Coelho parece que está em câmara ardente desde que veio de Espinho, onde se realizou o congresso onde deixou de ser primeiro-ministro no exílio, a verdade é que ninguém está interessado em saber o que diz o líder do PSD, que na verdade nada diz, ou se é a Maria Luís que o vai suceder, o que importa é o que diz o JJ nas antevisões dos jogos, bem como saber se ele fica ou se vai.
O país deixou de estar dividido entre PS e PSD, esquerda e direita, o que divide o país é os que são admiradores do JJ e os que se riem à gargalhada da personagem, os que querem ver o SCP ganhar e os que são do SLB, os comícios e as arruadas podem ficar desertos, o que importa é que o pessoal enche Alvalade e já nem usam lenço, enquanto a Luz enche às sete da tarde de uma sexta-feira onde nem os taxistas se esqueceram de opções mais importantes do que ser contra a UBER, dando entrevistas com a camisola do glorioso.
O futebol é uma droga barata e um descarregar de emoções a todos os níveis, a falar de futebol somos todos uns pequenos JJ ou, se tivermos tiques de intelectual, um Octávio ou mesmo um Eduardo. Serve para dizermos uns palavrões e até para ensaiarmos umas sessões de pancadaria sem que daí resulte uma guerra civil.
Mas ultimamente estamos a assistir a um fenómeno que deve preocupar o Marcelo, é que anda por aí muita gente a referir-se ao “meu presidente”. Mas não estão a pensar no Marcelo, referem-se ao Bruno, ao Vieira ao Fiuza e a todos os outros presidentes dos clubes. Quando um deputado do CDS, agora comentador desportivo na CMTV se referiu ao Bruno de Carvalho como o “meu presidente” ia caindo para o aldo. A bebedeira é mesmo colectiva e um dia destes os almoços entre deputados e os presidentes dos grandes clubes na cantina de São Bento ainda acaba em feriado nacional com o Vieira ou o Bruno a dirigirem-se ao país a partir do hemiciclo.
A direita conservadora tem um deputado que se refere num programa de televisão a Bruno de Carvalho como o meu presidente? Enfim, já não preciso de ver um porco a andar de bicicleta e apetece-me perguntar se estamos todos parvos ou será só impressão minha.