O esforço exigido ao país é de tal forma grande que ou os responsáveis têm como princípio orientador a equidade e a justiça e todos os intervenientes colocam o interesse nacional acima dos interesses de grupo ou em vez de uma Nação este país se transforma num galinheiro, para não dizer num bordel ou mais propriamente num infantário onde estão os filos das colaboradoras do dito bordel.
Infelizmente o Governo desprezou estes princípios e os empresários sentem-se estimulados a não terem limites no banquete que lhes está sendo servido com a eliminação de direitos laborais, já faltou mais para que algum idiota proponha que se celebre o Dia de Natal no 25 de manhã e o dia de Ano Novo à tarde, fazendo-se a festa da passagem do ano ao meio dia. Vale tudo, o Gaspar decidiu dar o exemplo sendo ele a tirar a pele aos do Estado e por mais que digam que não é evidente que a seguir serão os patrões menos escrupulosos a escalpelizarem os trabalhadores do sector privado, no mercado de trabalho vivem um ambiente onde uns dizem mata e outros acrescenta esfola.
É por isso que Cavaco Silva já quase desistiu de apelar à unidade dos portugueses contra a crise e ouvir um Vítor Gaspar dizer que precisa do empenho de todos só pode merecer uma imensa gargalhada. Já todos os portugueses perceberam que o Governo da direita quer fazer de uma vez o que não conseguiu fazer em mais de trinta anos, quer rever a Constituição fazendo de facto ou com a abstenção destrutiva do banana que lidera o PS, quer rever a legislação laboral eliminando três décadas de progresso social, quer ainda vingar-se de todas as frustrações que sentiu desde o 25 de Abril.
Concordar com o aumento do horário de trabalho em nome do aumento da produtividade? É uma treta, uma boa parte dos lucros adicionais vão ser esbanjados como o foram no passado, as grandes empresas vão distribuir os resultados sob a forma de dividendos agora isentos de impostos, os outros vão comprar casacos para as putas que lhes servem de amantes e carros de luxo para a família.
Continuar a preferir a banca nacional? Isso significa apoiar uns sacanas que compraram os bancos nacionalizados com recurso a cambalachos, durante duas décadas exploraram o mercado em regime de oligopólio, quando sentiram as primeiras dificuldades exigiram que se pedisse apoio ao FMI e agora que estão enterrados porque não souberam gerir os seus negócios querem que sejam os contribuintes a emprestarem-se o dinheiro livre de encargos. Com sacanas destes a melhor forma de ajudar o país é recorrer à banca estrangeira, esta não se mete descaradamente na política interna e quando estiver com dificuldades vai chatear a Merkel ou o Sarkozy!
Comprar português em lojas portuguesas? Nem pensar, comprar no Pingo Doce para depois o merceeiro criar uma fundação e comprar uns quantos intelectuais para entrar na política e influenciar as eleições em seu favor para que depois nos venham cortar subsídios ou aumentar as horas de trabalho? Para quê comprar marcas portuguesas se são as empresas portuguesas que mais exigem que se regresse ao regime laboral do século XIX? Entre o ex-comunista que lidera a CIP e os gestores da Auto-Europa prefiro os segundos, do primeiro vem uma proposta de esclavagismo, dos segundos vem capacidade de diálogo e bem-estar social. Uns são empresários, os outros são sacanas com empresas.
Com esta política mata-se o sentido de Nação, um dia destes só somos portugueses quando formos à bola e com alguns seleccionadores como os que tivemos no passado ainda corremos o risco de ter que festejar a vitória da Equipa B do Brasil.