Uma coisa já é certa, no processo que conduziu à resolução do BANIF não houve transparência, em nome da segurança do sistema financeiro tudo foi feito na sombra e ao longo de meses árias instituições actuaram de forma que conduziu à transferência de mais um prejuízo da banca para os contribuintes, desta vez com custos agravados pela actuação dessas instituições.
O povo suporta milhares de milhões e agora é óbvio que todos escondem as suas responsabilidades, no caso do ex-governo até parece que não esteve cá, não escreveu, não alou, não decidiu, limitou-se a enterrar o dinheiro. O governador do BdP não mente mas omite, nada se sabe do que combinou com Frankfurt, tudo nas relações entre BdP e BCE é secreto, a verdade esconde-se atrás confidencialidades oportunas.
Em condições normais e estando em causa montantes tão elevados, negócios apressados e sinais mais do que óbvios de favorecimento no negócio, estaríamos a falar de fortes suspeitas de corrupção. Se alguém favorece uma empresa na ordem dos milhares de euros é suspeito de ser corrupto porque razão instituições que promovem a transferência de milhares de milhões de euros e favorecem um anco não deverão igualmente suspeitos de corrupção?
Pelos vistos os responsáveis do BCE e do BdP estão acima do comum dos cidadãos, parece terem levado uma vacina que lhes assegura um lugar no céu por serem modelos de boas virtudes. O normal não seria ser o parlamento a investigar, há já indícios de que as decisões neste processo resultaram na perda de uns e no favorecimento de outros e isso conduz necessariamente a suspeita de corrupção. Por muito menos já li comunicados da PGR a informar que estava a acompanhar processos.
A verdade é que há mais secretismos e protecção nestes esquemas pouco transparentes das resoluções bancárias do que nos negócios da Mossak Fonseca. Ao menos nos Panamá ainda á registos informáticos com décadas, no caso do BANIF não á papeis, não há registos informáticos, não há cópias de instruções ou decisões da Maria Luís, não há registo de milhares de intervenções e conversas do Banco de Portugal, e o pouco que há aparece com tinta preta a esconder a verdade.
Neste processo há mais opacidade do que nas off shores da Mossak Fonseca e a opacidade tem um único objectivo, esconder a verdade. Como a verdade foi um negócio duvidoso em que os portugueses perderam milhares de milhões e parece ter avido quem tenha ganho muitos milhões com a ajuda de instituições públicas e dos seus responsáveis isso em bom português significa uma única coisa, que nos estão a esconder a verdade.
Fica aqui a dúvida, pode o BCE decidir tirar milhares de milhões aos portugueses para os entregar a alguém em nome da estabilidade do sistema financeiro, fazendo-o no total secretismo e sem ter de prestar contas a ninguém? Quem pode investigar uma instituição europeia?