sábado, novembro 19, 2011

Capitalismo de miséria

Desde que gente como o Gaspar e o Álvaro apareceu no governo palavras como desenvolvimento, bem-estar ou progresso desapareceram do léxico económico, agora fala-se de empobrecimento, de redução salarial, redução de feriados e, de vez em quando, de crescimento lá para 2013 se tudo correr bem.

A política económica destes rapazes não considera qualquer objectivo que se relacione com a ambição dos trabalhadores, visa apenas um crescimento económico orientado para os lucros. Estes ilustres académicos, um modesto intelectualmente e vaidoso no currículo, o outro modesto no currículo e vaidoso intelectualmente, têm o maior desprezo por qualquer dimensão social da economia, tudo se mede por competitividade e esta mede-se pelos lucros das empresas.

Não parece muito mas Portugal ainda é uma democracia e estes rapazolas sabem muito bem que daqui a três anos irão a eleições e se o Batanete da Rua da Horta Seca não parece poder ter grandes ambições políticas, já o Gaspar com aquele ar feiote e de sem-abrigo poderá ser muito mais ambicioso do que parece e com os tiques salazaristas que vai adoptando é melhor que o Passos Coelho se cuide. O Gaspar sabe que vai ter de enganar os portugueses e a única forma de o fazer é apresentando resultados ao nível do crescimento económico.

Para o Gaspar desde que ele e os seus familiares estejam bem empregados está tudo bem, os portugueses podem deixar de ter quaisquer expectativas para além de terem um trabalho mal remunerado em Portugal ou emigrar. Não admira que na linguagem económica do Gaspar não exista qualquer relação entre crescimento e tecnologia, boa gestão ou valor acrescentado. Em vez disso naquela cabecinha feiota a única relação com crescimento são salários miseráveis, para ele os portugueses devem conformar-se em serem trouxas pois foi para isso que vieram a este mundo.

Em tempos Mário Soares acusou a esquerda conservadora de defender o socialismo de miséria. Agora é a direita que governa e defende um capitalismo de miséria, um capitalismo há muito esquecido. Também neste capítulo o Gaspar se revela uma cópia de Salazar, a sua ambição para os trabalhadores portugueses é que sejam pobres mas lavadinhos.