Foto Jumento
Mastro de fragata do Tejo
Imagens dos visitantes d'O Jumento
Garça-branca-pequena (Egretta garzetta) [A. Cabral]
Jumento do dia
Álvaro
Já se sente o chuto para cima dado no traseiro da Milu, a jornalista do PSD/DN que foi considerada incompetente para tratar da imagem do Álvaro, com a partida da jornalista para as delícias do turismo o Álvaro que só recebia patrões já parece outro. Um dia depois de a direita ter dito que a greve geral foi um desastre o Álvaro já fala em diálogo com aqueles que desprezou mesmo quando decidiu obrigar os trabalhadores a darem meia hora de trabalho à borla para que os seus patrões possam comprar mais carros e ir a bordeis.
«O ministro da Economia e Emprego garantiu esta manhã que o Governo "aposta muito no diálogo social", que considerou "fundamental num momento de emergência".
Um dia depois da greve geral, que terminou com exigências de mais negociação colectiva pelas centrais sindicais, Álvaro Santos Pereira lembrou aos jornalistas que está agendada para segunda-feira uma reunião com os parceiros, mas não quis adiantar se a proposta do Governo sobre a meia hora de trabalho suplementar (prevista no orçamento para 2012) vai incorporar as muitas críticas feitas pelos sindicatos na última reunião.» [DN]
«O ministro da Economia e Emprego garantiu esta manhã que o Governo "aposta muito no diálogo social", que considerou "fundamental num momento de emergência".
Um dia depois da greve geral, que terminou com exigências de mais negociação colectiva pelas centrais sindicais, Álvaro Santos Pereira lembrou aos jornalistas que está agendada para segunda-feira uma reunião com os parceiros, mas não quis adiantar se a proposta do Governo sobre a meia hora de trabalho suplementar (prevista no orçamento para 2012) vai incorporar as muitas críticas feitas pelos sindicatos na última reunião.» [DN]
Os descamisados de Passos Coelho
Para ter a sua base social de apoio Passos Coelho está a comprar a simpatia dos que recebem pensões baixas aos que descontaram pouco ou não fizeram descontos com o dinheiro dos que mais descontam. As vítimas do populismo são obrigadas a pagar as balas com que esse populismo está a destruir o Estado Social.
Nem sequer as empresas de lixo do tio Ângelo?
Nem tudo o que há na Grécia é contagiosoNem sequer as empresas de lixo do tio Ângelo?
Mais murros no estômago?
«Imagino a perturbação que deve andar no espírito dos membros do Governo. Antes das eleições, recorde-se, um deles - hoje secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro - chegou a garantir que bastaria os mercados tomarem consciência de que tinha havido uma mudança de Governo em Portugal para o ‘rating’ da República subir automaticamente!
Sabemos todos de onde veio essa extraordinária ilusão: da ideia, muito conveniente para efeitos eleitorais, de que a crise internacional era apenas uma desculpa socialista e de que o verdadeiro mal do País, talvez mesmo da Europa e do Mundo, era o Governo de Sócrates. A realidade, porém, insiste no desmentido. Todos os dias. E vai-se encarregando de provar que a verdade sobre a crise que enfrentamos é outra, muito mais complexa e desafiante.
O facto é este: cinco meses depois da mudança de Governo e anunciadas que foram as medidas adicionais de austeridade "para além da troika", o ‘rating' da República, em vez de subir, continua a descer. Depois da Moodys, em Julho, esta semana duas agências - a norte-americana Fitch e a chinesa Dagong - baixaram ainda mais o ‘rating' de Portugal, para BB+, com ‘outlook' negativo, isto é, com tendência para piorar. E ambas convergiram numa justificação: as perspectivas de agravamento da recessão em Portugal.
Nesse ponto, o ministro das Finanças não podia estar mais de acordo: esta semana cometeu a proeza inédita de apresentar a sua quarta (!) previsão económica para 2012 em apenas cinco meses - e sempre com revisões em baixa: em Julho, previa para 2012 uma recessão de -1,7% do PIB: em Agosto, -1,8%; em Outubro, -2,8% e agora, em Novembro, de novo em baixa para -3%. Raro é o mês em que o ministro das Finanças não revê as suas previsões e longe vai o tempo em que isso era sinal de incompetência!
Como se isso não bastasse, o insuspeito Financial Times publicou, também esta semana, o seu tradicional ‘ranking' dos ministros das Finanças e atribuiu a Vítor Gaspar um decepcionante penúltimo lugar em credibilidade - um lugar que a doutrina oficial julgava reservado, por definição, a ministros das Finanças socialistas.
O primeiro-ministro, tudo indica, continua a não ver em tudo isto mais do que sucessivos "murros no estômago". Do que se trata, porém, é de golpes que atingem, isso sim, o tronco da narrativa da crise que o actual Primeiro-Ministro perfilhou. À luz dessa narrativa distorcida, simplista e panfletária, a descida do ‘rating' de Portugal parecerá ao primeiro-ministro destituída de lógica: afinal, é ele e não Sócrates quem está a frente do Governo; nas Finanças está um liberal importado do BCE; as políticas de austeridade vão além do que a própria "troika" sugeriu e até o empobrecimento foi perfilhado como desígnio governativo. Mas onde verdadeiramente não há lógica é na "grelha de leitura" da crise que o primeiro-ministro teima em manter, para não pôr em causa a narrativa que lhe serviu para ganhar votos em Portugal - e que, aliás, é semelhante à que a chanceler Merkel mantém para tentar não perder votos na Alemanha.
E aí o temos: em Portugal, insistindo numa austeridade que ultrapassa em brutalidade e injustiça as exigências de qualquer "troika"; na Europa, recusando, mesmo contra o Presidente da República e a Comissão Europeia, uma resposta efectiva e solidária da zona euro à crise das dívidas soberanas, preferindo fazer coro com a Chanceler Merkel na defesa da prioridade à disciplina orçamental dos países do Sul.
Mas esta semana, quando a Alemanha falhou, pela primeira vez, uma emissão de dívida pública nos mercados financeiros, não consta que a chanceler Merkel se tenha queixado de ter sofrido um "murro no estômago". É mais provável que tenha finalmente compreendido que a realidade lhe estava a dizer alguma coisa. Se assim for, o primeiro-ministro que tome cuidado: em breve pode não ter com quem fazer coro. E ficará a falar sozinho.» [DE]
Sabemos todos de onde veio essa extraordinária ilusão: da ideia, muito conveniente para efeitos eleitorais, de que a crise internacional era apenas uma desculpa socialista e de que o verdadeiro mal do País, talvez mesmo da Europa e do Mundo, era o Governo de Sócrates. A realidade, porém, insiste no desmentido. Todos os dias. E vai-se encarregando de provar que a verdade sobre a crise que enfrentamos é outra, muito mais complexa e desafiante.
O facto é este: cinco meses depois da mudança de Governo e anunciadas que foram as medidas adicionais de austeridade "para além da troika", o ‘rating' da República, em vez de subir, continua a descer. Depois da Moodys, em Julho, esta semana duas agências - a norte-americana Fitch e a chinesa Dagong - baixaram ainda mais o ‘rating' de Portugal, para BB+, com ‘outlook' negativo, isto é, com tendência para piorar. E ambas convergiram numa justificação: as perspectivas de agravamento da recessão em Portugal.
Nesse ponto, o ministro das Finanças não podia estar mais de acordo: esta semana cometeu a proeza inédita de apresentar a sua quarta (!) previsão económica para 2012 em apenas cinco meses - e sempre com revisões em baixa: em Julho, previa para 2012 uma recessão de -1,7% do PIB: em Agosto, -1,8%; em Outubro, -2,8% e agora, em Novembro, de novo em baixa para -3%. Raro é o mês em que o ministro das Finanças não revê as suas previsões e longe vai o tempo em que isso era sinal de incompetência!
Como se isso não bastasse, o insuspeito Financial Times publicou, também esta semana, o seu tradicional ‘ranking' dos ministros das Finanças e atribuiu a Vítor Gaspar um decepcionante penúltimo lugar em credibilidade - um lugar que a doutrina oficial julgava reservado, por definição, a ministros das Finanças socialistas.
O primeiro-ministro, tudo indica, continua a não ver em tudo isto mais do que sucessivos "murros no estômago". Do que se trata, porém, é de golpes que atingem, isso sim, o tronco da narrativa da crise que o actual Primeiro-Ministro perfilhou. À luz dessa narrativa distorcida, simplista e panfletária, a descida do ‘rating' de Portugal parecerá ao primeiro-ministro destituída de lógica: afinal, é ele e não Sócrates quem está a frente do Governo; nas Finanças está um liberal importado do BCE; as políticas de austeridade vão além do que a própria "troika" sugeriu e até o empobrecimento foi perfilhado como desígnio governativo. Mas onde verdadeiramente não há lógica é na "grelha de leitura" da crise que o primeiro-ministro teima em manter, para não pôr em causa a narrativa que lhe serviu para ganhar votos em Portugal - e que, aliás, é semelhante à que a chanceler Merkel mantém para tentar não perder votos na Alemanha.
E aí o temos: em Portugal, insistindo numa austeridade que ultrapassa em brutalidade e injustiça as exigências de qualquer "troika"; na Europa, recusando, mesmo contra o Presidente da República e a Comissão Europeia, uma resposta efectiva e solidária da zona euro à crise das dívidas soberanas, preferindo fazer coro com a Chanceler Merkel na defesa da prioridade à disciplina orçamental dos países do Sul.
Mas esta semana, quando a Alemanha falhou, pela primeira vez, uma emissão de dívida pública nos mercados financeiros, não consta que a chanceler Merkel se tenha queixado de ter sofrido um "murro no estômago". É mais provável que tenha finalmente compreendido que a realidade lhe estava a dizer alguma coisa. Se assim for, o primeiro-ministro que tome cuidado: em breve pode não ter com quem fazer coro. E ficará a falar sozinho.» [DE]
Autor:
Pedro Silva Pereira.
O novo Ultimatum
«De vez em quando aterram na Portela três homens a quem foi concedida a superior missão de humilhar os portugueses. Têm-no conseguido com esmero e distinção.
Dizem que vêm verificar as contas do Estado - coisa assaz extravagante no tempo dos computadores e da Internet - mas na realidade passam por cá alguns dias a dar entrevistas e conferências de imprensa com o único propósito de deixar bem claro quem manda agora em Portugal. Eles.
Desde o Ultimatum de 1890 que Portugal não sofria uma humilhação tão grande. Com a agravante de não termos hoje a crítica mordaz de um Rafael Bordalo Pinheiro, nem um movimento social revolucionário tal como sucedeu com os republicanos à época.
É assim que à vista da troika, o governo estende a passadeira vermelha; a oposição resmunga mansamente; os jornalistas engalfinham-se para conseguir uma frase, um sorriso, um aceno, o que for; o povo, sempre passivo e obediente, amocha. Não há no Portugal de 2011 ninguém que se oponha radical e frontalmente a esta situação. Não temos intelectuais nem pensadores. A cultura ressona.
Não se trata aqui de nacionalismo ou de serôdio patriotismo. É a essência da democracia que está em causa. Se os portugueses aceitaram o pedido de ajuda financeira e a inevitável austeridade, votando maioritariamente nos três partidos que o assinaram, ninguém que se saiba votou o trespasse da governação. É ao governo eleito que cabe prestar contas aos cidadãos e explicar todos os trâmites do processo de negociação em curso e do ajustamento financeiro. Não é seguramente a um trio de burocratas que ninguém conhece ou escolheu.
O senhor Poul Thomson e os seus apêndices não representam nada em Portugal. Nunca participaram na nossa vida política, social ou cultural. É aliás bastante duvidoso que conheçam algo da realidade portuguesa. No melhor, conhecem o "lobby" de alguns hotéis e os elevadores do Ministério das Finanças. O que é manifestamente pouco para governar um país. E, no entanto, falam com sobranceria, dão conselhos, repreendem, fazem poses. A sua postura é um ultraje aos mais elementares princípios da democracia. O seu comportamento é repugnante, mais próximo do colonialismo do que de uma Europa democrática e civilizada.
Não é por isso minimamente aceitável que a troika continue a fazer declarações públicas. E ainda é menos aceitável que os principais responsáveis políticos, sobretudo o governo e o Presidente da República, permitam estas sessões de humilhação nacional. Mais uma vez, e tal como sucedeu com D. Carlos I e o governo da época, o poder cede ao Ultimatum. Com o argumento de que não há alternativa - o que não deixa de ser contraditório com o princípio de que em democracia existem sempre alternativas -, Cavaco Silva e o governo, submetem-se à "pirataria", como lhe chamou Bordalo Pinheiro, mesmo se isso significa enormes sacrifícios para o povo que os elegeu. Em suma, é isto a "porca da política" para continuar a citar Bordalo.
O novo Ultimatum, expresso na postura da troika, só é possível através de uma suspensão da democracia, assunto que em tempos mereceu alguma celeuma. Mas foi só conversa. Porque agora que a democracia está mesmo suspensa ninguém parece preocupar-se.
Perante estes poderes fracos e cúmplices, vamos assistindo a um assalto de forças não legitimadas pelo voto popular. São os poderes mediáticos, financeiros, empresariais, organizações supranacionais que ninguém na verdade fiscaliza ou sabe em rigor o que fazem. Agências de "rating", bancos, sociedades de investimento, que determinam cada vez mais os destinos dos povos e do mundo em geral.
Neste contexto, cabe perguntar para que servem as eleições? De que vale eleger deputados e governos se no dia seguinte ficam reféns de uma qualquer troika que ninguém avaliou, não presta contas e não pode ser derrubada por um ato democrático? Assim não se admirem se a única via que resta mesmo seja a da violência social. Não são só os sacrifícios que têm limites. A serenidade, mesmo deste povo pacato e submisso, também o tem.» [Jornal de Negócios]
Dizem que vêm verificar as contas do Estado - coisa assaz extravagante no tempo dos computadores e da Internet - mas na realidade passam por cá alguns dias a dar entrevistas e conferências de imprensa com o único propósito de deixar bem claro quem manda agora em Portugal. Eles.
Desde o Ultimatum de 1890 que Portugal não sofria uma humilhação tão grande. Com a agravante de não termos hoje a crítica mordaz de um Rafael Bordalo Pinheiro, nem um movimento social revolucionário tal como sucedeu com os republicanos à época.
É assim que à vista da troika, o governo estende a passadeira vermelha; a oposição resmunga mansamente; os jornalistas engalfinham-se para conseguir uma frase, um sorriso, um aceno, o que for; o povo, sempre passivo e obediente, amocha. Não há no Portugal de 2011 ninguém que se oponha radical e frontalmente a esta situação. Não temos intelectuais nem pensadores. A cultura ressona.
Não se trata aqui de nacionalismo ou de serôdio patriotismo. É a essência da democracia que está em causa. Se os portugueses aceitaram o pedido de ajuda financeira e a inevitável austeridade, votando maioritariamente nos três partidos que o assinaram, ninguém que se saiba votou o trespasse da governação. É ao governo eleito que cabe prestar contas aos cidadãos e explicar todos os trâmites do processo de negociação em curso e do ajustamento financeiro. Não é seguramente a um trio de burocratas que ninguém conhece ou escolheu.
O senhor Poul Thomson e os seus apêndices não representam nada em Portugal. Nunca participaram na nossa vida política, social ou cultural. É aliás bastante duvidoso que conheçam algo da realidade portuguesa. No melhor, conhecem o "lobby" de alguns hotéis e os elevadores do Ministério das Finanças. O que é manifestamente pouco para governar um país. E, no entanto, falam com sobranceria, dão conselhos, repreendem, fazem poses. A sua postura é um ultraje aos mais elementares princípios da democracia. O seu comportamento é repugnante, mais próximo do colonialismo do que de uma Europa democrática e civilizada.
Não é por isso minimamente aceitável que a troika continue a fazer declarações públicas. E ainda é menos aceitável que os principais responsáveis políticos, sobretudo o governo e o Presidente da República, permitam estas sessões de humilhação nacional. Mais uma vez, e tal como sucedeu com D. Carlos I e o governo da época, o poder cede ao Ultimatum. Com o argumento de que não há alternativa - o que não deixa de ser contraditório com o princípio de que em democracia existem sempre alternativas -, Cavaco Silva e o governo, submetem-se à "pirataria", como lhe chamou Bordalo Pinheiro, mesmo se isso significa enormes sacrifícios para o povo que os elegeu. Em suma, é isto a "porca da política" para continuar a citar Bordalo.
O novo Ultimatum, expresso na postura da troika, só é possível através de uma suspensão da democracia, assunto que em tempos mereceu alguma celeuma. Mas foi só conversa. Porque agora que a democracia está mesmo suspensa ninguém parece preocupar-se.
Perante estes poderes fracos e cúmplices, vamos assistindo a um assalto de forças não legitimadas pelo voto popular. São os poderes mediáticos, financeiros, empresariais, organizações supranacionais que ninguém na verdade fiscaliza ou sabe em rigor o que fazem. Agências de "rating", bancos, sociedades de investimento, que determinam cada vez mais os destinos dos povos e do mundo em geral.
Neste contexto, cabe perguntar para que servem as eleições? De que vale eleger deputados e governos se no dia seguinte ficam reféns de uma qualquer troika que ninguém avaliou, não presta contas e não pode ser derrubada por um ato democrático? Assim não se admirem se a única via que resta mesmo seja a da violência social. Não são só os sacrifícios que têm limites. A serenidade, mesmo deste povo pacato e submisso, também o tem.» [Jornal de Negócios]
Autor:
Leonel Moura.
Alerta amarelo
«A greve geral de ontem foi diferente. Não é possível saber com o rigor dos números a dimensão dessa diferença. Mas todos os que já viveram outras greves gerais sabem que a sociedade portuguesa está diferente. Revoltada e desorientada.
Quem conhece a História portuguesa sabe que o país de brandos costumes é uma produção da ditadura salazarista. Quem vai ouvindo este e aquele, pessoas anónimas fora do círculo do poder político, económico ou financeiro, sabe que o discurso vai sendo cada vez menos brando, cada vez mais agressivo. Sobretudo entre quadros superiores que se sentem enganados e injustiçados. E que olham para a classe política como a origem de todos os males de que está a padecer Portugal.
É verdade que é diferente ouvir quem dá a cara entre amigos ou conhecidos e quem se protege no anonimato. Mas as caixas de comentários, como muitas vezes também se lê neste espaço online, reflectem essa mesma realidade de agressividade e revolta. E com uma dimensão de irracionalidade que só é racionalizável pela desorientação e pela busca de um culpado ou de uma saída.
Sociedades como a islandesa, a norte-americana e até a irlandesa expulsaram os seus demónios por via do sistema judicial. Há culpados, julgados e condenados, nos casos de comportamentos manifestamente criminosos.
Não vale a pena dizer que todos fomos e somos culpados. Sim, racionalmente todos sabemos que estamos aqui por responsabilidade colectiva. Quisemos, muitos de nós, acreditar que se podia viver eternamente a crédito bancário. Em duas décadas, desapareceram valores básicos da sociedade, tão simples como pagar o que se deve a tempo e horas. Fomos, por acção ou omissão, cúmplices dos caminhos que o País seguiu. Racionalmente, não podemos condenar os políticos. Fomos nós que os escolhemos. Mas nenhuma sociedade se reinventa, se revaloriza ou se reencontra em discursos de autoflagelação. Para que serve dizer que vivemos acima das nossas possibilidades e que agora temos de sofrer? Absolutamente para nada. Até porque há muitos que sabem que esse "viver acima das possibilidades" foi viabilizado por discursos e políticas públicas.
Porque há uns mais culpados do que outros, os desastres sociais e políticos evitam-se com válvulas que libertam a revolta. O julgamento e a condenação de quem cometeu crimes é uma das libertações. A outra são as greves e as manifestações. Umas e outras, as manifestações e as condenações, libertam os fantasmas, permitem transições mais serenas para sociedades mais justas e maduras.
Não há manifestações na Irlanda como as da Grécia, por razões que podemos adivinhar. A sociedade irlandesa funciona. Portugal está, nesse domínio, mais perto da Grécia do que da Irlanda. A justiça, em Portugal, não funciona. E a cunha, o favor ou as pequenas benesses de alguns grupos, para as quais todos olharam durante anos encolhendo os ombros, assumem hoje dimensões gigantescas, alimentando a revolta.
O que vivemos ontem foi um alerta amarelo, ou o primeiro som agudo da pressão a que já estão submetidos muitos portugueses. As manifestações e as greves libertam a revolta. Ajudam até, no limite, os governos a encontrarem forças para enfrentarem os grupos de pressão mais fortes. Mas quando ultrapassam esse limite e se transformam em violência, as greves e as manifestações apenas destroem. O perigo de Portugal se transformar na Grécia está na fragilidade das instituições e da justiça em Portugal. A justiça é fácil de melhorar rapidamente.» [Jornal de Negócios]
Quem conhece a História portuguesa sabe que o país de brandos costumes é uma produção da ditadura salazarista. Quem vai ouvindo este e aquele, pessoas anónimas fora do círculo do poder político, económico ou financeiro, sabe que o discurso vai sendo cada vez menos brando, cada vez mais agressivo. Sobretudo entre quadros superiores que se sentem enganados e injustiçados. E que olham para a classe política como a origem de todos os males de que está a padecer Portugal.
É verdade que é diferente ouvir quem dá a cara entre amigos ou conhecidos e quem se protege no anonimato. Mas as caixas de comentários, como muitas vezes também se lê neste espaço online, reflectem essa mesma realidade de agressividade e revolta. E com uma dimensão de irracionalidade que só é racionalizável pela desorientação e pela busca de um culpado ou de uma saída.
Sociedades como a islandesa, a norte-americana e até a irlandesa expulsaram os seus demónios por via do sistema judicial. Há culpados, julgados e condenados, nos casos de comportamentos manifestamente criminosos.
Não vale a pena dizer que todos fomos e somos culpados. Sim, racionalmente todos sabemos que estamos aqui por responsabilidade colectiva. Quisemos, muitos de nós, acreditar que se podia viver eternamente a crédito bancário. Em duas décadas, desapareceram valores básicos da sociedade, tão simples como pagar o que se deve a tempo e horas. Fomos, por acção ou omissão, cúmplices dos caminhos que o País seguiu. Racionalmente, não podemos condenar os políticos. Fomos nós que os escolhemos. Mas nenhuma sociedade se reinventa, se revaloriza ou se reencontra em discursos de autoflagelação. Para que serve dizer que vivemos acima das nossas possibilidades e que agora temos de sofrer? Absolutamente para nada. Até porque há muitos que sabem que esse "viver acima das possibilidades" foi viabilizado por discursos e políticas públicas.
Porque há uns mais culpados do que outros, os desastres sociais e políticos evitam-se com válvulas que libertam a revolta. O julgamento e a condenação de quem cometeu crimes é uma das libertações. A outra são as greves e as manifestações. Umas e outras, as manifestações e as condenações, libertam os fantasmas, permitem transições mais serenas para sociedades mais justas e maduras.
Não há manifestações na Irlanda como as da Grécia, por razões que podemos adivinhar. A sociedade irlandesa funciona. Portugal está, nesse domínio, mais perto da Grécia do que da Irlanda. A justiça, em Portugal, não funciona. E a cunha, o favor ou as pequenas benesses de alguns grupos, para as quais todos olharam durante anos encolhendo os ombros, assumem hoje dimensões gigantescas, alimentando a revolta.
O que vivemos ontem foi um alerta amarelo, ou o primeiro som agudo da pressão a que já estão submetidos muitos portugueses. As manifestações e as greves libertam a revolta. Ajudam até, no limite, os governos a encontrarem forças para enfrentarem os grupos de pressão mais fortes. Mas quando ultrapassam esse limite e se transformam em violência, as greves e as manifestações apenas destroem. O perigo de Portugal se transformar na Grécia está na fragilidade das instituições e da justiça em Portugal. A justiça é fácil de melhorar rapidamente.» [Jornal de Negócios]
Autor:
Helena Garrido.
Passos atira os cachorros de pitbull contra Soares?
«O presidente da JSD, Duarte Marques, e a jovem politóloga Ana Margarida Craveiro, responderam esta sexta-feira ao manifesto lançado esta semana encabeçado por Mário Soares, considerando que este chega "bastante atrasado" e propõe "que tudo fique na mesma".» [CM]
Parecer:
Não seria mais elegante ser alguém co estatuto responder a Soares do que mandar a cachorrada ladrar?
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso.»
Esta direita ibérica é muito pedinchona
«Citando fontes do Partido Popular, a agência Reuters avança que o governo espanhol está a ponderar pedir ajuda internacional.
"Não acredito que a decisão [de pedir ajuda] tenha sido feita, mas é uma das opções em cima da mesa, porque questionaram-me nesse sentido. Precisamos de mais tempo e de mais informação sobre a actual estado das coisas", adiantou uma fonte do Partido Popular espanhol à Reuters.» [DE]
"Não acredito que a decisão [de pedir ajuda] tenha sido feita, mas é uma das opções em cima da mesa, porque questionaram-me nesse sentido. Precisamos de mais tempo e de mais informação sobre a actual estado das coisas", adiantou uma fonte do Partido Popular espanhol à Reuters.» [DE]
Parecer:
Pobres espanhóis.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se.»
Banca portuguesa é lixo
«A Fitch baixou hoje em um nível o ‘rating' atribuído à Caixa Geral de Depósitos, ao BCP e também ao BPI. A notação individual dos três bancos passou de BBB- para BB+ e integra agora a categoria de investimento especulativo, conhecida nos mercados como ‘junk' (lixo). A principal justificação para este ‘downgrade' foi o corte, anunciado ontem, do ‘rating' da República Portuguesa, também para a categoria de ‘lixo'. A Fitch fala mesmo em "consequência directa". As classificações do Montepio (BB) e do Banfi (B) foram mantidas.» [DE]
Parecer:
Pobres banqueiros, esão a ser vítima da falta de previsão de que acusaram Sócrates.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso.»
Como mudou o Moedas
«"Algumas pessoas partem do principio de que Portugal está pior do que o que está", continuou.» [DE]
Parecer:
Depois de anos com o PSD a falar mal do país o Moedas não se pode queixar a não ser do seu partido e do seu primeiro-ministro.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso.»
Independência sim, separatismo não
«Miguel Sousa, vice-presidente do PSD e da Assembleia Legislativa na Madeira, defendeu hoje, uma autonomia “em todas as suas expressões” que dê ao arquipélago “poder a 100 por cento sobre o que nos interessa”. E, por não querer “dar ideia de que o separatismo é a solução”, subscreveu um slogan catalão: "independência sim, separatismo não".» [Público]
Parecer:
Enfim, proxenetas sim, prostitutas não.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Declare-se unilateralmente a ilha dos sifões de retrete.»
Itália paga juros de 6,504%
«A Itália vendeu oito mil milhões de euros em Bilhetes do Tesouro a seis meses com um juro recorde de 6,504%, o mais elevado desde Agosto de 1997 e 3,535% acima do último leilão, realizado a 26 de Outubro» [Público]
Parecer:
Nenhuma economia com um Estado endividado como o italiano suporta estes juros.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se pela crise financeira à escala europeia.»
Este Álvaro anda armado em durão
«A greve geral e o tom de forte constestação com que o regime da meia hora de trabalho diária adicional foi tratado, fez crescer alguma expectativa de que o Governo pudesse recuar nesta matéria. Mas a proposta que os parceiros ontem receberam e que servirá de base à reunião de segunda-feira, é ainda mais dura do que a inicial, não deixando ninguém nem nenhuma situação de fora do aumento do horário de trabalho.» [Dinheiro Vivo]
Parecer:
Este vai recambiado para o Canadá antes de receber o subsídio de sem-abrigo.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se ao Batanete da Rua da Horta Seca que tenha juízo.»
Cavaco já fala de defender coesão social
«O Presidente da República recomendou hoje "uma atenção muito especial" à "agenda da coesão social", que tem de incluir a repartição equitativa dos sacrifícios e um "diálogo frutuoso" entre Governo, maior partido da oposição e parceiros sociais.
"Esta agenda da coesão social deve merecer uma atenção muito especial porque ela pode exercer uma influência muito decisiva sobre o crescimento económico", afirmou o chefe de Estado, numa intervenção na abertura do Conselho para a Globalização, iniciativa organizada pela COTEC que decorre em Lisboa.» [Diário Digital]
"Esta agenda da coesão social deve merecer uma atenção muito especial porque ela pode exercer uma influência muito decisiva sobre o crescimento económico", afirmou o chefe de Estado, numa intervenção na abertura do Conselho para a Globalização, iniciativa organizada pela COTEC que decorre em Lisboa.» [Diário Digital]
Parecer:
Para este governo coesão social é dar quase tudo aos ricos, dar umas migalhas aos mais pobres e sacrificar todos os outros. Só que depois de ter derrubado o Governo do PS o Presidente da República tem agora pouca autoridade para apelar ao diálogo.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se pelo pior.»
Mais um país europeu em queda livre
«A agência de notação financeira Standard & Poor's cortou hoje a avaliação da Bélgica de AA+ para AA, com perspetiva negativa, devido às dificuldades financeiras crescentes daquele país.
A Standard & Poor's apontou, em comunicado, para três motivos principais como fatores que levaram a este corte, sendo o primeiro dos quais a «renovada pressão dos mercados e de financiamento, que tem aumentado a perceção de dificuldades no setor financeiro belga e subido a probabilidade de que este vai requerer mais apoio».» [Diário Digital]
A Standard & Poor's apontou, em comunicado, para três motivos principais como fatores que levaram a este corte, sendo o primeiro dos quais a «renovada pressão dos mercados e de financiamento, que tem aumentado a perceção de dificuldades no setor financeiro belga e subido a probabilidade de que este vai requerer mais apoio».» [Diário Digital]
Parecer:
É uma questão de tempo para que os juros aplicados à Bélgica a façam vergar.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se tempo ao tempo.»