Os (trabalhadores) portugueses estão a ser sujeitos a uma dose brutal de austeridade e de humilhação, que vai muito para além do exigido pelos centuriões do grande capital que se comportam em Portugal como um exército bárbaro de ocupação. Um governo miserável formado por gente com qualificações académicas e cívicas duvidosas achou que a miséria imposta pela troika a troco de um empréstimo pago com juros milionários era pouca e decidiu aumentar arbitrariamente a dose.
Inventaram-se mentiras e até se aproveitaram dos desvarios financeiros do Alberto João para desencadearem um processo de proletarização forçada da classe média e promover um retrocesso civilizacional, impondo uma política de classe que nos faz recuar quase até ao século XIX. De um Governo de bem espera-se que Governe para o bem-estar dos cidadãos, este governo assume claramente que tem por objectivo o empobrecimento forçado dos trabalhadores portugueses.
Ou os trabalhadores e democratas reagem com a mesma violência com que actua o ministro das Finanças, o Batanete da Rua da Horta Seca e Passos Coelho ou mais cedo do que muitos pensam teremos de novo um Salazar na presidência do conselho e um Passos Coelho promovido a marechal Óscar Carmona. Está na hora de denunciar os sacanas que não escondem o desejo de explorar os seus trabalhadores.
Beber cerveja Superbock é apoiar um senhor chamado António Pires de Lima que há poucos dias afiava os dentes concluindo que a sua empresa aumentaria a produtividade em 7% graças a mais meias hora de trabalho escravo dos seus trabalhadores, mas ainda ontem o colega de partido da ministra da Agricultura que achou bem um aumento brutal do IVA sobre os alimentos para bebés considerava o exagero um aumento de 3% do imposto sobre as bebidas alcoólicas. Beber cerveja Superbock significa apoiar o esclavagismo e gente que usa o seu orçamento publicitário para ocupar os jornais com a defesa desse mesmo esclavagismo.
Comprar no Pingo Doce é estar a apoiar financeiramente um merceeiro que na defesa do recurso à intervenção do FMI, tendo sido mesmo um dos primeiros a exigir esta solução. É estar a ajudar a aumentar os lucros de alguém que os usa para financiar uma fundação que teve intervenção directa nas eleições legislativas e que tem como assalariado um conhecido intelectual que em tempos era da esquerda para defender as suas ideias.
Ser cliente de um dos bancos que fizeram chantagem sobre o Governo anterior é ajudar banqueiros que ao longo de anos distribuíram enormes fortunas em dividendos livres de impostos e agora se sabe que geriram mal os seus bancos e cometeram erros de previsão e de gestão danosa piores do que os cometidos por qualquer governo. A liderar ideologicamente está um menino da Linha de Cascais em frequentou um curso universitário que nunca concluiu e que antes de um vaidoso banqueiro era jornalista. Depois de termos andado anos a ouvir as lições de morais de Fernando Ulrich soubemos que o seu banco é o que enfrenta mais dificuldades e mais carece da ajuda dos contribuintes, os tais aos quais este senhor exige que se apliquem medidas brutais de austeridade. Se deixarmos de ser clientes do BPI este senhor é despedido em menos de nada.
Os funcionários públicos não são obrigados a ganhar menos à hora do que uma empregada doméstica só porque os ministros são sacanas ao ponto de os elegerem como vítimas da troika por questões de oportunismo eleitoral. Se se os funcionários públicos então que sejam os boys e as chefias a trabalhar, os boys que façam operações para além das horas, que apaguem os incêncios, que dêm o corpo ao manifesto nas polícias ou no Afeganistão.
Está na hora de dizer basta e afirmar a dignidade de Portugal e do portugueses, negociar com a troika não implica atirar o nome de Portugal para a lama, aplicar austeridade não obriga a levar os trabalhadores à miséria dispensando os ricos de contribuir para os sacrifícios. Está na hora de afirmar que os portugueses não são nem cobardes, nem gente sem dignidade e muito menos cornos mansos. Está na hora de responder aos canalhas.