sábado, dezembro 29, 2007

As nódoas de 2007


Nódoa da Função Pública: Margarida Moreira (Dren) – A directora da DREN não só nos mostrou as semelhanças evidentes entre um boy descontrolado e um pitbull sem sono como conseguiu em muito pouco tempo dar a visibilidade a um obscuro deputado do PSD que enquanto roçou o dito pelas cadeiras do hemiciclo ninguém tinha reparado nele, quase ia transformando um boy do PSD num mártir da democracia portuguesa digno de ter direito a fotografia emoldurada no gabinete de Jerónimo de Sousa.

Nódoa dos reguladores: Vítor Constâncio (BdP) – Constâncio terminou no ano forçado a fazer o que devia ter feito há muito, mexer o dedo miminho em relação ao que se estava suceder no BCP. No mesmo comunicado Constâncio tenta explicar o inexplicável, porque nada fez nos últimos anos. Constâncio, tal como todos os governantes e outras entidades envolvidas, incluindo Teixeira dos Santos quando estava na CNVM nada fizeram por uma razão simples, porque os políticos portugueses veneram os senhores do dinheiro.

Nódoa da Administração Pública – António Nunes (ASAE) – O uso e abuso da comunicação social por António Nunes, que parece ter aprendido com a actuação do Macedo do fisco, levou a que os portugueses andem mais preocupados com as investidas da ASAE do que os americanos com as baixas no Iraque ou os ataques dos Talibans no Afeganistão. Enquanto na Europa os cidadãos preocupam-se com coisas importantes, em Portugal é a ASAE que ocupa as primeiras páginas e as aberturas dos telejornais. Perante as reacções negativas o presidnete da ASAE adoptou uma estratégia manhosa ao atirar o odioso sobre a EU, assegurando que a instituição apenas faz de pitbull na defesa das normas europeias.

Nódoa das empresas: Vaz Guedes (SOMAGUE) – Vaz Guedes notabilizou-se com as idas a São Bento e a Belém em defesa dos centros de decisão nacionais, mas não hesitou em vender a empresa logo que os espanhóis se propuseram comprá-la por bom preço. Andou pelo Compromisso Portugal armado em puritano da política portuguesa, acabando por ser apanhado a pagar as facturas do PSD e ainda por cima sem ter o mais pequeno cuidado em disfarçar o financiamento ilegal. Agarrado ao destino do PSD ainda teve o descaramento de vir a público defender um pacto entre partidos para programar os futuros investimentos públicos. Não é nada descarado este modelo da gestão empresarial portuguesa, pior do que temos visto só no Uganda.

Nódoa do Governo: Mário Lino – Pior do que Manuel Pinho, que foi elogiar os baixos salários e a mansidão dos portugueses junto dos comunistas chineses, só mesmo Mário Lino que deverá ter olhado ara o espelho e devido aos vapores de um almoço bem regado conseguiu ver um camelo a pastar na margem sul, acabando por se convencer que para além do Tejo era só deserto.

Nódoa do Parlamento: João Cravinho – Desassossegou o país falando de corrupção, um tema que dá sempre resultado quando se busca protagonismo político, mas acabou por abandonar o parlamento e os eleitores que os escolheram ara viver silenciosa e confortavelmente em Londres graças ao alto cargo numa instituição financeira da EU.

Nódoa ecológica: Paulo Portas – O balanço da sua passagem pelo governo acabou por ser feito em 2007, a meia dúzia de eucaliptos que terão sido necessários para produzir o papel usado nas mais de sessenta mil fotocópias de documentos do ministério da Defesa. Preocupado com o passado decidiu correr com Ribeiro e Castro, resguardando-se atrás da liderança do CDS.

Nódoa na televisão: Marcelo Rebelo de Sousa – Sem influência no PSD, escasso de imaginação e, em consequência, incapaz de produzir factos políticos o antigo líder do PSD arrasta-se pelo seu tempo de antena onde tem por única admiradora a jornalista que faz o ruído das palmas de fundo, quando o comentador é obrigado a parar para respirar. Está a transformar-se rapidamente num trapo velho da política portuguesa.

Nódoa Pascal: Pedro Santana Lopes – Ressuscitou para ser de novo crucificado.

Nódoa da Justiça: Pinto Monteiro – O Procurador-Geral da República disputa a liderança no papel dos jornais ao presidente da ASAE, convencido de que quanto maior for o número das suas fotografias nas primeiras páginas melhor combate o crime. O rapaz das Beiras ficou rapidamente famoso, recebeu em audiência responsáveis de bancos envolvidos na Operação Furacão, mandou a Maria José Morgado transformar o livro da Carolina Salgado em peça de acusação, aprovou e reprovou a reforma do direito penal e acabou derrotado a defender o corporativismo do MP pois o Constitucional não confundiu as magistraturas.

Nódoa do desporto: Luís Filipe Menezes – Desde que assumiu a liderança do PSD, função que acumula com as de treinador de bancada de Pedro Santana Lopes, Luís Filipe Menezes só marcou golos na sua própria baliza. Mais valia não ter saído do campo de treinos que o FCP construiu no seu concelho, Vila Nova de Gaia.

Nódoa autárquica: Marques Mendes – À alta de melhor o ex-líder do PSD decidiu assumir o papel de presidente sombra da autarquia Lisboa com os resultados que ficaram à visita. Marques Mendes, ele próprio uma sombra, acabou por ser uma sombra da sua própria sombra, desapareceu.