Enquanto o governo privatiza tudo e mais alguma coisa em nome da suposta superioridade da gestão privada o país assiste à exibição de uma fila de empresários junto à sopa dos pobres, pedindo dinheiro dos contribuintes. Os nossos orgulhosos empresários e banqueiros mais parecem uns sem abrigo à espera da carrinha do Banco alimentar contra a Fome.
Quem diria que o garboso Ulrich, um dos banqueiros que mais aprecia dar lições de moral ao país e que desde há uns anos anda armado no modelo de virtudes da alta finança nacional, haveria de ser um dos que mais precisa da ajuda do Estado para se recapitalizar e assegurar aos seus depositantes que as suas poupanças não serão tragadas pelos créditos mal parados ou as garantias da treta de negócios menos bem sucedidos.
O mesmo governo que exibiu a Parque Expo como o exemplo da má gestão estatal prepara-se agora para “nacionalizar” a Europarques e os seus mais de trinta e dois milhões de prejuízos. Os exemplos multiplicam-se e ao mesmo ritmo que os contribuintes e trabalhadores do Estado vão dando folga financeira ao ministro Gaspar este vai-se multiplicando em acções generosas. De um lado vão ao pote do contribuintes e dos trabalhadores, do outro vão salvando empresários e banqueiros que foram maus gestores, incapazes e irresponsáveis.
Assim como o pobre é maneta enquanto o rico é deficiente as empresas públicas são geridas com incompetência e fonte de todos os males, as empresas privadas estão em dificuldades por causa da crise e dos salários elevados e os seus gestores são modelos de virtudes.
O mesmos banqueiros que não revelaram grande imaginação na gestão dos seus bancos mostram-se agora muito criativos na tentativa de transferir, sem mostrarem o mais pequeno pudor, os seus prejuízos para os contribuinte. A última grande ideia foi a criação de um bad bank, passavam para um banco do Estado todos os activos tóxicos, isto é andaram a empregar dinheiro a vigaristas a troco de falas garantias
Os mesmos altos gestores, capitalistas e banqueiros que criticaram os governos por incompetência geriram mal as suas empresas, criticaram a falta de rigor mas aceitaram falsas garantias a troco de dinheiro que arranjaram facilmente, criticaram a falta de previsão mas foram incapazes de prever o desastre, criticaram o país por ter de pedir ajuda internacional mas agora querem enganar os contribuintes trocando os seus impostos por lixo.